SÍNDROME DE ASPERGER

O primeiro trabalho sobre a síndrome foi feito pelo psiquiatra e pediatra austríaco Hans Asperger, mas permaneceu praticamente desconhecido. O reconhecimento internacional ocorreu somente em 1994, quando foi incluída pela primeira vez no DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), o manual de diagnóstico e estatísticas de transtornos mentais, organizado pela Associação Americana de Psquiatria.


Quem tem Asperger não apresenta comprometimento intelectual e atraso cognitivo. Por isso os primeiros sinais e sintomas do distúrbio costumam ser ignorados pelos pais, que os atribuem a características da personalidade da criança.

O foco exagerado sobre um assunto específico – como automóveis, aviões ou robôs, por exemplo – é outro sintoma característico da síndrome interpretado de forma inadequada pelos pais e familiares, que acabam incentivando a restrição de interesses dessas crianças, oferecendo apenas presentes relacionados ao tema.

Diagnóstico

Os sinais e sintomas da síndrome de Asperger podem aparecer nos primeiros anos de vida da criança, mas raramente são valorizados pelos pais como algo negativo, especialmente se as manifestações forem leves.

A grande maioria dos diagnósticos da síndrome de Asperger é feita a partir da idade escolar, quando a dificuldade de socialização, considerada a característica mais significativa do distúrbio, se manifesta com maior intensidade, juntamente com o desinteresse por tudo que não se relacione com o foco de atenção.

Usualmente, os primeiros relatos sobre os problemas observados são feitos ao pediatra, que poderá encaminhar a criança para médicos especialistas para uma avaliação mais profunda e detalhada – a partir de testes aplicados por neuropsicólogos (que por meio de tarefas propostas) observam e avaliam aspectos cognitivos e comportamentais (como a memória, atenção e habilidades sociais).

Quem tem síndrome de Asperger, tende a apresentar alterações nos testes de avaliação de reconhecimento de emoções e nos que analisam a capacidade de apurar pensamento dos outros. Isto é, apresentam dificuldades de entender o que pensam e sentem aqueles que os rodeiam. Para além disto, também são inflexíveis, e por isso prendem-se a regras e não conseguem agir com flexibilidade.

Intervenção multidisciplinar

Na intervenção são envolvidos médicos, psicólogos, professores e educadores e terapeutas da fala. De um modo geral, a intervenção baseia-se em transmitir as habilidades e os recursos para as manifestações características – nomeadamente a dificuldade no convívio social.

A intervenção deve ser feita a longo prazo, uma vez que se trata de um distúrbio crónico. A medicação pode ser utilizada para tratar sintomas decorrentes de manifestações, como ansiedade, depressão e irritabilidade.

Quem tem Asperger e chega à vida adulta sem diagnóstico ou tratamento adequados pode enfrentar graves dificuldades de relacionamento na vida pessoal, escolar e profissional. Além disso, trata-se de um risco para o desenvolvimento de outros problemas, como o transtorno bipolar.

Assim sendo, quanto mais precoce forem o diagnóstico e o tratamento, maiores serão as chances da criança com Asperger desenvolver comportamentos mais saudáveis – tornando-se mais sociável, flexível e independente.

Aspectos a ter em conta para auxiliar no desenvolvimento das capacidades múltiplas da criança:

Ø É importante buscar uma interação muito boa entre a escola, a família e o profissional que acompanha o paciente no sentido de desenvolver a reciprocidade social do indivíduo.

Ø Diversificar seus focos de interesse para que o paciente dê importância para outros assuntos e desenvolva novas habilidades, diminuindo assim, comportamentos repetitivos e restritivos.

Ø Estimular o ‘falar olhando’, desenvolver a cultura do olhar direccionado, com intencionalidade comunicativa.

Ø Estimular a criança, por meio de treinos, a reconhecer e compartilhar emoções e expressões faciais, assim como o treino de habilidades sociais – como possibilidade de melhoria no seu prognóstico social.

Ø Dialogar sempre – esta é a maneira mais preciosa de desenvolver a inteligência de qualquer criança, com ou sem diagnóstico.

Ø Não criticar o interesse restrito da criança – apresentar outras opções e compartilhar estas ofertas com a criança.

Ø Utilize o interesse preferencial da criança como porta de entrada para a interacção com ela.

A criança com Síndrome de Asperger pode apresentar talentos específicos. De uma maneira geral, os pais costumam incentivar uma aptidão que reconhecem nos filhos. No caso da Síndrome de Asperger, esta atitude acaba por intensificar o interesse restrito da criança/jovem, piorando a clausura comportamental do indivíduo, tornando-o menos flexível a novos temas.