Roteiro de inclusão
Curso de Especialização Tecnologias em Educação
Turma: RS07
Grupo E: Olhares além da SD
Integrantes:
Regiane Andrea Benetti
Simone Biondo
Suely Lenore Caputo Aymone
Tânia Elisabete Trevisol de Assis
Disciplina: Inclusão e Tecnologias Assistivas
Seminário Virtual: Momento 4 – Roteiro de Inclusão
Mediadora: Fernanda Serpa Cardoso
Roteiro de Inclusão
Depois de nossa pesquisa em artigos, sites, blogs, listas de discussão, entrevista com professores, ficou claro que não basta uma turma inclusiva para receber um aluno com deficiência, é urgente e necessário termos escolas inclusivas.
Um dos pontos que nos chamou a atenção é a luta dos pais e das mães para assegurar aos filhos e às filhas com SD o direito de aprender e ensinar num ambiente em que haja acolhimento, criatividade, estímulos, provocações, amorosidade... Uma das mães, Ana Paula Sena, autora do blog Barriga Inclusiva, revela o desejo de ter para a filha uma escola que adotasse o “princípio da barriga inclusiva”: “a barriga não enxerga o filho deficiente diferentemente do outro (ela teve uma gestação de gêmeas – uma sem SD, outra com SD). Ela nutre e protege todos os seus filhos. É com este mundo que eu sonho para as minhas filhas, como uma grande barriga de mãe, numa gestação múltipla de amor e respeito à diversidade.”
Então, o primeiro passo de nosso roteiro de inclusão (nossa “barriga inclusiva”!) diz respeito ao projeto político pedagógico das escolas e aos espaços de formação continuada de todos os envolvidos no processo educativo – gestores, professores, funcionários, alunos, famílias...
Na pauta dos encontros de formação, segundo Maria Mantoan, em entrevista à Revista Nova Escola, devem estar questões como repetência, indisciplina, participação (ausência) da família de alunos sem SD, da família de alunos com SD, planejamento de atividades para que todos aprendam, valorização da cultura, das histórias de cada aluno e da turma. E uma reflexão fundamental: “Os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não”.
Tentamos esboçar, a seguir, o trajeto de uma criança com Síndrome de Down, do gênero feminino, aos dez anos, e que vai ingressar na terceira série do ensino fundamental em uma escola inclusiva: em que o conceito de inclusão está contemplado no Projeto Político Pedagógico, nas práticas cotidianas e no atendimento especializado oferecido, paralelamente, às aulas, a fim de possibilitar a integração dentro e fora da escola.
Maria, nossa personagem que está chegando, apresenta algumas dificuldades e algumas habilidades. Adotaremos as orientações colhidas no folheto Incluindo Alunos com Síndrome de Down no Ensino Fundamental, disponível no site Agência Inclusive, em que o objetivo é trazer “informações sobre o perfil de aprendizado típico de uma criança com Síndrome de Down”:
Fatores que facilitam o aprendizado: forte reconhecimento visual e habilidade visual de aprendizado, incluindo: habilidade de aprender e usar sinais, gestos e apoio visual; habilidade para aprender e usar a palavra escrita; imitação de comportamento e atitudes dos colegas e adultos; aprendizado com currículo prático e material e com atividades de manipulação.
Fatores que inibem o aprendizado: desenvolvimento tardio de habilidades motoras, tanto fina quanto grossa; dificuldades de audição e visão; dificuldade no discurso e na linguagem; déficit de memória auditiva recente; capacidade de concentração mais curta; dificuldade com a consolidação e retenção de conteúdo; dificuldade com generalizações, pensamento abstrato e raciocínio; dificuldade em seguir sequências; estratégias para evitar o trabalho.
Sabendo dos limites e das habilidades, e refazendo o estudo sobre as inteligências múltiplas, relacionando-o à educação inclusiva (como quer Romeu Kazumi Sassakis), acreditamos que “buscar o potencial nas identidades individuais significa descobrir talentos em todas as pessoas individualmente, partindo-se do pressuposto de que ninguém é tão severamente prejudicado que não possua uma habilidade”, por isso fazemos algumas propostas:
A escola e, principalmente, o professor, precisa tecer uma rede, desvelando as relações entre a criança com SD e a familía e os amigos – expectativas, frustrações, sentimentos de acolhida ou de vergonha. Também, trazer os olhares de outros profissionais envolvidos no desenvolvimento da menina e que podem contribuir nas ações do professor.
Estabelecimento de um acordo, juntamente com a família, para a aluna ter o mesmo material dos outros alunos para trabalhar nas aulas – livros, cadernos, lápis...- , pois, assim, aos poucos, se integrará à rotina das aulas. E como está no artigo “Deficiência mental não é doença”: “O simples fato de ter o material já ensina”.
Um dos objetivos é ensinar os conteúdos curriculares, para isso serão usadas estratégias que contemplem todos os alunos em seus tempos de aprendizagem, assim as aulas (para a menina com SD e para todos) não serão um passatempo ou uma atividade de recreação. Como Mantoan preconiza: “incluir não significa diferenciar uma atividade para os que têm deficiência, mas aceitar e autorizar que cada um percorra seu caminho para resolver um problema, o que significa pensar em alternativas para quem tem dificuldade de percorrer a via tradicional.”
Essas estratégias devem envolver música, cores, dança, teatro, desenho (no caderno e no Paint), vídeo, leitura expressiva, debate, produção escrita no caderno e no editor de texto do computador, diferentes materiais concretos, jogos, brincadeiras...
As atividades serão desenvolvidas em diferentes espaços, na escola e fora dela.
A organização do espaço da sala de aula deve ser diversificado, para que os alunos interajam de formas diferentes – em duplas, em grupos, em círculo...
O uso da informática como ferramenta de construção de conhecimento coletivo, como alternativa de interação deve se estender a todos os alunos e, em especial, à aluna com SD, a fim de desenvolver habilidades. Como nos alertou o professor Teófilo Alves Galvão Filho, no artigo “Reflexão sobre softwares "especiais", não é necessário nenhum software especial, por isso sugerimos jogos online, adequados ao desenvolvimento cognitivo, editores de textos, ferramentas para desenho (Paint, Tux Paint).
A avaliação é “planejada para todos”, como nos ensina Matoan, “em que o aluno aprende a analisar sua produção de forma crítica e autônoma. Ele deve dizer o que aprendeu, o que acha interessante estudar e como o conhecimento adquirido modifica sua vida. (...) A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto, mas se ela cresceu.”
Todas as práticas devem buscar a construção da autonomia, o desenvolvimento das potencialidades, para que essa criança se torne uma jovem (e uma adulta) capaz de uma vida feliz: com amigos, com atividades lúdicas, de lazer, com trabalho...
É importante salientar que a responsabilidade pela efetivação das políticas públicas, oferecendo às famílias das crianças com SD e às escolas inclusivas os suportes necessários para o bom andamento do trabalho, é do poder executivo – Secretaria Municipal de Educação, CRE, por exemplo.
Para finalizar, usamos palavras de Ana Paula Sena, autora do blog Barriga Inclusiva, “
“Não podemos nos preparar para a inclusão, não há tempo pra isso. Trata-se de abrir os braços e receber a diversidade humana como a nossa maior dádiva, tirando as pedras do caminho para que outros também possam aproveitá-lo. A primeira pedra que deve ser removida é aquela colocada sobre os nossos valores. Quando falamos de preconceito, costumamos atribuí-lo ao outro, mas infelizmente ele faz parte da nossa herança cultural. Desconfiamos, simplesmente, daquilo que não conhecemos. Somos preguiçosos, e preferimos o conhecimento comum estereotipado à experiência única da convivência com o outro.”
A escola inclusiva traz vantagens a todos: faz os alunos com e sem deficiência avançarem dentro de seus limites; se sentirem partes importantes do grupo; nos torna mais humanos!
Referências bibliográficas:
1. ALMEIDA, Patrícia (tradução). Incluindo Alunos com Síndrome de Down no Ensino Fundamental. Disponível em: http://www.uniblog.com.br/agenciainclusive/315707/incluindo-alunos-com-sindrome-de-down-no-ensino-fundamental.html. Acesso em: 14/12/09.
2. Blog Barriga Inclusiva: http://barrigainclusiva.wordpress.com/
3. Cada um aprende de um jeito. Revista Nova Escola, n. 182, mai. 2005. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educacao-especial/cada-aprende-jeito-424484.shtml. Acesso em: 14/12/09.
4. MANTOAN, Maria Teresa Égler. Inclusão promove a justiça. Revista Nova Escola, n. 182, mai. 2005. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/inclusao-no-brasil/maria-teresa-egler-mantoan-424431.shtml. Acesso em: 14/12/09.
5. Olhares além da SD (site do Grupo E). Disponível em: http://sites.google.com/site/olharesalemdasd/. Acesso em: 14/12/09.
6. SASSAKIS, Romeu Kazumi. Educação inclusiva e inteligências múltiplas. Disponível em: http://inclusaobrasil.blogspot.com/2009/02/educacao-inclusiva-e-inteligencias.html. Acesso em: 14/12/09.
7. SENA, Ana Paula. Por que “barriga inclusiva”. Disponível em: http://barrigainclusiva.wordpress.com/2009/08/16/por-que-%E2%80%9Cbarriga-inclusiva%E2%80%9D/. Acesso em: 14/12/09.