Mauricio Pokemon
“PLANTAR BATATAS”
Um movimento natural que vem acontecendo em muitas pessoas durante a pandemia do Coronavírus, é a reconexão com o necessário para sobreviver. Entrei nesse mesmo ciclo, e algumas questões surgiram sobre o trabalho, sobre como continuar. Desde o ano passado tenho me interessado pelo corpo do trabalhador proletário e todos os movimentos feitos por estes para a sobrevivência na sociedade contemporânea. Isso me conecta diretamente com meu avô materno, que sempre exerceu o ofício de agricultor.
Com o isolamento social, minha vontade de viver e trabalhar foi encontrando formas de estar mais junto da terra, das plantas. A intuição de repensar a alimentação bateu mais forte, o desejo de habitar lugares com menos estruturas urbanas se acentuou e a observação da vida dos pássaros foi retomada como na infância.
Para o projeto “Ao ar, livre” proponho a ação “PLANTAR BATATAS”, onde retomo o dito popular “Vá Plantar Batatas” que surgiu no período da Revolução Industrial, e usado para afirmar a desvalorização do trabalho de campo, que era tida como atividade secundária, braçal, para gente desqualificada, pouco inteligente.
A ação fala da importância da nossa relação com a terra, de nos entendermos como parte da natureza e do universo. Do discurso se alinhar mais com a prática do dia-a-dia. Tenho acreditado em fazer mais o simples.
“PLANTAR BATATAS” acontece em três lugares do Piauí onde tenho entendido como essenciais para continuar no agora: Angical, Teresina e Barra Grande. Lugares esses onde tenho pertencimento, onde os meus antepassados e dos meus pares habitaram e habitam. Irei plantar uma batata em cada lugar e após isso, usar materiais que tenho à mão, para compor um letreiro escrito “PLANTAR BATATAS”, como um mantra de continuar vivo e deixar essas raízes crescerem mais.