Era uma vez uma girafa chamada Olimpia, que aos cinco anos ultrapassava em altura todas as girafas. Era tão alta que andava sempre com a cabeça enfiada nas nuvens e a mãe ralhava com ela, porque tinha medo de que ela se constipasse. Quando uma girafa dá um espirro, assusta todos os animais.

Olímpia andava sempre com a cabeça entre as nuvens, porque queria encontrar a avó, pois tinham-lhe dito que os anjos dormiam nas nuvens. Ela tinha muitas saudades dela.

Durante a noite, a girafa comia estrelas, que eram macias e sabiam pêssego. Um dia, Olímpia encontrou nas nuvens uma galinha-do-mato chamada Dona Margarida, que tinha um ninho cheio de objetos brilhantes e perguntou-lhe se ela era um anjo ou se tinha visto algum.

Mas não! No entanto, talvez houvesse anjos, pois, por vezes, caíam penas do céu. Elas ficaram muito amigas e, todos os dias, Olímpia visitava a Dona Margarida. Às vezes, ela não estava naquela região, porque viajava pelo mundo todo. A Dona Margarida andou um tempo desaparecida, porque não havia nuvens e, por isso, não chovia.

Passado um mês, a savana começou a secar e começou também a faltar comida para as girafas e para os outros animais da savana. Só Olímpia continuava gordinha, porque se alimentava de estrelas.

Decidiu, então, partir à procura de ajuda e encontrou a Dona Margarida. Contou-lhe o que se estava a passar e a Dona Margarida teve a ideia de soprar as nuvens até ao céu da savana. Depois, a galinha tirou uma pena e colocou-a no nariz da girafa para ela espirrar. O espirro sacudiu as nuvens e choveu durante três dias. A savana voltou a ficar verde, salvaram-se todos os animais e é por isso que ainda hoje as girafas são amigas das galinhas-do-mato.

Reconto da história de José Eduardo Agualusa por Mariana Nicau