Camila Rocha

“Machines were mice and men were lions once upon a time.

But now that it's the opposite it's twice upon a time.”

Moondog, from the “Theme” song in 1954.


Muitas coisas acontecem pelo vão aberto na extremidade de uma edificação.

O vão onde se grita com o desejo colossal de expelir um genocida do lugar de poder, proporcionando um imenso prazer momentâneo.

O vão onde se expõe uma idéia...

O lugar da exposição durante o confinamento.

A circunstância de troca sem ser atrelada a um device, mas através do movimento orgânico, corporal e sonoro.


Os pássaros usam dali o acolhimento e alimento oferecido.

Observa-los voando pelo vão entre as edificações é notar essa liberdade de corpo em trânsito tão negada durante uma pandemia.

Neles nada pega.


A planta suspensa na suspensão causada pela arquitetura.

Uma dobra.


O espaço que é semi-privado.


A espécie em si, estatelada na parede a espera de desenvolvimento durante os 5 meses de confinamento sendo muitas vezes ignorada.

Permanecendo lá, paciente, observante dos dias...

Aguardando seu momento de desabrochar.

Foi atrelada a ela uma inflorescência, para atrair os agentes/olhares polinizadores.

E duas sementes reluzentes...

Será possível sua fotossíntese?


Colocar uma planta nesse espaço é como arvorar uma bandeira, edificando o seu “lado”.

Mas no caso, essa bandeira tem multi-lados... facetados e mutilados pela poda ocorrida depois do desenho e da pintura... Uma espécie de subversão da superfície.


Quem será que vai espectar?