O sapo apaixonado

"Caixa de histórias"

O Sapo encontrava-se sentado à beira do rio e sentia-se esquisito, pois tinha passado toda a semana a sonhar.

Num passeio que estava a fazer, encontrou o Porquinho que lhe perguntou o que é que ele tinha, pois não estava com bom ar. O Sapo respondeu que não sabia, pois tinha vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo e que também tinha uma coisa a fazer tum-tum. O Porquinho aconselhou o sapo a ir para a cama, pois talvez estivesse constipado.

O Sapo passou pela casa da Lebre e disse-lhe que não se sentia muito bem, porque, por vezes, ficava com calor e, outras vezes, tinha frio e que tinha uma coisa a fazer tum-tum. A Lebre, após muito pensar, disse:

- É o teu coração!

E nisto foi buscar um grande livro à estante e disse ao Sapo: - Estás apaixonado!

- Apaixonado? – Questionou o Sapo. Estou apaixonado!

A alegria do sapo era tão grande que deu um enorme salto ao sair da casa da Lebre.

O Porquinho apanhou um grande susto quando o Sapo caiu do céu e disse-lhe que já parecia estar de boa saúde. O Sapo concordou e acrescentou que estava apaixonado. O Porquinho quis saber por quem se tinha apaixonado o Sapo ao que ele respondeu que era pela linda e adorável Patinha branca.

O Porquinho estranhou porque no seu entender o Sapo não pode estar apaixonado pela Pata, porque ele era verde e ela era branca.

Mas o Sapo não se importou e foi para casa fazer uma linda pintura para oferecer à Pata. Só que ele não teve coragem de a entregar na mão da Pata e decidiu enfiá-la por baixo da porta da Pata. A Pata ficou muito feliz e admirada, quando encontrou a pintura.

O Sapo, no dia seguinte, colheu umas belas flores para oferecer à Pata. E, mais uma vez, perdeu a coragem e deixou as flores na soleira da porta e fugiu.

A Pata andava radiante com todos os presentes, mas estava curiosa para saber quem os enviava.

O Sapo, por sua vez, começou a perder o apetite, não dormia à noite e assim passaram os dias, as semanas…até que decidiu fazer uma coisa que mais ninguém fosse capaz, que era bater o recorde do mundo de salto em altura. Então, começou a treinar, durante dias a fio, e saltava cada vez mais alto até às nuvens.

Às duas horas e treze minutos da tarde de sexta-feira, o sapo perdeu o equilíbrio e caiu ao chão. A Pata, que estava a passar nesse preciso momento, correu para ir ajudá-lo. Nos dias seguintes, tratou dele com muita ternura e carinho.

Certo dia, ela disse ao Sapo que gostava muito dele e ele arranjou coragem e confessou-lhe que também gostava muito dela.

Então, o coração do sapo começou a fazer-te tum-tum muito depressa e ficou com a cara muito verde.

Desde esse dia, que se amam perdidamente, um amor entre um Sapo e uma Pata, uma paixão a verde e branco.

“O amor não conhece barreiras.”

Reconto da história de Max Velthuijs por Inês Oliveira