Ivo Korytowski
Édipo
Primeiro lugar do Prêmio Orígenes Lessa (contos) da UBE-RJ de 2003
Editora Ciência Moderna
Uma revelação da literatura brasileira deste início de século, Ivo Korytowski transita do machadiano ao pós-moderno, com passagens pelo fescenino, kitsch, mitologia, ficção-científica, cultura popular, psicanálise, humor & sátira e pelas histórias de amor, modernamente via internet. Um livro para se ler e reler, e guardar pelo resto da vida!
Sobre o livro, diz Antonio Carlos Villaça: “Édipo nos revela um grande contista. Um dos melhores contistas do Brasil de hoje. O livro nos mostra a perfeição de um estilo, argúcia da observação, análise implacável, minuciosa, leve. É um contista fluente, ágil, malicioso. Tão humano! O irmão de Marques Rebelo.”
Do Prefácio de Ivan Cavalcanti Proença: “Conquanto a dissimulação do humor iterativo ao longo dos textos – humor mesmo, nosso, carioquês, irreverente, nada daquele humor refinado – e conquanto visão crítica, por vezes impiedosa, da sociedade urbana, conquanto os cortes abruptos quando o texto caminha para impacto sentimental, o que se intui é mesmo aquela ironia, categoria do sentido trágico da existência, espécie de defesa diante de um mundo não raro hostil e adverso. (...) Mas o que prevalece – insisto, dissimuladamente – é uma intensa carga lírica, afetiva, conjugada, por vezes, àquela (quase) ira magoada.”
ONDE COMPRAR:
No site da Editora Ciência Moderna.
OPINIÕES SOBRE O AUTOR:
Édipo nos revela um grande contista. Um dos melhores contistas do Brasil de hoje. O livro nos mostra a perfeição de um estilo, argúcia da observação, análise implacável, minuciosa, leve. É um contista fluente, ágil, malicioso. Tão humano! O irmão de Marques Rebelo. (Antonio Carlos Villaça)
Um bom domínio da forma literária e um senso de humor que é raro entre ficcionistas jovens. (Moacyr Scliar)
Um excelente escritor, chamando logo de início a atenção o diálogo vivo e ágil. Parabéns, amigo Ivo. (Heloísa Maranhão)
[Uma amiga] falou de você, mostrou-me alguns textos seu e confesso que gostei bastante. Sou apaixonada pela boa leitura, o que não implica necessariamente que goste somente de autores conhecidos. Além do mais é um prazer imenso acompanhar o surgimento de uma estrela literária. (Michelly Pinheiro)
GRANDES E PEQUENAS MARAVILHAS (um dos textos do livro): para ler clique aqui
RESENHA:
ÉDIPO: O PONTO DE PARTIDA
Lucilene Machado
O percurso do escritor Ivo Korytowski para apresentar seu processo criativo tem início em Édipo – uma coletânea de trinta e cinco contos publicada pela editora Ciência Moderna que também está inaugurando sua linha de ficção. Do primeiro ao último conto, Korytowski permanece fiel a um estilo marcado pela pós-modernidade, valendo-se dos estrangeirismos, gírias, linguagem internáutica e até trava-línguas para condensar sua visão de mundo num inquérito, aparentemente, filosófico, mas que inclui teologia, história, política, culinária e romance. Muito romance. Almas Gêmeas, título de um dos textos, é também tema recorrente em grande parte da obra que situa o homem como um ser carnal seduzido pelas aparências e que vive as relações efêmeras da contemporaneidade.
Ivo Korytowski é autor inquieto, que ousa penetrar o cerne de qualquer tema. Nenhum assunto é grande ou pequeno demais que não mereça ser explorado. Ele movimenta-se sobre uma complexa rede de inferências que inclui desde assuntos de ordem mitológicas até reflexões de uma barba ou uma apologia à punheta – neste último se aproxima da escrita de João Gilberto Noll, usando para a abordagem um tom erótico fescenino.
Mas, se o leitor desavisado pensa encontrar uma linguagem simplista ou vulgarizada, engana-se. A viagem é permeada por referências, reordenação de textos, digressões, intertextualidades, enfim uma linguagem singularizada, e, como versa Alfredo Bosi, nem por isso isolada. O autor sabe como, por quê e para quê se cria. Sabe que ninguém poderá dizer mais sobre um texto que o próprio texto literário, e para isso usa o recurso da metalinguagem demonstrando preocupação com a construção e rigor dos contos, ora dirigindo-se ao leitor, ora dialogando com o narratário que chega a aparecer na figura de uma platéia ou como leitor específico. Um exercício que lembra o processo de escrita machadiano.
Para fechar, vale lembrar ainda que Édipo tem um belo projeto gráfico e prefácio do Prof. Ivan Cavalcanti Proença a quem o autor atribui esta citação dentro do conto Alma Gêmeas: "a literatura desrealiza o real pra realizar o fenômeno literário". Ivo Korytowski aprendeu a lição.
RESENHA PUBLICADA NO SUPLEMENTO CULTURAL DO CORREIO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL EM 27 DE MARÇO DE 2004