Com o passar dos anos, as organizações vêm exigindo um novo perfil de trabalhador, ele deve acompanhar as constantes mudanças tecnológicas e deve mostrar disposição para enfrentar cotidianamente novos desafios. A motivação organizacional deve ser um processo contínuo e integrado aos demais processos da empresa, envolve um conjunto de fatores psicológicos relacionados a alcançar algum objetivo, resulta dos desejos, das necessidades e das vontades de cada indivíduo.
A importância das relações humanas passou a ser mais reconhecida no âmbito das organizações de maior porte e complexidade, isso porque elas tendiam a ser cada vez mais impessoais, com isso, ficava claro que essa situação conduz a consequências bastante desfavoráveis no campo da administração de pessoal.
Os anos de 1950 foram marcados pelo surgimento de várias teorias relacionadas à motivação, entre elas, está o estudo desenvolvido por Douglas McGregor, a Teoria X e a Teoria Y. O autor evidencia características diferentes do ser humano, sendo que a Teoria X vem com uma visão negativa do ser humano, e a Teoria Y, por sua vez, traz uma visão positiva do ser humano. Com base no estudo de McGregor, serão apresentadas nesta lição, as características das Teorias X e Y.
A moderna gestão de pessoas tem como base aspectos fundamentais, com seres humanos com personalidade e habilidades próprias e, também, muito diferentes entre si. O trabalhador é visto como colaborador inteligente, capaz de ativar e desenvolver recursos organizacionais que possam conduzir a organização ao sucesso, as pessoas fazem esforço e se dedicam com responsabilidade.
Entretanto, a teoria de Douglas McGregor, Teoria X e Teoria Y, evidencia diferentes características com relação aos funcionários, existem os que gostam e os que não gostam de trabalhar. Os que não gostam realizam as tarefas mecanicamente, não são proativos, não sentem prazer no que estão fazendo, trabalham pelo salário ou para manter o emprego. Os que trabalham motivados almejam objetivos pessoais, buscam se aperfeiçoar, visando ao crescimento profissional.
Para que você consiga compreender melhor, pense na sua sala de aula: por que todos os alunos frequentam as aulas? Por que alguns estudam para prova e outros não? Por que alguns prestam atenção nas explicações dos professores e outros simplesmente ignoram? Em uma pesquisa rápida, provavelmente, você ouvirá de alguns que é por obrigação, já outros dirão que é porque desejam fazer uma faculdade, e, para chegar até lá, esse é um processo necessário. Por que existe essa diferença de comportamento?
As organizações são constituídas por pessoas, são elas que agem, que tomam decisões. A moderna gestão de pessoas tem como base aspectos fundamentados nas pessoas como seres humanos, com personalidade própria e diferentes entre si, possuindo habilidades e competências capazes de contribuir para o crescimento organizacional, e, também, como parceiros da organização, capazes de alcançar o sucesso com esforço e dedicação.
Uma empresa fabricante de computadores enfrentava problemas para reaproveitar resíduos de um certo tipo de matéria-prima usada em seu equipamento de fixação de componentes nas placas. Embora esse problema pudesse ser resolvido individualmente, a empresa chegou à conclusão de que seria mais eficiente designar um grupo de técnicos de produção para atacá-lo. A forma de compor e treinar esse grupo deveria levar em conta duas aptidões necessárias: (1) conhecimento específico do problema a ser resolvido e (2) a capacidade de promover um ambiente de interação que facilitasse o aproveitamento de todas as contribuições individuais relevantes para a resolução do problema. Enquanto a primeira aptidão está no plano da competência profissional do indivíduo, a segunda se relaciona evidentemente com a sua capacidade de compartilhá-la dentro de um grupo. Os três tipos de aptidões que compõem o perfil individual são: conhecimento, habilidades e atitudes.
Nesse caso, os trabalhadores que fazem parte do grupo que compõe a Teoria X, certamente, não fariam parte desse grupo, pois são tidos como preguiçosos, irresponsáveis e sem iniciativa. A busca pelo aperfeiçoamento desenvolve novas habilidades e proporciona reconhecimentos — Teoria Y.
O mundo do trabalho tem passado por transformações ao longo dos anos, por isso, é essencial conhecer as transformações ocorridas, ao longo da história, na relação homem e trabalho e quais influências essa relação trouxe para a sociedade. Um fator determinante que esteve e está sempre presente no ambiente de trabalho e em muitas situações do dia a dia do indivíduo é a motivação, seja para estudar, ganhar dinheiro, viajar, seja, até mesmo, para não fazer nada. A palavra motivação indica as causas ou motivos que produzem determinado comportamento, seja ele qual for (MAXIMIANO, 2011).
McGregor teve um papel importante no desenvolvimento das Teorias X e Y ao realizar a comparação entre ambas, ou seja, entre a Teoria X e a Teoria Y. Seu intuito foi o de descrever as principais características relacionadas à natureza humana, e, para isso, ele empregou a Teoria X. As premissas de ambas as teorias serão apresentadas no quadro a seguir.
Quadro 1 - Premissas da Teoria X e da Teoria Y
Fonte: adaptado de Wagner (2012).
#PraCegoVer: um quadro com 11 linhas. Na primeira linha, temos o título da tabela: Premissas da Teoria X e da Teoria Y. Na segunda linha, temos o título Teoria X e, nas linhas abaixo, as suas premissas, sendo: 1. a pessoa comum, mediana tem aversão inerente ao trabalho e fará o possível para evitá-lo; 2. por detestar o trabalho, a maioria das pessoas deve ser coagida, controlada, dirigida ou ameaçada de punição para que se empenhe para atingir os objetivos organizacionais; 3. a pessoa comum, mediana prefere ser mandada, evita a responsabilidade, possui pouca ambição, quer segurança. Na sexta linha, temos o título Teoria Y e, nas linhas abaixo, as suas premissas, sendo: 1. não mede esforço físico e mental na realização do trabalho, para ela, é tão natural quanto o lazer, ela não é avessa ao trabalho; 2. o controle externo e a ameaça de punição não são os únicos meios de atingir os objetivos organizacionais. As pessoas terão autocomando para executar as tarefas com as quais se sentirem envolvidos; 3. a dedicação aos objetivos é uma função das recompensas associadas à sua conquista. As recompensas mais significativas, como a satisfação do ego e das necessidades de autorrealização, podem ser resultados diretos de esforços voltados ao atingir objetivos organizacionais; 4. a fuga da responsabilidade e a falta de ambição não são características humanas essenciais. Em condições adequadas, a pessoa aprende a não só aceitar, mas também a buscar a responsabilidade; 5. imaginação, criatividade e capacidade para usar essas qualidades na resolução de problemas são amplamente distribuídas entre as pessoas.
O autor John A. Wagner (2012, p. 44) observa que McGregor sugeriu que os gerentes descreveriam a prática da Administração da seguinte forma:
Cabe aos gerentes a organização da matéria-prima, dos equipamentos, visando unicamente a eficiência econômica;
Motivar os trabalhadores, direcionar suas atividades, monitorar suas tarefas e moldar seu comportamento de acordo com as necessidades da empresa, também são funções pertinentes ao gerente;
Com relação aos funcionários que ficam sempre na defensiva, que são resistentes às mudanças que a organização tenta implementar, elas devem ser trabalhadas nas suas dificuldades. Os gerentes podem motiva-las na execução de novas tarefas, criando meios para que isso seja prazeroso, que seja encarado como um desafio profissional.
A Teoria X se baseia no estilo tradicional de que os indivíduos são preguiçosos, evitam o trabalho e as responsabilidades. Para se sentirem mais seguros, precisam ser controlados, são ingênuos e pecam pela falta de iniciativas (RODRIGUES, 2008). Na Teoria Y, os gerentes têm a função de ajudar os funcionários a aprender como desenvolver habilidades, a administrar a si mesmos.
Os gerentes são responsáveis pela organização dos elementos do empreendimento, como dinheiro, matéria-prima, equipamento, pessoal.
Os gerentes são responsáveis por preparar e motivar os funcionários com a finalidade de desenvolver habilidades na execução das tarefas. Deixar claro que elas possuem potencial para assumir novas responsabilidades visando alcançar objetivos.
A tarefa essencial da Administração é fornecer condições e métodos operacionais, essa estratégia viabiliza trabalhar para a realização dos objetivos organizacionais e, ao mesmo tempo, serve como incentivo para que as pessoas projetem e alcancem suas metas pessoais.
Na Teoria Y, os gerentes têm a função de auxiliar os funcionários a aprender como desenvolver habilidades e administrar a si mesmos. Despertar o prazer no que fazem, ver o trabalho como uma atividade natural, desafiadora, que pode expandir seus interesses e desempenhar tarefas em áreas diferentes nas quais atuam (RODRIGUES, 2008).
De acordo com Chiavenato (2010), Douglas McGregor criou um novo modelo administrativo fundamentado na motivação do trabalhador. Propôs mostrar, de maneira simples, que cada administrador possui sua própria maneira e opinião a respeito da natureza humana e, a partir desse princípio, consegue moldar seu comportamento em relação ao trabalhador.
O Quadro 2 traz algumas diferenças entre as Teorias X e Y:
Quadro 2 - Diferenças entre a Teoria X e Y
Fonte: o autor.
#PraCegoVer: um quadro com duas colunas e cinco linhas. Na primeira linha, temos os títulos das duas colunas. A primeira coluna é Teoria X e a segunda coluna é Teoria Y. Na primeira coluna, na primeira linha, está escrito: “O trabalho é desagradável para a maioria das pessoas, elas não gostam de trabalhar”. Na segunda linha, está escrito: “O indivíduo não tem ambição”. Na terceira linha, está escrito: “Evitam responsabilidades”. Na quarta linha, está escrito: “Prefere ser orientada por outra pessoa”. Na segunda coluna, temos, na primeira linha: “As pessoas precisam e querem trabalhar”. Na segunda linha: “Não precisam ser controladas, sentem-se motivadas e sempre buscam se aperfeiçoar”. Na terceira linha: “Procuram responsabilidades”. Na quarta linha: “São proativas na hora de tomar decisões”.
Todas as organizações possuem algum tipo de planejamento de curto, médio ou longo prazo. De início, seus planos são meramente operacionais, no estágio seguinte, passam a planejar ações de expansão. À medida em que se desenvolvem, passam a examinar horizontes mais distantes e a tomar precauções para proteger seu negócio da concorrência e ampliar seus mercados. Mais adiante, desenvolvem estratégias para cada uma de suas funções, até compreender que a estratégia maior é a unidade dos colaboradores com o objetivo de que tudo dê certo.
Contudo, não basta que os dirigentes estabeleçam estratégias, é preciso que os demais, gerentes e colaboradores, executem-nas, é necessário que todo o corpo funcional esteja comprometido com o sucesso da organização, num esforço sincronizado e comum e participando das decisões que afetam diretamente seu trabalho.
Entretanto, se entre os colaboradores da empresa existem aqueles que trabalham de acordo com a Teoria X, na qual o funcionário trabalha apenas pelo dinheiro, sem se envolver de fato nas suas atribuições, acaba sobrecarregando os que de fato trabalham executando suas tarefas como lhes foi solicitado.
CHIAVENATO, I. Administração de Recursos Humanos: fundamentos básicos. 7. ed. Barueri: Manole, 2009.
MAXIMIANO, A. C. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
RODRIGUES, O. B. Administração para Iniciantes: a evolução do pensamento administrativo. Brasília: Ilape, 2008.
WAGNER, J. A. Comportamento Organizacional: criando vantagem competitiva. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.