01 Graça: Gravidez na adolescência ... de Manaus

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA E EVASÃO ESCOLAR: RELAÇÃO E POSSÍVEIS FATORES EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE MANAUS

Anne Carolline dos Santos Graça[1]

RESUMO

Este trabalho foi realizado durante a disciplina Estágio Supervisionado 3, cujo objetivo foi investigar se havia alguma relação entre as alunas grávidas e a evasão escolar. Com o levantamento teórico feito, percebemos que este é um tema estudado e constatado em todo o Brasil. A pesquisa foi realizada com alunos do primeiro ano do Ensino Médio de uma escola pública de Manaus-AM, com idades entre 14 e 22 anos. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário semi estruturado, com participação voluntária e com consentimento dos entrevistados. A investigação sobre a evasão de alunos no ano anterior, 2012, foi feita junto à secretaria, com a disponibilidade de documentos oficiais cedidos pela Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino do Amazonas (SEDUC) à escola. Os nossos resultados nos indicaram: a iniciação precoce da atividade sexual, a escassez de conhecimentos sobre métodos contraceptivos e as grandes barreiras ainda presentes nas áreas que envolvem a sexualidade. Os resultados também explicitam a relação que há entre a evasão escolar e a incidência de gravidez precoce, neste trabalho a relação fica clara, frente à alta taxa de evasão e ao alto número de adolescentes grávidas evadidas, relatadas pelos alunos remanescentes.

PALAVRAS-CHAVE: Estágio, gravidez precoce, evasão escolar, investigação temática.

ABSTRACT

This work was carried out during a discipline called Supervised Stage 3, which my goal was to investigate whether there was any relationship between the pregnant students and truancy. With the theoretical survey, we realize that this is a studied and found throughout Brazil theme. The survey was conducted with students of the first year of high school in a public school in Manaus -AM, aged between 14 and 22 years. To collect data we used a semi- structured questionnaire with voluntary participation and consent of the interviewees. Research on the dropout of students in the previous year, 2012 , was taken by the secretariat , with the availability of official documents transferred by the State Department of Education and Quality of Teaching of Amazonas ( SEDUC ) to school . Our results showed us, early initiation of sexual activity , lack of knowledge about contraception and major barriers still present in areas involving sexuality . The results also explain the parallel relation between truancy and the incidence of early pregnancy , in this work the relationship is clear in front of the high dropout rate and the high number of teenage pregnancies circumvented , reported by the remaining students.

KEYWORDS: Internship, teen pregnancy, truancy, thematic research.

1 CONTEXTO DO RELATO

Este relato foi feito no decorrer na disciplina Estágio Supervisionado 3 que nos é ofertada no sétimo período do curso de Ciências Biológicas, onde somos encaminhados a sala de aula pelo professor supervisor da disciplina para acompanhar as aulas de Biologia. Nesta disciplina tivemos como objetivo elaborar uma intervenção relevante para a comunidade escolar. Para a elaboração desta intervenção partimos primariamente para uma investigação temática.

A investigação temática é na verdade a investigação da realidade, “o que se pretende investigar, realmente, não são os homens como se fossem peças anatômicas, mas o seu pensamento-linguagem referido à realidade, os níveis de sua percepção desta realidade, a sua visão do mundo” (FREIRE, 1983, p.103). Esta investigação da realidade educacional teve o objetivo de obter informações sobre esta e, com isso, possibilitar a realização de uma intervenção que tivesse uma grande relevância para a comunidade escolar, a partir da observação dos principais problemas encontrados nela.

Estagio nesta escola desde o início do ano de 2012 e um fator que me chamou atenção na mesma foi a grande incidência de alunas grávidas no início do ano, quando me deparei com esta fase do estágio, agora neste último semestre de 2013, procurei investigar se havia de fato alguma relação entre as alunas grávidas e a evasão escolar, que segundo alguns professores e dirigentes da própria escola cresceu muito no ano de 2012. Esta investigação da realidade da escola teve grande avalia para mim, pois constatando que este tem sido um problema da comunidade escolar, terei subsídios para minha intervenção, e não estarei simplesmente trabalhando com os alunos algo que foge da realidade dos mesmos, ou que já foi assimilado de forma correta pelos mesmos.

Partimos então para a nossa investigação propriamente dita. A investigação iniciou com a constatação da realidade desta problemática em todo Brasil, afunilando-a até a realidade da nossa cidade. Segundo Ribeiro et al. (2000) a adolescência é definida cronologicamente como o período compreendido entre 10 e 19 anos, no qual acontecem grandes mudanças físicas e psicológicas. É marcada também por especificidades emocionais e comportamentais que se refletem na saúde sexual e reprodutiva, tornando os adolescentes mais vulneráveis a riscos aos quais muitos adultos estão expostos, como por exemplo, a gravidez indesejada e as doenças sexualmente transmissíveis (VIEIRA et al., 2006). Segundo Steinberg (1996), o adolescente convive com uma dupla consciência: a do corpo já desenvolvido, mas o psicológico ainda imaturo. A menarca atualmente vem sendo antecipada devido à melhoria da alimentação. Graças a isso as relações sexuais também ocorrem mais cedo (KIPERMAN; JAWETZ, 1991; MONTEIRO; CUNHA, 1994; SILVA, 1984 apud DIAS; GOMES, 2000).

A gravidez precoce é constatada comumente, mas não exclusivamente, nas populações de baixa renda. Dentre outros fatores propícios estão às condições de vida desfavoráveis, a escassez no conhecimento sobre o funcionamento do próprio corpo, a falta de suporte afetivo da família, a deficiência de programas adequados de educação sexual e o tratamento dado pela mídia à questão (CARVACHO et al., 2008).

Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo lê-se: “o melhor método anticoncepcional para as adolescentes é a escola: quanto maior a escolaridade, menor a fecundidade e maior proteção contra doenças sexualmente transmissíveis” (DIMENSTEIN, 1999). Essa afirmação é corroborada por uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, que mostra que 32,5% das mães que engravidam na adolescência estudaram, no máximo, até a quarta série do ensino fundamental (ALTMANN, 2001). Pesquisas assim refletem o déficit que tem ocorrido no ensino de assuntos relacionados à gravidez nas escolas de ensinos de base, do 1º ao 9 º do ano ensino fundamental.

Pinheiro (2000) apresenta dados de diversas pesquisas que relacionam a maternidade ao abandono definitivo da escola, à institucionalização precoce de relacionamentos até então inconsistentes, à restrição das opções de vida e das oportunidades de inserção no mercado de trabalho. E não só o abandono por parte da adolescente, mas também por parte do pai que precocemente abandona a escola para propiciar um aumento na renda e arcar com a gravidez de sua parceira.

Os estudos de Carvalho e Matsumoto (2007) constataram que a gravidez na adolescência leva à evasão escolar da maioria das adolescentes grávidas. Não apenas a evasão é preocupante como a própria gestação é de alto risco, risco elevado para a mãe e para a criança, especialmente as de classes populares.

O número de crianças e adolescentes, com idade entre 10 e 19 anos, que deram à luz em sete das oito maternidades públicas de Manaus, aumentou 7,22% no período de um ano, entre 2010 e 2011, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SUSAM apud MESQUITA, 2012). Segundo Mesquita (2012), somente em 2010, um total de 8.600 mil jovens com idade entre 10 e 19 anos tiveram filhos na capital contra 9.221, em 2011. Neste mesmo artigo, o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, ressaltou que a taxa de natalidade entre crianças e adolescentes cresce por conta de uma série de fatores. Entre eles, está à falta ou negligência de informação e de qualidade de vida, além da ausência de métodos contraceptivos, planejamento familiar e até mesmo violência sexual. Um dos grandes problemas decorridos da gravidez precoce é quando as jovens mães decidem criar os filhos, abrindo mão da educação que ainda não foi concluída, lazer, entre outros aspectos, que a maioria não está disposta ou preparada a renunciar.

A fala de Alecrim corrobora a afirmação de Andréia Mônico (2010), ao relatar que a ocorrência de evasão escolar pode ser motivada por alguns casos de gravidez, mesmo que a escola não tenha sido informada. Portanto, orientar faz parte das relações, do afeto que se constrói e do processo educacional. Quando se aborda o papel da escola no enfrentamento da evasão escolar ocasionada pela gravidez na adolescência, está se direcionando aos profissionais que nela atuam.

Sabendo disto, após a constatação de uma alta taxa de evasão escolar na escola onde este estudo foi realizado, buscamos identificar o número de alunas grávidas, presentes na escola ou que já evadiram por conta da gravidez, junto aos alunos remanescentes na mesma. E conjuntamente avaliar o conhecimento dos alunos a respeito de métodos contraceptivos, já que a falta de informação é um fator colaborador para a gravidez precoce.

2 DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

A pesquisa foi realizada com alunos do primeiro ano do Ensino Médio, com idades entre 14 e 22 anos, numa escola do bairro Armando Mendes, na Zona Leste de Manaus.

Para a coleta de dados utilizou-se um questionário semi estruturado (Apêndice), com questões abertas e fechadas, com participação voluntária e com consentimento dos entrevistados. Os alunos responderam aos questionários durante o tempo de aula de biologia, podendo tirar todas as dúvidas concernentes às questões.

A investigação sobre a evasão de alunos no ano anterior, 2012, foi feita junto à secretaria, com a disponibilidade de documentos oficiais cedidos pela Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino do Amazonas (SEDUC) à escola.

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO

Com a ajuda da secretaria da escola se chegou a conclusão que dos 1.634 alunos que se matricularam na escola em 2012, 236, isto é cerca de 15%, abandonaram a escola no decorrer do ano. Dos alunos que evadiram, metade era do sexo feminino e metade do sexo masculino. Em comparação com o ano anterior, 2011, constamos um acréscimo de 13% na percentagem de evasão na escola, visto que em 2010 apenas 2% dos alunos matriculados evadiram. Dentre os 236 alunos que evadiram em 2012, 56% eram alunos do primeiro ano (Figura 1). Segundo Soares et al (2003), os estudos sobre a situação educacional juvenil comumente apontam a evasão escolar, feminina e masculina, correlacionada à condição de pai/mãe na adolescência, justificada pela necessidade de cuidado e do sustento do filho, particularmente quando acontece formação de novo grupo familiar. Logo a gravidez precoce pode estar sendo apontada tanto na grande taxa de evasão dos alunos quanto das alunas.

Este estudo teve a participação de 101 estudantes, dentre eles, 58 do sexo feminino e 43 do sexo masculino. O maior número de alunos ficou entre a faixa etária de 15 e 17 anos. Com maior concentração de alunos com 15 anos representando cerca de 38%, seguido pelos alunos com 17 anos com 25% e os alunos com 16 anos com 24%. As demais faixas etárias permaneceram com percentagem inferior a 6%.

Quando indagados sobre seu estado civil, 39% relataram que estavam namorando, 55% se diziam solteiros e 3% casados, os demais 3% incluem os que já moraram com um companheiro e os que deixaram a questão em branco (Figura 2). É interessante que mesmo que apenas 41% tenha se dito em compromisso, seja namorando ou casado, 52% dizem manter uma vida sexual ativa, isto é, dos 101 alunos, a maioria, 52 alunos, tem uma vida sexual ativa. Dentre estes, houve divergência entre a idade que os mesmos iniciaram a prática sexual, 33% iniciaram com 15 anos, 29% com 14 e 23% com idade igual ou inferior a 13 anos. Exceto os 12% dos alunos que deixaram a questão em branco, os demais 3% iniciaram sua prática sexual com idade superior a 16 anos (Tabela 1). Atestamos três alunas-mães e uma aluna e um aluno que admitiram já terem cometido aborto, no caso do aluno ele relata que sua namorada assim o fez.

Nossos resultados corroboram, entre outros estudos similares, os estudos de Borges (2005), segundo ele o início da atividade sexual tem sido cada vez mais cedo nos jovens, seus estudos com jovens de 15 a 19 anos, relatam que a vida sexual dos mesmos tem sido iniciada em média aos 15 anos de idade, fossem homens ou mulheres. Os dados presentes em nosso trabalho nos mostram que a maioria dos alunos entrevistados, cerca de 60%, iniciou sua vida sexual com idade inferior a 14 anos. O que nos sugere dizer que os jovens continuam iniciando sua vida sexual cada vez mais cedo. Ainda no trabalho de Borges (2005), em concordância com outros trabalhos, seus resultados demonstraram que os jovens têm iniciado sua vida sexual sem proteção contra gestações não planejadas e DST/AIDS. Logo, se nossos adolescentes têm iniciado a vida sexual mais cedo, provavelmente se incluem a esta porção que não se protege, sendo assim, inferimos dizer que eles conjuntamente estão se expondo cada vez mais cedo à gravidez não planejada e a DST/AIDS.

Dos que estavam namorando e casados, quando perguntados sobre o tempo que estavam com seus companheiros(as), 54% atestaram estar a menos de um ano com seu companheiro, seguidos por 20% que atestaram estar entre um e dois anos e 15% que não estipularam o tempo de convívio com o companheiro. Os demais relataram estar a mais de dois anos.

Tabela 1: Quantidade de alunos distribuídos de acordo com a idade do início da prática sexual.

Quando perguntados se conhecem alguma adolescente (entre 10 e 19 anos) grávida, 58% dos alunos admitiram que sim e 38% relataram que não conhecem nenhuma grávida, os demais não responderam a questão. Dentre as 58%, as grávidas conhecidas pelos alunos variam quanto às idades, idades estas que estão expostas na tabela 2.

Tabela 2: Número de alunos que desconhece ou conhece adolescentes grávidas distribuídas de acordo com suas idades.

Uma das perguntas mais relevantes da entrevista, indagava aos alunos se os mesmos viram alguma adolescente da sua escola que teve que se afastar das aulas por conta da gravidez. Em resposta a isto, 73% dos alunos disseram que sim e destes, 61% relataram que estas alunas já foram de suas turmas (Figura 2). Este resultado nos permite corroborar que a alta taxa de evasão na escola tem estreita relação com a incidência da gravidez. Este resultado nos surpreendeu, pois inferiu dizer que em todas as turmas entrevistadas os alunos presenciaram a evasão de adolescentes por conta da gravidez na atual escola.

Mesmo que apenas 23% dos alunos entrevistados relatem estar trabalhando, quando perguntados se teriam condições econômicas e emocionais para criar um filho nesta etapa da vida, 45% dizem ter condições para criar uma criança, enquanto 53% acreditam não ter, e os demais 2% não responderam a questão. Esta afirmação paradoxal daqueles que mesmo sem trabalhar atestam ter condições de criar uma criança pode ser explicada pelo psicológico ainda imaturo que eles possuem nesta fase de adolescência (STEINBERG,1996).

A maioria, 44% dos alunos, disse ter mais orientações sexuais em casa, seguidos de outros 24% que dizem ter recebido mais orientações dos amigos. Segundo 15% dos alunos, a terceira fonte de orientações é a TV e para outros 11%, as orientações foram recebidas de seus parceiros. Os demais deixaram a questão em branco. Como vemos a percentagem dos alunos que recebem orientação sexual em casa ainda é baixa. A metade dos alunos relata receber orientações sexuais de outras fontes. Acreditamos, assim como Carvalho (2007), que essa falta de liberdade com os pais acaba atrapalhando os adolescentes, pois nem sempre quem passa essas informações são pessoas preparadas para que haja um aprendizado saudável e seguro.

Dos alunos que recebem orientações sexuais em casa, 40% recebem essas informações frequentemente, alunos que somente às vezes são orientados representam 36%, 16% relatam que raramente recebem orientação e 8% relatam nunca terem recebido orientações sexuais dos pais. Este resultado mostra que ainda há uma restrição com relação ao diálogo sobre sexualidade entre pais e filhos, o que pode ser explicado pela conclusão de Cano & Ferriani (2000), é que embora os pais estejam preocupados com os filhos ante os problemas da sociedade atual, a maioria se sente despreparados para dialogar com eles sobre a sexualidade.

Apesar de se observar um alto número de adolescentes com a vida sexual ativa, apenas cerca de 20% soube conceituar métodos contraceptivos, isto é, descrevendo os mesmos como métodos para evitar a gravidez, 60% disseram não saber, nunca ter ouvido falar ou mesmo apenas exemplificá-los como anticoncepcionais, dentre outras respostas descritas na figura 3. Os demais 20% deixaram a questão em branco.

Dentre algumas afirmativas feitas pedindo que os alunos julgassem verdadeiras ou falsas, afirmações estas envolvendo os métodos contraceptivos, atestamos um grande número de erros nas afirmações: A) a pílula do dia seguinte é um bom contraceptivo. Nesta afirmação 74% julgou-a verdadeira, enquanto a maior parte dos especialistas da área a julgam como um método contraceptivo não muito confiável e que pode acarretar uma série de efeitos colaterais, sendo esta indicada para uso somente em último caso (ALDRIGHI,2010). B) o sexo seguro tem a ver com uma contracepção eficaz. Nesta, 72% julgou-a como verdadeira, quando na verdade a mesma é falsa já que o fato de estar usando um método contraceptivo (exceto a camisinha) não torna o sexo seguro, ou seja, não protege o usuário contra as doenças sexualmente transmissíveis.

45 alunos relataram que nunca tiveram aula e nem presenciaram nenhuma atividade escolar que envolvesse a temática sexualidade. Já 46 disseram ter estado presente em aulas que abordassem essa temática, mas apenas 33 classificaram estas aulas como “boas”, os demais taxaram as aulas como ruins, estranhas e bagunçadas. 36% dos alunos, que disseram ter participado dessas aulas, relatam que elas foram feitas por meio de palestras, na maioria das vezes feitas por especialistas que vieram até a escola. Os demais 10 alunos não responderam a questão. Um relato bem interessante de um dos alunos que diz não ter presenciado nenhuma aula envolvendo sexualidade, diz que:

-“Acredito que os professores não falam disso porque tem medo de dizer coisas que os alunos entendam mal e que os pais fiquem bravos”.(Aluna 1)

Por fim, quando foi pedido que eles classificassem o nível de conhecimento obtido por essas atividades na escola, 24% julgam ótimo, 35% bom, 35% razoável e 6% de ruim a péssimo.

Frente a esses resultados notamos uma grande lacuna na transmissão de orientações sexuais, que também é um papel da escola, pois considerando a precocidade da iniciação sexual, o desconhecimento dos jovens sobre os métodos contraceptivos, e a falta de diálogos sobre sexualidade com os pais, é fundamental o papel da escola, sendo um dos pilares de informação e formação dos jovens (CARVALHO, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os nossos resultados, quanto à iniciação precoce da atividade sexual, a escassez de conhecimentos sobre métodos contraceptivos e as grandes barreiras ainda presente nas áreas que envolvem a sexualidade, percebemos o quanto é importante que a escola cumpra seu papel de transmissão de conhecimentos envolvendo todas as áreas de forma sistemática, não permitindo que a área da sexualidade seja negligenciada por seus profissionais, pois o que percebemos é que a maioria das informações que os alunos obtiveram foi de fontes externas a escola.

Há, sem dúvidas, uma relação paralela entre a evasão escolar e a incidência de gravidez precoce, neste trabalho a relação fica clara, frente à alta taxa de evasão e ao alto número de adolescentes grávidas evadidas, relatadas pelos alunos remanescentes.

Por conta disso a escola necessita planejar e realizar ações que esclareçam seus alunos a cerca da sexualidade, pois assim estará evitando futuras evasões, não só por conta da gravidez não planejada, mas como foi discutido no decorrer do trabalho, aos diversos riscos que a atividade sexual precoce expõe os alunos.

É importante ressaltar que as orientações sexuais não são exclusivamente de responsabilidade da escola, mas está é apenas um pilar da base necessária para o esclarecimento dos alunos. Outros pilares são a orientação sexual provinda da família, sendo esta a peça fundamental na formação da identidade e no desempenho dos seus, e de outros programas governamentais, afinal esta temática também pode refletir em futuros problemas de saúde pública.

REFERÊNCIAS

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[1] Licencianda de Ciências Biológicas do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas. Orientada pelo professor da disciplina de Estágio Supervisionado Welton Yudi Oda. E-mail: carollinebio@gmail.com