SALMO

27 (26)

O Senhor é minha luz e salvação:

de quem terei medo?

O Senhor é o baluarte da minha vida:

quem me assustará?

CORO: Magnificat

Ainda que um exército me cerque,

o meu coração não temerá.

Mesmo que me declarem a guerra,

ainda assim terei confiança.

CORO: Magnificat

Uma só coisa peço ao Senhor

e ardentemente a desejo:

é habitar na casa do Senhor

todos os dias da minha vida,

para saborear o seu encanto

e ficar em vigília no seu templo.

CORO: Magnificat

No dia da adversidade,

ele me abrigará na sua cabana;

há-de esconder-me

no interior da sua tenda

e colocar-me

no alto de um rochedo.

CORO: Magnificat

LEITURA

Lucas 1, 46-55

Maria disse, então:

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.

Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.

De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações.

O Todo-poderoso fez em mim maravilhas.

Santo é o seu nome.

A sua misericórdia é para aqueles que o temem sobre aqueles que o temem.

Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos.

Derrubou os poderosos dos seus tronos e exaltou os humildes.

Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.

Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre.

PRECES

¬  Deus nosso Pai, derrama nas nossas vidas a tua compaixão, para que vivamos na generosidade do perdão.

Coro - Oremos ao Senhor

¬  Pedimos-te por aqueles que não podem crer e que dão a sua vida ao serviço dos outros.

Coro - Oremos ao Senhor

¬  Pela Igreja, fermento de comunhão: Senhor, faz brilhar sobre ela a tua face.

Coro - Oremos ao Senhor

¬  Ó Cristo, luz do alto, vem visitar todos aqueles que estão nas trevas: mostra-lhes o caminho do teu amor.

Coro - Oremos ao Senhor

¬  Sê o sustento daqueles que conhecem dificuldades e desânimo, tu que és fonte de vida e de confiança.

Coro - Oremos ao Senhor

¬ Espera-nos com o teu Espírito para sermos fiéis ao teu amor; dá-nos um coração. 

Coro - Oremos ao Senhor

¬ ESPAÇO PARA A TUA PRECE PESSOAL EM SILÊNCIO.

Coro - Oremos ao Senhor

PAI NOSSO

Pai Nosso que estais no céu,

santificado seja o vosso nome,

vem a nós o vosso reino,

seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.

O pão nosso de cada dia nos daí hoje,

perdoai-nos as nossas ofensas,

assim como nós perdoamos

a quem nos tem ofendido,

não nos deixei cair em tentação

mas livrai-nos do mal. 

Vosso é o reino, o poder e a Glória para sempre

Amém

MEDITAÇÃO

O cântico de Maria, que é vulgarmente conhecido como “Magnificat”, é um dos cânticos mais importantes da tradição litúrgica da Igreja. A parte que as pessoas muitas vezes memorizam é a primeira frase: “A minha alma glorifica o Senhor (em latim: Magnificat anima mea Dominum). Uma frase muito bonita. Contudo, o cântico de Maria não termina aí. No primeiro capítulo do Evangelho de S. Lucas encontramos o cântico completo.

Quando examinamos o texto, conseguimos compreender melhor o motivo pelo qual Maria elevou o seu cântico de louvor a Deus e o contexto desse cântico. Há pelo menos dois pontos importantes.

Primeiro, Maria louva a Deus porque experienciou as grandes obras de Deus na sua vida (v. 49). Neste caso, louvar a Deus não é apenas um ritual ou uma actividade religiosa. Louvar a Deus nasce da experiência pessoal, nomeadamente da percepção daquilo que Deus faz nas nossas vidas.

Segundo, Maria louva a Deus porque acreditou e testemunhou as acções de Deus que trouxeram justiça para o povo. Deus "pôs os olhos na humildade da sua serva" (v. 48), "exaltou os humildes" (v. 52), e "encheu os famintos de bens" (v. 53). Por outro lado, Deus “dispersou os soberbos” (v. 51), “derrubou os poderosos dos seus tronos” (v.52) e “despediu os ricos de mãos vazias” (v.53). A esta altura, ficamos abalados. As palavras de louvor de Maria, que inicialmente pareciam piedosas, soam agora muito revolucionárias e subversivas!

Podemos perguntar-nos: porque é que os poderosos e os ricos são vistos de forma negativa? Mesmo que ajam injustamente, não seria melhor rezarmos pela sua conversão? Sabemos que os autores bíblicos não hesitavam em falar de pessoas ricas boas (por exemplo, José de Arimateia, que cedeu o túmulo de Jesus, é “um homem rico e também um discípulo de Jesus” - ver Mateus 27, 57) e de “um rei que quer fazer justiça” (por exemplo o rei Agripa, que compreende bem o caso jurídico do apóstolo Paulo - ver Actos dos Apóstolos 26). Isto significa que existe uma consciência clara de que os ricos podem ser bons e os poderosos podem fazer justiça. Ser rico e poderoso não é o mesmo que ser mau. Portanto, podemos dizer que os poderosos e os ricos enquanto pessoas - como qualquer outro ser humano – não estão excluídos do amor incondicional de Deus. Talvez, portanto, o que isto signifique é que Deus destruirá o sistema de injustiça pelo qual alguns se tornam poderosos e ricos, enquanto outros são pobres e oprimidos.

Com o cântico de Maria aprendemos, então, que louvar a Deus está estreitamente relacionado com a concretização da justiça na sociedade. Em concreto, glorificar a Deus significa elevar a dignidade e valor humanos ao lutar para que a justiça seja implementada na Terra. Assim, o nosso louvor e orações devem levar-nos a participar na luta pela justiça e, deste modo, o nosso compromisso para com a justiça torna-se uma forma de glorificar a Deus.

ORAÇÃO DE CONCLUSÃO

Foi com isto que ficámos a conhecer o amor:

Jesus deu a sua vida por nós; assim também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos. Se alguém possuir bens deste mundo e, vendo o seu irmão com necessidade, lhe fechar o seu coração, como é que o amor de Deus pode permanecer nele? Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade. Por isto conheceremos que somos da verdade e, na sua presença, sentir-se-á tranquilo o nosso coração, mesmo quando o coração nos acuse; pois Deus é maior que o nosso coração e conhece tudo.