O herói do André era um parafuso pequeno, redondo, cinzento e com um brilho especial.

No verão, a mãe mandou-o às compras ao supermercado. Aí viu um senhor que levava uma caixinha de parafusos, onde ia o seu parafuso especial. Nesse momento, pensou que já não lhe podia dar um destino, como fazer a casota do seu cão. Então, simulou uma queda dando um encontrão ao senhor, que espalhou os parafusos da caixa, e assim apanhou o seu parafuso.

O senhor não gostou e não percebeu a razão. Ele pediu-lhe desculpa, levou o parafuso à secção das ferramentas e trouxe-o noutra caixa para casa. O seu parafuso queria ser usado num monumento e todos os outros queriam ser úteis.

Logo que chegou a casa, colocou o seu parafuso na casota do cão. No dia seguinte, o seu pai mudou o parafuso e usou-o para afixar um aviso na garagem.

Mais tarde, substituiu o parafuso por outro para o mostrar aos amigos, mas perdeu-o. Uma vigilante apanhou-o e colocou-o na mesa do laboratório. O parafuso viu muitas aulas de Ciências e gostava do cheiro dos químicos.

Num dia de muita chuva, com a escola em obras, a mesa foi desmontada e o parafuso acabou numa caixa maior. No dia seguinte, um senhor muito rico foi à escola procurar todos os parafusos para fazer uma ponte. Os parafusos ficaram contentes com essa ideia e o diretor aceitou um donativo do senhor muito rico em troca deles.

O parafuso foi aplicado numa ponte sobre o rio Douro, mas não gostava do fumo dos barcos. Os habitantes também não gostavam da ponte e, por isso, desmancharam-na dando os parafusos para aplicarem num monumento. Em França, foi contratado o arquiteto Gustavo Eiffel para fazer um monumento: a Torre Eiffel.

Quando já estava mais velho, o André foi à Torre Eiffel e, no quinquagésimo sexto andar lá estava o seu parafuso. Tinha ferrugem, mas continuava com aquele brilho especial. Era ele! E acho que estava feliz!

O seu parafuso tinha realizado o seu sonho e cumprido a sua função.

Reconto da história de André Miguel Silva por João Sousa