Vol. 8  •  N º 1  •  2 0 2 4

ISSN 2675-8326

LEI DA FLUORETAÇÃO DA ÁGUA NO BRASIL CELEBRA 50 ANOS

Há 50 anos atrás, no dia 24 de maio, foi aprovada a Lei 6050 que instituiu o ajuste da concentração de fluoreto para fins de prevenção da cárie dentária em nível populacional em locais que possuíssem estações de tratamento de água. O Decreto 76.872/75 atribuiu competência ao Ministério da Saúde para, em colaboração com órgãos oficiais e outros reconhecidos pelo Poder Público, promover as medidas necessárias à implementação da tecnologia de saúde pública.

Cabe lembrar que o Rio Grande do Sul foi o primeiro estado brasileiro a possuir uma legislação (Lei 3.125, de 18/06/1957), determinando a fluoretação das águas nas hidráulicas do estado. Um ano depois, a Assembleia Legislativa do estado de São Paulo promulgou a Lei nº 4.687, de 18/04/58, que autorizava o Departamento de Águas e Esgotos do estado de São Paulo, a ajustar a concentração de fluoreto na água destinada ao abastecimento público. 

Importante sublinhar  que o primeiro projeto de Lei determinando a fluoretação das águas destinadas ao consumo da população foi apresentado em 6/05/1963, um ano antes do início da Ditadura Militar. Onze anos depois, a Lei da fluoretação foi aprovada no Congresso Nacional.

O ano da aprovação da Lei foi marcado pelo ápice nos embates entre grupos moderados e extremistas, civis e militares, e pelo início de um projeto de distensão gradual destinado a restauração de processos democráticos no país. 

Após o período de redemocratização, e decorridos 50 anos, a Lei resistiu a três projetos de lei (PL) que propunham sua revogação (PL 510/2003; PL 95/2007 PL 6.359/2013). A rejeição desses PL pelo Congresso Nacional, a principal arena de deliberação de políticas públicas no país, agora em pleno Estado Democrático de Direito, equivale à reafirmação da relevância pública da Lei 6.050/1974.

Atualmente, mais da metade dos municípios brasileiros tem o benefício assegurado pelos responsáveis pelos sistemas de abastecimento de água alcançando cerca de 75% da população brasileira. 

LEGISLAÇÃO SOBRE FLUORETAÇÃO DA ÁGUA DE QUEENSLAND DEVE SER MODIFICADA PARA ELIMINAR AS DESIGUALDADES DE ACESSO AO BENEFÍCIO

Pesquisadores da Universidade de Queensland, publicaram artigo na revista The Medical Journal of Australia. Eles investigaram a relação entre o acesso à água potável fluoretada e as condições socioeconômicas em nível local no estado de Queensland, o terceiro estado mais populoso da Austrália concentrando 20% dos habitantes do país. Por meio da vinculação de dados ecológicos e geoespaciais, os autores observaram que cerca de 4 milhões de pessoas (79,4% da população) tinham acesso a água fluoretada. O acesso concentrou-se no extremo sudeste do estado nas áreas de melhor condição socioeconômica. Após o ajuste para o tamanho populacional, logaritmo da área geográfica e densidade populacional, a chance de acesso à água fluoretada quase dobrou para cada categoria de aumento do índice socioeconômico utilizado. Para concluir, os autores recordaram que o primeiro programa de fluoretação da água (FA) na Austrália começou em 1953.

 A cobertura passou de 69% em 2001 para 89% em 2010. Este aumento foi atribuído principalmente a uma mudança em 2008 na política estadual que aprovou legislação exigindo a FA em todo o estado. Com isso, aumentou a cobertura para 87% em 2012. Porém, naquele ano decisões sobre a FA foram transferidas do estado para governo local. Vários conselhos locais regionais descontinuaram a FA, reduzindo a cobertura para 72%. A decisão de 2012 de transferir a responsabilidade pelas decisões e pelo financiamento do governo de Queensland para os conselhos locais significou que os residentes em áreas socioeconômicas mais desfavorecidas passaram a ter menos chance de acesso à água fluoretada do que aqueles em áreas mais favorecidas, elevando o risco de cárie dentária dessas áreas de maior risco. Os autores concluíram que a política de FA de Queensland deveria ser revista a fim de eliminar a desigualdade sociogeográfica para que todos os residentes possam se beneficiar desta intervenção de saúde pública baseada em evidências para reduzir a prevalência de cárie dentária. 

Para ler o artigo, publicado em 2023, clique aqui.

TERCEIRA EDIÇÃO DO CURSO SOBRE FLUORETAÇÃO DA ÁGUA ABRIRÁ INSCRIÇÕES DE 15 A 17 DE MAIO 

A terceira edição do curso “Atualização em Fluoretação da Água de Abastecimento Público: Aspectos Operacionais e de Vigilância Sanitária – 3a edição” será oferecida de 12 de junho até 12 de outubro de 2024, por meio da Plataforma Moodle da Extensão USP (https://cursosextensao.usp.br).

Trata-se de curso gratuito, com 13 aulas, distribuídas em 5 módulos e carga horária total de 80 horas, desenvolvido 100% online em Ambiente Virtual de Aprendizagem próprio, na referida Plataforma da USP. 

O objetivo é propiciar a atualização sobre os aspectos operacionais e de vigilância sanitária da fluoretação da água de abastecimento público. Ele é destinado a profissionais e trabalhadores portadores de diploma de nível superior, vinculados às áreas de saneamento, abastecimento de água, meio ambiente e saúde.

Como é um curso ofertado na modalidade 100% a distância, o estudante realiza suas atividades, de qualquer lugar, a qualquer tempo, no ritmo definido por ele, para o período determinado para a oferta do curso. 

A segunda edição do curso encerrou-se em 12 de novembro de 2023. Matricularam-se 122 interessados. O curso iniciou em 12 de junho de 2023. Pelo sistema de auto inscrição, 108 profissionais que possuíam diferentes graduações e estavam vinculados a diversas instituições distribuídas em 17 estados da federação acessaram a página do curso no Moodle. Quanto à principal ocupação, 42,5% declararam-se profissionais de saúde bucal; 10,0% profissionais de saneamento; 15,0% profissionais de outras áreas da saúde; 16,2% estudantes de pós-graduação; 7,5% profissionais ligados a vigilância sanitária/ambiental; 8,8% professores universitários. A duração do curso foi prorrogada para 12 de novembro. Concluíram as atividades requeridas na plataforma Moodle 57 cursistas, um número relativamente alto comparado a taxa usualmente obtida por cursos desse tipo.

CECOL/USP LANÇA EPISÓDIO EM PODCAST SOBRE TRATAMENTO E FLUORETAÇÃO DA ÁGUA

O Centro Colaborador do Ministério da Saúde em Vigilância da Saúde Bucal, da USP (CECOL/USP), criou na plataforma Anchor um podcast chamado “A saúde de boca em boca” com o objetivo de oferecer uma fonte de informação confiável sobre o uso de fluoretos em saúde pública, entre outros aspectos, relacionados à resposta setorial e intersetorial mantida por políticas públicas destinadas à proteção da saúde bucal da população. As atividades do CECOL/USP configuram um projeto apoiado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP voltado à produção de ações contínuas de caráter educativo, social, cultural, científico ou tecnológico, em sintonia com valores, necessidades e expectativas da sociedade. Tais ações agregam excelência ao papel da Universidade no processo de inovação social e dinamização das políticas públicas. 

Neste terceiro episódio são abordados em linguagem comum, conhecimentos científicos sobre a segurança e os riscos da exposição ao fluoreto presente na água de beber para a dentição humana, e sua importância como uma tecnologia de saúde pública para o controle e a prevenção da cárie dentária em nível populacional, destacando-se a necessidade de se conhecer a concentração do fluoreto em qualquer alimento ou bebida. 

Para ouvir, clique aqui!


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