“Na virada da esquina, vozes e vultos eu ou(vi)”, de Beraldo e Moody (BA)

"Na virada da esquina, vozes e vultos eu ou(vi)" é uma exposição audiovisual composta por 13 fotografias e um áudio que mistura sons ambientes com vozes e músicas captadas nas paisagens exploradas pela dupla de artistas Andréa Beraldo e Eduardo Moody. Desenvolvido nas cidades de Igatu, Mucugê e Andaraí, na Chapada Diamantina, entre os meses de maio e junho de 2023, o ensaio apresentado aborda o tema do garimpo de diamantes. Olhares, atenções e sentidos foram lançados sobre o legado resultante da atividade garimpeira do século XIX, no coração da Chapada Diamantina, na Bahia. A paisagem, modificada pelo garimpo tradicional (também conhecido como “garimpo de serra”), ceifou e devastou também seus moradores.

Nas obras apresentadas, somos convidados a tocar e a sentir a atmosfera resultante da febre alucinada decorrente da pedra que brilha. Aqui, há o ser humano transformado em pedra; o homem dentro da pedra – o homem duro, teso, travado: o homem angular. Nas paisagens, corpos e memórias são sobreviventes, coabitando com espectros, alucinações, sussurros e vultos nos escombros à céu aberto. 

Assim como outros desafios resultantes de uma abolição da escravatura malconduzida, as comunidades remanescentes permanecem à margem de um processo mais efetivo de inclusão social e garantia de direitos básicos de cidadania. Inertes num tempo outro, vilarejos como os de Igatu acolhem, entre suas rochas e esquinas, indivíduos que se organizam da melhor forma possível para sobreviver. Os anos de violência e de abusos, resultantes da exploração da natureza e da mão-de-obra escrava, ficaram impregnados no cenário e na atmosfera local. 

Como tantas outras histórias resultantes da exploração colonial europeia, os diamantes extraídos das minas baianas cruzaram oceanos para adornar as elites brancas, eurocêntricas, heteronormativas e católicas, enquanto nos locais de exploração restaram marcas, vazios, dilapidações e cicatrizes. Na virada da esquina, vozes e vultos eu ou(vi) é uma reflexão sobre a resiliência daqueles que enfrentaram adversidade após o término oficial da atividade garimpeira, lutando pela sobrevivência em uma nação que muitas vezes negligencia sua própria existência.

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Esta exposição estará disponível para visitação presencial a partir do dia 23 de agosto de 2024 no Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.

BERALDO E MOODY

Beraldo e Moody é o nome da dupla composta por Andréa Beraldo e Eduardo Moody. Natural de Jundiaí, SP, Beraldo possui Doutorado em Literatura e Cultura; Moody, natural de Salvador, BA, é Bacharel em Comunicação e dedica-se à fotografia há mais de duas décadas. No ano de 2022 foi ao ar, pela Record, o documentário “Rios Maranhenses”, no qual Moody atua como apresentador-artista da produção. 

A dupla de artistas, quando juntos, busca refletir e lançar olhares sobre as vicissitudes humanas, explorando temas próprios da psique humana, tais como vida x morte, natureza x homem, traumas, corpo.

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