Olá, estudante! Nesta lição, apresentarei um tópico da área financeira que costuma ser um assunto muito importante para as empresas, uma vez que se torna o motor propulsor das operações empresariais. Esse tópico tão importante e temido pelos gestores é o fluxo de caixa. Qualquer empresa, independentemente do ramo de atuação, necessita, constantemente, possuir recursos financeiros disponíveis para a manutenção de suas atividades, e esse fato faz com que a gestão do fluxo de caixa esteja entre as tarefas mais importantes do departamento financeiro de uma empresa.
Para fazer a gestão do fluxo de caixa, é necessário que o(a) profissional tenha uma visão ampla dos negócios da empresa bem como conhecimentos específicos de gestão financeira. Dessa forma, é possível evitar situações em que surjam necessidades urgentes de capital de giro e que podem resultar em custos financeiros inesperados.
Após esta lição, você poderá elaborar, acompanhar e analisar o fluxo de caixa empresarial, composto pelas previsões de entrada e de saídas de recursos financeiros, assegurando, assim, que os compromissos assumidos sejam honrados sempre observando a melhor alternativa de disponibilidade financeira disponível. Vamos lá?
Após conhecer a vantagem competitiva que a gestão do fluxo de caixa pode proporcionar à empresa, esta ferramenta gerencial passa a ser utilizada cada vez mais de forma profissional, servindo de estratégia financeira que visa equalizar (igualar) os prazos de pagamento com os prazos de recebimentos. Entretanto, para que seja possível analisar se os recebimentos e os pagamentos previstos estão em conformidade com os prazos de realização, é necessário ter acesso às informações financeiras em tempo real, sendo que a disponibilidade financeira de uma empresa se altera a todo momento.
Diante disso, é possível compreender que estar familiarizado e capacitado a implantar a gestão do fluxo de caixa é realmente uma necessidade imposta ao profissional Técnico(a) em Administração. Desse modo, percebendo a importância da gestão do fluxo de caixa para uma empresa, você acha que seria possível desenvolver, acompanhar e analisar a movimentação financeira ocorrida ou a ocorrer sem o devido conhecimento e entendimento do assunto fluxo de caixa com o objetivo de suprir os gestores com informações confiáveis para a tomada de decisão? É claro que não! Mas fique tranquilo(a), pois será exatamente isso que você aprenderá nesta lição!
Para exemplificar o conteúdo desta lição com a elaboração do fluxo de caixa, apresentarei uma típica situação em que o departamento financeiro de uma empresa solicita uma apresentação geral, separada por tipo de atividade, de como estará a situação financeira para o final da próxima semana, considerando os recebimentos pelas vendas já realizadas e os pagamentos dos compromissos já assumidos e levando em conta a venda de um equipamento obsoleto (antigo) do ativo permanente, a captação de um empréstimo bancário e a realização de um investimento com a compra de um ativo imobilizado novo. As informações coletadas e organizadas por dia da próxima semana são as seguintes:
Segunda-Feira: saldo inicial no caixa: R$ 14 mil; recebimento de R$ 22 mil e pagamento de R$ 18 mil.
Terça-Feira: recebimento de R$ 15 mil, compra de um terreno no valor de R$ 32 mil e pagamento de R$ 14 mil.
Quarta-Feira: captação de empréstimo de R$ 25 mil, recebimento de R$ 12 mil, compra de um equipamento novo por R$ 22 mil e pagamento de R$ 7 mil.
Quinta-Feira: recebimento da venda do equipamento usado de R$ 6 mil e recebimentos de R$ 17 mil.
Sexta-Feira: recebimento de R$ 26 mil e pagamento de R$ 8 mil.
De posse dessas informações, é feita uma tabulação dos dados e calculado o saldo de cada tipo de operação para que pudesse ser produzido o relatório final, evidenciando, de forma precisa, a situação financeira da empresa em relação à gestão do fluxo de caixa. O relatório final separado por tipo de atividade e valores apresentou o seguinte teor:
Saldo inicial (segunda-feira): R$ 14 mil positivo.
Atividades Operacionais: saldo positivo de R$ 45 mil.
Atividades de Investimentos: saldo negativo de R$ 48 mil.
Atividades de Financiamentos: saldo positivo de R$ 25 mil.
Saldo final (sexta-feira): R$ 36 mil positivo .
Este case, apesar de fictício, mostra o quanto a gestão de fluxo de caixa é importante nas empresas. Nessa situação apresentada, conhecendo o saldo financeiro final da próxima semana, os gestores podem planejar e tomar as melhores decisões para períodos futuros e até incluírem ou alterarem alguma operação já programada, de forma a otimizar os resultados empresariais. Pensando em outras empresas, a gestão de fluxo de caixa, também, auxilia no planejamento e na tomada de decisões em períodos futuros. Sendo assim, vamos conhecer, com mais detalhes, como elaborar, acompanhar e analisar o fluxo de caixa empresarial?
A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) evidencia a origem e a aplicação do dinheiro que foi movimentado pelo caixa da empresa em determinado período e, também, o resultado dessa movimentação. Resumindo, a DFC é um relatório financeiro que tem como objetivo principal apresentar os fluxos de entradas e saídas de caixa de dinheiro em determinado período e, para esse relatório, são utilizados regras e conceitos simples, tornando-a fácil de entender e de se comunicar com os usuários das demonstrações financeiras.
O dinheiro considerado neste relatório é sempre o valor disponível em mãos, depósitos bancários já compensados e investimentos de curto prazo que podem ser sacados. Valores disponíveis no banco são conhecidos como equivalentes de caixa, ou seja, são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de curto prazo, e não para investimento ou outros fins.
Ao trabalhar com fluxo de caixa, as empresas possuem uma ferramenta que permite apresentar as operações financeiras que são realizadas, possibilitando, assim, melhores análises e tomadas de decisões quanto à aplicação dos recursos financeiros disponíveis. Matarazzo (2003) destaca como principais objetivos do fluxo de caixa: avaliar alternativas de investimento, avaliar e controlar, ao longo do tempo, as decisões importantes que são tomadas na empresa, com reflexos monetários, avaliar as situações presente e futura do caixa na empresa, posicionando-a para que não chegue a situações de insolvência, e certificar que os excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados.
O caixa, para fins de elaboração, é dividido em três grupos de atividades: Operacionais, de Investimento e de Financiamento. Veremos, com mais detalhes, cada um desses grupos:
Abrange todas as movimentações não caracterizadas como atividades de investimentos ou financiamento, ou seja, as atividades operacionais que por sua natureza envolvem a produção e a comercialização de produtos e/ou a prestação de serviços.
Exemplos de Fluxos de Entrada de Caixa em Atividades Operacionais:
Comercialização de mercadorias ou serviços.
Outras operações não definidas como investimento ou financiamento, incluindo valores financeiros recebidos por decisão judicial, valores provenientes de seguros não ligados diretamente às operações de investimento ou financiamento e restituição de pagamentos feitos a fornecedores diversos.
Exemplos de Fluxos de Saída de Caixa em Atividades Operacionais:
Compra de materiais variados para produção ou para venda.
Salários de funcionários e encargos trabalhistas.
Tributos e impostos, multas e outras despesas legais.
Materiais diversos e serviços gerais.
Toda movimentação não definida como operação de investimento ou financiamento, abrangendo pagamentos relativos a sentenças judiciais, restituição de pagamento a clientes.
Abrange as operações que representam a compra de ativos não circulantes, podendo ser bens imóveis, instalações fabris e equipamentos diversos.
Exemplos de Fluxos de Entrada de Caixa em Operações de Investimentos:
Substituição com venda de ativos imobilizados.
Venda de uma filial ou segmento da empresa.
Recebimento de empréstimos feitos a outras empresas.
Venda de títulos da dívida de outras empresas.
Exemplos de Fluxos de Saída de Caixa em Operações de Investimentos:
Compra de itens do ativo permanente.
Compra de títulos e investimentos para longo prazo.
Compra de ações de outras empresas.
Incluem as operações que se utilizam do disponível da empresa para o pagamento aos acionistas, amortização de empréstimos e resgate de ações, entre outros.
Exemplos de Fluxos de Entrada de Caixa em Operações de Financiamento:
Subscrição e venda de ações.
Recebimento de juros sobre empréstimos feitos a terceiros.
Emissão de debêntures.
Captação de empréstimos de curto e longo prazo.
Exemplos de Fluxos de Saída de Caixa em Operações de Financiamento:
Pagamento de dividendos aos proprietários.
Pagamento de empréstimo e financiamentos em geral.
Pagamento de juros sobre empréstimos.
Recompra de ações da própria empresa.
Para compreender adequadamente o fluxo de caixa, é necessário ter uma visão clara e objetiva do demonstrativo, pois, dessa, forma torna-se possível realizar uma análise cuidadosa do fluxo de caixa, o que oferece uma base sólida para tomada de decisões estratégicas e para auxiliar na gestão financeira eficaz. Sendo assim, é de fundamental importância mostrar a você os principais requisitos para elaboração do demonstrativo de fluxo de caixa:
Evidenciar o efeito periódico das transações de caixa segregadas por atividades operacionais, atividades de investimento e atividades de financiamento.
Evidenciar separadamente, em notas explicativas que façam referência ao fluxo de caixa, as transações de investimento e financiamento que afetam a posição patrimonial da empresa, mas que não têm impacto diretamente nos fluxos de caixa do período.
Reconciliar o resultado líquido com o caixa líquido gerado ou consumido nas atividades operacionais.
O fluxo de caixa financeiro nada mais é do que a previsão de entradas e saídas de recursos monetários, por determinado período em uma empresa. Essa previsão deve ser feita com base nos dados e nas informações levantados nas atuais projeções financeiras da empresa. Podemos dizer que o fluxo de caixa representa uma evolução de saldos, seja ele positivo, seja negativo. Portanto, a sensibilidade do financeiro aos fatores que influenciam no fluxo de entradas e saídas de recursos precisa ser especialmente aguda e perceptiva. O propósito de uma previsão de caixa é minimizar o inesperado, o que leva à importância de se ter um ativo disponível extra para cobrir as variações entre as necessidades monetárias previstas e as reais. Quanto mais precisa for a previsão dos fundos, menores serão as chances de erro. Por outro lado, a incerteza no fluxo de caixa é inerente às operações empresariais. Todavia pode-se tomar medidas para reduzir as amplas flutuações (“picos” e “vales”) no fluxo de caixa. Por exemplo, para períodos sazonalmente fracos em termos de receitas, deve-se montar estratégias anticíclicas (promoção, produtos e/ou serviços complementares etc.), ou diminuir as concentrações de pagamento em períodos sobrecarregados de saídas de recursos.
O fluxo de caixa não está sujeito a interpretações pessoais,
ele reflete o desempenho real da empresa, ou seja, o dinheiro entrou ou não, saiu ou não.
Um planejamento cuidadoso promove melhor utilização dos recursos financeiros, prevendo não somente um eventual déficit, como também um possível superávit. Quando apresentar déficit, isso pode significar o corte ou cancelamento de determinados projetos, a necessidade de empréstimo de capital de giro ou, até mesmo, a possibilidade de renegociação dos pagamentos. Em caso de superávit, o planejamento permite um emprego mais lucrativo dele.
O fluxo de caixa nunca pode estar negativo. Em outras palavras, se o saldo final for positivo, isso significa que a empresa está conseguindo gerar recursos para financiar o seu capital de giro e, a partir de determinado ponto, acumular capital novo. Ao contrário, o fluxo de caixa negativo significa que a empresa está se descapitalizando, sob o eventual risco de insolvência (falência). Sendo assim, a capacidade de uma empresa realizar seu ativo circulante mais rápido do que seu passivo circulante, de tal forma que o seu saldo de caixa nunca fique negativo, é fundamental na continuidade do negócio. Com isso, temos a importância de a necessidade do capital de giro ser suprida pelo próprio negócio!
O Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC) permite saber quais foram as entradas e saídas de dinheiro que ocorreram em um período específico, seja no caixa, seja nas contas bancárias, seja nas aplicações financeiras que a empresa possui com liquidez imediata. Na Figura 1, temos uma imagem que demonstra as entradas e saídas em determinado período de tempo:
Gitman (1987) deixa claro que, com o DFC, é possível averiguar qual o resultado causado na empresa por cada uma dessas movimentações financeiras. Além disso, o Demonstrativo de Fluxo de Caixa aponta onde os recursos financeiros da empresa foram aplicados e qual a origem desses recursos, possibilitando melhor gestão das entradas e saídas de dinheiro e evitando desvios e erros.
Nesta etapa da lição, apresentarei, de forma detalhada, o passo a passo para o desenvolvimento de um fluxo de caixa. Apresentarei, de forma clara, o saldo planejado no final do período, separado por tipo de atividade (operacional; financiamento; e investimento). Para isso, vamos aproveitar os dados da situação apresentada no case, vamos relembrá-los:
Segunda-Feira: saldo inicial no caixa: R$ 14 mil; recebimento de R$ 22 mil e pagamento de R$ 18 mil.
Terça-Feira: recebimento de R$ 15 mil, compra de um terreno no valor de R$ 32 mil e pagamento de R$ 14 mil.
Quarta-Feira: captação de empréstimo de R$ 25 mil, recebimento de R$ 12 mil, compra de um equipamento novo por R$ 22 mil e pagamento de R$ 7 mil.
Quinta-Feira: recebimento da venda do equipamento usado de R$ 6 mil e recebimentos de R$ 17 mil.
Sexta-Feira: recebimento de R$ 26 mil e pagamento de R$ 8 mil.
Para que sejam apresentados de forma detalhada, nada melhor do que apresentar esses dados por meio de um quadro. Sendo assim, vejamos a Tabela 1:
Com a elaboração do fluxo de caixa demonstrado no quadro anterior, é possível apresentar o saldo de cada tipo de operação e o resultado da disponibilidade financeira para o final da próxima semana por meio do seguinte cálculo:
14.000 + 45.000 - 48.000 + 25.000 = 36.000
Sendo assim, temos:
Saldo inicial (segunda-feira): R$ 14 mil positivo.
Atividades Operacionais: saldo positivo de R$ 45 mil.
Atividades de Investimentos: saldo negativo de R$ 48 mil.
Atividades de Financiamentos: saldo positivo de R$ 25 mil.
Saldo final (sexta-feira): R$ 36 mil positivo.
Com base nessas informações, temos uma visão de como a gestão do fluxo de caixa proporciona importante vantagem para que a empresa possa acompanhar sua disponibilidade financeira por período, antecipando-se a necessidades de recursos e se programando para operações de investimentos.
Você como Técnico(a) em Administração, desempenhará papel fundamental na gestão de fluxo de caixa de uma empresa, pois será responsável por diversas atividades relacionadas ao controle e à análise das entradas e saídas de dinheiro. Será você quem registrará e monitorará as transações financeiras e, com base nessas informações, também, elaborará relatórios para apresentar essas informações. De forma geral, seu trabalho será crucial na gestão do fluxo de caixa, garantindo, assim, que a empresa tenha um controle financeiro adequado e, consequentemente, assegure aos responsáveis — a diretoria, por exemplo — a tomada de decisões de forma assertiva.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. Tradução de Jacob Ancelevicz e Francisco José dos Santos Braga. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1987.
MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.