Olá, estudante! Seja bem-vindo à nossa lição 13. Nesta lição, eu apresentarei mais algumas técnicas de leitura e interpretação dos dados fornecidos pelo Balanço Patrimonial. Trata-se de uma metodologia simples, porém muito eficaz para avaliar as decisões que envolvem a análise e a avaliação da capacidade de pagamento da empresa e da rentabilidade.
Conhecer a capacidade de pagamento de uma empresa é fundamental para as decisões de captação de recursos ou endividamento, assim como é importante conhecer o quanto a empresa é rentável do ponto de vista empresarial e do ponto de vista dos proprietários ou acionistas.
Após esta lição, você estará capacitado(a) a elaborar relatórios que apresentam como está a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo, relacionando o ativo circulante ao passivo circulante, além de emitir pareceres sobre a rentabilidade da empresa e expor a capacidade de pagamento desconsiderando os estoques empresariais.
A possibilidade de acompanhamento e comparação temporal das informações do Balanço Patrimonial a partir de indicadores é uma das estratégias utilizadas pelas empresas para desenvolver planos de otimização de resultados.
É de grande importância que a empresa tenha relatórios analíticos que demonstrem a leitura do Balanço Patrimonial e dos principais indicadores, com o objetivo de tomar as decisões em tempo hábil. Isso faz com que os planos de desenvolvimento de resultado implementados sejam otimizados e avaliados período a período.
Diante disso, o uso das técnicas de análise e interpretação dos dados contábeis se apresenta novamente como um fator indispensável ao profissional Técnico em Administração, pois, a partir dessa análise, os gestores terão subsídios para tomada de decisão.
Com base naquilo que você aprendeu até aqui, você acredita que seria possível apresentar um relatório sobre a capacidade de pagamento e a rentabilidade empresarial sem o devido conhecimento e entendimento dos indicadores de liquidez e dos indicadores de rentabilidade, com o objetivo de suprir os gestores com informações confiáveis?
Para demonstrar o conteúdo abordado nesta lição, exibirei uma aplicação em que a diretoria de uma grande empresa da cidade de Curitiba solicita que sejam apresentados os dois últimos balanços patrimoniais e que seja elaborado um parecer contendo as análises de liquidez e rentabilidade, com o intuito de verificar se houve melhora ou piora desses índices de um ano para outro.
Imediatamente, o analista busca o Balanço Patrimonial e apresenta as análises solicitadas pela diretoria, assim como é visível a seguir.
Com o demonstrativo, incluindo os cálculos necessários, o analista interpretou os números. A seguir, é exposta a explicação da leitura do documento.
Em relação à liquidez corrente, a empresa passou de 1,22 no ano de 2021 para 1,25 no ano de 2022, o que demonstra uma melhoria na capacidade de pagamento no curto prazo.
Em relação à liquidez seca, a empresa passou de 0,44 no ano de 2021 para 0,47 no ano 2022, o que demonstra uma melhoria na capacidade de pagamento no curto prazo, desconsiderando os estoques.
Em relação à liquidez geral, a empresa passou de 1,25 no ano de 2021 para 1,08 no ano de 2022, o que demonstra uma redução na capacidade de pagamento no curto e no longo prazo.
Em relação à rentabilidade do ativo, a empresa passou de 14,28% no ano de 2021 para 12,63% no ano de 2022, o que demonstra uma queda na rentabilidade em relação a todo investimento em bens e direitos que a empresa realizou no ano de 2022.
Em relação ao retorno sobre o patrimônio líquido, a empresa passou de 36,59% no ano de 2021 para 34,29% no ano de 2022, o que demonstra uma queda na rentabilidade em relação ao capital próprio. Essa queda se justifica pela redução de 20% no lucro líquido de um período para outro, frente a uma queda de 15% no patrimônio líquido de um período para outro.
Contudo, como chegar a esses valores apresentados? Existe uma ou mais fórmulas que precisam ser utilizadas? As respostas para essas perguntas você encontrará no decorrer desta lição!
Dando continuidade à análise do Balanço Patrimonial, trabalharemos os indicadores de liquidez e rentabilidade!
Os índices de liquidez buscam apontar a capacidade de pagamento da empresa, ou seja, a folga financeira que ela tem, o que possibilita, ou não, o devido cumprimento das obrigações passivas acumuladas dela.
COMO OS INDICADORES DE LIQUIDEZ PODEM EVIDENCIAR A CAPACIDADE DE PAGAMENTO DE UMA EMPRESA? QUAL É A RELAÇÃO QUE PERMITE ESSA CONCLUSÃO?
Basicamente, todos os índices de liquidez apuram a relação entre os ativos e os passivos. Normalmente, são relacionados os bens e os direitos a curto e longo prazo com as obrigações de curto e de longo prazo, cada índice à sua maneira. Com isso, ao relacionar o que a empresa tem a realizar (receber) com o que ela tem de exigível (a pagar), é possível obter um índice relativo que evidencia se, no período analisado, a empresa possui capacidade de honrar os próprios compromissos com terceiros.
Vale ressaltar que essa análise apresenta a posição de liquidez estática da empresa, ou seja, reflete a situação do momento, não evidenciando a magnitude e a época em que ocorrerão as entradas e as saídas de recursos. Além disso, não reflete se a empresa está, ou não, pagando e recebendo em dia.
Para o grupo da liquidez, apresentarei três indicadores. São eles:
Índice de Liquidez Corrente.
Índice de Liquidez Seca.
Índice de Liquidez Geral.
O Índice de Liquidez Corrente, tendo em vista que relaciona o Ativo Circulante com o Passivo Circulante, evidencia a capacidade de pagamento de curto prazo da empresa com os ativos de curto prazo, ou seja, o que está vencendo no curto prazo com que ela tem a receber de curto prazo. Para interpretação, o resultado desse indicador deve ser sempre igual ou acima de 1,00. Quanto maior, melhor.
O Índice de Liquidez Seca busca medir a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo, levando em consideração somente os ativos de rápida conversibilidade em dinheiro. Ao excluirmos do Ativo Circulante os estoques que, teoricamente, devem ser primeiramente vendidos, restam, no Ativo Circulante, basicamente, os valores em caixa, banco, aplicações financeiras e duplicatas a receber. Tratam-se de itens ou já convertidos em dinheiro ou de fácil conversão, caso haja necessidade. No caso das duplicatas a receber, caso seja necessário, elas podem ser descontadas em banco, conforme disponibilidade de limite de crédito. Para a sua interpretação, devemos considerar que, quanto maior for o resultado, melhor.
O Índice de Liquidez Geral mede a capacidade total de pagamento da empresa. Isso se dá, pois leva em consideração todos os bens e os direitos realizáveis a curto e a longo prazo em relação a todas obrigações com terceiros, as quais são exigíveis a curto e a longo prazo. Para a sua interpretação, devemos considerar que, quanto maior for o resultado, melhor.
Para melhor compreensão, a seguir, verificaremos o Balanço Patrimonial:
Agora, veremos os cálculos dos indicadores de liquidez no Balanço Patrimonial:
O Índice de Liquidez Corrente igual a 1,25 significa que, para cada 1 real que a empresa tem para pagar no curto prazo, ela possui 1,25 de recursos no curto prazo, apresentando, assim, folga de liquidez.
O Índice de Liquidez Seca igual a 0,47 significa que, para cada 1 real que a empresa tem para pagar no curto prazo, ela possui apenas 0,47 (sem considerar os estoques) de recursos no curto prazo, apresentando, assim, aperto de liquidez.
O Índice de Liquidez Geral igual a 1,08 significa que, para cada 1 real que a empresa tem para pagar no curto e no longo prazo, ela possui 1,08 de recursos no curto e no longo prazo, apresentando, assim, pequena folga de liquidez.
Matarazzo (1997) afirma que esse grupo de indicadores tem a finalidade de avaliar os resultados obtidos pela empresa que está sendo analisada. Essa avaliação é feita com base em determinados parâmetros que melhor possibilitam a revelação das dimensões do resultado.
Sempre que uma análise de resultado é feita somente com base em números absolutos, falsas interpretações podem ocorrer. Dessa forma, Padoveze (2011) orienta que, a partir do momento em que se analisa o resultado auferido pela empresa mediante números relativos, levando em consideração os esforços destinados para a obtenção do resultado ou até mesmo do potencial econômico existente, pode-se tirar conclusões mais verdadeiras, a fim de averiguar se a empresa realmente está atingindo os próprios objetivos.
Vale ressaltar que os analistas, em geral, despendem grande atenção à análise dos Índices de Rentabilidade, tendo em vista que eles exercem grande influência sobre a tomada de decisão no que tange ao mercado financeiro e/ou acionário.
Para o grupo da rentabilidade, apresentarei dois indicadores. São eles:
Rentabilidade do Ativo Total.
Rentabilidade do Patrimônio Líquido.
Esse índice tem por objetivo apontar qual lucro em percentual a empresa obtém para cada unidade monetária de investimento total. Em outras palavras, busca encontrar o percentual de lucratividade para cada R$ 1,00 de investimento no ativo. Em sua interpretação, dizemos que, quanto maior for o resultado desse índice, melhor será para a empresa.
Padoveze (2011) chama a atenção ao fato de que, da mesma maneira que existe a necessidade de se conhecer a rentabilidade do ativo, a margem de lucro das vendas e o giro que o ativo está realizando, os sócios, os acionistas e os administradores querem conhecer o retorno que o Patrimônio Líquido está oferecendo para a empresa. Para isso, esse indicador busca apresentar o quanto a empresa obtém de lucro, em percentual, para cada R$ 1,00 de Capital Próprio investido. Em sua interpretação, assim como os outros indicadores de rentabilidade, quanto maior for o resultado, melhor será para a empresa.
Esse índice mede a rentabilidade do capital próprio em percentuais. Por isso, oferece uma medida muito interessante do ponto de vista dos sócios.
Para melhor compreensão, a seguir, verificaremos o Balanço Patrimonial.
Agora, veremos os cálculos dos indicadores de rentabilidade no Balanço Patrimonial.
O índice de retorno sobre o ativo igual a 12,63% significa que, para cada 1 real que a empresa aplica em seu ativo (em lições anteriores, você observou que o ativo compreende as aplicações de recursos), as operações geram 12,63% de lucro líquido. Essa análise é importante para que a empresa mensure a viabilidade de continuar aplicando recursos no ativo, ou não.
O índice de retorno sobre o patrimônio líquido igual a 34,28% significa que, para cada 1 real que os proprietários aplicam de capital próprio na empresa, as operações geram 34,28% de lucro líquido. Essa análise é importante para que os proprietários ou os investidores mensurem a viabilidade de se aplicar próprios na empresa, ou não.
seguir, será exibido, de forma detalhada, o passo a passo para o desenvolvimento dos indicadores relativos à análise de liquidez e à análise de rentabilidade.
Aproveitando o demonstrativo apresentado no case.
1) Aplicando a equação da liquidez corrente para os anos de 2021 e 2022, encontramos os resultados 1,22 e 1,25, respectivamente, o que significa que, em 2021, para cada 1 real de dívidas de curto prazo, a empresa tinha 1 real e 22 centavos. Já em 2022, para cada 1 real de dívidas de curto prazo, a empresa tinha 1 real e 25 centavos de bens e direitos de curto prazo. Apresentou, assim, uma melhoria na capacidade de pagamento.
2) Aplicando a equação da liquidez seca para os anos de 2021 e 2022, encontramos os resultados 0,44 e 0,47, respectivamente, o que significa que, em 2021, para cada 1 real de dívidas de curto prazo, a empresa tinha 44 centavos, sem considerar os estoques em bens e direitos de curto prazo. Já em 2022, para cada 1 real de dívidas de curto prazo, a empresa tinha 47 centavos, sem considerar os estoques. Apresentou, também, uma melhoria na capacidade de pagamento.
3) Aplicando a equação da liquidez geral para os anos de 2021 e 2022, encontramos os resultados 1,25 e 1,08, respectivamente, o que significa que, em 2021, para cada 1 real de dívidas de curto e longo prazo, a empresa tinha 1 real e 25 centavos de bens e direitos de curto e longo prazo. Já em 2022, para cada 1 real de dívidas de curto e longo prazo, a empresa tinha 1 real e 8 centavos de bens e direitos de curto e longo prazo. Apresentou, assim, uma queda na capacidade de pagamento geral, ocasionada pela maior redução do ativo em relação à redução do passivo.
4) Aplicando a equação da rentabilidade sobre o ativo total para os anos de 2021 e 2022, encontramos o resultado de 14,28, para o ano de 2021, e 12,63%, para o ano de 2022, o que significa que, em 2021, para cada 1 real aplicado no ativo, a empresa gerou 14 centavos, aproximadamente, e, em 2022, para cada 1 real aplicado no ativo, a empresa gerou 12 centavos, aproximadamente. Apresentou, assim, uma queda na rentabilidade.
5) Aplicando a equação da rentabilidade sobre o patrimônio líquido para os anos de 2021 e 2022, encontramos o resultado de 36,59, para o ano de 2021, e 34,29%, para o ano de 2022, o que significa que, em 2021, para cada 1 real de recursos próprios aplicados na empresa, as operações geraram 36 centavos de resultado, aproximadamente, e, em 2022, para cada 1 real de recursos próprios aplicados na empresa, as operações geraram 34 centavos de resultado, aproximadamente. Apresentou, assim, uma queda na rentabilidade.
A partir dessa simples demonstração dos cálculos e das interpretações, é possível verificar a facilidade de se analisar e interpretar um Balanço Patrimonial, gerando, portanto, informações de grande importância para as tomadas de decisão empresarial.
MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
PADOVEZE, C. L. Introdução à Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.