BRASIL SORRIDENTE CELEBRA 20 ANOS
Nos dias 13 e 14 de junho o Ministério da Saúde promoveu evento para celebrar os vinte anos do Brasil Sorridente, uma política nacional de saúde bucal integrada às demais políticas do SUS, e abrangente em decorrência do seu caráter intersetorial ao incentivar ações nas áreas de saneamento, bem-estar social, educação, administração penitenciária, direitos humanos, entre outras. A gravação da solenidade pode ser acessada aqui
Durante o evento, foram homenageados os participantes do Grupo de Trabalho responsável pela atualização do Guia de Recomendações do Uso de Fluoretos no Brasil cuja versão foi entregue para consulta pública: Branca Heloisa de Oliveira (Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitária, Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Carolina Dutra Degli Esposti (Depto. de Medicina Social, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo), Fernando Neves Hugo (Associate Professor and Chair, New York University College of Dentistry, United States of America), Franklin Delano Soares Forte (Depto. de Clínica em Odontologia Social, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba), Jaime A. Cury (Depto. de Biociências, Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas), Juliana Pereira da Silva Faquim (Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia), Marco A. Peres (National Dental Research Institute Singapore; Duke-NUS Medical School Singapore), Marcoeli Silva de Moura (Depto. de Patologia e Clínica Odontológica, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Piauí), Maria Augusta B. Rebelo (Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas), Pablo Guilherme Caldarelli (Depto. de Medicina Oral e Odontologia Infantil do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina), Paulo Capel Narvai (Depto. de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP), Paulo Frazão (Depto. de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP), Rafael Aiello Bomfim (Depto. de Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul). O prof. Paulo Frazão, coordenador do GT apresentou o significado geral da iniciativa durante o evento cuja gravação pode ser acessada. Aqui
QUALIDADE DA FLUORETAÇÃO DA ÁGUA NO ESTADO DE SERGIPE ESTÁ IRREGULAR
Regiane Cristina do Amaral1
Ana Cláudia de Souza Lima2
1 Prof. Adj. do Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe
2 Aluna de graduação do curso de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe
O Estado de Sergipe tem 75 municípios. A população de Sergipe em 2022 era de 8,4% sem acesso a água (SNIS), com melhora referente ao ano de 2021 que era de 10,9% (SNIS). Os municípios do Estado são em número de 75 em zona urbana, destes 51 com zonas rurais. A zona rural é abastecida por Carro-Pipa, SAA (Sistema de Abastecimento de Água), SAC (Solução Alternativa Coletiva) e SAI (Solução Alternativa Individual) e a zona urbana por SAA, SAC e SAI. A fluoretação das águas de abastecimento pública somente se dá por via SAA (SISAGUA).
Assim em 2023, Sergipe tinha 38 municípios com todos seus bairros fluoretados, 14 municípios sem qualquer fluoretação e 23 com cobertura parcial de fluoretação, ou seja, parte do município recebe fluoretação e parte não, independentemente da zona a qual está localizada. Em 2023, 91,4% da população sergipana recebia água por meio da SAA, destas 12,7% não possuíam água fluoretada, ou seja, 280.670 habitantes sem este benefício (SISAGUA – Cobertura de Abastecimento – SAA).
Contudo, para que a população tenha benefícios na prevenção da cárie dentária, a água fluoretada precisa apresentar concentrações ótimas, de acordo com a temperatura local. Em Sergipe ao longo do ano, em geral a temperatura varia de 23 °C a 31 °C (Weather Spark), desta forma segundo relatório da Vigilância da Fluoretação –2011 (CECOL/USP) os teores de fluoreto nas águas de abastecimento público considerados ótimos de acordo com a temperatura do Estado estariam entre 0,55 a 0,84 ppm F.
Assim, é importante que a água de qualquer município passe por controle de qualidade com relação ao nível de flúor na água de abastecimento público, até mesmo aqueles municípios que não contam com o benefício da adição de fluoretos, visto que pode haver água naturalmente fluoretada, com níveis ótimos, ou inadequados, acima do recomendado.
Em Sergipe, ao se analisar os dados do SISAGUA nos anos de 2019 a 2023, verificou-se que as médias de fluoretos nas águas de abastecimento em que o produto é adicionado para corrigir os teores naturais (61 municípios) foram 0,52 ± 0,22 mg F/L (2019), 0,39 ± 0,19 mg F/L (2020), 0,40 ± 0,24 mg F/L (2021), 0,32 ± 0,20 mg F/L (2022) e 0,40 ± 0,23 (2023). Constata-se que, levando em conta a variação aceitável, essas médias registraram valores situados abaixo dos níveis considerados ótimos em 2020, 2021, 2022 e 2023, e dentro do intervalo ótimo em 2019.
Os municípios que não corrigem os níveis de fluoretos em suas águas de abastecimento possuem teores em torno de zero, o que significa que esse meio para prevenir cárie dentária, como uma estratégia de saúde pública, segura e eficiente, não vem sendo utilizado.
Do total de 75 municípios, 53 não tiveram controle mensal em 2019, 56 em 2020, 46 em 2021, 48 em 2022 e 52 em 2023. Dentre os 61 municípios que fluoretam as águas de abastecimento público, em 2019, 25 tiveram concentrações de água dentro dos padrões considerados ótimos. Mas em 2020 somente sete municípios alcançaram essa classificação. Em 2021, dez municípios; em 2022, nove; e em 2023, 12 municípios.
Conclui-se que, apesar de o estado de Sergipe contar com um percentual alto de municípios que fluoretam as águas de abastecimento público (91,4%) – uma das melhores situações na região Nordeste – os teores oscilaram bastante nos últimos anos, recomendando-se que sejam aprimorados os processos de controle operacional, pelas empresas de saneamento, e de vigilância sanitária da água no âmbito do SUS.
MEDIÇÕES INVÁLIDAS FRACASSAM PARA ASSOCIAR A FLUORETAÇÃO DA ÁGUA COM DANOS COGNITIVOS
Investigações conduzidas no Canadá, aparentemente delineadas em conformidade com critérios científicos aceitos por pesquisadores de todo o mundo, não utilizaram medidas válidas para demonstrar a associação da exposição à água fluoretada em níveis ótimos com danos cognitivos.
Em março de 2024, quatro pesquisadores publicaram o artigo Flawed MIREC fluoride and intelligence quotient publications: A failed attempt to undermine community water fluoridation, na prestigiosa revista Community Dentistry and Oral Epidemiology. A revista está entre as cinco mais importantes da área e os pesquisadores pertencem ao Departamento de Ciências da Saúde Comunitária e Pediatria da University of Calgary, Alberta, Canadá; da Faculdade de Psicologia da Queen's University, Irlanda do Norte, Reino Unido; da Faculdade de Ciências Médicas da Newcastle University, Reino Unido; e do Departamento de Medicina Familiar e Comunitária Universidade de Calgary.
Eles avaliaram as evidências apresentadas em um conjunto de artigos que utilizam o banco de dados do estudo Canadian Maternal-Infant Research on Environmental Chemicals (MIREC) para afirmar que a fluoretação da água está associada a danos ao desenvolvimento cognitivo fetal e infantil. As informações derivam de uma coorte de aproximadamente 2.000 mulheres grávidas recrutadas em 10 centros em todo o Canadá, 2008–2011, que permitiu a medição de 512 crianças de 3 a 6 anos de idade em seis cidades. A exposição ao flúor foi medida pelo status de fluoretação da cidade, autorrelatos e amostras de urina materna. O Quociente de Inteligência (QI) foi medido usando a Escala Wechsler de Inteligência Pré-escolar e Primária (WPPSI-III) por diferentes avaliadores em cada cidade. Os autores demonstraram que as medições de fluoreto e QI do MIREC são inválidas e, portanto, não podem apoiar a afirmação de que a fluoretação da água está associada ao declínio do QI em crianças. Os autores concluem que os resultados das publicações sobre fluoreto e quociente de inteligência provenientes do MIREC devem ser considerados inaceitáveis para fins legais e políticos. Outros estudos sobre fluoretação da água e revisões sistemáticas não mostram nenhum efeito da fluoretação na cognição. O artigo pode ser acessado Aqui
CURSO SOBRE FLUORETAÇÃO DA ÁGUA: TERCEIRA EDIÇÃO EFETIVOU 180 MATRÍCULAS EM 2024
Ofertado gratuitamente pela FSP/USP, curso 100% EAD organizado pelo Centro Colaborador do Ministério da Saúde (CECOL/USP) para profissionais das áreas de saúde, saneamento, meio ambiente e comunicação social atrai interessados de todas as regiões brasileiras.
Para esta edição de 2024, a terceira, foram recebidas 460 inscrições de pessoas do Distrito Federal e dos 26 estados. Mas, após a entrega da documentação requerida, apenas 180 matrículas foram efetivadas pela Universidade de São Paulo (USP).
O curso, intitulado Atualização em Fluoretação da Água de Abastecimento Público: Aspectos Operacionais e de Vigilância Sanitária, teve início em 12 de junho e prosseguirá até 12 de outubro.
Trata-se de curso gratuito, com 13 aulas, distribuídas em 5 módulos e carga horária total de 80 horas, desenvolvido 100% online em Ambiente Virtual de Aprendizagem criado para o curso na Plataforma Moodle da Extensão, da USP (https://cursosextensao.usp.br).
O objetivo é propiciar a atualização sobre os aspectos operacionais e de vigilância sanitária da fluoretação da água de abastecimento público e se destina a profissionais e trabalhadores portadores de diploma de nível superior, vinculados às áreas de saneamento, abastecimento de água, meio-ambiente, saúde e comunicação.
Como é um curso ofertado na modalidade 100% a distância, o estudante realiza suas atividades, de qualquer lugar, a qualquer tempo, no ritmo definido por ele, para o período determinado para a oferta do curso.
Nesta terceira edição, a maioria das matrículas corresponde a mulheres (62,8%) e profissionais na faixa etária de 25 a 44 anos de idade (72,8%). Do total, 42,8% das matrículas referem-se a profissionais da região Sudeste; 25,0% do Nordeste; 15,6% do Sul; 9,4% do Centro-Oeste; e 7,2% da região Norte.