Só um golinho, Rã!

"Caixa de histórias"

Na Selva, estava muito calor. Os animais refrescavam-se com água. Mas a Rã não aguentava mais, não lhe chegava.

A Rã estava cheia de sede, então bebeu um golo da sua poça. Como não lhe chegou, bebeu a água toda da sua poça e de outra poça e, de seguida, a água do ribeiro. Mas, como não era suficiente, bebeu ainda a água do poço, do rio, das nascentes, das lagoas e, por último, o grande lago azul como sobremesa!

Só não bebeu a água do mar por ser salgada. A Selva ficou sem água e os animais não acharam graça, ficaram furiosos, loucos e cheios de sede.

Então, os animais juntaram-se debaixo da grande tamareira para tentarem arranjar uma solução. A Rã tinha de abrir a boca para a água sair. O leão sugeriu dar-lhe uma patada, o camaleão ofereceu-lhe uma mosca, o crocodilo pensou em contar uma história muito triste e o corvo tentou enfurecê-la, mas nenhum destes planos resultou.

No entanto, as enguias, que a conheciam bem, tinham um plano. Rastejaram até à rã e enroscaram-se à sua volta, deslizaram sobre a sua grande barriga, balançaram-se nas suas costas e fizeram-lhe cócegas no pescoço e debaixo das perninhas. Sucesso! A Rã desatou à gargalhada e a água saiu forte até à última gota, enchendo os cursos de água da selva.

Agora, sempre que uma rã quer um golo de água, há sempre um animal que lhe diz:

- Um golinho, Rã! Só um golinho.

Reconto da história de Piet Grobler por Francisco Eusébio