Lição 10: Demonstrativos contábeis básicos:
BP (Ativo)
BP (Ativo)
Olá, estudante! Seja bem-vindo à Lição 10 da disciplina de Controladoria e Finanças! Chegou o momento do curso em que eu preciso apresentar a você o demonstrativo contábil chamado Balanço Patrimonial e iniciarei pelo grupo do Ativo. O objetivo principal desta lição é apresentar os grupos que compõem o Ativo e seus subgrupos.
De forma objetiva e clara, o grupo do Ativo será detalhado e desdobrado, deixando o aprendizado prazeroso e de fácil entendimento. Após esta lição, você terá compreendido o porquê de as contas bancárias estarem localizadas na parte superior do Ativo e, também, o que diferencia o Ativo Circulante do Ativo Não Circulante, podendo, de forma profissional, atuar como Técnico(a) em Administração, gerando informações ricas em detalhes sobre o significado dos bens e direitos constantes no Ativo da empresa. De posse dessas informações, os gestores poderão definir estratégias mais assertivas para a otimização da eficiência de seus investimentos.
Caro(a) estudante, quando falamos em Ativo, estamos falando de todos os bens e direitos que a empresa possui e que podem ser convertidos em dinheiro (contas a receber, estoques, móveis, máquinas e equipamentos etc.). Esses recursos, necessariamente, originaram-se de alguma conta do Passivo, pois deste — como será apresentado na próxima lição — originam os recursos.
É destinada a você, como profissional Técnico(a) em Administração, a tarefa de demonstrar aos gestores a posição dos bens e direitos da empresa no fechamento do exercício contábil, como forma de garantir melhor tomada de decisão estratégica por parte dos gestores. Sendo assim, nesta lição, você terá acesso às informações, de forma clara e verdadeira, do Ativo da empresa, para que, assim, possa apresentar a classificação das contas de acordo com seus respectivos grupos e valores financeiros.
Essa será uma tarefa importante para subsidiar a tomada de decisão gerencial, e o seu papel nesse momento é se dedicar, ao máximo, a entender a classificação e a interpretação do Ativo empresarial, para, quando o utilizar na prática, possa apresentar, de forma detalhada, todo o investimento em bens e direitos de uma empresa realizado em determinado período.
No seu entendimento, seria possível apresentar esse relatório sem o conhecimento e o entendimento adequados acerca do Ativo e de sua real importância para o desenvolvimento empresarial?
Para ilustrar o conteúdo desta lição, apresentarei, neste case, uma situação em que a diretoria de uma empresa (fictícia), na cidade de Mariópolis-PR, solicita um demonstrativo detalhado e elaborado, na forma contábil, da posição de suas aplicações de recursos no final do último exercício contábil, com o objetivo de evidenciar sua posição patrimonial no que diz respeito a seus bens e direitos.
As contas contábeis e seus respectivos saldos no encerramento do exercício contábil em questão estão apresentados a seguir. De posse desses dados, é possível organizá-los de acordo com sua devida classificação para emissão do relatório referente ao Ativo da empresa:
Saldo disponível no caixa = R$ 56.000.
Estoques de produto acabado = R$ 35.000.
Automóveis = R$ 54.000.
Equipamentos = R$ 80.000.
Contas a receber de clientes em curto prazo = R$ 74.000.
Saldo em aplicação financeira = R$ 50.000.
Investimentos em outras empresas = R$ 100.000.
Softwares = R$ 45.000.
Móveis = R$ 16.000.
Saldo em conta no BB = R$ 29.000.
Saldo em poupança no BB = R$ 48.000.
Contas a receber de clientes em longo prazo = R$ 42.000.
Estoques de matéria-prima = R$ 42.000.
Veja, a seguir, a estrutura modelo para a geração do relatório Ativo da empresa que o profissional Técnico(a) em Administração apresentou aos diretores.
É por meio dessa estrutura formal que os dirigentes realizarão uma análise, pois apresenta o Ativo da empresa como um todo e proporciona uma tomada de decisão com base em evidências consolidadas.
O Balanço Patrimonial demonstra a situação estática da empresa em determinado momento e, para ele, é canalizado todo o resultado das operações e das transações que terão realização futura. Conforme Marion (1998), cada empresa pode determinar a data de encerramento de seu balanço conforme sua conveniência, desde que ela não ultrapasse o período de 12 meses. Entretanto a maioria das empresas brasileiras opta pelo seu encerramento sempre no dia 31 de dezembro de cada ano, juntamente com o encerramento do ano civil.
O Balanço Patrimonial retrata a situação financeira da empresa e, ao contrário do que alguns gestores pensam, esse relatório não é elaborado para informar o valor da empresa, uma vez que esse valor pode ser obtido por meio de outros cálculos, subsidiados por dados do Balanço e de outras informações. Gitman (1997) deixa claro que uma das mais requisitadas características dessa demonstração contábil é a sua padronização, em termos de apresentação, pelos diversos períodos em que é elaborada, sendo que essa característica facilita a realização de análises e a comparação retrospectiva bem como sua apreciação em relação a outras empresas.
Quando falamos que o balanço retrata a situação financeira de uma empresa, dizemos que encontramos as origens, as aplicações, os bens, os direitos e as obrigações dessa empresa. A estrutura do relatório permite que esses registros sejam agrupados de maneira uniforme e bem definida. No Ativo, encontramos registrados os bens e direitos da empresa, ou seja, máquinas, estoques, títulos a receber etc. Podemos dizer ainda que encontramos registradas as aplicações da empresa, uma vez que demonstra para onde estão sendo canalizados os recursos captados. Esses bens, direitos e aplicações encontram-se devidamente registrados em contas que devem ser apresentadas no Balanço em ordem de realização, ou seja, pela ordem em que se transformam em dinheiro mais rapidamente.
A seguir, conheceremos as principais contas patrimoniais agrupadas de acordo com sua natureza.
Encontramos classificados no Ativo Circulante todos os bens e direitos que se convertem em dinheiro em curto prazo. Os valores realizáveis (conversíveis em dinheiro) até o final do exercício social seguinte são considerados de curto prazo. Entretanto existem empresas cujo ciclo operacional excede o período de 12 meses, por exemplo, 14 meses. Dessa forma, é permitido considerar, nesses casos, o período do ciclo operacional como sendo o período de curto prazo. Dentro desse grupo, encontramos os seguintes subgrupos:
São recursos que podem ser utilizados imediatamente, sem restrições. Dentro ainda desse subgrupo, encontramos algumas contas, tais como Conta Caixa, que representa os numerários (dinheiro) existentes na empresa ou em trânsito, Conta Bancos, que representa os recursos depositados em forma de depósitos à vista, nas instituições financeiras, estando livres para movimentações, e Conta Aplicações Financeiras de Curto Prazo, que são aquelas aplicações de fácil conversibilidade em dinheiro, tais como fundos de curto prazo e títulos de imediata conversibilidade.
São representados pelos recursos aplicados em direitos que poderão ser convertidos em dinheiro no prazo de 12 meses, ou dentro do período do ciclo operacional da empresa, se assim definido. Nesse subgrupo, podemos encontrar várias contas, como Títulos e Valores Mobiliários, que são aplicações financeiras em títulos da dívida pública (certificados de depósito bancário, recibos de depósito bancário, ouro, debêntures, fundos de investimento financeiro etc.), Duplicatas a Receber ou Clientes, que são os títulos de crédito gerados pelas vendas ou prestação de serviços a prazo, Duplicatas a Receber ou Clientes Exportação, que são valores equivalentes a Duplicatas a Receber, entretanto provenientes de vendas ao exterior, Duplicata Descontada, que se trata de uma conta credora, ou seja, redutora da conta Duplicatas a Receber, que registra os valores a receber adiantados junto a alguma instituição financeira (esse valor adiantado permanece como passivo da empresa até a efetiva liquidação pelos clientes), Conta Provisão para Devedores Duvidosos, que se trata, também, de uma conta credora, redutora da conta Duplicatas a Receber, que tem a finalidade de cobrir possíveis perdas pelo não recebimento desses títulos, Impostos a Recuperar, que se destina a registrar os valores de impostos que, porventura, venham a ser adiantados pela empresa e que esta tem o direito de receber ou recuperar por meio de compensação com impostos a pagar, e Conta Outras Contas a Receber, que registra diversos valores que a empresa tem direito a receber e que não têm tal significância para que seja preciso a abertura de uma conta específica.
Trata-se de um subgrupo composto por bens agrupados de acordo com sua natureza e finalidade, podendo ser mercadorias para revenda, matérias-primas, materiais auxiliares de produção, produtos em elaboração, produtos acabados e materiais de consumo em geral. Os valores desembolsados para a importação de mercadorias e os valores adiantados a fornecedores por conta de entregas futuras, também, são classificados como Estoques.
Nesse subgrupo, são registrados os recursos aplicados antecipadamente e que gerarão benefícios ou serviços futuros. Podemos citar, como exemplo, os Seguros a Apropriar e Assinatura de Jornais e Revistas, que geram benefícios durante o ano todo e podem ser apropriados para despesa, conforme ocorrem, e comissões pagas antecipadamente, que acarretarão em benefício de vendas futuras.
Encontramos classificados no grupo Ativo Não Circulante todos os direitos realizáveis a partir do final do exercício seguinte. Seus grupos de contas apresentam a mesma característica do Ativo Circulante, diferenciando-se somente pelo período de realização. De acordo com a legislação, mesmo que sejam realizados em curto prazo, os adiantamentos e empréstimos concedidos a empresas coligadas ou controladas bem como as transações não operacionais com essas empresas devem ser classificados como de longo prazo. Isso acontece pois, por se tratarem de empresas de mesmo grupo, a realização e/ou exigibilidade torna-se bem mais tolerante.
Pela própria denominação, podemos entender que o grupo Ativo Permanente é formado por contas e itens que não são destinados à venda e com característica permanente. Encontramos no Ativo Permanente os bens e direitos de vida útil longa e que são utilizados pela empresa como meios de atingir seus objetivos de operação. Dentro desse grupo, encontramos os seguintes subgrupos:
Esse subgrupo registra as contas que não se destinam, especificamente, à manutenção das atividades operacionais da empresa. Encontramos, como exemplo dessas contas, a Participação Acionária em empresas coligadas e controladas (e outras empresas), as Obras de Arte, os Incentivos Fiscais e os Terrenos e os Imóveis para utilização futura.
Subgrupo composto de contas que registram os bens e direitos que são destinados à manutenção das atividades operacionais da empresa. Podemos citar, como exemplo, as contas Terrenos, Edifícios, Instalações, Máquinas e Equipamentos, Equipamentos de Processamento Eletrônico de Dados, Sistemas Aplicativos (softwares), Móveis e Utensílios, Veículos, Ferramentas, Marcas e Patentes Industriais, Florestamento e Reflorestamento. Vale ressaltar que, a partir do momento em que esses itens entram em uso, essas contas são reduzidas gradualmente por suas respectivas contas credoras de Depreciação, Amortização e Exaustão.
Por meio da aprovação da Lei nº 11.638/07, foi criado esse novo subgrupo, que passa a ser desmembrado do subgrupo Imobilizado. Dessa forma, passam a ser definitivamente desmembrados e totalizados, individualmente, os bens materiais (Imobilizado) e os bens imateriais (Intangíveis). Assim, nesse subgrupo são registrados os direitos que tenham por objetos bens incorpóreos, como Marcas e Patentes.
Nesse subgrupo, encontramos as despesas incorridas em determinados exercícios e que contribuirão para a formação de resultado em momentos futuros. O Ativo Diferido diferencia-se das Despesas Antecipadas, do Ativo Circulante, por se tratar de gastos realizados por vários exercícios sociais em que se espera que produzam benefícios futuros. Os exemplos mais comuns de despesas diferidas são: Gastos de Implantação e Gastos Pré-Operacionais, Pesquisas e Desenvolvimentos de Produtos e Métodos Industriais e Gastos de Implantação de Sistemas e Métodos.
Nesta seção, abordarei a forma correta de classificar e ordenar as contas do Ativo de uma empresa, buscando exemplificar como você deverá fazer ao se deparar com essa demanda. Faz-se necessário seguir a padronização contábil em que as contas são dispostas de acordo com o seu caráter de realização, ou seja, pela ordem em que se transformam em dinheiro mais rapidamente. Aproveitando os valores utilizados no case e já colocando-as em ordem com a devida explicação, vejamos:
Saldo disponível no caixa = 56.000: o caixa é o próprio dinheiro em espécie, portanto, é a liquidez por excelência — Ativo Circulante Disponível.
Saldo em conta no BB = 29.000: o dinheiro no banco possui liquidez imediata, pode ser sacado a qualquer momento — Ativo Circulante Disponível.
Saldo em poupança no BB = 48.000: mesma interpretação do saldo bancário, porém deve-se considerar, se houver, alguma tarifa ou encargo devido ao saque — Ativo Circulante Disponível.
Saldo em aplicação financeira = 50.000: mesma interpretação do saldo em poupança, porém deve-se considerar, se houver, alguma carência para resgate, tarifa ou encargo devido ao saque — Ativo Circulante Disponível.
Contas a receber de clientes em curto prazo = 74.000: não é considerado dinheiro na mão, pois ainda precisamos recebê-lo dos clientes, por isso, é cadastrada após as contas do disponível — Ativo Circulante Recebível.
Estoques de produto acabado = 35.000: não se trata de dinheiro propriamente dito, e, sim, de um recurso que depende de ser vendido para, depois, transformar-se em contas a receber e, depois, em dinheiro — Ativo Circulante Estoques.
Estoques de matéria prima = 42.000: pela ordem da sequência, trata-se de um insumo que deverá ser transformado em produto acabado para, depois, ser vendido e, na sequência, transformar-se em contas a receber e em dinheiro — Ativo Circulante Estoques.
Contas a receber de clientes em longo prazo = 42.000: devido ao caráter de longo prazo, deve ser classificado no recebíveis de longo prazo — Ativo Não Circulante Realizável em longo prazo.
Investimentos em outras empresas = 100.000: também apresenta característica de longo prazo, não devendo ser considerado recurso corrente — Ativo Não Circulante Realizável em longo prazo.
Móveis = 16.000: o objetivo da empresa não é vender esses móveis. Os móveis são utilizados para a operacionalização da empresa — Ativo Não Circulante Imobilizado.
Automóveis = 54.000: trata-se de um recurso utilizado para o desenvolvimento das operações empresariais. Não é um recurso que deve ser transformado em dinheiro — Ativo Não Circulante Imobilizado.
Equipamentos = 80.000: são equipamentos de uso próprio da empresa e, muitas vezes, desenvolvidos sob encomenda. Não são recursos destinados à venda — Ativo Não Circulante Imobilizado.
Softwares = 45.000: são recursos de uso próprio da empresa e, muitas vezes, desenvolvidos sob encomenda para aquela determinada atividade empresarial. Não são recursos destinados à venda — Ativo Não Circulante Imobilizado.
Gostaria de saber de você: foi possível compreender como acontece a classificação e a construção do relatório do Ativo de uma empresa? São vários detalhes, não é mesmo? Mas fique tranquilo(a), pois dedicando-se a entender a classificação e a interpretação do Ativo empresarial, com o tempo, isso se tornará automático e a construção desse relatório ficará ainda mais fácil!
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. São Paulo: Harbra, 1997.
MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998.