GECFORM: espaçostempos de saberes e(m) formação
Editorial edição 4
Maria José Firmino da Silva
Doutoranda PPGE/FACED/UFBA
GECFORM: espaçostempos de saberes e(m) formação
Editorial edição 4
Maria José Firmino da Silva
Doutoranda PPGE/FACED/UFBA
“Trouxeste a chave?” (ANDRADE, 2012, p. 14)
Com esse questionamento à Drummond, anunciamos a quarta edição do Jornal Hermes, produzida a partir do tema GECFORM: espaçostempos de saberes e(m) formação. “Que é isto, o GECFORM?”, talvez, esteja se perguntando o(a) leitor(a), num contraditório rompante filosófico, em busca da chave. Calma, leitor(a) solidário(a), calma para ouvir/saber sobre esse acontecimento pintado com as tintas do FORMACCE e do ObFORMACCE. O Grupo de Estudos Multirreferenciais em Currículo e Formação (GECFORM) constitui-se num espaçotempo de estudos da irredutível relação entre Currículo e Formação, perspectivados na tessitura de uma epistemologia plural.
Sobretudo nesses tempos em que a universidade está a se reinventar, Professora Doutora Denise Guerra (FORMACCE/FACED/UFBA) começa a tecer os fios de um desejo implicado às suas experiências enquanto estudante de mestrado e doutorado quando, em alguns contextos, lhe era, tacitamente, cobrada uma metafórica chave de inserção acadêmica. Assim, a partir das políticas de sentido do FORMACCE, surge o GECFORM como possibilidade formativa na tarde do dia 26 de abril de 2018, na Sala do FORMACCE, com a participação de sujeitos da escola básica, da graduação e da pós-graduação.
Ainda por aqui, apressado(a) leitor(a)? Então, sigamos… Para esta Edição do Jornal Hermes, os membros do GECFORM – tomando-o como lócus de reexistências – apresentam textos que explicitam realizações de seus estudos, pesquisas e cotidianos profissionais. Por conseguinte, na seção Em Destaque, os autores Roberto Sidnei Macedo e Denise Guerra fazem, através do texto GECFORM: estudos curriculares e formacionais autorizantes, uma apresentação pertinente e valorada da proposta do nosso Grupo de Estudo.
Através da linguagem audiovisual, já na seção Entre-vistas, Laila Sampaio Lima protagoniza o vídeo O GECFORM em perspectiva no qual também faz uma apresentação do nosso Grupo de Estudo dirigida a você, caro(a) espectador(a).
Na seção Opiniões em contraste, o(a) leitor(a) encontrará um movimento que se constitui na relação instituinte-instituído a partir de duas perspectivas singulares. No texto Olhar de um Africano no grupo GECFORM, Leonel Vicente Mendes nos diz das suas implicações nas atividades do Grupo e das reverberações dessa experiência na UNILAB-Campus dos Malês. Por seu turno, Daiane da Luz Silva, no texto Entretecimento entre experiência e formação: um relato sobre o GECFORM, comenta como sua participação na equipe técnico-pedagógica de reformulação curricular dos cursos de graduação da UFBA está sendo interpelada por suas experiências no GECFORM.
A seção Escritos conversa conosco através de cinco textos que trazem pesquisas desenvolvidas no âmbito do GECFORM/FORMACCE. Em Ressignificação dos Atos de currículo e noção de pertença e aceitação de estudantes negros/as numa escola municipal de Salvador/BA, Cristina Severiana dos Santos aponta “A necessidade de desconstrução de aspectos que legitimam a inferioridade da cultura negra e sua não representação no currículo escolar […]”.
Com o texto Afiliação Estudantil e estudos de(s)coloniais, Larisse Miranda de Brito faz uma síntese de sua pesquisa de doutoramento, que pretende compreender como estudantes não-brancos de duas jovens universidades federais do Recôncavo da Bahia constroem sua relação com o saber universitário.
Já Leiany Liria Queiroz Cunha, referenciada em sua pesquisa de mestrado em andamento, problematiza a diferença como dispositivo de autoheteroecometaformação, através do texto Re-existindo ao exterodeterminado, a formação acontece.
Ainda nessa mesma seção, Rosiete Costa de Sousa, com o texto CURRÍCULO E FORMAÇÃO NO TIMOR-LESTE: um estudo de base etnometodológica e sua ação no combate ao epistemicídio, apresenta-nos à sua pesquisa de doutoramento que pergunta “[…] qual o diálogo possível entre escola e uma lulik [casa sagrada]?”.
Fechando essa seção, Gilvando Inácio de Oliveira, através do texto Espaços formativos e reexistência: construindo aprendizagens significativas e propositivas, faz uma síntese de sua pesquisa de mestrado pela Universidade da Madeira, em Portugal.
Na seção Cotidianos da/na escola, temos dois textos construídos a partir dos saberes da experiência. No primeiro, intitulado Experiências formativas do professor no contexto das celas de aula, Evandro Vilas Boas Coelho nos fala sobre o ser professor no espaço do cárcere enquanto Ana Carolina Santos de Lima, em Construindo pontes: mobilização de conhecimentos teóricos e práticos e a elaboração do Referencial Curricular Franciscano, discute saberes e processos formacionais e suas implicações na elaboração do Referencial Curricular Franciscano (RFC).
Parabenizamos seus respectivos autores e autoras. Quanto a nós, caro(a) leitor(a), provocados pelo poeta itabirano (ANDRADE, 2012, p. 14) que nos pergunta por uma chave para penetrar no reino das palavras, afirmamos não haver um dispositivo que nos faça acessar o já-lá, porque somos sujeitos da experiência, portanto nos constituímos com o(a) outro(a) pelos espaçostempos de saberes e(m) formação conforme tema desta Edição do Jornal Hermes.
Referências
ANDRADE, C. D. Procura da poesia. In: A rosa do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 12-14.