SEMEADOR – VERSÃO POÉTICA
(de Durval Filho)
Saiu a semear,
Lançou as sementes
Para a terra frutificar.
Algumas caíram à beira do caminho:
Vieram os pássaros,
Comeram e levaram para seus ninhos;
A fé foi arrancada mesmo antes de nascer.
Outras caíram em pedregulhos:
Brotaram, veio o sol forte e as queimou;
A raiz foi fraca e as tentações a tomaram;
A fé foi roubada logo depois de nascer.
Outras caíram em meio a espinhos:
Brotaram, nasceram e, ao crescer,
Cresceram também os espinhos,
Estes espetaram e sufocaram,
Mataram ou feriram seus frutos;
A fé nasceu, cresceu, mas antes de madurar
Vieram as tentações e as fizeram mudar.
Outras caíram em terra boa:
Elas nasceram fortes e firmes,
Cresceram e frutificaram.
E mesmo entre elas
Vieram as tentações provar:
Umas frutificaram 30%,
Outras 60% e outras 100%;
Frutos de amor e fé que devemos colher
De nós mesmos para a nossos irmãos oferecer.
SANGUE DE CRISTO
(de Durval Filho)
O sangue que escorreu das veias do Senhor
É líquido abençoado, alimento eterno...
É vinho... No mistério da ceia...
É água... Lava a alma sofrida...
É sofrimento... Salvando as nossas vidas.
O sangue verteu na cruz
Escorreu pela face esfacelando a morte...
Na pedrada pelo caminho,
Na lágrima vertida por Jesus
Uma glória salvadora do homem.
Um Líquido abençoado, alimento
De quem crê, fomento de fé.
Basta um pouquinho de crença,
Algumas lágrimas no rosto,
Suor da vida pelo testemunho
Do amor ao próximo, ajudando
A mostrar o caminho reto serpenteado
Pelas dores que nos cercam, espinhos
Que sofremos ao longo do caminho,
Mas nos levam até a salvação da alma...
Que é eterna como os santos e os demônios.
Temos uma vida curta para provarmos o valor...
A lágrima, a angústia superada com fé,
Se for pelo afeto maior,lava o pecado da alma;
Testemunho de quem crê na esperança salvadora,
Certeza da morada lá no céu!
Durante a vida, ao bebermos o cálice do sofrimento,
O sangue de Cristo transforma lamento em paz.
JILÓ DE PENSAMENTO
(de Durval Filho)
Amargura,
Jiló de pensamento,
Gira, gira, gira círculo vicioso,
Percepção de um nada que explica tudo.
Pesa a cruz imaginária do destino,
Peso maior é do cérebro de isopor
Cheio de pensamentos mortos no gelo
Da hipocrisia.
Raciocínio dói? – Menos que a dor por não agir:
Deixar levar, melhor desistir.
(É chato né! Eu sei)
Mais chato, porém, é a coceira do ocioso
Em busca do poder dos homens pelo homem.
Amargura,
Jiló de pensamento,
Gira, gira, gira círculo vicioso,
Percepção de um nada que explica tudo.
Sempre foi assim? – Talvez, não sei!
Um saco!!! Cheio de amarguras,
Pronto para despejar em cima de ti,
Porém agora só exala o cheiro...
Não permita conservantes,
Transplante de aromas artificiais.
Permita a reciclagem,
Refaça toda a titica do nada
Que deixou, como pistas, por onde passou.
Ninguém é perfeito. – Nem Deus?!
Não mastigue essa dúvida, Sua excelência é inequívoca!
– Então por que Ele nos criou imperfeitos?
Não sei, talvez para entendermos as fraquezas,
Aceitar o lavor e procurar melhorar.
Agora, irmão, engula as amarguras e grite três vezes
E, depois, faça o que realmente importa.
FEIXE DE GENTE NAS MÃOS DO MUNDO
(de Durval Filho)
Bem-vindos ao circo da vida,
Ao picadeiro das emoções.
Grande atração, viagem lúdica,
Mergulho no imaginário,
Um passeio diferente:
Real e ficção não se distinguem
No Brasil de imigrantes e índios,
País plural e de uma pujança
Que nos faz criativos,
Vivendo situações inusitadas,
Navegando com Cecília Meireles
Pelo mar dos sonhos e da intuição.
Indagações fazem de Cecília
– Mulheres interrogam tudo –
Um universo que se expande no cérebro,
Criam mundos que muito me intrigam...
Existências de vários eus
Que são dela e são meus.
Como as sensíveis falas da poeta,
Vaga música nos ouvidos,
Estrelas, nuvens, ondas, canções,
Mar, coração, vida, sereias,
Sonhos e céu...
Conchas, navio, náufragos, noite,
Rio, mágoas e invisíveis mundos.
Vivemos num mundo complicado.
As torres gêmeas caíram,
Balançaram o planeta.
Quanta intolerância, racismo,
Feridas abertas como câncer.
E o remédio? – a convivência,
Sabendo entender o outro,
Suas diferenças.
O que ficou no retrato dos tempos
É a poesia que não se cala,
O motivo,
A inquietação,
O conflito.
Tudo! Uma interrogação ao contrário,
Como um imenso anzol
A fisgar gentes,
Feixe de gentes penduradas
Nas mãos do mundo;
Vivem juntas, porém distantes,
Mergulhadas em si e com a máscara.
Às vezes, o conviver não é fácil.
São linhas que o pensamento tece na mente
E se cruzam...
Tecido, retalho, algodão,
Algo bom,
Algo difícil,
Algo mágico.
Tecido a nos cobrir do frio da solidão,
Da indiferença e do preconceito.
Para darmos boas vindas ao novo mundo
Em que conviver é bem fácil,
Reconhecendo nossos erros,
Superando as diferenças,
Onde o sol clareia os dias,
Os pássaros de água
Voam na imaginação,
Navegam sorrisos, acabam-se as mágoas.
E até os inimigos se abraçam,
Deixando cair suas máscaras.
No Pantanal, Nordeste, Amazônia,
Nos morros do Rio de Janeiro,
Na grande São Paulo e no Sul;
Na viagem pelo Brasil acolhedor
De muita gente e sem fronteira,
Como viver melhor?
Conviver é reformar as mentes,
Reformar costumes.
Viver com dignidade,
Viver com esperança,
Viver com o próximo
Respeitando o paradoxo.
Interrogações sobre um mundo complicado,
Por que o Pai nos criou?
– Será que é para com/Ele/viver
E conviver com o próximo!
“Deus escreve certo por linhas tortas”.
Convivência em muito importa,
Pois, as diferenças realçam a vida
Para que ela não seja tão monótona.
VERBO DIVINO
(de Durval Filho)
De tanto ler o livro sem letras,
Aquele que é invisível
Aos olhos e perceptível à mente,
Percebi o mistério da vida...
A sensibilidade é nata no ser,
Feliz é o que colhe seus frutos
Alimentando-se da cultura líquida...
Sorvendo da existência o saber.
De tanto sofrer na escola do tempo,
Aquela que é irredutível,
Ensina ao passar das horas,
Aprendi a respeitar a morte...
Ela freia os impulsos impuros
Com seu sorriso triste e frio,
Paciente, esperando o momento
Nostálgico, de dar arrepios!
A sensibilidade é nata no ser,
Feliz é o que colhe seus frutos
Alimentando-se do Verbo divino...
Sorvendo da existência o saber.
Aprendendo a respeitar o destino,
Aceitando o fardo, mesmo que reclamando,
Sofrendo as penas, mas sempre amando...
OMISSÃO...
(de Durval Filho)
Chega de acomodação,
Aceitar tudo fácil
Criticar e nada fazer.
O que adianta ter a consciência do erro
Se nada fazemos para mudá-lo?
Corrigi-lo?
Precisamos de atitudes...
Minha, sua, deles.
Unirmo-nos por um objetivo.
Juntos, nossas forças
Aliadas à de Deus,
Recriaremos o universo.
Nada e ninguém poderá contra nós.
Comece lutando contra si mesmo,
Contra os erros que todos temos;
Os anos passam e nós vamos deixando-os.
Sim, limpemos o nosso quintal,
Depois, vamos ajudar nosso vizinho.
Sós, nada somos!
Eu, você mais Cristo somos o mundo.
E se o mundo vai mal
E nós (que nos julgamos bons!)
Deixarmos que a imagem dele,
Num ponto de vista geral, seja ruim;
Estaremos sendo cúmplices
Porque, afinal, somos também mundo.
Junte-se a nós num ideal,
Gastemos nossa vida curta
Numa obra grande.
Algo que possamos deixar;
Herança para nossos filhos,
De um mundo melhor,
Mais humano e belo.
Certeza de um belo fim
Para um mundo eterno...
DESCULPAS PELO APREÇO
(de Durval Filho)
Mensagem recebida e bem acolhida
É o bálsamo do corpo e da alma,
É o elixir que dá força aos povos.
Lembrem-se das palavras e atos
Por detrás de cada um dos fatos,
Por detrás de cada sofrimento
Está uma mensagem – fermento
Que cresce na alma e nos mostra
O caminho em meio aos espinhos.
A visão é bela quando acolhida no bem;
Quando sofremos oramos,
Sentimos o amargar da dor,
A falta que nos faz o amor
E, carentes, nós pedimos...
Muitas vezes pedimos sem merecer,
Pedimos amor a Deus,
Que não ofertamos aos irmãos.
Recebemos Dele o amor e mal agradecemos,
Cobramos ainda mais,
Aumentando nossas dívidas.
O pobre humilde de coração dá gratuitamente,
Com um sorriso de alento,
Reparte o adormecido pão seco
E ainda pede desculpas pelo apreço.
BOM EXEMPLO
(de Durval Filho)
Peço licença, meu amigo:
Por favor, abra seu coração,
Ouça só por um instante,
Sinta o fluir da emoção
E perceba o quanto é bom:
Amar o próximo, nosso irmão,
Amar a Deus, o nosso pão,
Alimento da alma e do corpo,
A luz que clareia a escuridão,
O bom guia a nos zelar.
Protegido pela força do bem,
Amparando-nos em nosso caminhar.
Nas asas dos anjos imaginários
Alçar vôo até a iniqüidade,
Mostrar o bom exemplo, a qualidade
De ter Deus como mestre,
E nós, humildes operários
Do reino da vida eterna,
Do amor... e compreensão.
Reinarmos unidos a Ele,
Reinarmos pelo irmão.
Fortalecidos pelo apreço
De apertar-lhe, afável, a mão.
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