Ivo Korytowski
Passaporte para o Paraíso
Editora Fragmentos
Passaporte para o paraíso desenrola-se em três planos: em primeiro plano, descrevem-se as vicissitudes de um judeu alemão que emigra para o Brasil com a família a fim de escapar ao nazismo; o segundo plano trata do romance entre seu neto e uma brasileira católica numa época em que o casamento de pessoas de religiões diferentes ainda era problemático; o terceiro plano consiste em uma reflexão sobre a crença no Messias. “O senso de humor, ironia e apreciável gama de conhecimentos filosóficos são responsáveis por uma trama singular e atraente.” Escrito trinta anos atrás, só agora tive a oportunidade de publicar. Menção honrosa do Prêmio Graciliano Ramos da UBE em 1992.
ONDE COMPRAR O PASSAPORTE PARA O PARAÍSO:
Meu Passaporte para o Paraíso está esgotado, e a editora não existe mais. O único lugar onde você consegue comprar é na Estante Virtual.
ELOGIOS RECEBIDOS:
Antonio Carlos Villaça:
Considero Passaporte para o Paraíso de Ivo Korytowski um romance de grande valor. Trata-se de um romancista arguto e denso. Ele tem cultura filosófica e uma visão extremamente lúcida da realidade. Seu livro – sobre o drama terrível dos judeus – é um desses livros intensos que a gente não esquece nunca mais.
Esther Largman:
Estou lendo seu livro, você consegue colocar verve em trechos dramáticos. Auto referente e bom texto.
Erik José Steger:
Terminei de ler ontem à noite todas as 122 páginas (123, contando a “Nota do Autor”) do seu «PASSAPORTE PARA O PARAÍSO».
Conforme eu antecipava, teu livro é Opera Prima, quem conhece o autor, pessoa de alta qualidade, sabe que sua obra também vai ser de alta qualidade, muito culturalmente informativa. E mais que isso, eu passei a conhecer melhor as tuas origens (origens dos Korytowskis).
Merece ser elogiado:
1º) porque tem alta qualidade literária, e de sobra;
2º) permite ao leitor conhecer características/costumes do povo judeu não facilmente encontráveis em português em quaisquer outros lugares.
Francisco Daudt:
Estou aqui comovido com a leitura do seu "Passaporte". Comentei sobre ele com o Pedro Bial cujos pais também fugiram do nazismo, e ele me pediu um exemplar. Onde encontro?
Ronaldo Câmara:
Realmente você é um bom escritor, nasceu para as Letras, o que se confirma nas suas outras obras e nos seus blogs.
Parabéns e sucesso.
Judith Berger:
O livro do Ivo é maravilhoso, eu adorei, principalmente porque eu conheci a família. Ele escreve tão bonito que a gente fica emocionado.
Siomara De Cássia Miranda:
Ivo, eu li o livro Passaporte para o Paraíso, escrito por você, e achei-o sensacional! Parabéns!!!
Lucy Copstein:
Já me envolvi com o Passaporte para o Paraíso, que leitura boa, ainda que de momento, angustiante: estou nas considerações do Otto sobre a impossibilidade de que algo ruim vá acontecer. E, como sabemos, foi exatamente assim que milhões de nós foram ficando, até não haver mais qualquer alternativa. O Passaporte para o Paraíso promete outros movimentos, que continuarei agora a acompanhar.
Helio Brasil:
O artifício das narrativas paralelas mostra com humor e ironia a assimilação de culturas quase opostas (e tão parecidas). Se Sérgio fosse goy (é assim?) e Helena judia, como aconteceria o progresso do casamento? O registro da já tradicional marmelada no Itamaraty e adjacências do poder dá um “flagra” bem a propósito. Histórias que muitos outros Ottos contariam.
Que o Passaporte tenha perene validade para outros romances, com humor, amor e ironia.
Alexei Bueno:
Gostei muitíssimo do seu livro, diverti-me a valer.
Geraldo Reis:
Só agora pude terminar a leitura desse excelente romance, não me importando como classificá-lo. Confesso que não fiquei surpreso com a qualidade superior do texto e da trama. Muito interessante, completamente novo para mim, o processo de criação da obra. Esse processo merece um estudo a parte, já que há cortes abissais que se recosturam e retomam um "fio condutor", que seria, digamos, sub-reptício ou subterrâneo. Coisa de Mestre!
Seu Passaporte para o Paraíso, eu diria, para a Eternidade, já está acertado. Você já escreveu para dialogar com as gerações futuras. Falo sem medo de errar.
Osmar Brina Corrêa-Lima:
Comecei a ler o seu livro (Passaporte para o Paraíso) dentro do avião, no voo do Rio para BH. Li até a p. 30, apreciei muito e quando o avião aterrissou, senti-me frustrado, querendo que o voo durasse mais tempo. Agradaram-me imediatamente a redação, o estilo e o conteúdo. Agora vou continuar a ler um pouco mais devagar, curtindo todos os detalhes. Acho que o menino na capa é você.
André Luis Mansur Baptista:
Já terminei seu livro há algum tempo, li aos poucos, um capítulo por dia, degustando. Seu texto é muito bom, a narrativa flui de forma bem agradável e os toques de humor são uma das suas principais características. É interessante refletir sobre como o povo judeu jamais poderia imaginar que um país culto como a Alemanha poderia se render a um psicopata como Hitler. Aliás, ninguém poderia imaginar isso, essa é que é a verdade. Fica a vontade de ler mais, acho que a história poderia ser bem maior, centrada no casal, achei que terminou de uma forma que a gente fala assim: poxa, já?
Márcio Steinbruch:
Ivo, terminei de ler o teu livro ontem à noite: UMA OBRA PRIMA! PARABÉNS! ESCREVA MAIS LIVROS!
Nireu Cavalcanti:
Tive dificuldade, no início, de entender um “romance” no qual o autor entra no texto e faz comentários, traz dados históricos e esclarecedores sobre a questão tratada. Felizmente, no andar da leitura fui me acostumando e gostando !
Martha Meneses (Munique):
Sim eu recebi o livro, inclusive fiz uma menção no fcb do seu livro. Obrigada eu gostei imensamente (eu li em uma noite quase!) gostei da comparação a Tiradentes... fica mais fácil explicar para quem não se conhece com a história do povo judeu.
Jeanette Bierig Erlich:
Agora, quanto a seu livro, gostei muito mesmo. Sou da área de Educação e, com tudo que já foi escrito sobre o Holocausto, identifico uma abordagem interessante e esclarecedora sobre a questão dos judeus alemães. Mostrou emoções e dificuldades muito raramente explicadas. E de uma maneira tão enxuta!
Adorei o seu tipo de senso de humor irônico - só mesmo um ieque consegue - inclusive descrevendo situações nada engraçadas.
Muita sensibilidade perpassa todas as suas narrativas. Emocionará a muitos que forem ler o seu livro.
Para não deixar dúvidas que gostei, o livro foi recebido ontem à tarde e já está lido.
Mas, como vc convida a críticas, o meu reparo está no assunto Messias. Aqui vc perdeu a oportunidade de colocar as diferenças básicas entre o pensamento messiânico judaico e o cristão. Não se trata de discutir Jesus ou não Jesus mas sim teria sido interessante mostrar que o Messias judeu não corresponde à visão cristã. Lamento que nesse assunto vc não aproveitou a sua capacidade de síntese.
Manoel Rodrigues:
Já tem um tempinho que acabei de ler o "Passaporte para o paraíso" e no momento quem está lendo é a Sonia, minha irmã. Muito legal. Gostei, e aquela jogada de alternar o tipo da letra conforme o enfoque do capítulo, ficou interessante. Serve para desligar temporariamente do fio geral da história, sem sair da história.
Richard Beer:
Ma femme a déjà lu Passaporte, e realmente a-do-rou!! Moi, je n´ai lu que quelques passages jusqu´ici, mais c´est vraiment prometteur... Bravo.
Conceição Albuquerque:
Muito prazerosa a viagem pela boa Literatura, de posse do seu "Passaporte para o paraíso ".
O passeio/leitura por três narrativas distintas, bem articuladas, flui vigorosamente, informa, diverte e faz pensar, não fosse vc um estudioso de Filosofia e nem um pouco pretensioso (sem falsa humildade), ao apontar questões importantes à reflexão
Francisco Amorim:
Meu caro
Como pode imaginar já li o livro.
À parte uns termos que não sou de usar (punheta e mais um ou outro !) achei o livro muito bem delineado, sarcástico, cheio de humor.
Gostei e dei algumas risadas.
Parabéns
Um abraço
Jordi (agência literária Mertin):
Parabéns pelo livro! Gostei muito!!
Carlos Biasotti:
Em boa verdade, é raro deparar-nos a fortuna produção intelectual — romance, conto, ensaio, crônica, fragmento ou memória de família — em que tenham concorrido aqueles eminentes predicados que soem consagrar um escritor: linguagem escorreita, imaginação fecunda, singular capacidade inventiva, estilo enérgico e elegante; em suma: genuíno artista da palavra e exemplo de espírito bem cultivado.
Posto me comprazesse a leitura de todos os capítulos da obra, dois houve que se sobrelevaram: o 12 (O jeitinho brasileiro) e o 10 (Executam-se trabalhos de datilografia). Aquele, por tracejar com pincel de mestre o quadro da hedionda mazela (corrupção) que, no País, parece ter carta de indenidade para vicejar em todos os quadrantes. O outro — capítulo 10 (e correlatos) —, por descrever, com o favor da inspiração romântica e lances de narração graciosa e vivaz, a escalada do afeto em relação a Helena. (Afinal, o epíteto “ingrata”, que se lhe atribui à página 122, é rasgo de fantasia ou expressão de verdade?!).
Nos raptos de elevada e patética dicção — que exornam a odisseia da figura paterna (Kurt Sommerfeld), da mãe (Diana) e do patriarca e sua senhora (Otto e Gerda) — descobrem-se indícios veementes de rara e pungente beleza!
Até mesmo naqueles passos em que o naturalismo de Emílio Zola, qual “deus ex machina”, pareceu eriçar a fibra cândida do texto, infundindo-lhe alguns laivos de prosa licenciosa (pp. 61 e 71), ficou patente no livro o seu caráter lisonjeiro de refinada concepção artística, executada a primor!
RESENHA:
OS JUDEUS DE KORYTOWSKI E A RODA DA HISTÓRIA
Edmílson Caminha
Gostaria de saber precisamente quando, há muitos séculos, antepassados meus abandonaram, ainda que só para salvar a pele, a estrela de Davi pela igreja de Cristo, a que pertenço hoje. Sim, porque, além de Caminha (sabe-se de um, condenado pela Inquisição na Bahia), também me chamo Sobreira, árvore de que provém a cortiça, como tantos cristãos-novos, que davam às famílias (não apenas eles, ressalve-se) nomes de plantas ou bichos: Pereira, Leão, Carvalho, Bezerra, Oliva...
Somem-se, a essas referências genealógicas, três características judaicas que se percebem nos cearenses, como eu: o gosto de fazer a mala e sair pelo mundo, a vocação do comércio e o talento para rir de si mesmo, do próprio sofrimento, dos infortúnios de que ninguém escapa. Fossem poucas tantas afinidades com os judeus, admiro-lhes a cultura, a riqueza da história, valores sem os quais não sobreviveriam há milênios. Na bela entrevista que me concedeu, observou Moacyr Scliar: “os povos da antiguidade legaram ao mundo grandes monumentos, como as pirâmides, os templos, importantes obras de arte. O povo judeu só deixou um livro, mas um livro que condicionou o destino de milhões de criaturas em todo o mundo.”
Daí o interesse com que li as não muitas, mas boas produções de escritores judeus que há em nossa literatura, como os Contos do imigrante, de Samuel Rawet, e a trilogia de Boris Fausto ‒ Negócios e ócios, Memórias de um historiador de domingo e O brilho do bronze. A eles, junte-se o romance de Ivo Korytowski, Passaporte para o paraíso (Curitiba : Editora Fragmentos, 2017), obra e autor elogiados pelo memorialista Antonio Carlos Villaça: “Considero-a um romance de grande valor. Trata-se de um romancista arguto e denso. Ele tem cultura filosófica e uma visão extremamente lúcida da realidade. Seu livro ‒ sobre o drama terrível dos judeus ‒ é um desses livros intensos que a gente não esquece nunca mais.”
Como o cineasta Roman Polanski, em O pianista, o escritor parte da memória familiar para compor sua ficção: o personagem Otto Sommerfeld é inspirado no avô materno, herói do exército alemão na Primeira Grande Guerra, o que o levava a crer que, embora judeu, estaria a salvo do nazismo que começava a perseguir seu povo. Com a mulher, Gerda, e o filhinho, Kurt, vem para o Brasil, o dinheiro que juntara transformado em joias escondidas no forro do paletó, “os únicos bens a preservarem o valor, qualquer que fosse o decreto imperial, o humor do príncipe, a oscilação das bolsas, além de facilmente transportáveis de um país para outro...” Desembarcaram no Rio de Janeiro, onde Kurt naturalizou-se brasileiro, casou-se com Diana e gerou Sérgio, que narra a história.
Entre os capítulos do romance, incluem-se trechos da novela por ele escrita, sobre a máquina do tempo cujo inventor quer voltar ao ano zero do calendário cristão para saber: terá sido mesmo aquele judeu chamado Jesus o Messias, o Filho de Deus? Aí, ocorre ao autor do romance uma boa ideia (que, confesso, já me ocorrera também): e se os discípulos, na escuridão da noite, foram ao sepulcro e levaram o corpo do crucificado, para que reaparecesse com as marcas dos pregos nas mãos, a ferida no lado direito, miraculosamente redivivo? Um golpe de mestre, com o que se tornaria verdade o mito da Ressurreição, um dos dogmas da fé cristã, em nome do qual bilhões de pessoas vivem, morrem e matam há mais de dois mil anos...
A boa página de Ivo Korytowski me lembra Nikos Kazantzakis em A última tentação de Cristo, quando, no delírio da cruz, o nazareno encontra o apóstolo Paulo e diz que, como se vê, não cumpriu a missão que lhe dera o Pai: em vez de crucificado, morto e ressuscitado, salvou-se a tempo, casou-se, teve filhos e ali está, para desmentir o que se conta sobre ele. Ao que o pregador responde: ainda que seja essa a verdade, o que importa é a crença do povo, a narrativa que passará como verdadeira de geração a geração, até o fim dos tempos. A roda da história já está girando...
Passaporte para o paraíso vale, também, pelos capítulos em que o escritor desvenda costumes do povo brasileiro, tão nossos que não os reparamos, perceptíveis apenas ao olhar estrangeiro de um Korytowski ou do romeno Emil Cioran, na pequena joia que é Sobre a França. Quando Otto Sommerfeld luta por obter vistos de entrada para os velhos pais que continuam na Alemanha, o sócio Salomão sugere-lhe que suborne um cônsul brasileiro, com as joias que possui. O estratagema será, durante uma visita a Otto, chamar o diplomata à biblioteca, para um assunto confidencial: “A população aqui do Brasil cultiva um fascínio pelo segredo: a cachaça do tal alambique do interior, lá onde Judas perdeu as botas, que só o fulano conhece, mas não pode contar para ninguém, senão cai a qualidade; o tal contrabandista de uísque escocês, único da praça que trabalha só com mercadoria garantida, fornecedor do Palácio do Catete, mas não pode comentar com ninguém para não comprometer as autoridades”.
O cônsul deixa corromper-se e promete os documentos para “dez, quinze dias”, outra particularidade brasileira (“Na Alemanha, dez são dez, quinze são quinze”, pensa Otto). Insatisfeito com o suborno inicial, começa a pedir mais e mais, pelos vistos que nunca sairão.
O éden a que faz referência o título do romance não é, como se pode pensar, a terra brasileira, mas a religião católica, em que Sérgio e a mulher, Helena, resolvem batizar o filho, com a esperança de lhe garantir um salvo-conduto para a eternidade. A conclusão a que chegamos é que os judeus do Passaporte para o paraíso, de Ivo Korytowski, veem a roda da história girar para livrá-los do nazismo, mas pô-los neste pedaço da América onde “jeitinho brasileiro” é apenas um dos sinônimos de corrupção...
RESENHA PUBLICADA ORIGINALMENTE EM O TREM ITABIRANO N. 144 DE SETEMBRO DE 2017 E NO JORNAL DA ANE (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ESCRITORES) N. 80 DE SETEMBRO/OUTUBRO DE 2017.