compreensão e interpretação de texto
DIFERENÇA ENTRE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Fique atento aos enunciados:
COMPREENSÃO
(está no texto)
* Segundo o texto...
* O autor/poeta/narrador do texto diz que...
* O texto informa que...
* No texto...
INTERPRETAÇÃO
(está fora (além) do texto)
* Depreende-se / infere-se / conclui-se do texto que...
* O texto permite deduzir que...
* É possível subentender-se a partir do texto que...
* Qual a intenção do autor quando afirma que...
OBSERVE O EXEMPLO E PERCEBA A DIFERENÇA
Ana caminhava cabisbaixa
Para o mesmo exemplo é diferente a percepção ao analisar:
Compreensão
(não pode dizer que Ana está triste)
Interpretação
(pode-se dizer que ela está triste)
Atenção: Inferir é tirar conclusões
(porém, conectadas ao texto).
Assista ao vídeo para aprofundar seu aprendizado:
EXERCÍCIOS:
RESPONDA NO CADERNO:
1) A postura adotada pelo autor do poema em relação ao consumismo faz uma crítica ou defende a ideia tão incentivada pelo capitalismo? Ele é a favor ou contra? Justifique.
2) Infere-se do poema a classe social do eu lírico. Qual seria? Justifique.
3) É possível saber detalhes da vida do eu lírico por meio dos pedidos feitos. A partir da análise das suas necessidades, conclua como seria a vida dele?
O Nino apareceu na porta. Teve um arrepio. Levantou a gola do paletó.
- Ei, Pepino! Escuta só o frio!
Na sala discutiam agora a hora do enterro. A Aída achava que de tarde ficava melhor. Era mais bonito. Com o filho dormindo no colo Dona Mariângela achava também. A fumaça do cachimbo do marido ia dançar bem em cima do caixão.
- Ai, Nossa Senhora! Ai, Nossa Senhora
Dona Nunzia descabelada enfiava o lenço na boca.
- Ai, Nossa Senhora! Ai, Nossa Senhora.
Sentada no chão a mulata oferecia o copo de água de flor de laranja.
- Leva ela pra dentro!
- Não! Eu não quero! Eu... não... quero!...
Mas o marido e o irmão a arrancaram da cadeira e ela foi gritando para o quarto. Enxugaram-se lágrimas de dó.
- Coitada da Dona Nunzia!
A negra de sandália sem meia principiou a segunda volta do terço.
- Ave Maria, cheia de graça, o Senhor...
Carrocinhas de padeiro derrapavam nos paralelepípedos da Rua Sousa Lima. Passavam cestas para a feira do Largo do Arouche. Garoava na madrugada roxa.
- ... da nossa morte. Amém. Padre Nosso que estais no Céu…
O soldado espiou da porta. Seu Chiarini começou a roncar muito forte. Um bocejo. Dois bocejos. Três. Quatro.
- ... de todo o mal. Amém.
A Aída levantou-se e foi espantar as moscas do rosto do anjinho.
Cinco. Seis.
O violão e a flauta recolhendo de farra emudeceram respeitosamente na calçada.
Na sala de jantar Pepino bebia cerveja em companhia do Américo Zamponi.
- Quero só ver daqui a pouco a notícia do Fanfulla. Deve cascar o almofadinha.
- Xi, Pepino! Você é ainda muito criança. Tu é ingênuo, rapaz. Não conhece a podridão da nossa imprensa. Que o quê, meu nego. Filho de rico manda nesta terra que nem a Light. Pode matar sem medo. É ou não é, Seu Zamponi?
Seu Américo Zamponi soltou um palavrão, cuspiu, soltou outro palavrão, bebeu, soltou mais outro palavrão, cuspiu.
- É isso mesmo, Seu Zamponi, é isso mesmo!
O caixãozinho cor-de-rosa com listas prateadas (Dona Nunzia gritava) surgiu diante dos olhos assanhados da vizinhança reunida na calçada (a molecada pulava) nas mãos da Aída, da Josefina, da Margarida e da Linda.
- Não precisa ir depressa para as moças não ficarem escangalhadas.
A Josefina na mão livre sustentava um ramo de flores. Do outro lado a Linda tinha a sombrinha verde, aberta. Vestidos engomados, armados, um branco, um amarelo, um creme, um azul. O enterro seguiu.
O pessoal feminino da reserva carregava dálias e palmas-de-são-josé. E na calçada os homens caminhavam descobertos.
O Nino quis fechar com o Pepino uma aposta de quinhentão.
- A gente vai contando os trouxas que tiram o chapéu até a gente chegar no Araçá. Mais de cinquenta você ganha. Menos, eu.
Mas o Pepino não quis. E pegaram uma discussão sobre qual dos dois era o melhor: Friedenreich ou Feitiço.
- Deixa eu carregar agora, Josefina?
- Puxa, que fiteira! Só porque a gente está chegando na Avenida Angélica. Que mania de se mostrar, que você tem!
O grilo fez continência. Automóveis disparavam para o corso com mulheres de pernas cruzadas mostrando tudo. Chapéus cumprimentavam dos ônibus, dos bondes. Sinais-da-santa-cruz. Gente parada.
Na Praça Buenos Aires, Tibúrcio já havia arranjado três votos para as próximas eleições municipais.
- Mamãe, mamãe! Venha ver um enterro, mamãe!
Aída voltou com a chave do caixão presa num lacinho de fita. Encontrou Dona Nunzia sentada na beira da cama olhando o retrato que a Gazeta publicara. Sozinha. Chorando.
- Que linda que era ela!
- Não vale a pena pensar mais nisso, Dona Nunzia…
O pai tinha ido conversar com o advogado.
RESPONDA NO CADERNO:
1) Qual a classe social e a que raça pertence os principais envolvidos com o velório, cortejo e enterro?
2) Enquanto ocorria o cortejo, durante a passagem pelas ruas, ocorreram momentos que não condizem com o sofrimento da família. Quais momentos foram esses? Explique.
3) Descubra quem morreu? Sexo, Idade aproximada?
4) Quem a matou e como? Explique.
5) O que o pai queria com o advogado?