Rio de Janeiro, 2018.
O vício é algo muito abordado e debatido atualmente e existe faz muito tempo. Mas, diferente do que muitos pensam, o vício tem um caminho específico para acontecer e se instalar.
O vício em tecnologia pode causar dependência, que é quando a pessoa não consegue existir sem aquilo. Ou pelo menos é nisso que a pessoa acredita ou sente.
Já existem pesquisas e muitos debates sobre o vício em tecnologia em adultos, mas as crianças também são afetadas e a exposição das crianças a aparatos tecnológicos é coisa vista como comum e normal hoje em dia.
Não estamos falando só do Móbile com música e motor para se mexer sozinho e com uma câmera para os pais poderem ver o filho a qualquer hora e de qualquer lugar.
Estamos falando de televisão (sim, tem gente que ainda assiste TV…), tablet, o fenômeno Netflix (aquilo que tirou a sua vida social…), computador, smartphone (também chamado de celular e que pode ser usado para fazer ligações)...
Enfim, existem vários aparelhos que permitem que a pessoa tenha acesso a jogos, vídeos, música, contato com outras partes do mundo e que são usados por crianças, muitas vezes sem supervisão de adultos (adulto que cuida de criança também tem vida! Ou pelo menos deveria ter… vou parar de chorar e continuar escrevendo).
Com o acesso contínuo a tecnológicos, a pessoa acaba desenvolvendo o vício (grupo de WhatsApp para alguns, Facebook para outros… Não é porque eu lembrei que você tem que ir olhar. Continua lendo).
O mesmo acontece com a criança, que para piorar a situação, não tem a cabeça de um adulto para lembrar que tem que fazer outra coisa da vida (não que a criança tenha muito o que fazer, mas quem assistiu Toy Story sabe o que o brinquedo fica triste, né…). Existem funções básicas que toda pessoa deve fazer para o organismo funcionar bem, como comer e dormir, e o viciado acaba abrindo mão do básico também.
Então você, responsável pela formação de um novo ser humano, quer saber como funciona o vício em tecnologia na infância, já que agora tem mais isso para se preocupar também.
Depende um pouco da idade, mas em todos os casos podemos ver alguns pontos em comum.
Não larga o aparelho - vai pra todo lado com o aparelho na mão ou não sai da frente do aparelho ou do ambiente em que o aparelho está. Para quem tem crianças pequenas isso pode gerar até os chamados “acidentes”, já que a criança não larga o aparelho nem para ir ao banheiro.
Quando tem que largar, é uma tortura para a criança e para o resto do mundo. O que se enfrenta quando se tenta tirar o aparelho da criança é birra, manha, choro e desespero (da criança também). Em alguns casos, a malcriação vai a níveis em que parece que a criança está sendo submetida a uma tortura física (só quem já passou por isso vai saber do que eu estou falando), você nota o desespero da criança e vê que aquilo é uma coisa que causa uma dor real (ou pelo menos parece e os vizinhos já querem ligar para o conselho tutelar pensando que você é um psicopata).
A malcriação só para quando você devolve o aparelho ou libera o uso novamente - isso inclui o mal humor, que pode durar horas ou até mesmo no dia seguinte, você ainda nota que a criança está emburrada e birrenta.
A criança abre mão de coisas que normalmente gosta para continuar com o aparelho. Seja o bolo de chocolate ou o passeio no parque, ela deixa pra lá e fica com o aparelho. Isso acontecer uma vez é até normal, às vezes tem alguma coisa que realmente interessa… Mas caso isso ocorra repetidamente, é hora de observar melhor.
A criança não dá atenção ao mundo externo (phubbing). Você fala com a criança e ela não escuta, não responde…
Esses são pontos chave para se saber se a criança está viciada ou desenvolvendo o vício. Mas no que isso prejudica a vida da criança?
Todos esses itens descritos além de poderem trazer dificuldade no convívio social da criança ainda são problemas físicos, que afetam o organismo.
Mas, se a criança já desenvolveu o vício, como resolver?
E eu realmente preciso dizer isso. Não sou contra o uso de aparelhos tecnológicos como uma “babá hi-tech”. Sim, tem muitas pessoas que entregam o aparelho para a criança em busca de 5 minutos de paz. Isso não é errado, não te faz um monstro! Mas “aprecie com moderação”... Como tudo na vida (bolo, refrigerante, coxinha…), o uso de aparatos tecnológicos deve ser consciente. Se nós, os adultos, muitas vezes acabamos errando a mão no uso, se não educarmos as crianças a terem responsabilidade com o uso, estaremos criando adultos já com doenças físicas, psicológicas, sem responsabilidade e que terão diversos problemas na vida por causa disso. Então, tenha a paz que é tão merecida. Não se culpe por isso. Mas evite tornar um hábito, pois o hábito gera o vício. E como todos os pais e mães sabem, problema na vida dos filhos é problema nas nossas vidas.