EMBAP
Sua formação e relevância no campo artístico curitibano
Brenda Fernandes Alves Santos / Fernanda Gabriela Rocha dos Santos / Maria Fernanda Freitas Maciel / Vanessa Conke de oliveira
Brenda Fernandes Alves Santos / Fernanda Gabriela Rocha dos Santos / Maria Fernanda Freitas Maciel / Vanessa Conke de oliveira
Fundada em 1948, com o apoio de diversas instituições e sociedades, a Escola de Música e Belas Artes do Paraná teve sua estrutura de ensino elaborada pelo professor Fernando Correa de Azevedo que viajou a variados lugares a fim de estudar estruturas com o objetivo de adotar modelos mais experientes em sua unidade de ensino. Entre as escolas visitadas destacam-se: Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro, Escola de Desenho da Associação de Artistas Brasileiros, Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, Conservatório Dramático Musical de São Paulo, Escola de Belas Artes de Niterói e o Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul. Depois da viagem, o professor Fernando Correa de Azevedo reuniu um grupo de professores e assim, em outubro de 1949, a EMBAP estava oficializada pela Assembleia legislativa mesmo que já atuasse desde abril de 1948; o reconhecimento pelo Conselho federal de educação ocorreu em 1954.
A discussão sobre a criação da EMBAP solicita conhecimento anterior sobre o contexto da vida de Alfredo Andersen, considerado o pai da pintura paranaense, pois é ele quem cria projetos para institucionalizar a formação de artistas no estado do Paraná. Antes dele Mariano de Lima também realiza o mesmo esforço. O pintor e desenhista norueguês, nascido em 1860, Alfredo Andersen, inicia em seu próprio ateliê debates sobre arte num período em que o circuito artístico do Paraná estava ainda em construção. Logo, essas discussões o levam a estabelecer uma escola particular de desenho e pintura, em 1902, no mesmo local onde produzia suas pinturas.
É evidente que Andersen, além de ser muito importante para a formação de uma geração de artistas paranaenses, teve, também, um significativo papel na construção do conceito de identidade do Paraná (pintava e retratava paisagem e cenas de gênero, incluindo araucárias, que se tornou o símbolo do estado). Após a sua morte em 1935, ex-alunos e amigos do pintor criam Sociedade de amigos de Alfredo Andersen, onde discutiam sobre a criação de uma escola de belas artes; essas ideias se intensificam em 19
Segundo Renato Torres, paralelamente, Fernando Corrêa de Azevedo, músico, produtor cultural e diretor da Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê, convocava sete instituições e organizações a fim de formar uma Escola de Belas Artes, que focaria em lecionar música e artes plásticas. (2016, p.2)
Nessa época, 1940, o círculo artístico e cultural de Curitiba contava com determinadas instituições e/ou organizações de áreas diversas que acabaram por apoiar a elaboração do documento de criação da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Os grupos participantes do projeto e auxilio foram: Academia Paranaense de Letras, Círculo de Estudos Bandeirantes, Centro de Letras do Paraná, Centro Feminino de Cultura, Sociedade de Amigos de Alfredo Andersen, Instituto de Educação e Colégio Estadual do Paraná e Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê. Essas organizações possuíam grande influência em suas áreas, na Curitiba da época, e eram elas que legitimavam práticas associadas às áreas da cultura na cidade. Assim sendo, a mobilização dessas importantes instituições e sociedades somada ás tentativas de Alfredo Andersen de criar a escola de belas artes faz com que o processo fosse legitimado em 1947. (TORRES, 2016, p.3)
Com as mobilizações feitas, logo foi desenvolvido um memorial que solicitava a criação da EMBAP. Esse memorial foi levado ao governador Moisés Lupion que se comprometeu a encaminhar o processo a Assembleia Legislativa e contribuir com a instalação imediata da escola. Já implantada em 1948, conduzida por Fernando Corrêa de Azevedo, a Escola já estava em funcionamento antes da aprovação da assembleia legislativa em 1949. Devido ao processo e a movimentação a cerca da implantação da EMBAP, muitos jornais a abordaram como tema de matéria. (TORRES, 2016, p.4)
Fernando Corrêa de Azevedo achou importante, durante suas visitas a diferentes escolas, que o currículo de artes plásticas da EMBAP fosse baseado nas experiências pedagógicas da Escola de Artes de São Paulo, do Rio de Janeiro e das escolas presentes em Curitiba. (TORRES, 2016, p.5)
Vale destacar que o Governo possuía grande influência sobre o campo artístico tanto da época quanto de hoje. Em relação a Escola de Música e Belas artes, foi o Governador que incentivou, acelerou e garantiu a execução do projeto que já havia sido pensado a tempos, por Alfredo Andersen. Como reflexo do passado, a EMBAP formou sucessivas gerações de artistas paranaenses. Esse processo da formação de artistas permanece até hoje então é claro que a EMBAP foi, e continua sendo, agora como Campus I da Universidade Estadual do Paraná, um grande e importante espaço de formação de artistas dentro do circuito artístico e cultural de Curitiba.
Grade horária semanal do curso de pintura da EMBAP, do primeiro, segundo, terceiro e quarto ano (1948–1958):
É importante destacar que grande parte das disciplinas, da grade horária do primeiro e segundo ano, visavam um ensino tradicional com uma concepção conservadora a cerca dos conteúdos estudados. Por isso, os alunos eram submetidos a palestras e experiência de ateliê como parte de sua formação acadêmica. Entretanto, no estudo da natureza morta, dentro da pintura, já se notava técnicas mais modernas e abordagem de ideais progressistas. Além disso, as matérias e assuntos estudados, até mesmo a forma e ordem que eram abordados, representavam uma continuidade da proposta feita por Alfredo Andersen, que já havia abolido o desenho de desenho e inserido aulas de pintura de paisagem, e um distanciamento em parte das atividades básicas da concepção tradicional de ensino da arte. (TORRES, 2016, p.10/11)
www.embap.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=125
Imagem de Fernando de Azevedo. In: upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a4/Fernando_de_Azevedo_(1942).jpg/200px-Fernando_de_Azevedo_(1942).jpg
Imagem de Alfredo Andersen. In: upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/98/Alfredo_Andersen_-_Auto-retrato%2C_1926.jpg
TORRES, Renato. A criação da escola de música e belas artes do paraná e a estruturação do curso de pintura. Tese (história do ensino da arte, seu espaço e/em nosso tempo : o agora já é história). 2016. UEPG. Porto Alegre, RS
TORRES, Renato. O conservadorismo moderno na estruturação do projeto da escola de música e belas artes do paraná (1910-1950). Tese (Pós-Graduação em Educação, Linha de Pesquisa História e Historiografia da Educação). 2017. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017.