Paralisia Cerebral (PC) é uma perturbação não progressiva do movimento e da postura, devido a lesão cerebral ocorrida num período precoce do desenvolvimento do cérebro. Alguns autores propõem a idade limite dos 2 anos de idade, enquanto para outros e, tendo em conta a plasticidade cerebral é proposto a de 5 anos.
Em cada 1000 bebés que nascem, 1,5 – 2,5 podem ser afectados por PC.
Várias são as classificações propostas, umas de acordo com a anomalia motora/local de lesão e outras relativas aos défices motores encontrados ou, até mesmo uma conjugação de ambas.
Algumas crianças têm perturbações ligeiras, quase imperceptíveis, que as tornam desajeitadas, parecendo pouco harmoniosas a andar, falar ou em tarefas manuais. Outras há que são gravemente afectadas com incapacidade motora grave, impossibilidade de andar e falar, sendo dependentes nas actividades da vida diária.
Entre estes dois extremos, há vários graus de incapacidade e as manifestações dependem pois da localização das lesões e áreas do cérebro afectadas.
A criança com PC pode ter inteligência normal ou até acima do normal, mas também pode ter atraso intelectual, não só devido às lesões cerebrais, mas também pela falta de experiência resultante das suas deficiências. A PC é uma deficiência que vai afectar o desenvolvimento da criança.
Etiologia (causas)
Uma pequena porção dos milhões de células que existem no cérebro foi destruída e, portanto, não se pode desenvolver e não há possibilidade de regeneração das mesmas. Não pode por isso haver cura da lesão. No entanto, as células restantes podem ser estimuladas a funcionar o mais adequadamente possível, de modo a compensar a deficiência e desenvolver ao máximo as potencialidades da criança.
Não existem medicamentos nem cirurgias que possam curar a PC, mas apenas atenuar as suas sequelas. A melhoria é progressiva, graças a um trabalho persistente e constante, em que a colaboração dos pais/família, é imprescindível. Sem esta colaboração, nem o melhor especialista pode obter resultados satisfatórios. O prognóstico nem sempre é fácil de estabelecer.
Como ajudar uma criança com Paralisia Cerebral?
O relacionamento interpessoal é fundamental para o desenvolvimento da criança.
Serão os Pais os primeiros a procurar a melhor forma de interagir com ela.
Os técnicos podem ajudar na descoberta do brincar, sorrir, falar, olhar/comunicar. Após a primeira interacção segue-se toda uma fase de experiências sensoriais, através do brincar, por vezes com recurso a brinquedos adaptados às necessidades de cada criança.
A avaliação contínua irá ajudar a definir as necessidades específicas e capacidades de cada criança, em cada momento, encaminhando-a para as várias estruturas de apoio especializado.
A criança deficiente deverá frequentar sempre que possível o ensino regular.
Dever-se-á agir com a criança com PC, de uma forma natural, levando a que os outros a aceitem como ela é.
Será importante:
- levá-la a passear em locais públicos (lojas, jardins, praia, campo, casa dos amigos), conversando com ela sobre estas experiências.
- promover a sua participação em actividades de tempos livres e o convívio com a natureza. - tentar que as outras crianças brinquem com ela, explicando que ela aprecia a brincadeira, apesar de não se mover ou agir como eles.
- os pais deverão pedir ajuda e aceitar a que lhes oferecem, quer por parte dos restantes elementos da família quer de amigos próximos. Se ensinados, saberão cuidar dele e assim substituir (ainda que transitoriamente) na prestação de cuidados, permitindo que, enquanto casal, possam gozar momentos de vida própria também necessários para que a criança sinta que tem uma família feliz.
- apesar da criança poder estar dependente fisicamente dos outros, o comportamento a ter com ele aos 12 meses não deverá ser o mesmo a ter com ele aos 2 anos e assim progressivamente.
- o futuro destas crianças, como o de qualquer outra, é construído degrau a degrau, cabendo a todos os que com ela interagem, ajudá-la a desenvolver ao máximo as possibilidades presentes e estimularem-na a atingir a etapa seguinte, embora saibamos que neste caso os progressos são muito lentos. Qualquer progresso, por menor que seja, permite manter a esperança de que há uma sucessão de passos a dar.
O dinamismo e o empenho das famílias na procura de soluções para as necessidades destas crianças são imprescindíveis. Família e escola, trabalhando em colaboração e em equipa, darão um contributo activo para o bem-estar de todos.