Eu não me leio
Não sei ao certo se o outro me interessa
Mas é certo que eu não me interesso
Vou deixando para trás
Meus pequenos monumentos
Enquanto eu sigo
Faminto por história
Faminto por resposta.
Eu sempre me dou tarefas de casa
Eu não preciso de um pai severo quando estou por perto
O peso é minha essência
A dignidade do homem está na competência de ser enterrado vivo
As próprias mãos não se tocam
A dureza é que levanta essas lajes
Se trocarmos de estrutura
Quantos cairão ?
Melhor do que o custo de se levantar
É se sentir um monumento.
No silêncio da janta
O Tempo come seu filho na minha frente
E promete que comigo vai ser diferente
As pessoas que me falaram de todas as coisas que não dariam certo em minha vida
Souberam prever com clareza todas as repercussões
Videntes mais do que profissionais
Me deram o privilégio de seus serviços
Sem cobrar um real
Estavam certas, deu tudo errado
Ainda bem que não cometi a burrice de querer fazer algo
Eu devo a elas esse momento
Que me encontro confortável sentado no chão
Por não ter de passar o que teria passado
Nada aconteceu, graças à Deus
Se a falta pudesse se fazer em matéria
O quanto ela ocuparia ?
Sou obrigado a seguir a direção
Sou lembrado que não tenho tempo
E levar apenas um de mim comigo
Qual a altura e largura da montanha do que não se viveu ?
Qual a profundidade da erosão que um desencanto causa ?