Entrando no ramo do exercício

por Arthur Jones

Da sua autobiografia: " . . E Deus Rí "

"Até conhecê-lo, eu pensava que eu detinha o recorde mundial; Eu acreditava que eu tinha cometido mais erros, criado mais confusão, e me envolvido em mais estupidez que qualquer outra pessoa que já viveu".

John Peters

John Peters esteve envolvido diretamente em combates praticamente contínuos, no mundo todo, durante quase quarenta anos, assim ele era fluente em vários idiomas. Na África, porém, são falados centenas de idiomas diferentes, e ninguém entende todos eles.

No Congo, um país que os mercenários conquistaram sob o comando de John, o idioma europeu mais comum é o francês, e todos os nativo falam isto fluentemente, junto com muitos idiomas nativos diferentes. Mas John não falava francês, o vocabulário dele naquele idioma estava limitado a apenas três palavras: yes, pineapple e gorilla, o que inibia a habilidade dele para comunicar-se com os nativos a não mais que umas poucas vezes.

Quando eu lhe perguntei como é ele contornava tal problema, ele disse. . . "Quando você se aproxima da margem do rio próximo a uma aldeia, desce de seu barco parecendo um pirata, entra na aldeia mandando fogo com sua metralhadora sobre as cabanas, eles entendem exatamente o que você quer dizer".

John estava comandando o exército Nigeriano durante a última parte da guerra de Biafra, e conduziu à vitória um exército que antes que ele assumisse o comando estava perdendo a guerra. Eu tinha amigos que lutaram em ambos os lados durante aquela guerra; Hank Warton fornecia aos Ibos tudo o que era necessário durante a guerra, e Chuck Tellechea, que também lutou no fiasco da Baía dos Porcos, pilotava um dos aviões que levavam suprimentos até Biafra, e aterrissava um grande avião, à noite, sem luzes, em uma estrada suja e muito estreita cortada em meio à selva, com árvores altas tão próximas em ambos os lados da pista de aterrissagem, que mal havia espaço suficiente para a passagem das asas do avião.

Então tinha que descarregar o avião dentro de uma questão de minutos e retornar em um vôo ininterrupto de volta até Lisboa, Portugal; e tinha que carregar combustível que permitisse uma viagem de ida-e-volta sem reabastecer, o que significava que os aviões sempre estavam grosseiramente sobrecarregados quando eles deixavam Lisboa para a viagem até o sul. Tendo que fazer uma viagem de ida-e-volta de vários milhares de milhas com nenhuma ajuda em termos de mapas ou cartas de navegação, à noite, esperando não ser percebido pelos combatentes Nigerianos.

Outro piloto com quem eu voei até a América do Sul muitos anos antes, roubou um avião num aeroporto, voou com isto para Lagos, Nigéria, e vendeu isto ao governo Nigeriano e lhes disse que era um dos aviões de Hank Warton, para os quais eles estavam oferecendo recompensas.

Eu quase me envolvi na guerra de Biafra depois que as coisas se precipitaram na Rodésia, em 1968, porque naquele ponto estava eu praticamente quebrado, e precisava ganhar algum dinheiro depressa; mas então a guerra estava quase no final,e assim, ao invés, eu retornei a este país.

De mudança para a Flórida

Quando nós chegamos a Miami, Flórida, eu não tinha a menor idéia do que eu iria fazer a seguir, e tinha muito pouca coisa em termos de escolhas; assim nós ficamos com um amigo meu, Ralph Demers, durante alguns dias, fizemos uma viagem rápida até Hollywood numa tentativa fracassada de conseguir algum trabalho de filmagem por lá, voltamos para Miami para apanhar minhas crianças e começar a procurar um lugar para morar; ainda acreditando que todo o meu equipamento estaria chegando da África em aproximadamente dois meses através de um navio, mas impossibilitado fazer muita coisa até que chegasse.

Eliza Steffee foi por algum tempo estudar na Universidade de Stetson, em DeLand, Flórida, e os pais dela viviam em Kissimmee, Flórida, a aproximadamente sessenta milhas ao sul de DeLand; assim nós alugamos em DeLand uma casa muito grande, que eu planejava converter em um estúdio de filmagens quando meu equipamento chegasse da África e outra casa na aldeia de Lake Helen, a aproximadamente oito milhas de distância de DeLand. Inge nos seguiu para este país, assim havia apenas seis de nós, incluindo minhas três crianças. Eu comprei um carro usado por $2,000.00 e depositei os aluguéis de ambas as casas e tinha então apenas com alguns dólares em dinheiro vivo, e sem fonte de renda.

Alguns meses depois eu pude vender um de meus filmes africanos para a rede de televisão ABC, mas praticamente tive que dar isto a eles para conseguir realizar a venda, e consegui só $50,000.00 por um filme que teria custado pelo menos um milhão de dólares para ser feito. Isto foi exibido em cadeia, durante horário nobre, no outono de 1970, e foi chamado "Operação Elefante". Os custos estimados para aquela exibição especial, com uma hora de duração, foi muito alto, porque era um puta filme bom.

Howard Hughes, depois que vendeu a TWA Linhas Aéreas, tinha tanto dinheiro que ele decidiu comprar uma das três grandes cadeias de televisão, mas esteve impossibilitado de fazer isso; então decidiu começar sua própria rede, e começou procurando produtores de filme que pudessem oferecer os programas dos quais ele precisaria. Ele me contactou e queria que eu fosse para Nova Iorque para uma reunião com alguém do pessoal dele para negociar um contrato pelos meus serviços; mas no último minuto, aconteceu algo que mudou os planos dele, assim a reunião nunca foi realizada e eu nunca tive notícias dele novamente, embora eu estivesse hospedado no Acapulco Princess hotel no México quando ele morreu ali alguns anos depois. Ele não morreu no avião na rota até Houston, como foi informado na ocasião, ele morreu no hotel, mas eles removeram o corpo dele e voaram de volta com ele até este país como se ele ainda estivesse vivo porque sair México com corpos é algo muito difícil de ser feito.

A Influência de Howard Hughes

Eu só falei duas vezes com Hughes ao telefone, e nunca o conheci cara a cara, mas o vi no dia em que ele voou com seu avião que ele chamava Hércules e que as outras pessoas chamavam de Spruce Goose. Mas eu conheci muitas pessoas que o conheciam muito bem, e eu sei que a maioria das histórias publicadas sobre ele não são verdadeiras. Ele quase foi morto em um desastre de avião na Califórnia logo após a guerra, quando foi tirado por um soldado do exército de dentro um avião de caça em chamas que ele tinha projetado e tinha construído; mas tinha inalado chamas que quase destruíram seus pulmões.

Todos os médicos acreditavam que ele morreria, então perceberam que eles não teriam nada a perder em tentar trata-lo com uma droga muito perigosa que ninguém sabia muito a respeito; e a droga salvou sua vida, mas também destruiu seu sistema imune, de forma que de certo modo ele foi então a primeira vítima da AIDS, a única diferença é a de que não estava infectado. Ele teria que sobriver o restante de sua vida recluso em um ambiente estéril, mas recusou-se a fazer isso. Mas a histórias que surgiram sobre seus hábitos de vida e a abstinência ao contato com outras pessoas não mencionaram o fato de que ele tinha que fazer isto do modo como estava fazendo, simplesmente para continuar vivo. Os médicos também lhe deram doses volumosas de morfina, porque ele estava muito queimado e passando por grandes dores; mas ao fazer isso o viciaram em morfina, um hábito que ele nunca conseguiu abandonar.

Ele era, em minha opinião, um Inferno de um homem, realizou muito mais do que a ele foi dado crédito. Um filme que ele produziu, Hell´s Angels, ainda permanece como um dos melhores filmes de todos os tempos. Outro dos filmes dele, Scarface, supostamente sobre Al Capone, provavelmente sempre será o melhor filme de gângster já feito, estrelado por Paul Muni e Boris Karloff e dando a George Raft o início de sua carreira cinematográfica.

E daí se ele gostava de meninas, e fodeu todo mundo em Hollywood entre as idades de treze e vinte anos? Será que ninguém deveria? Aparte do fato de que ele teve muito mais dinheiro do que eu alguma vez tive, nós tínhamos muito em comum, eu até mesmo me parecia com ele em uma época, embora ele fosse muito mais alto do que eu, e várias pessoas pensavam que eu era ele.

Em 1970, tendo chamado dois homens da Louisiana e lhes dito que viessem imediatamente até a Flórida, porque eu queria investigar alguns rumores que eu vinha ouvindo, eu lhes expus o "riot act" durante praticamente doze horas diretas, então os enviei até um quarto de motel no qual nós tínhamos posto escutas. Eu queria ouvir o que eles diriam depois que eu partisse.

Na fita você poderia ouvir o porta abrindo, e poderia ouvir os passos deles conforme eles entravam no quarto, e então um deles dizendo. . . "O filho de uma puta pensa que é o Howard Hughes".

E o outro sujeito diz. . . "Que se foda, talvez ele seja".

Interesse em Força

Eu era muito mais forte que a média desde a idade de cerca de dez anos, e estive interessado por exercícios, levantamento de pesos e ginástica, quando eu tinha doze, e estava poderosamente bem constituído lá pela idade de quatorze. Eu aprendi depressa que uma barra era sem dúvida a melhor ferramenta disponível para os exercícios, e que a maioria dos outros exercícios que eram usados então eram totalmente desprezíveis; mas eu também aprendi que uma barra tinha certas limitações, problemas para os quais eu estava atento sobre, mas que porém não os entendia.

Assim eu comecei a modificar barras numa tentativa de melhora-las. Em 1939 eu soldei ganchos a uma barra de forma que eu pudesse acrescentar o peso de correntes pesadas ao peso da barra, estas correntes ofereciam variação à resistência na medida em que a barra era erguida.

A primeira tentativa foi muito crua, e não oferecia aquilo que eu estava procurando, mas foi um começo. Nove anos depois, em 1948, eu estava em Tulsa, Oklahoma, sendo recrutado por ambos os lados da guerra Judaíco/Árabe que estava por vir. Eu queria pilotar caças Messerschmitt ME 109, em combate, e na ocasião, não tendo quase nada na forma de opiniões políticas eu teria estado disposto lutar em qualquer lado.

Enquanto falava com recrutadores de ambos os lados daquela guerra, eu estava treinando na sala de pesos do YMCA, e eu estava então em uma condição muito boa, seco como um cavalo de raça, forte como um touro e quase tão grande quanto um gorila. Todos os outros homens que treinavam ali ficavam muito impressionados com o meu tamanho e força, e um destes homens, Percy Cunningham, me pediu que lhe ensinasse todo o possível sobre exercício correto.

Percy estava na casa dos trinta anos de idade, e assim, ele era um pouco mais velho do que eu era então, e era um capitão que voava para a American Airlines, estava ganhando um salário muito alto para aquela época e lugar, e tinha um Cadillac conversível novinho e mais garotas jovens e atraentes que ele poderia dar conta. Pelo que eu sei, ele fodeu quatorze destas meninas dentro de um período de apenas três dias. Nessa época, o capitão conseguia tudo o que ele queria, e as garotas entendiam claramente as regras.

Assim eu ajudei Percy e ele me ajudou, e ambos as fodemos quase até a morte. Ele era piloto de testes da American Airlines para o novo modelo do DC 6, o melhor avião de sua época, e ainda é o meu avião favorito quase cinqüenta anos depois. Ele me levou em um vôo noturno de teste em um dos DC 6s deles, o que era ilegal como o Inferno. Mas Percy prestava muito pouca atenção às regras. E eu não prestava nenhuma.

Contruindo Máquinas Rústicas

Então, trabalhando juntos, Percy e eu projetamos e construímos uma máquina de exercício e instalamos isto no ginásio do YMCA. Esta máquina incluía várias características sem igual que eu projetei em uma tentativa para melhorar os exercícios com barra, e isso ofereceu algum grau de melhoria, mas ainda não era bom o bastante para me satisfazer.

Vinte anos depois, então na Rodésia, eu ainda não estava satisfeito. Enquanto isso, tendo projetado e construído literalmente dúzias inteiras de outras máquinas de exercícios no mundo todo. Eu as construí em cerca de uma dúzia de estados nesse país, em dois países diferentes da América do Sul, na Cingapura, e depois na África. Sequer duas eram precisamente semelhantes; cada modelo incorporava mudanças que eu esperava que trouxessem melhorias.

Eu ainda estava tentando resolver problemas que eu ainda não entendia, problemas para os quais ninguém mais parecia estar sequer atento. Mas na época, eu não sabia de algo que eu aprendi cerca de vinte anos depois. Por volta de 1850, na Suécia, um médico chamado Gustav Zander projetou e construiu uma linha muito sofisticada de máquinas de exercício. Ele entendia os problemas que eu estava tentando resolver, e ofereceu soluções práticas para muitos destes problemas. Algumas de suas máquinas, construídas há aproximadamente 140 anos atrás, eram então tão boas quanto a maioria das máquinas de exercício no mercado de hoje em dia.

Mas eu desconhecia as muito antecipadas descobertas do bom médico, e assim, tive que resolver os problemas por eu mesmo, e eventualmente eu fiz. A primeira inovação chegou no meio da noite, às 2:15 da manhã. Repentinamente eu entendi um dos problemas, e acreditei que eu sabia da solução. Assim eu liguei para Graham Hall, e descrevi cuidadosamente o que eu queria que ele construísse e lhe disse para construir isto imediatamente e trazer isto de manhã até minha casa exatamente às oito da manhã. E ele fez.

Nós adicionamos a nova parte à máquina que eu já tinha, mas isso não funcionou como eu esperava que funcionasse. Porém, falhou de um modo tão dramático que eu entendi imediatamente o que seria necessário fazer para isto funcionar corretamente. Mas para isso seria necessária uma máquina totalmente nova, e assim eu deixei a Rhodesia antes que eu tivesse tempo para construir uma.

1969 - Lake Helen - Flórida

Tão logo estabelecido em uma casa alugada em Lake Helen, Flórida, eu comecei a construir outra máquina e incorporar as idéias que eu obtive da minha experiência com a máquina na Rodésia. E isso funcionou como um charme. Nunca tinha ocorreu em minha mente que poderia vir a existir um mercado para tais máquinas. Eu só construí estas máquinas para meu uso pessoal. Eu não tinha respeito algum pela maioria dos fisiculturistas, e os considerava serem as pessoas mais idiotas no planeta, não me associava com eles, não lia as revistas de bodybuilding e normalmente treinava sozinho. Ninguém que eu alguma vez encontrei conseguia acompanhar o meu passo durante um treinamento, e os únicos que tentaram acabaram vomitando as próprias tripas para fora após aproximadamente dez minutos no treinamento, porque eu treinava em um ritmo literalmente brutal, um ritmo que mataria a maioria das pessoas. E matou um homem, um sujeito que caiu morto naquele ginásio do YMCA enquanto tentava se exercitar como eu fazia.

A única revista de bodybuilding que eu alguma vez lí era publicada por um homem velho chamado Perry Rader, em Nebraska. A maioria das coisas publicada naquela revista que ele chamava de IRONMAN, era puro lixo, mas alguns dos artigos faziam algum sentido, enquanto todas as outras entre tais revistas não continham nada mais do que puro lixo.

Assim, por falta de coisa melhor a se fazer na ocasião, eu me sentei na sala de jantar da minha casa e bati um artigo em minha máquina de escrever e então enviei isto para o editor da IRONMAN. Mas eu não acreditava que isso alguma vez seria publicado, porque eu insultei praticamente todo mundo no campo do exercício, pegando muitas de suas opiniões mais queridas e as rasgando em fragmentos de maneira tão simples que o artigo provavelmente ficou perfeitamente compreensível até mesmo para um gato. Conhecendo exatamente o modo como a maioria das pessoas reage quando enfrenta uma verdade; particularmente quando a verdade os faz parecer os idiotas que eles realmente são.

Mas como sempre, eu estava errado. Alguns dias depois, o editor da revista tentou me contatar ao telefone, não me localizou porque eu estava longe de casa quando ele ligou, mas ele estava tão excitado que insistiu que ele teria que falar com alguém dali, e acabou falando com Inge. Quando eu voltei, ela me falou sobre a ligação, e mencionou o quanto excitado ele estava. Assim eu o contatei de volta, e então uma coisa conduziu a outra, e eu comecei a escrever mais artigos para a revista dele e enquanto não esperava nada mais do que pedradas e setas de afronta por parte dos leitores.E novamente eu estava errado; porque dentro de uma questão de algumas semanas eu estava recebendo dúzias de cartas, e então centenas de cartas, e então milhares, quase que diariamente. Principalmente cartas de pessoas ansiosas para comprar máquinas que não existiram fora da minha mente, máquinas que eu não tinha nem mesmo começado a projetar.Um Homem Chamado FeatherEntão um homem chamado Jack Feather me ligou da Califórnia e me perguntou se eu era o inventor das revolucionárias máquinas de exercício das quais ele vinha ouvindo histórias a respeito. E quando eu lhe disse quem eu era, ele disse... "Mande-me uma de cada, imediatamente".Quando eu lhe perguntei se ele estava ciente do preço, ele disse… "não importa; diga-me quanto elas custam e eu lhe remeterei um cheque amanhã". Assim eu considerei que isto deveria ser algum tipo de piada, e lhe disse que eu teria que deixar o telefone durante alguns minutos, mas que voltaria logo, e ele disse que esperaria.Então eu fui até o cesto de lixo e procurei pelos papéis descartados que eu tinha jogado fora e procurei por uma lista de máquinas que eu tinha anotado cerca de um dia antes. Encontrei o que eu estava procurando, retornei ao telefone, e li para ele os nomes das máquinas, junto com os preços, máquinas que não existiam, preços que eram simplesmente SCRS, Suposições Científicas de um Rabo Selvagem.Assim ele falou, tudo bem, o cheque sairá amanhã. E fez, e era tão bom quanto ouro. Assim, de repente eu me achei no ramo das máquinas de exercício, totalmente por acidente. Eu recebi o cheque do Jack Feather muito tempo antes que ele recebesse as máquinas, mas eventualmente ele as recebeu, e os amou; depois me fez um pedido imediato para duas de cada tipo de máquina que eu alguma vez construí, uma para ser transportada por via aérea para a Califórnia e outra para ir via aérea até a casa dele nos arredores de Londres, Inglaterra.Algumas semanas depois ele me ofereceu $500,000.00, no ato, em dinheiro vivo, além de uma soma extra que poderia ser necessária para começar uma revista sobre o assunto do exercício, e disse que além disso eu receberia a metade da sociedade na revista. Eu certamente me interessei pela proposta; mas quando eu sugeri que eu voaria até a Califórnia para discutir isto com ele, pela primeira vez ele começou a ficar hesitante. Até esse ponto eu tinha falado com ele ao telefone por dúzias de horas; às vezes ele ligava para mim e então conversávamos por tanto tempo quanto oito horas ininterruptas. E eu tinha descoberto que ele era sem dúvida a pessoa mais culta com quem eu alguma vez tinha conversado até aquele ponto da minha vida. Ele literalmente parecia saber de tudo.Mas ele também era um trapaceiro; e é por isso que ele não queria que eu viesse até a Califórnia; porque, naquela época, ele estava sendo julgado pela Corte Federal de Justiça acusado de fraude contra o correio, uma instituição Federal. Ele tinha medo que se eu fosse até a Califórnia, eu lesse sobre isto nos jornais.

As acusações criminais que incidiam contra ele envolviam a venda de um denominado Cinto de Sauna que supostamente removeria a gordura corporal de uma maneira praticamente milagrosa. Mas ele defendeu-se e foi absolvido; em grande parte como o resultado do testemunho de um cientista que ele contratou para perjurar a favor dele.

Eu não apenas projetei as máquinas, mas também as construí com minhas próprias mãos, o que não era nenhum problema, pois eu vinha construindo coisas que desde que eu tinha aproximadamente cinco anos de idade, construí uma metralhadora que funcionava quando eu tinha doze anos, um avião que voava quando eu tinha quatorze anos, e pouco depois, um submarino que fez a metade do que eu esperava que isto fizesse, submergiu como uma pedra, mas não voltou à tona. Ainda está assentando no fundo do lago onde nós o testamos. Felizmente, o sujeito que experimentou aquilo em seu primeiro e último teste, era bom o bastante em segurar a respiração, era forte o bastante para conseguir sair de dentro do submarino, e hábil o bastante na natação para conseguir voltar até a superfície do lago. Se eu testei isto? Sem chance Jose, eu não era tão burro.

Trabalhando ao Redor do Relógio

Enquanto numa tarde eu esperava para pegar minhas crianças na escola secundária de DeLand, eu me encontrei um homem chamado Larry Gilmore a quem depois nós chamaríamos Turkey; Eu diria, observando a aparência dele, que ele era um levantador de pesos, e disse algo sobre isto. E ele disse que iria me enfiar dentro do chassis do meu carro, mas mudou de idéia quando eu lhe perguntei se ele era à prova de balas.

Eu administrei alguma pesquisa usando o time de futebol da escola secundária como os indivíduos participantes da pesquisa, com resultados muito bons, depois. Turkey ouviu algo sobre isso e me procurou, e começou a treinar comigo e com o meu filho mais velho, e eventualmente nós nos tornamos amigos íntimos. Tempos depois ele me acompanhou até a África em um de meus grandes jatos, quando nós apanhamos os elefantes, e fez outra viagem em um outro de meus grandes jatos até a Austrália.

Numa época eu possuí três grandes jatos, um deles projetado apenas para o transporte de cargas, um uma linha aérea convencional com assentos para aproximadamente 200 passageiros, e um que nós modificamos de forma que isto oferecesse apenas assentos da primeira classe, e assim isso poderia transportar apenas 132 passageiros. Eu usava o mais caprichado destes aviões para transportar médicos até os seminários médicos que eu administrava em Merida, Yucatan, em cooperação com a Escola de Medicina da Universidade da Flórida, em Gainesville.

Já tendo recebido pedidos para várias máquinas apesar de que eu não poderia confirmar para os clientes uma perspectiva de quando a entrega seria feita, ou até mesmo sobre como as máquinas se pareciam, eu decidi construir uma máquina com a finalidade de exibir isto na competição anual de Mr. América e no Campeonato nacional de Weightlifting, que iriam acontecer em Los Angeles na primavera de 1970.

Assim eu trabalhei quase que ininterruptamente durante vários meses, dormindo uma média de menos de duas horas por noite durante aquele período; e o Turkey trabalhou comigo, embora ele estivesse trabalhando em tempo integral na companhia telefônica com trabalho braçal pesado, cavando buracos, escalando postes e fixando cabos. Todas as tardes ele chegava ao barracão que eu aluguei em Lake Helen, aproximadamente às cinco horas, então trabalhava até aproximadamente três da manhã, ia para casa para dormir durante algumas horas, levantava-se cedo e voltava ao seu trabalho regular. Mas nos fins de semana ele trabalhava ininterruptamente desde as cinco da tarde de sexta-feira até aproximadamente as três da madrugada de segunda-feira, sem dormir e comendo muito pouco. E eu não estava lhe pagando nada por este trabalho.

Inge pintou a máquina e Eliza fez todas as partes estofadas necessárias. E isto finalmente ficou pronto apenas três dias antes de nós precisarmos disso para ser posto em exibição na Califórnia. E eu não tinha modo algum de enviar isto até a Califórnia.

Quando eu contei para o Turkey sobre o meu problema de transporte, ele me disse que eu poderia usar o carro dele, um Cadillac grande, para carregar a máquina. Quando eu mostrei a ele o fato de que a máquina era muito grande para ser ajustada dentro do carro, ele disse então que nós poderíamos cortar fora o teto do carro dele com um maçarico e então poderíamos carregar a máquina com a sua maior parte apoiada sobre o carro.

Mas eu não queria destruir o carro dele, assim recusei a oferta. Um dos bancos locais tinha sido estúpido o bastante para me enviar um cartão de crédito não solicitado por mim; mas tinha um limite de crédito de apenas $300.00 e eu já tinha excedido isso. Assim, usando aquele cartão à noite, de forma que eles não pudessem ligar para o banco para conferir o meu crédito, eu aluguei um carro e um reboque, pus a máquina no reboque e puxei o reboque com o carro. Então nós dirigimos diretamente até Los Angeles e só paramos para abastecer ou comer; Inge e eu nos alternávamos da direção, enquanto ela dirigia, eu dormia no assento da parte de trás, e vice-versa. Todos os três de minhas crianças foram conosco, mas Eliza ficou em Lake Helen numa tentativa de lutar contra meus credores.

Quando nós deixamos Lake Helen eu só tinha seis dólares em dinheiro vivo, e o cartão de crédito com o limite já excessivamente estourado. Assim nós só poderíamos fazer pequenas compras na rota até a Califórnia e manter as despesas em cada compra baixas o bastante para não estimular uma ligação para o banco.

Mr. América

A máquina que nós exibimos na Califórnia criou uma sensação, e um sujeito tentou comprar isto de mim, uma oferta que eu recusei porque eu percebi que a máquina ainda tinha alguns problemas. Eu também me encontrei um garoto de dezoito anos de idade chamado Casey Viator que tinha potencial literalmente enorme para tamanho muscular, e eu sabia que se eu o treinasse, ele ganharia o título de Mr. América em 1971. Assim, ele voltou conosco até a Flórida, e começamos o treinamento. E um ano depois ele venceu a competição de Mr. América da maneira mais espetacular na história, antes ou desde então.

Ele ganhou seis dos sete possíveis prêmios, Mr. América, Homem mais Musculoso da América, Melhores Braços, Melhores Dorsais, Melhores Peitorais e Melhores Pernas. A única coisa que ele não ganhou foi para melhores abdominais, e ele deveria ter ganhado isso; mas eu penso que os juizes decidiram que eles teriam que dar pelo menos este prêmio a outra pessoa, e assim deram isto a outro rapaz que eu treinei.

Minha irmã mais velha, Jean, me emprestou $2,500.00 e isso nos ajudou a sobreviver durante um período muito ruim; mas em novembro de 1970 as coisas estavam começando a parecer melhor e algum dinheiro estava entrando. As primeiras máquinas de exercícios Nautilus foram entregues a um cliente em 30 de novembro de 1970, e depois disso, nós prosseguimos adiante rapidamente.

Quatorze anos depois, a revista Forbes me listou entre as quatrocentas pessoas mais ricas da América, com um patrimônio líquido estimado em $125.000.000,00. Esta era uma estimativa deles, e não minha, pois eu sempre me recusei a discutir meu patrimônio líquido com qualquer pessoa.

Mais Problemas e Batalhas

Mas meus problemas e batalhas estavam longe de terminar, eu era o gato novo no bairro do ramo dos exercícios e todos os meus concorrentes exceto um deles, decidiram imediatamente me destruir. Eles esparramaram rumores maliciosos sobre mim por todas as partes do país; de acordo com eles eu era membro da Máfia, traficante de drogas, assassino profissional e uma longa lista de outras coisas. Um de meus últimos associados era o filho de um homem que uma vez foi o cabeça da Máfia neste país, mas o filho não tinha nada de tal associação, embora ele pelo menos conhecesse muitos integrantes da Máfia.

Randy Agnew, o filho do Vice-Presidente Agnew, viveu conosco durante algum tempo, e o pai dele, Spiro (ou Ted, como ele gostava de ser chamado) me visitou durante alguns dias, logo depois de ter sido forçado a renunciar ao mandato. G. Gordon Liddy era, e ainda é um bom amigo meu. Liddy e Jack Martin, um agente do F.B.I. que era um amigo íntimo, foram comigo em algumas longas viagens em um de meus jatos menores, e Liddy fez uma viagem em um de meus jatos grandes. Eu também tornei possível ao Liddy voar em um avião alemão de transporte de cinqüenta anos de fabricação que pertencia a um amigo meu.

Robin Moore, o autor do livro Os Boinas Verdes, e vários outros livros, foi até a Rodésia mais ou menos na época em que eu parti lá e abriu um Consulado Americano não oficial para ajudar os americanos que estavam lutando por lá ao lado do governo de Ian Smith, então depois escreveu um livro sobre isto chamado The Crippled Eagles, o qual ele me pediu que revisasse para ele, uma vez que eu conhecia muitas das pessoas e todos os lugares mencionados no livro. Eu só encontrei dois erros sem importância, mas lhe disse que ele nunca poderia publicar aquilo; e, até onde eu sei, nunca foi publicado. Era mesmo livro muito bom, mas não era "politicamente correto".

Eu continuei a escrever artigos em cada edição da IRONMAN durante vários anos, e depois, publiquei centenas de artigos em outras revistas, a maioria parte disso no Athletic Journal e em uma outra revista chamada Scholastic Coach. Eventualmente eu escrevi e publiquei quatro livros sobre o assunto do exercício, reabilitação física e testes específicos da habilidade funcional humana.

Até este momento, junho de 1994, eu estive continuamente envolvido em ampla pesquisa médica por mais de vinte e dois anos, em cooperação com várias escolas médicas em quatro estados, Flórida, Califórnia, Colorado e Nova Iorque, e recentemente ofereci treinamento para onze fisioterapeutas e dois doutores médicos da Holanda que empreenderão pesquisa com nosso equipamento na Europa, com financiamento do governo holandês. Agora, meu investimento em pesquisa médica excede os $90,000,000.00 e tanto quanto eu saiba, eu nunca recebi um centavo como retorno.

(Nota: a autobiografia de Jones." . . And God Laughs, " está disponível como parte de uma obra em dois volumes de seus escritos, chamada: The Arthur Jones Collection. Esta coleção pode ser comprada em: http://www.I-A-R-T.com, clique em Books Section.)

CLIQUE AQUI E