Vacina com base em DNA protege contra SARS-CoV-2 em macacos Rhesus


Desde que a pandemia por SARS-CoV-2 tomou tais proporções, a demanda por medicamentos efetivos no tratamento e por uma vacina eficaz se tornaram prioridades. Nesse estudo, foram desenvolvidas variedades de vacinas com base variantes de proteínas S de SARS-CoV-2, e testado o seu efeito protetor em macacos Rhesus. Inicialmente, eles utilizaram macacos Rhesus (6 a 12 anos de idade), divididos em sete grupos experimentais, que receberam as diferentes fórmulas de vacinas: S, S.dCT, S.dTM, S1, RBD, S.dTM.PP, e o grupo Controle que não foi vacinado. Exceto os controles, os demais animais receberam 5 mg de vacina por via intramuscular.

Na quinta semana após a vacinação, os animais que receberam as vacinas S e S.dCT apresentaram anticorpos similares em magnitude com os macacos e humanos que haviam se recuperado da infecção por SARS-CoV-2. Testes moleculares em laboratório também demonstraram que a vacinação induziu uma resposta mediada por linfócitos T IFN-γ+ CD4+ e CD8+.

Na sexta semana, ou seja, três semanas após a vacinação desse grupo de macacos, os animais foram propositalmente ‘desafiados’ com o vírus SARS-CoV-2 por via intranasal e intratraqueal. Após a exposição, foi avaliado os níveis de RNA por RT-PCR no lavabo broncoalveolar (BAL) ou por amostra (Swab) nasal (testes corriqueiros para diagnóstico de SARS-CoV-2 em humanos). Nos animais vacinados, o teste deu negativo e os animais apresentaram sintomas clínicos muito fracos.

Então, os pesquisadores investigaram quais foram os mecanismos moleculares pelos quais a vacinação induziu uma resposta imune nesses animais. Para isso, eles utilizaram como ponto de corte a presença/ausência de RNA subgenômico (sgmRNA), basicamente um marcador mais fidedigno e que detecta variações menores que a RT-PCR. Então, a presença desse sgmRNA após o contato com SARS-CoV-2 indicaria que, embora ainda não fosse evidente nos exames de RT-PCR, os macacos estariam apenas PARCIALMENTE protegidos, enquanto a ausência de sgmRNA indicaria sucesso da vacina. Então, eles compararam a resposta imunológica dos macacos positivos pra sgmRNA com os negativos para esse marcador, e verificaram que a os animais protegidos apresentaram maior resposta ADCD, S e ADCP RBD-específicas. Esses marcadores nada significam para a população em geral, mas são fundamentais para outros pesquisadores que dependem da divulgação desses resultados para dar continuidade as pesquisas, que têm cunho molecular.

Concluindo, as vacinas contendo variantes das proteínas S e S.dCT foram eficazes em proteger macacos contra a infecção por SARS-CoV-2. Ressalta-se ainda a necessidade de testes em humanos.

REFERÊNCIAS:

YU, J. et al. DNA vaccine protection against SARS-CoV-2 in rhesus macaques. Science, 2020. Link: https://science.sciencemag.org/content/early/2020/05/19/science.abc6284


Lílian Corrêa Costa Beber

Bióloga (UNIJUÍ)

Mestre em Atenção Integral a Saúde (PPGAIS-UNIJUÍ/UNICRUZ)

Doutoranda em Bioquímica (UFRGS)


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