Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à Lição 12! Nesta lição, apresentarei uma importante técnica de leitura e interpretação dos dados fornecidos pelo Balanço Patrimonial. Trata-se de uma metodologia simples, porém muito eficaz para avaliações de decisões que envolvam captação e investimento de recursos.
A análise das Demonstrações Financeiras é uma ferramenta que representa um dos segmentos mais importantes do estudo da administração financeira. Ela desperta interesse não só na gestão interna de uma empresa, mas também em todos os segmentos do mercado contemplados pelos mais variados analistas e seus objetivos. Após esta lição, você estará capacitado(a) a elaborar relatórios que apresentam como está a proporção de cada conta do Ativo e do Passivo em relação ao seu total e, também, qual foi a variação percentual em cada conta de um período para outro.
O grande benefício gerado pela análise, por meio de índices, é a possibilidade de acompanhar o desempenho de uma mesma empresa no decorrer do tempo, além de poder comparar empresas de portes diferentes. Empresas que faturam milhões podem ter seu desempenho comparado ao de empresas que faturam bem menos ou bem mais. Isso é possível porque os índices nos possibilitam a análise relativa dos números.
É de grande importância que a empresa tenha em mãos dados e relatórios analíticos que demonstrem a composição do seu Balanço Patrimonial e a variação financeira ocorrida em cada conta de um período para outro, com o objetivo de tomada de decisão em tempo hábil, buscando, assim, corrigir eventuais ocorrências negativas que possam comprometer o desempenho empresarial e potencializar estratégias que estão dando certo.
Sendo assim, o domínio de técnicas de análise e interpretação dos dados contábeis se faz como pressuposto indispensável ao profissional Técnico(a) em Administração, pois, por meio dessa análise, os gestores terão subsídios para tomada de decisão. No seu entendimento, seria possível apresentar esse relatório sem o conhecimento e o entendimento adequados sobre Análise Vertical e Análise Horizontal, buscando suprir os gestores de informações confiáveis?
Para ilustrar o conteúdo desta lição, apresentarei, neste case, uma aplicação em que a diretoria de uma empresa, no Paraná, solicita um Balanço Patrimonial detalhado e elaborado, contendo as análises vertical e horizontal dos últimos dois exercícios, com o propósito de avaliar a composição dos seus ativos e passivos circulantes e, também, a variação de valores nessas contas entre os períodos mencionados.
Imediatamente, o analista busca o Balanço Patrimonial e apresenta as análises solicitadas pela diretoria conforme Tabela 1, a seguir.
Com o demonstrativo incluindo os cálculos necessários, o analista interpretou os números, explicando a leitura do documento.
Para o ano de 2021, o Ativo Circulante representava 46,36% do Ativo total da empresa, sendo que: 5,26% dos recursos estavam no ativo disponível (caixa e banco); 10,48% estavam no contas a receber (nas mãos dos clientes); e 30,62% estavam nos estoques.
Para o ano de 2022, o Ativo Circulante representava 48,46% do Ativo total da empresa, apresentando crescimento de 4,53%, em relação ao ano anterior. O Ativo disponível representava 4,23%, com uma queda de 12,83%, em relação a 2021. As contas a receber representavam 16,54%, com crescimento de 70,67%, em relação a 2021, e os estoques representavam 24,02%, com queda de 15,13%, em relação ao período anterior.
Para o ano de 2021, o Passivo Circulante representava 50,27% do Passivo + PL total da empresa, sendo que: 23,62% dos compromissos eram com fornecedores; 9,57% eram com Salários a Pagar; 5,49% eram com encargos trabalhistas; e 11,59% eram com dívidas de curto prazo.
Para o ano de 2022, o Passivo Circulante representava 48,90% do Passivo + PL total da empresa, apresentando crescimento de 5,25%, em relação ao ano anterior. Os fornecedores representavam 24,95% dos compromissos, com crescimento de 14,25%, em relação a 2021. Os salários a Pagar representavam 8,93%, com crescimento de 0,96%, em relação a 2021; os encargos trabalhistas representavam 2,56%, com queda de 49,57%, em relação a 2021; e os empréstimos de curto prazo representavam 12,47%, com crescimento de 16,41%, em relação ao período anterior.
Quando o gestor interno lança mão das análises financeiras em seus demonstrativos, ele busca, basicamente, avaliar o desempenho geral do seu negócio, identificando, retrospectivamente, os resultados obtidos pelas decisões tomadas no passado. Esse gestor tem sua atividade de análise simplificada e dinâmica, tendo em vista a facilidade de acesso a todas informações que originam o dado analisado.
Já o analista externo, quando inicia uma análise desse tipo, tem como objetivo resultados mais específicos, ou seja, busca apurar resultados que embasem decisões voltadas para o seu segmento, seja de investidor, seja de credor. É o caso, por exemplo, de um indivíduo que investe em ações ou um banco que está sendo consultado para liberar uma linha de crédito. Esse analista não encontra as mesmas facilidades que um gestor interno, uma vez que enfrenta determinadas limitações de informações, por realizar seu trabalho baseado somente nos demonstrativos que são publicados, mesmo com grande abrangência de informações disponíveis.
É evidente que cada usuário, independentemente da quantidade de informações de que cada um dispõe para a realização de seu trabalho, atingirá seus objetivos.
Isso ocorre porque a análise das demonstrações financeiras visa apontar o desempenho econômico e financeiro da empresa analisada, com base em números já realizados, com o intuito de obter diagnósticos do passado e seu posicionamento atual, fazendo com que haja a possibilidade e o suporte para a definição de tendências futuras.
Matarazzo (1997) deixa claro que, ao analisar as informações financeiras de uma empresa, deparamo-nos com a necessidade de interpretação dos números, no que diz respeito à sua evolução, ou involução, por meio dos períodos, e participação de cada um no grupo em que faz parte. Nesse sentido, duas ferramentas, de simples aplicação, mas, ao mesmo tempo, de grande eficácia, são utilizadas, sendo elas: a Análise Horizontal e a Análise Vertical.
Tais ferramentas permitem comparações de valores relacionáveis, obtidos de uma mesma demonstração financeira, tais como: comparação dos lucros com as vendas, do capital de giro com o ativo total, endividamento de terceiros com o passivo total, entre outros. Além disso, permitem a análise de tendências com base na comparação de valores por meio de diversos períodos.
A seguir, você conhecerá a Análise Vertical e a Análise Horizontal e como elas são aplicadas nos principais demonstrativos financeiros.
Análise Vertical, ou Análise de Estrutura
A análise vertical, também conhecida como análise de estrutura, tem, em sua essência, a avaliação da proporção de cada componente em relação ao total do grupo no qual faz parte. Busca facilitar a avaliação da estrutura do Ativo e do Passivo, no Balanço Patrimonial, bem como a participação de cada item da Demonstração de Resultados do Exercício na formação do lucro ou do prejuízo.
A análise vertical apontará, por exemplo, qual a participação do Duplicatas a Receber no Total do Ativo, qual a participação dos Empréstimos Bancários no Total do Passivo ou qual a relação dos Custos dos produtos Vendidos sobre a Receita Líquida de Vendas.
Padoveze (2011) enfatiza que, de maneira geral, a análise vertical visa apontar a importância de cada conta em relação à demonstração financeira da qual faz parte e, por meio da comparação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em períodos anteriores, permite identificar itens que sofreram grandes variações e que estão fora das proporções normais.
Análise Vertical do Balanço Patrimonial
Conforme apresentado em lições anteriores, o Balanço Patrimonial evidencia a situação financeira e patrimonial da empresa, tendo em vista que nele estão registradas as fontes de financiamento da empresa (Passivo e Patrimônio Líquido) e de que forma estão sendo aplicados tais recursos (Ativo).
Nesse sentido, ao realizarmos uma Análise Vertical do Balanço Patrimonial, estamos evidenciando a participação de cada item em relação ao seu total. Ou seja, ao analisarmos o Passivo e o Patrimônio Líquido, obteremos a composição detalhada, em percentuais, dos recursos tomados pela empresa, evidenciando qual a participação dos capitais próprios e dos capitais de terceiros, de curto e de longo prazo, em relação ao total das fontes financiadoras. Já ao analisarmos o Ativo, estaremos evidenciando, detalhadamente e em termos percentuais, quanto dos recursos obtidos está aplicado em Ativo Circulante, Ativo Realizável em Longo Prazo e Ativo Permanente.
A seguir, podemos verificar a metodologia e o cálculo da Análise Vertical do Balanço Patrimonial:
Memorial de cálculo da análise vertical
Análise Horizontal, ou Análise de Evolução
A análise horizontal, ou análise de evolução, tem como finalidade apontar a evolução, ou involução, de itens das demonstrações contábeis por meio de períodos, ou seja, aponta o aumento, ou a diminuição, de valores monetários de cada item por meio de períodos regulares de tempo.
Ao realizar uma análise horizontal em determinado demonstrativo, tendo em vista que essa análise envolve relatórios de períodos diferentes, o analista deve se atentar à questão de períodos inflacionários. Caso determinado período tenha sofrido com efeitos inflacionários que possam distorcer a análise, o usuário deverá expurgar a inflação referente.
Existem algumas formas de se expurgar a inflação que afeta a análise entre períodos. Normalmente, pode-se converter todos os valores à moeda de uma mesma data, deflacionando-os para a moeda do período-base. Para converter os valores da demonstração para a moeda do período-base, basta multiplicar a demonstração que se quer deflacionar por um fator obtido por meio da divisão do Índice Geral de Preços (IGP), da data do período-base, pelo IGP do período da demonstração que se quer deflacionar.
Pode-se, ainda, utilizar qualquer outro índice ou moeda estrangeira que melhor se enquadre e/ou reflita a situação da empresa. Entretanto essa prática tornava-se necessária antes da estabilidade da economia brasileira, em que períodos com grandes impactos inflacionários eram comuns. Hoje em dia, as taxas mínimas de inflação permitem que as análises horizontais não sofram influência delas. Para nosso estudo, utilizaremos sempre demonstrativos levando em consideração a não ocorrência de períodos inflacionários.
Por fim, Matarazzo (1997) afirma que a análise horizontal tem por objetivo mostrar a evolução de cada conta das demonstrações financeiras, fazendo com que a comparação entre si permita a emissão de conclusões sobre a evolução da empresa.
Análise Horizontal do Balanço Patrimonial
A análise horizontal do Balanço Patrimonial busca apresentar aumentos, ou diminuições, dos componentes patrimoniais entre os períodos eleitos para verificação. Para seu cálculo, faz-se necessário que se tome por base determinado período, o qual será o ponto de partida. Os dados referentes aos outros períodos a serem comparados serão definidos como evoluções, ou involuções, do período base.
A principal contribuição dessa análise é permitir que haja identificação da tendência passada e futura de cada valor observado, tendo em vista que, na maioria das vezes, determinado número da empresa está afetado por um momento específico, o qual poderá ainda refletir em períodos futuros.
O modelo, a seguir, permite-nos verificar a Análise Horizontal do Balanço Patrimonial, seguido pelo memorial de cálculo.
Memorial de cálculo da análise vertical
Nesta seção, apresentarei, de forma detalhada, o passo a passo para o desenvolvimento dos percentuais relativos às análises vertical e horizontal no Balanço Patrimonial, aproveitando o demonstrativo apresentado no case.
Tomando como base o ano de 2021, para a Análise Vertical, teremos:
1. Considerando o total do Ativo = 9.974.829,00 e o total do Circulante = 4.623.883,00, basta aplicar a equação da Análise Vertical.
O Ativo Circulante representa 46,36% do total do Ativo.
2. Sendo o total do Passivo + PL = 9.974.829,00 e o valor dos Salários a Pagar = 954.126,00, basta aplicar a equação da Análise Vertical.
Os salários a Pagar representam 9,57% do total de compromissos assumidos.
Basta seguir este raciocínio para as demais contas e para o ano de 2022.
Tomando como base a variação do ano 2021 para o ano 2022, para a Análise Horizontal, teremos:
1. O total do Ativo, em 2022, foi de 10.791.979,00 e, em 2021, foi de 9.974.829,00, basta aplicar a equação da Análise Horizontal.
O Ativo total aumentou em 8,19% de 2021 para 2022.
2. Os estoques, em 2022, foram de 2.592.012,00 e, em 2021, foram de 3.054.000,00, basta aplicar a equação da Análise Horizontal.
Os estoques diminuíram em 15,13% de 2021 para 2022.
3. Os Fornecedores a Pagar, em 2022, eram de 2.692.140,00 e, em 2021, eram de 2.356.325,00, basta aplicar a equação da Análise Horizontal.
Os fornecedores a Pagar aumentaram em 14,25% de 2021 para 2022.
Basta seguir este raciocínio para as demais contas. Por meio dessa demonstração, é possível perceber a facilidade de desenvolver indicadores percentuais que contribuam para a tomada de decisão empresarial.
MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
PADOVEZE, C. L. Introdução à Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.