Ideia homilética:
O Crente deve se refugiar na confiança em Deus com lembranças, prazer, oração e perseverança.
Vivemos dias difíceis, mas precisamos perseverar fiéis a Deus! A verdadeira igreja de Cristo tem sido alvo do ódio do mundo, mas precisamos vencer as tentações de desistir de Cristo.
Os sofrimentos do tempo presente, realmente são terríveis. Vivemos um tempo de enfermidades e mortes. Nossos dias estão passando, rapidamente. Talvez você se sinta morrendo um pouco todos os dias. Talvez já tenha percebido que a humanidade morre, não somente quando seu corpo é separado de seu espírito, mas em todo lugar e em tudo. Em todas as áreas de nossas vidas há perdas, dores, sofrimentos terríveis. Sofremos para nascer, para continuarmos vivos, para aprendermos, para trabalharmos, para decidirmos, por não decidirmos, na vida pessoal, familiar, social, e até na igreja. Mas somente o cristão sofre por amar a Cristo.
Vivemos um tempo de injustiças, mentiras, inversões de valores, enganos, roubos, assassinatos, esfriamento do amor e apostasia. E por essa apostasia dentro e fora da igreja, a verdadeira igreja de Cristo é perseguida.
Contudo, Jesus disse que no mundo os crentes teriam aflições, mas deveriam ter bom ânimo, porque ele venceu o mundo, e os crentes vencerão, também; Jesus disse que o mundo jaz no maligno. Portanto, as lutas contra o império das trevas não são novidades. O Apóstolo Paulo ensina que os últimos dias são difíceis, que os tempos finais são difíceis,
2 pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos(ostentador, orgulhoso), arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, 3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, 4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, 5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, a sua eficácia. 2 Timóteo 3:2-5 E que ele, Paulo, foi perseguido por sua fidelidade, mas o Senhor o livrou.
Então, como continuar fiel a Deus em tudo? Como não perder a fé, diante dos sofrimentos provenientes das perseguições do mundo contra a nossa fé e comunhão com Deus? A esse respeito, o Salmo 27 tem muito a nos ensinar.
Ele mostra que Davi viveu um tempo de sofrimentos terríveis, e venceu. Ele foi perseguido por sua fé em Cristo, mas não desanimou da fé, não desistiu de confiar corretamente em Deus, mas se refugiou no Senhor, se protegeu em Deus, para não apostatar. Aliás, eu entendo que essa foi a grande preocupação de Davi: a sua relação com Deus. Ou seja, todo o seu cuidado não era para evitar morrer fisicamente, ou não adoecer, ou não ficar pobre, mas a sua relação com Deus.
Isso nos ensina que a comunhão com Deus é a principal preocupação do verdadeiro cristão. É por isso que Davi evidencia uma luta contra as tentações de não continuar confiando em Deus, de não reconhecer que Ele é o preservador de sua vida, não orar e não se fortalecer para perseverar.
E para vencer as tentações, Davi se utiliza dos meios exteriores e ordinários de graça. Ilustração: pela manhã, vimos a respeito, no exemplo do pai que comprou um cavalo para o seu filho.
Os meios exteriores e ordinários de graça são dados por Deus para a sua igreja experimentar da salvação comprada por Jesus.
Portanto, aprendamos com o Salmo 27 a nos fortalecer no Senhor e vencer as tentações que visam nos afastar de Cristo.
Vencendo as tentações
Transição - A primeira lição está nos versos 1 ao 3, onde o salmista se refugia na confiança em Deus com lembrança.
1O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei? 2Quando malfeitores me sobrevêm para me destruir, meus opressores e inimigos, eles é que tropeçam e caem. 3Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança.
No verso 2 Davi lembra da prova que Deus lhe deu, de seu poder de protegê-lo. 2 Quando os malvados, meus adversários e meus inimigos, investiram contra mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram e caíram. Com essa lembrança da proteção de Deus, Davi reconhece que Deus é o preservador de sua vida. Não é possível afirmar sobre quem Davi está se referindo ao chamar de inimigos. Seja quem for, eram crueis como animais, mas caíram.
Jesus também nos ensina a reconhecer a Deus como preservador de nossas vidas, em Mateus 6.26 :
Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Jesus ensina a valorizar o poder de Deus de cuidar de seu povo. Davi valoriza o poder de Deus de protegê-lo de seus inimigos, e assim se refugia na confiança no Senhor.
Deus é a base da confiança de Davi, representado por três figuras: a luz, a salvação e a força. Quem é a nossa Luz, Salvação e Força diante das angústias que enfrentamos? Quem dissipa o medo desesperador de nosso coração, alimentado quando não reconhecemos que Deus é o preservador de nossa vida?
Davi chama Deus de luz, pelo poder da luz de dissipar as trevas. As trevas a que Davi se refere podem ter sido medos, pelas perguntas: a quem temerei? Deus dissipou a escuridão de Davi com a luz de sua presença, de seu ensino. Por isso ele pode dizer no verso 3: Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria.
Mas também Davi chama Deus de sua salvação, ou libertação, indicando que Deus libertou Davi de seus inimigos. Por isso ele diz que Quando os seus inimigos investiram contra ele para comerem as suas carnes ou para destruí-lo, revelando a intensidade do perigo, eles tropeçaram e caíram.
Por fim, Davi chama Deus de sua força num sentido de fortaleza ou refúgio reconhecendo que ele está protegido., uma referencia ao sucesso das fortalezas construídas na época para proteção Por isso as afirmações: de quem terei medo? O meu coração não temeria diante de um exército; eu não deixaria de confiar em Deus diante da guerra.
É muito interessante observar que Davi não diz que Deus lhe deu luz, salvação e força, mas que ele é a sua Luz, Salvação e Força. Deus estava com Davi, assim ele experimenta a garantia da segurança mesmo sem ter sido livrado do perigo, como quem diz se Deus está comigo, qual a razão de ter medo? Em outras palavras, Deus é o destemor ou confiança, é o livramento e o refúgio de Davi[1].
Davi valoriza o poder de Deus de protegê-lo, e demonstra que não mede o auxílio de Deus pelas aparências.
O entendimento de Davi nos lembra o entendimento de Paulo em Rm 8.31, que diz: se Deus é por nós, quem será contra nós? Mostrando que não há razão por que temer para quem Deus é por ele. Sobretudo, Paulo nos lembra que a razão para termos a proteção de Deus garantida é o amor de Cristo (vv 32, 33): Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?[2] Isso nos ensina que só pode gozar dessa confiança em Deus quem tem a fé no verdadeiro Cristo.
No verso 35 ele diz: Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?[3] E nos versos 37 38 ele diz: Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida[4](…) pode nos separar do amor de Deus em Cristo. Cristo é a razão de termos a garantia da proteção de Deus.
Irmãos, que lembrança maravilhosa a de Davi, a de Paulo e a de Jesus: Deus protege o seu povo de tal forma, que nem a morte é o fim.
Transição: a segunda lição está nos versos 4 ao 6, onde o salmista se refugia na confiança em Deus com prazer.
4Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo. 5Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha. 6Agora, será exaltada a minha cabeça acima dos inimigos que me cercam. No seu tabernáculo, oferecerei sacrifício de júbilo; cantarei e salmodiarei ao Senhor.
Davi associa Deus ao templo de tal forma que ele tem prazer pela Casa de Deus por causa de seu prazer por Deus e seu ensino.
Hoje em dia muitos crentes não valorizam a reunião pública e solene para cultuar a Deus como os crentes do AT, talvez por fazerem uma separação entre Deus e o Templo de uma forma como Deus nunca ensinou.
Para Davi, a Casa de Deus é um lugar seguro, porque Deus esconde e protege a todos os que o buscam com sinceridade, conforme lemos no verso 5: 5 Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha. Ao se referir a rocha, Davi reforça a ideia de segurança e proteção, possivalmente destacando a resistencia das torres construídas na antiguidade em lugares elevados[5]. Seu significado é que ele estaria acima das tribulações[6]. Por essa razão ele diz no verso 6: minha cabeça será exaltada sobre os meus inimigos que estão ao redor de mim. Ou seja, enquanto por um lado ele tinha o semblante de tristeza e a cabeça baixa por seus sofrimentos, por outro lado ele teria sua alegria restaurada e a cabeça erguida ao ser livrado por Deus. Por isso Davi faz voto solene de ações de graças.
Portanto, Davi mostra que a Casa de Deus é o seu prazer porque lá ele desfruta de Deus e aprende a sua Palavra, e no culto há segurança porque Deus recebe e protege quem o busca.
É verdade que Davi poderia buscar ao Senhor em qualquer lugar. Inclusive ele buscou ao Senhor em oração onde ele estava, ao dizer uma coisa peço ao Senhor, antes de chegar na Casa do Senhor, pois ele diz e a buscarei. Mas ele revela o entendimento de que há uma forma de desfrutar de Deus na Casa do Senhor que não se encontra em outro lugar[7]. Se não, qual a importância dessa Casa?
Então, por causa dessa forma especial de desfrutar de Deus, Davi busca a Casa do Senhor e não o contrário, como muitos defendem hoje em dia, como se buscar a Deus é o mesmo que desprezar a igreja institucional e organizada conforme o modelo do NT. Davi chega a usar muitos substantivos para essa habitação: Casa do Senhor, sua morada ou pavilhão, templo, tabernáculo. E no verso 4b, lemos: 4 que possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida. Notamos que todos os dias da minha vida, é diferente do que ele diz no Salmo 23 e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.[8] referindo-se a uma morada eterna.
Mas, a que morada terrena ele se refere? E porque ela tinha a formosura do Senhor? Naquele tempo o Templo de Salomão não havia sido construído ainda. Havia somente o Tabernáculo construído por Moisés e o povo sob a ordem de Deus em Êxodo 25, para que o nome de Deus habitasse ali. Deus deu o modelo, e exigiu que fosse feito conforme o modelo; no verso 40 (Êx 25.40), Deus disse: Vê, pois, que tudo faças segundo o modelo que te foi mostrado no monte.[9]. A beleza do tabernáculo era segundo a sabedoria de Deus, e não dos homens[10]. O que atraía Davi, portanto, não era a beleza física, mas a representação celestial em sua pureza conforme o modelo de Deus, e o fato de Deus anunciar seu nome ali[11].
Por essa razão, Davi canta a sua fome de Deus associada ao templo. Na verdade, todo o povo de Deus cantava Salmos que expressam sede e fome de Deus assossiadas ao templo: Sl 84.1-3 Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e Deus meu!; Sl 84.10 Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade. Sl 63.2 Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a tua glória. [12] Esses textos mostram que Davi e todos os fiéis entre povo, tinham um prazer profundo pelo templo, pelo prazer por Deus.
Deus era desfrutado no templo, no culto, na reunião solene, embora Deus pudesse ser buscado em qualquer lugar, mas não era desassociado do templo. O que eles observavam era diferente da forma como os cristãos devem fazer hoje. Mas os crentes de hoje não podem desprezar a Palavra, os sacramentos, as orações públicas[13], a organização da igreja com seus ofícios, a hierarquia, o sistema disciplinar, o funcionamento regular, os credos e confissões[14] sem desprezar a Deus.
Atualmente, Deus é tão separado do físico, especialmente da Igreja histórica institucional e organizada, que para muitos tanto faz ir para a igreja (culto) ou não. Então, para que Igreja? Porque Jesus continuou a estrutura do Antigo Testamento? Porque continuou orando no templo? Porque ensinou no templo? O que ele ensinou a respeito do templo para seus discípulos ao ponto deles observarem as reuniões solenes e organizarem Igrejas em todo o lugar onde foi possível, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular, credos e confissões. A ponto de Paulo se referir a ela como “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15)[15]?
Com Davi, aprendemos que o prazer por Deus não está desassociado do prazer pelo templo como Deus estabeleceu. E, que estar na Casa de Deus é seguro, porque Deus protege o seu povo ali, e Deus pode ser desfrutado de uma forma que não se desfruta em outro lugar.
Portanto, a Palavra, os sacramentos, as orações públicas, os hinos, os dízimos, as ofertas e outros auxílios do Senhor só são negligenciados através de um perverso menospreco por Deus[16].
Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima. [17]
Transição: A terceira lição está nos versos 7 ao 13, onde o salmista se refugia na confiança em Deus com oração.
Essa oração revela confiança, e revela, também, que mesmo Davi, com toda a sua confiança no Senhor, não enfrentou suas tentações sem lutas[18].
7Ouve, Senhor, a minha voz; eu clamo; compadece-te de mim e responde-me. 8Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a tua presença. 9Não me escondas, Senhor, a tua face, não rejeites com ira o teu servo; tu és o meu auxílio, não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação. 10Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá. 11Ensina-me, Senhor, o teu caminho e guia-me por vereda plana, por causa dos que me espreitam. 12Não me deixes à vontade dos meus adversários; pois contra mim se levantam falsas testemunhas e os que só respiram crueldade. 13Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes.
A oração é uma armadura contra as tentações[19].
Nessa proteção Davi clama ao Senhor porque ele deseja ser socorrido depressa. E também, porque Davi reconhece a bondade do Senhor de estender o seu favor a fieis oprimidos[20]. Além do mais, o clamor de Davi é para ser ouvido por Deus, diferente, por exemplo, dos fariseus que queriam ser percebido pelos homens[21]. Aqui lembramos das palavras de Jesus em Mateus 6.6: Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.[22] Jesus ensina a orar sem querer ser visto, ao ensinar que devemos entrar em nosso quarto e fechar a porta. Ele não está proibindo a oração pública, mas a oração que visa ser visto pelos homens, quando o que importa é ser ouvido por Deus. Isso é o que Davi busca.
Ele faz dois pedidos, basicamente, em sua oração: pela presença do Senhor, e pelo ensino do Senhor. O primeiro pedido está nos versos 8 ao 10:
8Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a tua presença. 9Não me escondas, Senhor, a tua face, não rejeites com ira o teu servo; tu és o meu auxílio, não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação. 10Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá.
Primeiramente, Davi deixa claro que sua busca por Deus é com base na permissão de Deus para buscá-lo. No verso 8, lemos: - 8Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a tua presença. Outra tradução possível é 8 Quando tu disseste: Buscai o meu rosto, o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei.[23] Seu sentido é que o coração de Davi lembrou da ordem de Deus para que ele buscasse a sua presença[24]. Dessa forma ele reconhece que não é digno de estar na presença de Deus, mas o busca com base na bondade do Senhor de autorizá-lo. Então, ele se anima a buscar ao Senhor, nas palavras: buscarei, pois, Senhor, a tua presença.
Sua busca, portanto, revela reverência e fé, e nos lembra o que aprendemos com Cristo, ao nos ensinar a oração conhecida como o Pai Nosso. Nela vemos o zelo que Jesus exige de nós ao nos autorizar a estarmos na presença de Deus com oração. Jesus exige a confiança devida, o zelo pela santidade de Deus, o zelo pelo reino de Deus, pela vontade de Deus, a confiança no cuidado de Deus com o coração grato, e a dependencia de Deus para vencer as tentações do maligno.
A presença de Deus é preciosa, honrosa, maravilhosa[25]. Feliz aquele que pode estar um segundo na presença de Deus.
Ilustração:
Há um hino que diz: Preciosas são as horas Na presença de Jesus! Comunhão deliciosa Da minha alma com a luz. Os cuidados deste mundo Não me podem abalar, Pois é ele meu abrigo Quando o tentador chegar.
Davi busca a face do Senhor em oração, com base no convite do próprio Deus.
Não obstante, estranhamente Davi perece achar que Deus estava escondido dele, ou que pudesse se irar contra ele, e até desampará-lo, conforme vemos no verso 9 - 9Não me escondas, Senhor, a tua face, não rejeites com ira o teu servo; tu és o meu auxílio, não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação. Além disso, com essas palavras Davi relembra a ajuda de Deus no passado para pedir e esperar de Deus a ajuda futura.[26] E, sua fé está tão firme em Deus, tão exclusiva, que ele reconhece que, toda benevolência, amor, zelo, atenção ou serviço vindo dos homens, tudo isso é muito inferior à misericórdia paternal com que Deus abraça seu povo[27]. Por isso ele diz: 10Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá. Ele não está afirmando seria abandonado pelos pais, mas reconhecendo a disposição de Deus de ajudá-lo, ainda que fosse esquecido de todos os homens. Dessa forma Davi exalta a Graça de Deus.
Transição – Nos versos 11 a 13 Davi ora pelo ensino de Deus.
11Ensina-me, Senhor, o teu caminho e guia-me por vereda plana, por causa dos que me espreitam. 12Não me deixes à vontade dos meus adversários; pois contra mim se levantam falsas testemunhas e os que só respiram crueldade. 13Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes.
Davi quer ser conduzido por Deus em segurança, ao pedir para ser guiado por vereda plana, diferente daquele que luta em terrenos íngremes ou de difícil acesso[28], não tendo como vencer. Dessa forma Davi reconhece que o seu coração deve ser sincero ao desejar a proteção de Deus.
Outro detalhe importante, é que o pedido de Davi visa escapar das tramas e da violência de seus inimigos, conforme o verso 12 12Não me deixes à vontade dos meus adversários; Isso significa que esses inimigos sempre agiam buscando a sua destruição. Davi aguarda que Deus ou abrande a crueldade dos ímpios, ou que restrinja o seu poder de forma que eles, mesmo desejando e se esforçando para fazer malefícios, façam em vão[29]. A igreja deve fazer o mesmo sobre o mundo.
Davi fala ainda de calunias e mentiras crueis, pois contra mim se levantam falsas testemunhas e os que só respiram crueldade. Revelando a violência das acusações, a forma como ele sofria com essas falsas acusações, razão pela qual ele busca o escudo protetor do Senhor. A verdadeira igreja cristã também é caluniada pelo mundo, mas pela oração ela se fortalece.
Então, mesmo sem ver a luz do livramento, no verso 13 Davi revela que está confiado em alguma promessa de Deus, pois ele crer que seria livrado de seus inimigos ainda nessa vida, ao dizer, 13Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes. Não sabemos sobre qual promessa ele está falando, uma vez que ele recebeu muitas. Como, por exemplo, a de que o Messias Jesus sucederia o seu trono. Seja qual for, Davi não se refugiou em afirmações positivas, mas nas promessas de Deus. Algo revelado por Deus em sua Palavra. Jamais devemos confiar em algo que Deus não revelou em sua Palavra.
Transição: até aqui vimos que Davi se refugia na confiança em Deus com lembrança, com prazer e com oração. Por fim, nos versos 14 veremos que ele se refugia na confiança em Deus com paciência.
5. 14Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor.
Davi se prepara para triunfar sobre as tentações através da paciência, que é a capacidade de confiar sua alma a Deus. Vemos essa paciência em suas palavras de firmes resoluções mentais ditas consigo mesmo.
Isso nada mais é do que se preparar para triunfar sobre as tentações, sem desviar a sua confiança do Senhor.
Dessa forma Davi externa o reconhecimento de que as guerras não cessaram, as lutaram iriam continuar. Portanto, novos medos surgiriam, novas tentações buscariam desviar a confiança de Davi de Deus, e ele precisava estar preparado para triunfar diante das tentações.
Dessa forma, também, Davi admite que não tem forças para vencer; que não é capacitado para superar as tentações; que não é forte o bastante para sofrer tanto, e não desviar a sua confiança do Senhor; que não é capacitado para reconhecer que Deus é o preservador de sua vida; que não é capacitado para vencer os medos dominadores; vencer os sentimentos carnais…
De que forma Davi se prepara?
Ele reconhece que sua força vem do Senhor, a quem ele ora. Ele reconhece que o seu coração recebe força do Senhor, e assim suas forças são renovadas. Ele não busca força em si mesmo, ou em algum recurso humano, mas em Deus para permanecer firme na confiança no Senhor, na fidelidade ao Senhor.
A paciência do crente segundo Deus é essa capacidade de permanecer fiel a Deus diante das circunstâncias adversas, esperando longo tempo em Deus, e diante dos sofrimentos causados por outras pessoas.
A capacidade de ser paciente só é possível através de uma vida cheia do Espírito Santo
Gl 5.22 - Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
Rm 8.3-4 - Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
E o exemplo a ser seguido pelo cristão é Cristo
Hb 12.1-2 - Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.
Com o Salmo 27 aprendemos como Davi luta contra as tentações: de não reconhecer a Deus como o preservador de sua vida; de não confirmar a sua fé em Deus; de não confiar em Deus… Então, vimos como Davi se refugiou no abrigo seguro da confiança em Deus na luta contra suas tentações, pois só confiando em Deus podemos permanecer fieis. Vimos que Davi se refugiou: com lembrança do poder de Deus de preservar a sua vida, com prazer pela Casa do Senhor, pelo culto, por causa de seu prazer por Deus, com oração pela atenção de Deus e por seu ensino para agir conforme a sua vontade e viver em segurança; e com paciência segundo Deus, que é a firmeza para triunfar contra as tentações, confiando a sua alma a Deus.
1. Precisamos valorizar o poder de Deus para nos proteger ao ponto de nossos temores serem expulsos por nossa valorização. Uma boa maneira de fazer isso é contando as bençãos do Senhor: devemos contar as bençãos do Senhor diante das tempestades, para vencermos a desesperança; devemos contar as bençãos diante das mágoas e tristezas, para desfrutarmos de alegria; devemos contas as bençãos diante da prosperidade dos outros, para lembrarmos da manção celeste onde iremos habitar; devemos contar as bençãos do Senhor diante das lutas para gozarmos do consolo do Senhor. Essas boas lembranças protegerão o nosso coração das tentações.
2. Não devemos medir o auxílio de Deus pelas aparências. Para isso precisamos lembrar ou conhecer as promessas de Deus em sua Palavra: Em Cristo Deus prometeu que estaria sempre conosco; Ele prometeu nos consolar, ensinar toda a verdade e nos conduzir em toda a verdade através de seu Espírito Santo; ele prometeu a vida eterna, de forma que a morte eterna já não tem poder sobre nós, mesmo em meio a morte física.
3. Devemos zelar pelas maneiras visíveis de Deus se revelar a nós em sua Casa, conforme estabelecido por Deus no NT: o templo e seus significados, o Dia do Senhor, o Culto Público, a pregação e oração, os sacramentos, a disciplina, os dízimos e ofertas, os cânticos dos salmos. Portanto, devemos renunciar os artifícios ardilosos e ímpios de culto e adoração a Deus.
4. Quando enfrentarmos inimigos ferozes, lembremos de Davi, mas sobretudo de Cristo, e oremos ao Senhor, com confiança, para sermos protegidos contra a crueldade.
5. Voltemos a nossa vontade para confiar no Senhor, a partir de uma resolução mental firme, com base na Palavra de Deus. Leiamos:
Is 30.15 - Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes.
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[1] (Boice, 1994), p. 240.
[2] Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Rm 8.32–33). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
[3] Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Rm 8.35). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
[4] Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Rm 8.37–38). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
[5] (Calvino, 1999), p. 234
[6] (Bíblia de Estudo-Palavras Chave, 2009), p. 706.
[7] (Boice, 1994), p.
[8] Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Sl 23.6). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
[9] Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Êx 25.40). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
[10] (Calvino, 1999), p. 234
[11] (Calvino, 1999), p. 234.
[12] Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Sl 63.2). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
[13] (Calvino, 1999), p. 234.
[14] http://tempora-mores.blogspot.com.br/2010/04/os-desigrejados.html
[15] http://tempora-mores.blogspot.com.br/2010/04/os-desigrejados.html
[16] (Calvino, 1999), p. 234
[17] Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Hb 10.25). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
[18] http://www.studylight.org/commentaries/guz/psalms-27.html/, em 18.5.16 às 20h.
[19] (Calvino, 1999), p. 235.
[20] Idem. Grifo próprio.
[21] http://www.studylight.org/commentaries/guz/psalms-27.html/
[22] Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Mt 6.6). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
[23] Sociedade Bíblica do Brasil. (2009). Almeida Revista e Corrigida (Sl 27.8). Sociedade Bíblica do Brasil.
[24] (Calvino, 1999), p. 239.
[25] (Calvino, 1999), p. 239. Calvino entende que o sentido para a sua face é sua presença, e não o auxílio divino, nesse caso. Porque Davi alude também ao santuário, e que Davi se refere ao modo de manifestação no qual Deus costumava apresentar-se, em algum grau, visível. (…) visto, porém, que Davi destinara a arca do concerto para ser emblema de sua presença, ela é por toda parte, sem qualquer impropriedade, denominada sua face.
[26] http://www.studylight.org/commentaries/guz/psalms-27.html/ - Grifo próprio.
[27] (Calvino, 1999), p. 239.
[28] (Calvino, 1999), p. 236
[29] (Calvino, 1999), p. 237.
[30] (Calvino, 1999), (Boice, 1994)