O ser humano possui diversas necessidades, a principal está relacionada à sobrevivência e, para isso, a maioria das pessoas necessitam de um trabalho que seja sua fonte de renda. Uma vez que determinada necessidade foi suprida, a pessoa busca outra, ou seja, a realização profissional. Desse modo, podemos citar a hierarquia das necessidades desenvolvida por Maslow em que as pessoas são primeiramente motivadas pelo desejo de satisfazer as necessidades fisiológicas, que constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo etc. Uma vez satisfeitas estas necessidades, os trabalhadores são motivados por necessidades de segurança que constituem a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo.
Uma vez satisfeitas as necessidades de segurança, as pessoas procuram serem aceitas seja no ambiente de trabalho ou na sociedade em que vivem, sendo assim as necessidades sociais incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. A necessidade de estima envolve a autoapreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia.
As necessidades de autorrealização são as mais elevadas, cada pessoa realiza o seu próprio potencial e para desenvolver-se continuamente precisam de motivação. Entender porque as pessoas fazem o que fazem no trabalho não é uma tarefa fácil para o administrador, por isso, será abordado na lição de hoje as teorias relacionadas à motivação humana. As teorias de Maslow, Herzberg e McClelland que serão detalhadas, a seguir, explicam o desempenho das pessoas em situações de trabalho e quais os motivos que as fazem agirem.
Com o passar do tempo, as Relações Humanas passaram a ser reconhecidas como muito importantes por parte das maiores e mais complexas organizações. O que levou a essa importância foi o fato das relações estarem se tornando muito impessoais o que trazia como consequências, situações bastante desfavoráveis para a organização. Essa preocupação com o fator humano pelas empresas, teve início com a motivação de seus funcionários. E essa necessidade de entender as relações interpessoais, ou seja, entre as pessoas. As organizações passaram a ouvir cada vez mais os seus colaboradores com o intuito de melhorar a produção.
A motivação é algo individual. Cada pessoa tem a sua que pode ser, estudar, viajar, melhorar a condição financeira, ou até mesmo não fazer nada. Em outras palavras, a motivação, nada mais é do que o motor que move as pessoas a buscar algo que lhes interesse e, para isso, irão realizar comportamentos específicos que serão estimulados pelo ambiente externo e interno das organizações. Agora, como as pessoas são diferentes nas suas maneiras de agir e enxergar o mundo com crenças muito particulares e valores bem específicos, faz com que essa tarefa de entender como as pessoas “funcionam” se torne muito difícil e um desafio para as empresas conseguirem agir de uma maneira satisfatória.
a) Intensidade: se refere ao esforço despendido pela pessoa para atingir seu objetivo. Este é o elemento de maior importância quando se fala em motivação. Contudo a intensidade não é capaz de levar aos resultados favoráveis, a menos que seja conduzida em uma direção que beneficie a organização.
b) Direção: o objetivo do comportamento motivado ou a direção para a qual a motivação leva o comportamento. O autor complementa dizendo que é preciso considerar a qualidade do esforço, tanto quanto sua intensidade. O tipo de esforço que se deve buscar é aquele que vai em direção aos objetivos da organização.
c) Persistência: duração da motivação, esta é uma medida de quanto tempo uma pessoa consegue manter seu esforço, a tendência é que indivíduos motivados se mantenham na realização da tarefa até que seus objetivos sejam atingidos.
Você provavelmente deve conhecer o maior site de busca do mundo, o Google, mas uma coisa que talvez você não saiba é que os funcionários dessa empresa contam com um programa de horário flexível válido para todos os dias da semana. A cultura é privilegiar a liberdade e responsabilidade dos funcionários, o foco de todos está na meta e não nos processos. São os próprios profissionais que definem como vão atingir seus objetivos, dessa forma, cada um pode gerenciar sua própria carreira e imprimir sua marca na empresa, mantendo dessa forma sua identidade enquanto colabora com a evolução do Google.
Outro incentivo relacionado aos funcionários é em relação ao tempo livre, vinte por cento do tempo dos profissionais do Google é livre para que se dediquem a outros projetos que estejam de acordo com os objetivos da empresa. É um dia todo durante a semana, geralmente, a sexta-feira. Essas iniciativas interferem positivamente na produtividade e desempenho do funcionário, ao flexibilizar o horário de trabalho do profissional, ele passa a ter maior autonomia na organização da sua rotina de atividades.
O trabalhador pode focar suas atividades nos períodos em que é mais produtivo, com os horários flexíveis o profissional prioriza a qualidade de vida ao ter mais tempo com a família, com os amigos, para praticar atividades físicas.
As pessoas são motivadas para ter meios de satisfazer as necessidades humanas, quanto mais forte a necessidade, maior é a motivação. Uma vez satisfeita a necessidade, extingue-se o motivo que movimenta o comportamento e a motivação cessa. Certas necessidades são instantâneas, como a necessidade de procurar abrigo numa situação de insegurança; outras têm ciclo de satisfação mais longo, e não atendidas de momento a momento.
As necessidades estão divididas em dois grupos: necessidades básicas e as necessidades adquiridas. (MAXIMIANO, 2011, p. 261).
No quadro 1, temos alguns exemplos de necessidades básicas e necessidades adquiridas:
Quadro 1 - Exemplos de necessidades básicas e necessidades adquiridas
Fonte: o Autor.
#PraCegoVer: o quadro é composto por duas colunas e duas linhas, em que na primeira coluna e na primeira linha, temos “Necessidades primárias: comuns a todas as pessoas”, ainda nessa coluna, na linha, a seguir, temos uma sequência de palavras, sendo elas “alimentação”, “reprodução”, “abrigo” e “segurança”. Na segunda coluna e na primeira linha, temos “Necessidades secundárias: influenciadas pela sociedade, personalidade e diferenças individuais”, ainda nessa coluna, na linha, a seguir, temos uma sequência de palavras sendo elas “necessidades sociais”, “materiais”, “psicológicas” e “interesses profissionais”.
A teoria de David McClelland se baseia na ideia das necessidades em seus estudos, ele identificou e se aprofundou em três necessidades específicas, que se encaixam nas propostas por Maslow. Essas necessidades específicas são as seguintes: necessidade de realização; necessidade de poder e necessidade de associação ou filiação. Essas necessidades são desenvolvidas pelo indivíduo a partir da sua experiência de vida e de suas interações com outros indivíduos e com o ambiente.
Figura 1 - Teoria das necessidades sociais adquiridas: McClelland
Fonte: o Autor.
#PraCegoVer: na parte superior da imagem tem-se “Teoria das Necessidades Soc. Adquiridas: McClellan. Ao centro, temos uma imagem composta por um círculo dividido em três partes, em cada parte tem uma frase, sendo elas “Afiliação: estabelecer relacionamento”, “Realização: obter algo” e “Poder: desejo de controlar os outros”. Em cada parte, que o círculo foi dividido, o contorno é feito com flecha, sendo assim, temos um total de três flechas, essas que juntas formam o círculo em questão.
MARTINS (2007, p. 86) faz as seguintes considerações sobre as teorias motivacionais de McClelland:
Realização: é a realização pessoal. Cada um de nós, dentro de nossas atividades profissionais, deseja sentir-se totalmente satisfeito com suas realizações. Ninguém gosta de fazer algo que não surtirá algum resultado positivo para a empresa. A realização também está ligada ao grau de sucesso que sentimos aquilo que planejamos, seja na mente ou no papel, precisa ser concretizado, gerando grande ânimo pessoal. Quanto maior o nosso índice de realizações importantes dentro da empresa, naturalmente será maior nossa motivação.
Poder: é o desejo de influenciar as pessoas. Os seres humanos possuem dentro de si a necessidade de influenciar as pessoas ao seu redor a tomarem decisões. Normalmente, alguém não faria a atividade XZT. Mas com a interferência de outra pessoa, ela decidiu fazer. Temos o desejo de motivar outras pessoas.
Associação: ninguém consegue viver isoladamente por muito tempo, ou seja, todos nós necessitamos do contato interpessoal. As relações sociais são indispensáveis para motivar cada um de nós. Dentro de uma empresa, as pessoas com quem nos relacionamos refletem diretamente em nosso grau de motivação. O grupo deve conviver no âmbito profissional de forma harmoniosa e construtiva. (MARTINS, 2007, p. 86).
A partir desses três fatores, podemos analisar que a motivação de qualquer pessoa está ligada aos diversos pontos, principalmente, àqueles de caráter mais humano. Dinheiro e riqueza podem até ajudar na motivação, mas a conquista do sucesso, a realização de um sonho, pode se tornar um incentivador de maior influência. É necessário identificar qual será o melhor caminho a seguir, ter como objetivo entender a motivação, pois cada teoria tem sua própria abordagem e o intuito é conseguir levar a força de trabalho e elevar a moral, aceitando e vencendo os desafios propostos pela organização.
Em um grande hospital de uma cidade brasileira, existe um grupo de senhoras que são carinhosamente conhecidas como as “Violetinhas”. Elas são jovens senhoras, acima de 50 anos de idade, que foram contratadas pelo hospital com o objetivo de serem “auxiliares de enfermagem”. Elas não recolhem material para exames, tampouco aplicam injeções, mas possuem o papel de serem “companheiras” dos pacientes, principalmente, daqueles em estado mais grave. Elas levam carinho, amor e um pouco de conforto para aqueles que necessitam de uma atenção especial. Todas elas recebem como pagamento um pouco mais que um salário mínimo, mas se você perguntar para qualquer uma delas se deixariam essa função, ou se estão insatisfeitas com o que fazem, serão unânimes em dizer: “Amamos o que fazemos! Não fazemos nada exclusivamente pelo dinheiro, mas sim por amarmos ajudar ao próximo”.
O que move essas senhoras nesse trabalho, com certeza, é a motivação. Elas fazem o que gostam e sentem muito prazer. É possível que algum paciente mais rude, não queira a presença delas em algum momento, mas mesmo assim elas fazem por amor.
Isso mostra como a teoria das necessidades adquiridas pode ser utilizada uma vez que essas senhoras se comportam de acordo com o que é mostrado na figura 1. Elas sentem a necessidade de realizar algo, nesse caso, melhorar a qualidade de vida das pessoas doentes. Com isso se sentem capazes de conseguir controlar o ânimo das pessoas doentes, sentem o poder de fazer com que pessoas tristes fiquem animadas e, por último, estabelecem relações nas quais as levam a se sentirem parte de uma sociedade, ou seja, satisfazem a necessidade de afiliação.
CHIAVENATO, I. Administração de recursos humanos: fundamentos básicos. 7. ed. Barueri: Manole, 2009.
MARTINS, L. Como influenciar e motivar pessoas! São Paulo: Universo dos livros, 2007.
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011.