Administrar é agir para alcançar objetivos, realizar metas, conquistar resultados. Tudo isso se dá utilizando os recursos que estão disponíveis, como os recursos financeiros, as matérias-primas, os colaboradores, enfim, são finitos, ou seja, não duram para sempre. Por isso, ser eficiente e eficaz na administração desses recursos é muito importante. E, o que veremos nesta lição é justamente a importância de se ter uma gestão eficiente e eficaz, além de entender a diferença entre cada um destes conceitos.
Como saber a diferença entre ser eficiente e ser eficaz? Tentarei explicar de uma maneira bastante simples. Pense em uma equipe de qualquer esporte que participe de um campeonato. O objetivo das equipes que participam do campeonato é vencer. Normalmente, os regulamentos de campeonatos levam em consideração a pontuação em três situações:
Quando a equipe vence o jogo, marca três pontos.
No caso de empate, as duas equipes que jogaram marcam 1 ponto cada.
Se perder o jogo, a equipe não marca pontos
Se o campeonato for de pontos corridos, ou seja, o time campeão é aquele que tiver mais pontos, o objetivo das equipes passa a ser o de marcar pontos, assim, o importante é ganhar ou empatar. Nessas condições, podemos dizer que o time que não perde, é eficiente, ou seja, a equipe utilizou os recursos disponíveis da melhor maneira possível e conseguiu evitar a derrota. Mesmo empatando, a equipe pontuou e mantém sua chance de chegar ao final do campeonato como possibilidade de ser campeã.
Nesse caso, dependerá do resultado dos outros times, mas ela foi eficiente, pois não perdeu o jogo. Outra possibilidade é essa mesma equipe com os mesmos recursos, além de não perder o jogo, ser ainda mais eficaz e ganhar o jogo, marcando três pontos.
Assim, podemos dizer que ser eficiente é utilizar os recursos da melhor maneira possível, evitando perdas, enquanto ser eficaz é utilizar os recursos de maneira certa, no momento certo, de modo que seja possível ganhar o jogo.
Um estudo elaborado pela Ancona Consultoria, no ano de 2019, levou em consideração quatro pilares estratégicos: inteligência, negócios, conhecimento e crescimento, foi realizado em 150 empresas de médio porte e identificou que faltam para essas empresas eficiência e eficácia em suas gestões.
Com relação ao planejamento, a pesquisa mostrou que 76% das empresas não analisaram o mercado, nem concorrentes e, muito menos, os seus clientes antes de fazerem o seu planejamento. Mesmo assim, essas empresas, lançarão novos produtos, promoverão novos negócios e mudarão suas estratégias de marketing. Esse resultado se mostra preocupante, afinal, sem pesquisa, as empresas não têm qualquer base para tomada de decisão e, ainda assim, elas farão mudanças muito importantes. Esse resultado mostra que a maioria das empresas fazem mudanças sem terem realizado o devido planejamento, e isso comprometerá a gestão da organização, impedindo que elas possam ser eficientes e eficazes.
Outro dado importante que reforça a incapacidade dessas empresas serem eficientes e eficazes é o fato de 67% delas acreditarem que estão operando de forma adequada. No entanto elas não acreditam que sua estrutura organizacional seja a mais adequada, muitas não sabem se é o momento certo para mudar, ou mesmo, como fazer para mudar os seus negócios. Outras ainda acreditam que os seus processos precisam ser adequados e otimizados.
Ao olhar para estes resultados, fica evidente que, apesar de a maioria das empresas se acharem adequadas, na verdade, elas não sabem o que estão fazendo. Isso é muito preocupante e demonstra que o pequeno e médio empresário precisa de orientação e auxílio na execução da gestão do seu negócio, de maneira que eles possam, realmente, ter uma gestão que traga resultados eficientes e eficazes.
Ser eficiente é diferente de ser eficaz. Apesar de estes conceitos estarem relacionados, a eficiência refere-se à ação organizacional, enquanto a eficácia está voltada para o resultado. Silva (2008, p. 17) explica que “a eficiência é a medida da utilização dos recursos quando se faz alguma coisa; refere-se à relação entre as ‘entradas’ e ‘saídas’ num processo”. Albuquerque (2021) complementa ao explicar que a “a eficácia está relacionada ao alcance dos objetivos e relacionada com a realização das atividades que provoquem o alcance dessas metas”. Observe a figura a seguir para entender melhor:
É possível compreender, portanto, que não adianta ser eficiente, é preciso ser eficaz. Entretanto, para que a empresa possa ser eficaz, antes ela precisa ser eficiente. Lembra do exemplo do campeonato? Se a equipe for eficiente durante todo o campeonato, muito provavelmente ela não será campeã, mas o objetivo é vencer o campeonato, porém, para isso, em algum momento, a equipe terá que ser eficaz, ou seja, terá que vencer algumas partidas.
Silva (2013) explica a eficiência e a eficácia da seguinte forma:
Eficiência é a capacidade de realizar as atividades organizacionais, utilizando o mínimo de recursos. Nesse contexto, quanto maior a produtividade mais eficiente será a organização. Ou seja, a preocupação aqui é com a otimização dos recursos utilizados para atingir os objetivos, economizando recursos sem prejudicar a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços prestados.
Eficácia é a capacidade de realizar os objetivos propostos pela organização. Implica escolher os objetivos certos e atingi-los, ou seja, a preocupação é com os fins. A eficácia é a chave para o sucesso das organizações.
Por sua vez, Maximiano (2004) entende que a eficiência é o modo de realizar tarefas de maneira inteligente, utilizando o mínimo de esforço e aproveitando da melhor maneira possível os recursos disponíveis. Enquanto a eficácia é um conceito de desempenho que está relacionado em alcançar objetivos e resultados. Independentemente do conceito, eficiência e eficácia organizacional são fundamentais para que as empresas alcancem os seus objetivos e realizem as suas metas, caso contrário, elas podem, e se tornarão ineficientes e ineficazes. Portanto, o administrador precisa estar atento para que as tarefas sejam alcançadas de maneira eficiente e para alcançar os objetivos e os resultados de maneira eficaz.
Para aplicar, corretamente, os conceitos de eficiência e eficácia, é muito importante conhecer suas diferenças, que podem ser analisadas no quadro a seguir:
Além das diferenças é muito importante entender que, durante a administração, a procura pela eficiência e eficácia é algo que ocorre diariamente, por isso, maximizar a realização dos objetivos irá contribuir para que a organização seja eficaz enquanto a minimização da utilização dos recursos fará com que a organização seja eficiente.
Parece confuso diferenciar eficiência e eficácia, não é mesmo? Mas, na verdade, é muito simples. Para isso, darei dois exemplos de como se pode aplicar estes conceitos na prática. Vamos pensar que determinado funcionário da limpeza é chamado para secar a sala de um escritório. Ao se deparar com a situação da sala alagada, ele pega um pano, um balde e um rodo, retira toda a água daquele ambiente, seca e o deixa pronto para ser utilizado novamente. Ele foi eficiente, resolveu o problema do alagamento da maneira correta, além disso, foi muito rápido, de modo que recebesse, inclusive, um elogio pela sua eficiência.
O problema é que a sala, pouco tempo depois, alagou novamente e, dessa vez, ele foi chamado mais uma vez para secar a sala e outra vez sua eficiência foi impecável. No entanto o problema persistia, até que chamaram outro funcionário da limpeza que, além de secar a sala, descobriu que o problema estava vindo de um vazamento na torneira do banheiro ao lado da sala. Ao perceber isso, esse mesmo funcionário da limpeza trocou a peça da torneira que mantinha a água escorrendo, resolvendo, definitivamente, o problema do vazamento. Esse funcionário, além de eficiente, ele foi eficaz, pois não só secou a sala toda como arrumou a torneira de modo que o vazamento não voltasse mais a ocorrer.
Imagine, ainda, outra situação, mas, agora, sendo você o protagonista:
Você ficou sabendo que, no dia seguinte, receberá uma visita do chefe geral da empresa para analisar como as coisas estão indo em seu escritório. Como você não estava preparado e foi pego de surpresa, decidiu comprar algumas frutas para a recepção do dia seguinte, e o lugar mais próximo era a banca de frutas localizada em frente ao seu escritório. Chamou um funcionário e pediu para ele ir até a banca ver se tinha alguma fruta que ele pudesse comprar para o dia seguinte.
O funcionário, com toda a sua presteza e determinação, voltou com a informação de que tinha apenas abacaxi. O funcionário foi eficiente, afinal, respondeu à pergunta do chefe que era saber se tinha alguma fruta. Contrariado, o chefe mandou um segundo funcionário para saber se a banca tinha alguma fruta que ele pudesse comprar para o dia seguinte. O funcionário voltou e disse: “Sim, chefe, a banca tem apenas abacaxi, na verdade eles têm apenas uma dúzia de abacaxis do tipo pérola, que são muito doces. O preço unitário é R$10,00 mas ele pode dar um desconto de vinte por cento se comprarmos os doze abacaxis, ficando tudo por R$96,00. O dono da banca também informou que, se quisermos, para o dia seguinte bem cedo, além dos abacaxis, ele pode trazer melancias, bananas e laranjas, mas, para isso, deveríamos fazer o pedido hoje, sendo que, pelas melancias, ele cobra R$5,00 o quilo, pelas bananas, R$3,00 o quilo, e pelas laranjas, R$5,00 o quilo”. Perceba que esse funcionário foi eficaz porque não só resolveu o problema como trouxe todas as informações necessárias para a tomada de decisão.
Bem, é isso, espero que tenha ficado claro. E deixo um desafio: na próxima tarefa que os seus pais ou responsáveis solicitarem a você, além da eficiência, busque a eficácia. Por exemplo, se pedirem para você lavar o carro, além de lavar o carro, economizando o máximo de água possível, faça também uma lista de como estão os marcadores no painel com informações, como: o óleo precisa ser trocado tal data, só há ¼ de combustível, o pneu traseiro está um pouco murcho, entre outras informações. Esse é apenas um exemplo, procure apresentar uma performance eficaz, você perceberá que trará um nível de satisfação bem maior e, quem sabe, receba um mimo pela ação.
ALBUQUERQUE, R. A. L. Teorias da Administração. Maringá: UniCesumar, 2021.
AFFONSO, L. M. F. Teorias da administração. Porto Alegre: Sagah, 2018.
DIÁRIO DO COMÉRCIO. Falta eficiência e eficácia às empresas, diz pesquisa. Diário do Comércio, 19 fevereiro 2019. Disponível em: https://diariodocomercio.com.br/negocios/falta-eficiencia-e-eficacia-as-empresas-diz-pesquisa/. Acesso em: 10 jan. 2022.
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução industrial. 4. ed. São Paulo, 2004.
SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2008.
SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2013.