“Dois mil e vinte”, de Mario Amaral (SP)

A exposição oferece um mergulho íntimo e reflexivo no tumultuado 2020, ano que começou a pandemia de COVID-19.

A série fotográfica é composta por obras (polípticos) que revelam os impactos subjetivos e sequelas causados na vida do autor durante o período de confinamento, pautado em incertezas.

Para compor esses polípticos o autor utilizou de imagens fotografadas diariamente nos 3 primeiros meses de confinamento em sua residência. Foram também utilizadas imagens apropriadas da web, de filmes na TV (streaming) e de exames médicos fotografados digitalmente.

A utilização de imagens fotografadas pelo autor e outras apropriadas de telas (sites de notícias, tv streaming, redes sociais, celulares, etc.) foi a estratégia criada para que servisse como ponte entre o que o autor tinha como realidade "imediata" (dentro de casa - buscando traduzir não o dia a dia, mas buscando nos elementos cotidianos formas que pudessem traduzir suas sensações) e o acesso ao "mundo lá fora" (buscando trazer ao projeto uma carga mais de "informação" - ainda que uma informação literalmente mediada pelas telas).

A experiencia pandêmica trouxe uma vida "dupla" entre o “diretamente vivido” e o “recebido pelas telas”. 

Num cenário à época de polarizações políticas, de excessos tecnológicos, de saúde mental em risco, de excessos de informação nas mídias, de fake news, e de discursos negacionistas, as obras expõem experiencias de angústia, sofrimento, introspecção, desespero e uma eventual esperança. Elas nos convidam a refletir não apenas sobre o período de isolamento forçado, mas também sobre as consequências psicológicas e emocionais que deixaram marcas profundas.

Em um ano em que ninguém saiu ileso, "Dois Mil e Vinte”, não apenas documenta os desafios enfrentados pelo autor, mas convida o espectador a refletir sobre nossas fragilidades, resiliência e a mergulhar nas complexidades do ano que mudou o curso da história.  

MARIO AMARAL

Mario Amaral nasceu no Rio de Janeiro em 1968, mas vive e trabalha em São Paulo. É fotografo e trabalha com retrato e fotografia autoral desde 2018. Iniciou sua carreira como assistente de grandes fotógrafos e hoje tem seu próprio ateliê/estúdio. 

Com seu interesse pela pluralidade e complexidade humanas, busca através do processo fotográfico, instigar possibilidades de empoderamento no fotografado e novas descobertas de sutilezas, fragilidades e faces poéticas da beleza até então nunca percebidas. 

Mario se interessa por uma estética minimalista na composição das suas imagens, elementos da natureza e o corpo humano. 

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