O bullying é um problema sério que afeta os jovens em comunidades por todo o mundo, e os adultos têm o papel de ajudar a evitá-lo. Este material foi preparado para que cada indivíduo que tenha acesso a ele, desenvolva uma melhor compreensão do assunto e esteja equipado com as ferramentas e recursos para agir.
O bullying é uma espécie de técnica de forçar ou assediar aplicada às pessoas por outra pessoa ou grupo. Isso é feito apenas para forçá-los a alguma ação que não é feita por livre arbítrio. O bullying ocorre quando alguém ou um grupo tem a percepção de ser mais forte ou superior e aplica sua força de forma odiosa e injusta em alguma pessoa.
O bullying é uma questão social séria que pode ter efeitos duradouros tanto na vítima quanto naquele que o pratica. Reconhecer e saber como lidar com o bullying é o primeiro passo para a prevenção. Aqui estão algumas das especificidades sobre o que o bullying implica, e o que o torna diferente das típicas “dores de aprendizado” da infância:
Bullying é qualquer tipo de abuso físico ou verbal que:
acontece mais de uma vez;
envolve um desequilíbrio de poder (a vítima é incapaz ou tem medo de se defender);
é feito de propósito, com a intenção de causar danos.
O bullying pode tomar muitas formas diferentes, incluindo:
ataques físicos (por exemplo, empurrar, socar ou chutar);
ataques verbais (xingar, fazer comentários cruéis, provocar ou ameaçar);
ataques sociais (fofocar, sabotar amizades ou deliberadamente excluir outros);
ataques on-line, ou cyberbullying (enviar mensagens de texto, e-mails ou fazer postagens cruéis, falsas ou prejudiciais sobre uma pessoa nas mídias sociais).
Existem muitos tipos diferentes de bullying que podem ser experimentados por crianças e adultos, alguns são óbvios e fáceis de detectar, enquanto outros podem ser mais sutis. Os diferentes tipos de bullying que abordaremos abaixo são algumas das maneiras que a prática pode estar acontecendo.
Bullying físico
O bullying físico inclui bater, chutar, tropeçar, beliscar e empurrar ou danificar a propriedade. Ele causa danos a curto e longo prazo.
Bullying verbal
O bulling verbal inclui xingamentos, insultos, provocações, intimidação, comentários homofóbicos ou racistas ou abuso verbal. Embora ele possa começar inofensivo, pode aumentar para níveis que começam a afetar o alvo individual.
Bullying social
O bullying social, às vezes chamado de bullying encoberto, é muitas vezes mais difícil de reconhecer e pode ser realizado pelas costas da pessoa intimidada. É projetado para prejudicar a reputação social de alguém e/ou causar humilhação. O bullying social pode incluir:
mentir e espalhar rumores;
gestos faciais ou físicos negativos, olhares ameaçadores ou desdenhosos;
piadas desagradáveis para envergonhar e humilhar;
imitar indelicadamente;
encorajar outros a excluir alguém;
prejudicar a reputação social ou aceitação social de alguém.
Além desses, há também o cyberbullying, ao qual reservamos um capítulo especial nessa apostila, por isso não nos aprofundaremos agora.
O desejo de sobreviver é um instinto que foi desenvolvido desde o início da vida, que é a competição por recursos contra outras espécies.
Este instinto de sobrevivência, juntamente com uma atmosfera competitiva, tem permanecido o mesmo com a evolução da raça humana.
O esforço constante para superar os outros e superar obstáculos tornou-se uma ideologia em que o bullying é involuntariamente aplicado como uma tática de sobrevivência desde muito jovem.
Nas escolas, os alunos aprendem rapidamente maneiras antiéticas de ofuscar uns aos outros nos ambientes educacionais e sociais altamente competitivos fomentados por essas instituições.
No entanto, essas táticas são perigosas porque uma vez que um aluno percebe sua eficácia, ele pode construir um estilo de vida a partir disso.
Essas táticas de bullying podem incluir espalhar rumores sociais, pressionar outros a dizer as respostas certas para obter boas notas, intimidar, xingar, roubar pertences e até mesmo bater ou ameaçar outro aluno se ele contar o que está se passando. Quando uma pessoa exerce poder e intimidação sobre alunos mais fracos, ela tem a vantagem de controlar qualquer situação que possa surgir.
Além disso, quando um bully (que é como chamamos quem pratica o bullying) mantém com sucesso o controle sobre os outros alunos, ele pode manipulá-los para fazer lição de casa para ele, e pode usá-los para alcançar objetivos educacionais mais altos e, finalmente, melhores oportunidades de trabalho.
Por outro lado, a maioria dos alunos não é devidamente ensinada a lidar com a pressão dos colegas e o bullying nas escolas, o que pode levar à depressão, medo, solidão, raiva, ansiedade, dor, baixa autoestima, danos físicos, emocionais e psicológicos e, por último, suicídio.
Origem do bullying
Em obras literárias, as crianças têm sido apontadas e assediadas desde o início dos tempos. No livro escrito por Charles Dickens e publicado em 1838, Oliver Twist foi um dos primeiros romances na língua inglesa a se concentrar no bullying e maus tratos criminosos de uma criança protagonista.
O primeiro relato de uma vítima de bullying se tornando violenta e atirando em seu algoz ocorreu um 1862. A história de John Flood foi detalhada em um artigo no The Times (Londres) em agosto de 1862. Ele foi vítima de um "bullying longo, maligno e sistemático";, e chegou a ser condenado e sentenciado à morte, mas como ele era conhecido por ser um homem de gentil disposição por todos que ele entrou em contato, sua sentença foi anulada pela Rainha.
O comportamento do bullying foi caracterizado pela primeira vez como parte da experiência das crianças em um artigo de 1897 intitulado "Provocação e Bullying" e desde então este tópico tem sido pesquisado e explorado por acadêmicos.
Resumindo, os incidentes de bullying vêm acontecendo há séculos, mas somente a partir destas datas e diante da brutalidade de alguns eventos, essa questão foi trazida à tona, tornando-a uma das mais comentadas em todo o mundo.
Causas do bullying
O bullying é caracterizado por altos níveis de comportamento irracional e abuso sobre áreas emocionalmente vulneráveis, trazendo à tona a sensação interior de insegurança e solidão nas crianças. Em vários casos, como mostrado em estudos científicos, as crianças sofrem bullying sobre raça, etnia e validação comum.
A ideologia da supremacia branca dos países ocidentais muitas vezes faz com que crianças de origem hispânica, asiática ou negra sejam intimidadas. Nesses casos, a análise psicológica sugere que muitas vezes causa um complexo irreversível de inferioridade social em pessoas que sentem vergonha de sua origem e as levam a adotar maneiras posteriores na vida que é marcada pelo desrespeito a uma forma de etnia ou várias formas de etnia.
O bullying em relação à aparência e padrões de beleza muitas vezes ocorre em grupos de meninas. Isso tem o poder de danificar permanentemente a maneira de uma garota perceber seu corpo, tendo vergonha dos olhares alheios por causa das constantes releituras e insultos que recebe.
O bullying baseado em questões econômico-sociais também é uma prática comum. Muitas vezes, as crianças de classes econômicas mais baixas ainda são tratadas com desprezo em espaços comuns, ou públicos, que levam a uma grave violação de sua autoestima e as tornam vulneráveis a outras iscas problemáticas.
Em suma, as causas exatas do bullying nascem incorporadas em estruturas sociais difíceis de entender em circunstâncias normais. Além do que mencionamos anteriormente, referente à discriminação racial e social, as principais causas de bullying entre crianças podem ser classificadas da seguinte forma:
Negligência em casa
Pais que negligenciam amplamente a responsabilidade de responder às suas necessidades e não conseguem lidar com a atenção que a criança busca, muitas vezes criam um bully. Por conta da necessidade de chamar a atenção e, portanto, desejar ser ouvida, a criança começa a "exigir"; o mesmo por meio de um comando errado para com outras crianças vulneráveis.
O fato da criança negligenciada em casa não receber empatia é precisamente o mesmo motivo que a torna propensa à empatia pelo desprezo que têm enquanto intimida os outros.
Rivalidade e falta de igualdade entre irmãos
Uma pista muito importante para o caso de bullying é encontrada na equação pessoal das crianças em suas famílias, especialmente quando elas têm outro irmão em casa. Muitas vezes, ocorre uma certa discriminação entre irmãos. Algumas famílias mimam crianças ou as negligenciam com base no gênero, enquanto várias famílias apenas desabafam sua preferência pessoal por uma criança em particular, dando-lhes mais atenção e cuidado.
Em qualquer um dos casos, pode acontecer que qualquer um dos irmãos cresça para desenvolver um sentimento de rivalidade um pelo outro por conta do tratamento preferencial dispensado pelos membros da família. Essa rivalidade, mais do que outras questões, desenvolve uma amargura em relação a personalidades mais fracas que podem ser facilmente dominadas.
Se os membros da família alimentam tal comportamento, muitas vezes a criança toma isso como uma licença para aplicar um comportamento de desprezo semelhante a outras crianças também.
Testemunhar bullying entre os pais
Isso traz à tona a questão do bullying adulto, que muitas vezes é traduzido em relações de poder entre o marido e a esposa. Se uma criança constantemente vê os pais se engajando em lutas de poder e o pai dominando a mãe, muitas vezes eles crescem e veem esse assédio e subjugação das pessoas como um caso normal e válido. Tais tendências passam a criar um efeito cascata nas crianças e, finalmente, elas descontam sobre outras crianças vulneráveis.
Causas de bullying entre adultos
Embora as causas descritas acima sejam as de bullying em crianças, a prática também existe entre os adultos. As principais causas de bullying em adultos, além das anteriormente descritas, de aspectos sociais e raciais, são as seguintes:
Poder de gênero
É sabido que os homens naturalmente se sentem privilegiados por numerosas razões sociais e familiares que estimulam um comportamento patriarcal. No escritório ou nos espaços de trabalho, muitas vezes há homens que usam indevidamente sua autoridade ou posição superior para apenas intimidar mulheres por considerá-las inferiores.
Narcisismo e bullying verbal
Narcisismo é uma característica que muitas vezes é negligenciada na maioria das relações sociais e pessoas, embora possa ter um efeito ruim significativo na maneira como as pessoas narcisistas exercem a dominação em suas relações.
Caracterizadas pelo egoísmo extremo e pela absoluta falta de compaixão, as pessoas narcisistas podem abusar verbalmente sem sequer se sentirem culpadas em nenhum momento. Tais tendências, se permanecerem descontroladas, só criam mais dificuldade para as pessoas que interagem com elas diariamente.
Segundo estudos psicológicos, os efeitos do bullying são muito subestimados, embora sejam extremamente graves. O fator importante a notar aqui é que o bullying afeta tanto a vítima quanto aquele que intimida.
A maneira como o bullying afeta a vítima pode ser marcada da seguinte forma:
sentimento de solidão e depressão;
dores estomacais e movimento intestinal irritável;
reclusão social;
dificuldade de concentração;
altos níveis de insegurança social;
complexo de inferioridade.
Os efeitos acima decorrem como resposta aos traumas que o bullying traz consigo.
Efeitos de longo prazo
Além dos efeitos imediatos, o bullying pode ter efeitos sociais, psicológicos e de saúde duradouros nas vítimas. Crianças que sofrem bullying continuamente correm maior risco de apresentar:
depressão e pensamentos suicidas durante a idade adulta;
transtornos de ansiedade, incluindo medo de locais públicos durante a idade adulta;
problemas com atividades físicas, como caminhar, correr ou participar de esportes;
saúde física ruim (às vezes como resultado de atividades prejudiciais, como alimentação desordenada ou uso de drogas);
abandono da escola, o que provavelmente terá efeitos negativos duradouros em sua educação e carreira;
salários mais baixos mais tarde na vida;
desemprego futuro ou redução da participação no trabalho.
Por outro lado, aquele que é o bully também não está isento de experimentar os efeitos do bullying a longo prazo. Os efeitos comuns que enfrentam são:
vício ou abuso de substâncias na vida adulta;
tendência a vandalizar e destruir as relações sociais;
dificuldade em relacionamentos próximos;
casos de alto nível de abandono;
engajamento em crimes sexuais.
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O bullying é uma dinâmica social problemática que envolve uma série de fatores sociais. Neste capítulo nos aprofundaremos em conhecer os personagens envolvidos nesse processo, suas características habituais e as consequências futuras desta interação.
Quem são os personagens envolvidos?
O surgimento dessa prática se baseia na formação de relações específicas entre crianças que praticam, que sofrem e que observam o bullying — o bully, a vítima e o espectador.
Uma criança que intimida seleciona de seu grupo uma criança potencialmente vulnerável para ser alvo de bullying. Se a criança-alvo responder submissamente, cedendo silenciosamente, chorando ou fugindo, a criança praticante de bullying alcançou o "sucesso", e a criança-alvo provavelmente se tornará uma vítima repetidamente.
Em situações de grupo, outras crianças estão frequentemente assistindo ao bullying se desenrolar. Esses espectadores aprendem quem está envolvido e quais comportamentos são permitidos e recompensados. Eles podem ficar com medo da criança intimidadora, rejeitando a criança vitimada e aceitando passivamente um clima em que esse comportamento é permitido. Eles também podem ser seduzidos a participar ou experimentar o bullying eles mesmos.
Crianças que intimidam precisam aprender a parar o bullying, se engajar em comportamentos mais cooperativos e desenvolver empatia e habilidades sociais de resolução de problemas.
As crianças que são alvos de bullying precisam aprender a responder ao bullying com assertividade, em vez de submeter ou contra-atacar.
Os espectadores precisam aprender que têm o poder de parar o bullying e como usar estratégias de resolução de problemas para ajudar a prevenir essa ocorrência.
Quem corre o risco de sofrer bullying?
Qualquer um pode ser vítima de bullying, no entanto, algumas crianças correm um risco maior do que outras. Crianças que são menos populares e têm menos amigos tendem a ser vítimas de bullying, enquanto crianças que são populares são mais propensas a serem bullies. Outros fatores de risco associados ao bullying incluem:
características físicas diferentes dos pares (por exemplo, estar acima ou abaixo do peso, usar óculos ou aparelho ortodôntico, ter uma deficiência física, ser de um grupo racial diferente ou usar roupas que as crianças consideram "não legais");
ter uma deficiência cognitiva;
identificar-se como lésbica, gay, bissexual ou transgênero;
ser visto como irritante, fraco ou indefeso e improvável de revidar;
ser percebido como socialmente estranho e ter poucos amigos.
No entanto, possuir qualquer uma dessas características não significa automaticamente que uma criança será intimidada.
Alguns transtornos que aumentam o risco de bullying (seja como bully ou como vítima) são:
TDAH;
Transtornos do espectro autista;
Aprendizagem;
Desordem desafiadora oposicionista (ODD) ;
Desordem de Tourette.
O bullying afeta a vítima e os espectadores. As vítimas de bullying correm o risco de ter transtornos psicológicos, como depressão, ansiedade, sintomas psicossomáticos, distúrbios alimentares e abuso de substâncias. O agravamento dos sentimentos de isolamento e depressão pode contribuir para o comportamento suicida e outras formas de automutilação.
O bullying pode ter sérios efeitos negativos em espectadores e testemunhas também. Eles aprendem a perceber sua escola ou ambiente como inseguro, também podem desenvolver ansiedade ou depressão ao testemunhar e podem começar a evitar a escola.
Quais são os sinais de que uma criança pode ser vítima de bullying?
É útil saber quais sinais procurar se você suspeitar que uma criança pode ser vítima de bullying. Alguns sinais de alerta incluem:
relutância ou recusa em ir para a escola;
frequentes dores de cabeça ou de estômago, mas parece não haver nenhuma razão médica subjacente;
problemas para dormir e pesadelos frequentes;
pouco interesse em sair com os amigos ou participar de situações sociais.
ferimentos inexplicáveis;
baixa autoestima, isolamento e irritação;
relato de objetos, como livros ou outros pertences, perdidos ou destruídos;
falta ou excesso de apetite (às vezes, pula uma refeição ou come compulsivamente);
notas baixas e desinteresse na escola.
Esteja ciente de que às vezes uma criança pode não mostrar qualquer sinal de que está sendo intimidada. Para ficar ligado no que está acontecendo na escola, fale com elas regularmente. Interesse-se no dia escolar e faça perguntas específicas sobre bullying. Por exemplo, "Há crianças malvadas na sua classe? Quem eles tendem a implicar? Alguém está sendo mau com você?
Ao contrário de discussões e brigas ocasionais, o bullying acontece repetidamente, não é um evento isolado. Envolve um desequilíbrio de poder físico ou social entre duas pessoas, com o agressor tendo mais poder e a vítima tendo menos.
Também envolve uma pessoa tentando prejudicar intencionalmente a outra. Pode ser físico (empurrando, socando, chutando) ou verbal (xingamentos, fofocas, espalhando rumores), e pode acontecer através de mídias sociais, como Facebook, Twitter ou Instagram.
Quais os sinais de que uma criança pode ser um bully?
A maioria das crianças, adolescentes ou adultos que praticam bullying costumam compartilhar as seguintes características e exibir tais comportamentos:
impulsividade;
problemas de controle da raiva;
controlar, em vez de liderar;
frustração e sentimento de irritação;
falta de empatia;
culpa as vítimas dizendo coisas como :"se aquele nerd não parecesse tão estúpido, eu não teria que bater nele";
dificuldade em seguir regras;
pouco respeito pela autoridade;
vê a violência de forma positiva, como entretenimento ou uma boa maneira de obter necessidades atendidas;
fisicamente mais forte do que outras crianças;
percebido como popular.
Ainda, a prática do bullying pode decorrer de problemas de saúde mental subjacentes, como ansiedade ou transtornos de comportamento, como transtorno desafiador oposicionista. Outros adolescentes começam a intimidar depois de terem sido abusados ou experimentado um evento traumático.
ANTERIOR: EFEITOS DO BULLYINGPRÓXIMO: BULLYING NAS ESCOLAS
O bullying é mais comumente praticado dentro das escolas. A escola sendo o lugar além da sua própria casa onde as crianças passam a maior parte do tempo, esse se torna o ambiente mais propício para bullies que desejam projetar instintos e intenções hostis.
O bullying na escola pode ocorrer de várias formas. Algumas delas são:
Bullying sobre idade
Esta é uma das formas mais comuns de bullying onde estudantes mais velhos intimidam os mais jovens apenas com base em um ser mais velho do que o outro.
Impor comportamento severo e zombar dos menores sobre pequenas coisas são táticas para humilhar os outros.
Bullying sobre classe social
As crianças que assistem aos pais menosprezarem outras pessoas com base na classe social ou situação financeira costumam reproduzir esse comportamento na escola, tomando como alvo outras crianças que não são iguais a elas em dinheiro ou status.
Bullying sobre aparência
As crianças muitas vezes pegam o aspecto físico mais vulnerável de uma pessoa e infligem bullying com base nele. Em vários casos, crianças que não se encaixam no padrão social de “boa” aparência ou “normal” são muitas vezes intimidadas por crianças ou seus pares.
Bullying sobre poder
Crianças que têm pais poderosos podem muitas vezes tomar seu status de nascimento como a licença para iniciar a projeção de forma injusta nas escolas. Filhos de pais poderosos se tornam bullies quando irresponsavelmente tomam a identidade de seus pais como uma licença por má conduta em qualquer esfera.
Recentemente, todos nós temos visto palavras como cyberbullying e assédio cibernético. Essa é a forma de bullying que surgiu desde que a internet invadiu nossas vidas, tendo início nos Estados Unidos durante o final dos anos 2000.
Por definição, o ciberbullying é o dano intencional e repetido infligido através do uso de computadores, telefones e outros dispositivos eletrônicos.
Comportamentos de bullying podem ser anônimos ou não, usando tecnologias digitais, incluindo hardware, como computadores e smartphones, e softwares como mídias sociais, mensagens instantâneas, textos, sites e outras plataformas on-line.
O cyberbullying pode acontecer a qualquer momento, em público ou no privado, e às vezes só é conhecido pelo alvo e pela pessoa que faz bullying e pode incluir:
imagens abusivas ou ofensivas em forma de e-mails, postagens, imagens ou vídeos;
excluir os outros on-line;
espalhar fofocas desagradáveis ou rumores;
imitar outros on-line ou usar o seu login sem permissão no intuito de constrangê-lo ou humilhá-lo.
A ideia de cyberbullying é bastante semelhante à ideia de bullying com a diferença no fato de que o assédio acontece em plataformas virtuais e não de natureza direta ou física.
O cyberbullying pode ser identificado quando alguém é “trollado”, assediado e humilhado repetidamente por qualquer pessoa aleatória.
A pessoa pode ou não ser uma amiga, mas usa meios de perseguir, comentar de forma persistente e sistemática, com a intenção de atingir o ponto fraco de alguém.
O bulllying cibernético também pode envolver compartilhar mensagens privadas de alguém sem o seu consentimento. A maneira como ele é realizado pode muitas vezes ser mais prejudicial do que o bullying tradicional. Isso por conta das seguintes razões:
plataformas on-line têm acesso 24 horas;
espaços on-line são mais pessoais e íntimos;
é difícil registrar uma queixa séria e rastrear os culpados.
Atualmente, adolescentes sofrem mais por causa do cyberbullying on-line, pois têm mentes altamente impressionáveis. Quando postam fotos de forma casual no Twitter, Facebook ou Instagram e encontram alguém com má intenção, tentando prejudicá-las com mensagens de mau gosto, isso cria um enorme fardo mental sobre eles.
Muitas vezes, a perseguição cibernética e o assédio têm a força de afetar a reputação de alguém a tal ponto que as vítimas até pensam em cometer suicídio, em alguns casos isso realmente se concretiza. Tais tendências não são apenas perturbadoras, mas um crime grave para a sociedade a longo prazo.
Práticas de cyberbullying
Quando falamos de cyberbullying, existem alguns jargões oriundos da língua inglesa para nomear algumas práticas, como:
Hater: palavra que significa “aquele que odeia”. Refere-se àquelas pessoas que disseminam o ódio no ambiente virtual, atacam outras pessoas com ofensas e humilhações, de forma sistemática.
Revenge porn: essa expressão significa, literalmente, “vingança pornográfica”. E trata-se do ato de divulgar imagens eróticas ou de nudez, que uma pessoa confiou à outra, como forma de vingança e punição.
Sexting: palavra originada a partir dos termos em inglês sex (sexo) e texting (ato de trocar mensagens de texto ou conversar por plataformas virtuais).
Trata-se da troca de mensagens de cunho sexual, podendo ou não conter imagens de nudez. O sexting pode se tornar uma ferramenta de bullying, pois pode ser divulgado por aquele que recebeu as imagens.
Além disso, indivíduos mal-intencionados podem invadir os aparelhos, roubar e divulgar o conteúdo. E neste caso, a divulgação das imagens, que rapidamente viralizam na rede, criam uma vítima de cyberbullying.
Consequências do cyberbullying
Assim como ocorre com o bullying praticado fora do ambiente virtual, o cyberbullying pode ter sérias consequências para os jovens vitimados. Em geral, um quadro inicial de isolamento e tristeza pode evoluir para sérios quadros de depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do pânico.
Se o caso não for descoberto e as sequelas não forem tratadas, as vítimas de cyberbullying podem carregar consigo sintomas de trauma pelo resto de suas vidas, o que provoca, muitas vezes, baixo desempenho escolar, baixa autoestima, dificuldades em se relacionar com os outros e se colocar no mercado de trabalho quando na vida adulta, além de problemas da busca de alívio em drogas e álcool. Nos casos mais extremos, a vítima de cyberbullying pode cometer suicídio.
Abaixo, apresentamos algumas atitudes diárias no uso da internet, para evitar ser vítima de cyberbullying:
não expor muito a sua vida nas redes sociais;
evitar a exposição de intimidades na internet; • quando for atacado por alguém, bloquear essa pessoa;
não enviar fotos íntimas, contendo nudez parcial ou total, para outras pessoas, mesmo que seja seu/sua parceiro/parceira e que confie nessa pessoa;
em caso de exposição de fotos íntimas na rede, procurar uma delegacia de polícia para registrar imediatamente um boletim de ocorrência;
em caso de agressões que possam causar danos morais por injúria, calúnia e difamação, procurar uma delegacia de polícia e registrar um boletim de ocorrência;
se for vitimado por alguma agressão, antes de tomar qualquer atitude, converse com seus responsáveis ou algum adulto de sua confiança que possa te apoiar e te auxiliar.
Além disso, pais, mães e responsáveis devem sempre monitorar o que os menores fazem na internet, a fim de auxiliá-los quando sofrerem agressões ou no sentido de coibirem possíveis atos agressivos praticados por eles.
Dados de cyberbullying no Brasil
Em um levantamento realizado pelo instituto de pesquisa Ipsos, que entrevistou mais de 20 mil pessoas em 28 países, constatou que:
o Brasil é o segundo no ranking de cyberbullying no mundo;
30% dos pais ou responsáveis tem conhecimento de que os filhos se envolveram ao menos uma vez em casos de cyberbullying.
Em uma outra pesquisa, desta vez realizada pela Intel Security, envolvendo 507 crianças e adolescentes com idades entre 8 e 16 anos, constatou o seguinte em relação ao cyberbullying praticado no Brasil:
66% presenciaram casos de agressão na internet;
21% afirmam ter sofrido cyberbullying;
24% realizaram atividades consideradas cyberbullying.
Desses 24% que admitiram ter praticado cyberbullying em algum momento:
14% admitiram falar mal de uma pessoa para outra;
13% afirmaram zombar de alguém por sua aparência;
7% marcaram alguém em fotos vexatórias;
3% ameaçaram alguém;
3% zombaram alguém por conta de sua sexualidade;
2% postaram intencionalmente sobre eventos em que um colega foi excluído para ele ver que foi excluído.
É importante ressaltar que, entre os três principais motivos que as crianças entrevistadas apresentaram no intuito de justificar suas ações foram:
defesa (porque a pessoa que foi atacada as tratou mal antes);
não gostar da pessoa afetada;
ou por seguir outros que já praticavam as ações agressivas antes.
ANTERIOR: BULLYING NAS ESCOLASPRÓXIMO: SOLUÇÕES E MEDIDAS PARA TRATAR O BULLYIN
Para uma conscientização generalizada sobre a questão do bullying e os riscos sociais e psicológicos associados, e para proteger os interesses daqueles que são intimidados é preciso aplicar muita vigilância para garantir que ninguém seja prejudicado.
Diante da suspeita de intimidação, deve-se coletar provas o máximo possível contra eles e evitar ao máximo o contato, seja ele físico ou virtual.
Com relação às escolas, deve-se sempre informar os pais ou professores ou conselheiros sobre o bullying sofrido e, de modo algum, deve-se tolerar isso.
Como evitar o bullying?
Embora não haja como garantir que seu filho nunca será intimidado, algumas medidas têm se mostrado muito eficazes na redução do bullying em uma escala mais ampla:
Os pais devem começar a falar com seus filhos sobre bullying muito cedo, incluindo por que é errado e prejudicial, e o que fazer se virem outra pessoa sendo intimidada.
Os pais devem se esforçar para criar uma atmosfera de tolerância, respeito e compaixão em casa.
As escolas devem aumentar a supervisão de adultos (especialmente no parquinho, no ônibus e nos corredores entre as aulas).
As escolas devem envolver os pais em discussões e iniciativas de prevenção ao bullying.
Legisladores devem trabalhar juntos para criar — e impor — políticas claras e rigorosas antibullying.
Quais são as opções de tratamento para o bullying?
Perguntar às crianças especificamente sobre problemas com bullying durante as visitas no consultório— "Alguém está sendo mau com você?" — é o primeiro e mais importante passo.
Os profissionais e os pais também devem ficar atentos a sinais de estresse, tais como:
declínio repentino nas notas;
recusa à escola;
mudança abrupta nos padrões de sono;
perda ou ganho de peso inexplicável;
visitas frequentes ao consultório da enfermeira da escola.
Tratamento relacionado a depressão e ansiedade
Saber que uma criança está lutando com seus pensamentos e sentimentos é uma experiência perturbadora, mas é possível ajudá-la com um tratamento que siga as seguintes etapas:
elaborar um plano para parar o abuso;
ajudar a reconstruir sua autoestima;
ensinar novos padrões de pensamento construtivos para ajudá-la a ter sucesso no presente e planejar o futuro.
Psicoterapia
A psicoterapia ajuda a identificar, expressar e gerenciar seus sentimentos sobre sofrer bullying. Também ensinará novas habilidades importantes para superar esses sentimentos, reconstruir sua autoestima e se sentir otimista e confiante sobre o futuro.
A criança em questão pode receber terapia individual ou participar de sessões em grupo com outras crianças que trabalham questões semelhantes. Também é recomendável o aconselhamento familiar, que permite que pais, irmãos e outros membros da família participem de sessões de terapia infantil e aprendam novas estratégias em equipe.
Medicação
Se a depressão, ansiedade ou estresse não responderem adequadamente à psicoterapia, o médico pode recomendar a adição de um medicamento ansiolítico ou antidepressivo para a vítima de bullying.
Esses medicamentos podem ajudar a criança a se sentir mais relaxada e confortável enquanto ele está trabalhando no aprendizado e na prática de habilidades de enfrentamento através da terapia.
ANTERIOR: CYBERBULLYINGPRÓXIMO: LEGISLAÇÃO
No Brasil, algumas medidas para contenção do bullying estão em vigor. Em 2016, a Lei nº 13.185/2015 instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, com o objetivo principal de prevenir e combater a prática de bullying em toda a sociedade.
Para tanto, propõe-se a:
capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação de ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema;
implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação;
instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores; prestar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores;
integrar os meios de comunicação de massa às escolas e à sociedade, como forma de identificação e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo;
promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de uma cultura de paz e tolerância mútua; evitar a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil;
promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de bullying, ou constrangimento físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de escola e de comunidade escolar.
A lei institui também o 7 de abril como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas. A escolha da data está relacionada à tragédia que ocorreu em 2011, quando um jovem de 24 anos invadiu a Escola Municipal Tasso de Oliveira e matou 11 crianças.
Além disso, para combater o bullying, o Ministério da Educação (MEC) tem apoiado projetos de formação continuada para profissionais da educação (docentes e gestores) por meio do Pacto Universitário de Educação em Direitos Humanos, uma iniciativa conjunta do MEC e do Ministério da Justiça e Cidadania para a promoção da educação em direitos humanos no ensino superior.
Um dos projetos que integram o Pacto é o “Aprendendo a Conviver”, que traz estratégias para o enfrentamento da violência nas escolas, com apoio do MEC. Esse projeto atende a 370 professores de 114 escolas. O objetivo é capacitar os educadores e gestores para que reconheçam e adotem estratégias eficazes de prevenção e encaminhamento das situações de bullying.
Outro projeto que também é apoiado pelo MEC é o “Ser diferente, Ser Igual”, com a capacitação de 250 profissionais da educação básica na temática do bullying, violência, preconceito e discriminação nas escolas.
Estas propostas promovem o fortalecimento da cidadania de quem vive na área de alcance da escola e desenvolvem a troca entre educadores, para que todos reconheçam e adotem estratégias no intuito de prevenir e combater o bullying, a violência, o preconceito e a discriminação.
Cyberbullying
Nos casos de cyberbullying, apesar da sensação de segurança em que o agressor acredita estar, muitas vezes se escondendo atrás de um perfil anônimo, é importante ressaltar que ele está cometendo crime e pode ser punido.
O cyberbullying pode ser punido por meio do Código Penal quando configura:
crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria – Artigo 138 do Código Penal Brasileiro);
crime de injúria racial (ataques racistas – Artigo 140 do Código Penal Brasileiro);
exposição de imagens de conteúdo íntimo, erótico ou sexual (Artigo 218-C do Código Penal Brasileiro incluído pela Lei 13.718, de 2018).
Em todos os casos descritos acima, as punições previstas no Código Penal Brasileiro podem chegar a quatro anos de reclusão. Já na esfera civil, os praticantes de cyberbullying podem ser condenados a pagar indenizações por dano moral.
Nos casos em que o agressor é menor de idade, os seus responsáveis respondem pelos crimes diante do tribunal e podem ser condenados a pagar indenizações à vítima e a sua família.
E não se engane quanto ao anonimato, os perfis e e-mails falsos das redes sociais, utilizados por muitos bullies que não querem ter a sua real identidade revelada, podem ser rastreados e descobertos por meio da análise do endereço de IP (identificação de um dispositivo em uma rede), e isso ocorre por meio de uma investigação policial autorizada pelo poder judiciário.
ANTERIOR: SOLUÇÕES E MEDIDAS PARA TRATAR O BULLYINGPRÓXIMO: CONCLUSÃO