Associação entre a carga viral e a severidade de Covid-19


Um estudo publicado na Revista Lancet encontrou uma forte associação entre a gravidade da doença e a quantidade de vírus (carga viral) do paciente. Assim, possivelmente aqueles com doenças mais graves tenham um nível mais alto de replicação do vírus. Como fragilidade de método, o estudo não é capaz de mostrar evidências de que há uma relação com a dose de exposição inicial do indivíduo com o resultado da doença.

Embora ainda inconclusiva, esta pesquisa compara a Covid-19 causada pela Sars-Cov-2, com doenças infectocontagiosas anteriores: Se a dose infecciosa (carga viral detectada) não se correlacionar com a gravidade dos sintomas da Covid-19, isso representará mais um desafio para a ciência, tendo em vista que será distinta das características da influenza, MERS e SARS, já estudadas com mais detalhe nas últimas décadas.

Por exemplo na gripe, uma dose infecciosa mais alta é associada a sintomas piores. Essa informação vem de testes expondo os voluntários a doses crescentes de vírus influenza em um ambiente controlado e monitorando-os cuidadosamente por várias semanas. Obviamente, este tipo de teste não foi feito com a Covid-19 e é improvável que isso aconteça, dada a sua gravidade.

Artigo comentado:

Liu Y, Yan LM, Wan L, et al. Viral dynamics in mild and severe cases of COVID-19 [published online ahead of print, 2020 Mar 19]. Lancet Infect Dis. 2020;S1473-3099(20)30232-2. doi:10.1016/S1473-3099(20)30232-2

https://www.thelancet.com/journals/laninf/article/PIIS1473-3099(20)30232-2/fulltext


​Prof. Thiago Gomes Heck

Grupo de Pesquisa em Fisiologia - GPeF (www.gpef-unijui.com)

Departamento de Ciências da Vida (DCVida)

Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral à Saúde (PPGAIS)

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ