ALERTA SOCIAL: A VULNERABILIDADE DO IDOSO DEMENTE FRENTE AO COVID-19


Neste comentário aborda-se estudo apresentado em revista científica de renome internacional, que versa sobre os cuidados com demência durante o COVID-19.

Wang e colaboradores afirmam que a disseminação do COVID-19 é rápida e agressiva. A principal população atingida são os idosos acometidos por doenças crônicas e imunossupressoras. Neste sentido, eles alertam ao crescimento dos casos de demência (a cada 3 segundos, um novo caso é diagnosticado). Um duplo golpe: uma sociedade em envelhecimento em meio a uma pandemia.

A demência é caracterizada como perda de origem orgânica, progressiva, sobretudo da memória, que pode comprometer o pensamento, o julgamento e/ou a capacidade de adaptação a situações sociais. Tal descrição suscita a preocupação acerca do acesso a informações relacionadas à pandemia que pessoas que vivem com demência têm, bem como sua capacidade de entendimento. Indivíduos acometidos por tal condição, podem ter dificuldade para lembrar procedimentos de precaução e compreender a importância do distanciamento social preconizado, visto como aliado no controle da disseminação do vírus, o que pode colocar em risco o indivíduo e as pessoas a sua volta.

Entretanto, medidas de distanciamento social e limitação de serviços presenciais, tanto individuais quanto institucionais, instituídos a fim de combater a infecção pelo Coronavírus, podem causar o sentimento de exclusão e solidão nestes idosos, uma vez que há redução do contato familiar e dos grupos sociais, e requer comunicação virtual, para a qual muitos não possuem as habilidades necessárias.

Ainda, o estudo destaca a internação hospitalar e as complicações clínicas proeminentes da COVID-19 como condições que podem aumentar os níveis de estresse, sofrimento e problemas comportamentais, bem como agravar a demência. Também faz-se referência ao aumento dos níveis de estresse, ansiedade e exaustão dos profissionais envolvidos no cuidado.

As recomendações de especialistas e organizações voltadas aos cuidados em geriatria (a exemplo, a Sociedade Chinesa de Psiquiatria Geriátrica e da Doença de Alzheimer e Alzheimer's Disease International) são direcionadas a fornecer além da proteção física contra a infecção viral, saúde mental e apoio psicossocial as pessoas que vivem com demência e seus cuidadores. Cita-se que, o envolvimento dos familiares no cuidado pode ser importante aliado na busca pela diminuição nos níveis de estresse dos cuidadores.

Nesta perspectiva, é clara a necessidade da realização de ações e intervenções educativas em saúde frente a pandemia, tanto com idosos extensivo a familiares, quanto como cuidadores, afim de orientar sobre cuidados físicos e psicossociais que podem ser realizados, inclusive, por meio eletrônico. Desta maneira, é possível prevenir e reduzir a contaminação e disseminação de infecção pelo Coronavírus, proteger a população idosa e proporcionar melhora da qualidade de vida de todos os envolvidos nesse processo.

Artigo comentado:

Wang, H., Li,T., Barbarino, P., Gauthier, S., Brodaty,H., Molinuevo, J.L. et al. Dementia care during COVID-19. The Lancet Published Online March, 2020.

https://doi.org/10.1016/ S0140-6736(20)30755-8

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)30755-8/fulltext?rss=yes



Carmen Cristiane Schultz

Luana Criciele Aguiar da Silva

Mestrandas do Programa de Pós- Graduação em Atenção Integral à Saúde PPGAIS - UNIJUÍ/UNICRUZ

Prof.ª Dr.ª Eniva Miladi Fernandes Stumm

Departamento de Ciências da Vida (DCVida)

Programa de Pós- Graduação em Atenção Integral à Saúde (PPGAIS)

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul- UNIJUÍ