Praça 19 de Dezembro
Cristiano Maia Ferreira | Dayana Guimarães Neves | Felipe da Silva Ribeiro | Laura Rosas Gasparin
Cristiano Maia Ferreira | Dayana Guimarães Neves | Felipe da Silva Ribeiro | Laura Rosas Gasparin
Imagem 1: Praça 19 de Dezembro. Foto: Curitiba Space.
Imagem 2: Fotografias e Colagem: Laura Rosas Gasparin | Arquivo Pessoal, 2021.
Também conhecida como praça do homem nu, a Praça foi inaugurada em 19 de dezembro de 1953, e por isso recebe o mesmo nome. Sua idealização foi no programa de obras públicas em comemoração ao centenário de emancipação política do Paraná, segundo o site: Curitiba Space.
Ornamentada com diversos monumentos de artistas paranaenses, que adornam a beleza local, a praça é ponto de referência para quem procura história e beleza. Com muitas curiosidades a respeito de suas obras e artistas, este peculiar local curitibano é cheio de magia e mistérios. Suas estátuas, murais, fontes d´agua e obelisco mostram forte ligação com os ideias políticos e sociais da época e também grande divergência de opiniões ao longo do tempo. Muitas curiosidades em torno da idealização até a conclusão das obras nos levam a uma fascinante viagem histórica até ao marco do centenário da emancipação política do Paraná. E através de uma análise estrutural da concepção da praça, iremos abordar e observar seus aspectos simbólicos. ( texto opinativo).
Imagem 3: Capa. Doc. Comissão Comemoração Centenário Paraná.
Imagem 4: Fac. Simíle da lei que criou a Província do Paraná.
Imagem 5: Fac. Simíle da lei que criou a Província do Paraná.
Imagens reproduzida através do documento: Comissão de Comemoração do Centenário do Paraná. O Estado do Paraná, 19 dez. 1953 (Edição Especial): magens: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/116187
Hoje, após tantos conflitos e julgamentos, podemos ver como esses monumentos são parte de um sistema simbólico da cultura paranaense, com poder para demonstrar dentro do campo social de uma cidade, como a comunicação artística é importante para definirmos e construirmos uma linguagem sócio-humana-cultural. "Os símbolos são os instrumentos por excelência da integração social: enquanto instrumento de conhecimento e comunicação, eles tornam possível o 'consensus' acerca do sentido do mundo social que contribui fundamentalmente para a produção de ordem social". (BOURDIEU, 1989, p.10)
Quem contempla a praça 19 de dezembro, não faz ideia de quantos conflitos, lutas e embates os agentes envolvidos passaram. Podemos iniciar dizendo que o conjunto que hoje vislumbramos, é um reduzido esboço da praça daquilo que seria um audacioso projeto do governador da época, Bento Munhoz da Rocha Neto, para a construção do centro cívico de Curitiba, que incluia o projeto para comemoração do centenário de emancipação paranaense. O objetivo era modernizar a capital paranaense, através de monumentos arquitetônicos grandiosos. A proposta era de um novo complexo com diversas obras de arte, estatuas, afrescos, mosaicos, painéis, espelhos d’agua, obeliscos de 80m, palácios e muito mais. (ALVES, 2021, p. 4)
Imagem 6: Maquete de propósta para o a Assembléia no Centro Cívico apresentada na revista L'Architecture d'Aujourd'hui. N.42. Ano 1952.P.48.
Aqui já podemos destacar um dos grandes conflitos; a execução dessas obras e projetos envolveram muitos agentes locais e externos, agentes públicos e privados. As obras de arte e estátuas foram encomendadas separadamente e de diferentes artistas. (ALVES, 2021, p. 20).
O idealizador do projeto, David Xavier de Azambuja, apesar de curitibano, trabalhava e morava no Rio de Janeiro. Sua equipe, membros da chamada “escola carioca”, eram profissionais renomados, representantes da arquitetura moderna. (ALVES, 2021, p. 15).
Porém, o Governador Munhoz da Rocha não aprovou o que os arquitetos do Rio haviam proposto. (ALVES, 2021, p. 22).
E havia sido estabelecido no contrato entre o governador e o primeiro chefe de engenharia do projeto, Elato Silva, 1951, que deveria ser obedecido e assegurado que os projetos seguiriam a primazia dos arquitetos do Rio de Janeiro. O grupo de arquitetos carioca queria demonstrar através de suas obras uma linguagem moderna ligada à ideia de brasilidade, porém essas ideias não estavam alinhadas com as da elite e do grupo no poder em Curitiba. (ALVES, 2021, p. 15).
Apresentava-se então a dificuldade de entendimento sobre a relação entre região e nação, e isso logo trouxe problema para a execução do projeto. Segundo Alves, a elite paranaense não se dobraria à essa ideia de brasilidade. Essa tensão fez com que o contrato não seguisse adiante, todavia deu-se continuidade a um segundo plano: o Governador Munhoz da Rocha contratou o escultor curitibano Erbo Stenzel. (ALVES, 2021, p. 20).
Imagem 7: Maquete do Monumento ao Centenário do Paraná. Revista Brasil Arquitetura Contemporânea. N.1. Ago/Set de 1953.
Imagens: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/116187
Stenzel foi contratado para executar, entre outras obras, 21 estatuas, representando figuras humanas, associadas aos 21 estados brasileiros daquela época. O Paraná seria um “adolescente” dando um passa à frente, destacando-se das demais figuras que representariam os outros estados brasileiros. (ALVES, 2021, p. 21).
Segundo Alves, o escultor alegou dificuldades para a execução do projeto, pela sua complexidade e também pela falta de local apropriado para tanto.
Convenceu Munhoz da Rocha a construir apenas uma figura masculina, que representaria o Estado do Paraná, a força do homem paranaense olhando para o futuro. Hoje, é a estátua que se encontra na praça 19 de dezembro, mais conhecido como a estátua do homem nu. (ALVES, 2021, p. 21).
Tais alterações do escultor paranaenses no projeto inicial não foram bem vistos pelos arquitetos cariocas. O governador insistiu e negociou com a equipe, tendo então uma proposta híbrida. Um monumento ao centenário do Paraná, com estatuas abstratas, espelho d’agua, painéis, que seriam construídos no meio da praça do Centro Cívico (imagem acima). (ALVES, 2021, p. 22).
Em decorrência de muitas divergências após esse segundo plano, todo o projeto foi novamente repensado. O obelisco foi simplificado, com linguagem abstrata, e a figura humana que representaria o Estado do Paraná também foi simplificada. Por questões políticas, o plano inteiro do centenário foi deslocado para um local a poucas quadras de onde seria construído o Centro Cívico de Curitiba, a praça que hoje recebe o nome de Praça 19 de Dezembro. Essa nova proposta é assinada por Erbo Stenzel e outros arquitetos de renome. Stenzel tentou convencer o Governador a instalar a estátua do Homem Nu na avenida de acesso ao Centro Cívico (Rua Cândido de Abreu), mas sem êxito. (ALVES, 2021, p. 22).
Imagem 8 : Maquete " A Praça de 19 de Dezembro na obra de Erbo Stenzel". Fundação Cultural de Curitiba. 30 de abril de 11953.
Imagens: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/116187
Então, na data prevista (19 de Dezembro de 1953), inaugurou-se o tão esperado monumento em comemoração ao centenário de Emancipação do Paraná, porém com poucas honrarias e sem o prestigio aguardado e merecido, pois foi entregue em uma quarta-feira às 10:30 da manhã, sem o devido cerimonial. Neste momento o projeto ainda não estava concluso da forma prevista, e a praça foi inaugurada apenas com o obelisco. (O Dia,1955, Ed. 09986).
O restante do projeto foi instalado nos anos posteriores, e seriam oficialmente entregues em 15 de junho de 1955. (O Dia,1955, Ed. 09986).
Imagem 9: Fotografia: Laura Rosas Gasparin | Arquivo pessoal
Monumento histórico criado e executado pelo artista curitibano Napoleon Potyguara Lazzarotto, comumente conhecido por Poty Lazzarotto, no ano de 1953.
Nas reflexões do blog Fotografando Curitiba: Painel de Poty Lazzarotto na Praça 19 de Dezembro, é como uma linha do tempo retratada por meio de imagens. Mostra garimpeiros, jesuítas, bandeirantes, um grupo de pessoas reunidas, a navegação fluvial e colonos terminando com a instalação da província, representada pela figura do primeiro presidente, Zacarias.
A memória reproduzida no painel remete às origens e ao trabalho do povo paranaense. Dos temas tratados, destaca-se o café, naquele momento, a maior riqueza do Estado. Este monumento foi projetado por Poty em ordem cronológica, onde os momentos marcantes descrevem o tipo de produção da economia paranaense, os tipos étnicos do período colonial até a formação da província e a chegada de imigrantes europeus. (SANTOS, 2016, p. 72)
O painel apresenta uma narrativa composta em sete cenas. A ideia de movimento apresenta-se pela linguagem descritiva e pelo formato do painel ondulado. O tratamento é naturalista na anatomia de alguns personagens e apresenta forma pictórica a evolução histórica econômica do Paraná.(SANTOS, p.69) A versão que o artista traz nas imagens heroicas, valoriza determinados personagens como o bandeirante, o tropeiro e enfatiza o processo de instalação da província.(SANTOS, p. 81)
Para elaborar o painel, Poty utiliza uma estrutura semelhante a uma história em quadrinhos. São imagens sequenciais que relatam os fatos ocorridos na época. A primeira imagem ilustra a mineração, uma das atividades mais importantes do período colonial. Na segunda cena, presenciamos a religião. Destacam-se os jesuítas, convertendo indígenas ao Cristianismo e ao fundo uma oca. O índio de braços abertos submete-se à religião. Outros religiosos posicionam as mãos na cabeça de um nativo que encontra-se ajoelhado, o que poderíamos interpretar como sendo do sexo feminino, mas o artista não deixa isto claro. (SANTOS, 2016, p. 72)
A terceira cena retrata um personagem que pode ser identificado como um bandeirante. Poty desenha um cavalo, entretanto, o animal mais utilizado neste período teria sido a mula, devido à sua grande resistência em terrenos ainda não explorados. Neste caso, observa-se uma representação romântica e idealizada do bandeirante heroico desbravador. (SANTOS, 2016, p. 72)
Em seguida, vemos ao fundo a exploração da mata com um lenhador trabalhando. Uma reunião que poderia ser de negociantes ou de uma movimentação em prol da emancipação da província. Estes homens vestidos formalmente são assistidos por um homem que por seu cabelo e corpo nu entende-se que é um indígena. Esta cena pode ser interpretada como o primeiro habitante das terras paranaenses assistindo a chegada da civilização e do progresso. (SANTOS, 2016, p. 72). Posteriormente, vemos os tropeiros transportando mercadorias que depois serão levadas pelos rios. É o comércio chegando aos pontos mais afastados do território. São representações nativas. (SANTOS, 2016, p. 73)
A participação da mulher ocorre apenas na última cena. Zacarias ao final do painel recebe e conversa com dois agricultores, um homem forte e esbelto ao lado de uma mulher que Poty retrata como uma pessoa sofrida devido ao trabalho estafante na agricultura. Esta segura um saco com a colheita ou as sementes pendurado no corpo. Atrás deles encontra-se uma mulher ou pessoa semelhante que colhe ou planta. Entre eles a mesma silhueta que ceifa, usando a foice. Entre Zacarias e os dois vemos o pinheiro considerado pelo Movimento Paranista, o símbolo do Paraná. (SANTOS, 2016, p. 74 -75)
O painel entende-se como peça do patrimônio artístico do Paraná e no aspecto da educação estética e simbólica como uma forma de estratégia utilizada pelo governo que o encomendou para transmitir valores inerentes ao contexto da década de 1950. Esta manifestação possui representações de uma memória histórica paranaense com sentido de construção de uma identidade, quando faz uso de personagens e símbolos pertencentes à história tradicional do Paraná. (SANTOS, 2016, p. 84)
Também pode ser considerado uma fonte histórica para analisarmos o momento do centenário. No painel vemos a versão imagética do artista com base em uma história oficial e que atendia os governantes em 1953 que encomendaram o mural.(SANTOS, p. 74) O uso da memória do painel certamente se identifica um discurso iconográfico que relacionou alegoricamente a história da emancipação política, ocupação e desenvolvimento do Paraná no final do século XIX e início do século XX.(SANTOS, p.75)
Na narrativa visual esboçada por Poty, deixa transparecer nas representações dos personagens bem demarcados na história do Paraná, como os indígenas, os jesuítas e o tropeiro. A participação do escravo africano no Paraná parece não estar representada no painel. Não há referências explícitas. A presença dos indígenas nos desenhos de Poty é visível. O índio é um personagem romântico, também heroico. O tropeiro e o bandeirante são desbravadores corajosos e estão representados.(SANTOS, p. 76)
A imagem sobrevive ao tempo e ultrapassa as fronteiras sociais pelo sentido da visão. No campo da cultura visual, principalmente no que tange ao complexo mundo da arte e seu envolvimento com a política, ao longo da história, arte e artistas estiveram intimamente ligados em um contexto de produção de imagens vinculadas a circulação e promoção de "emblemas e símbolos que dão contorno ao imaginário da política". Nessa esfera de construção de emblemas o poder político representado pelo Estado, foi decisivo para o desenvolvimento das artes. Por meio de suas encomendas, o Estado define a participação das artes na vida política. (SANTOS, p. 83)
Imagem 10 e 11: Fotos: Laura Rosas Gasparin | Arquivo Pessoal, 2021
Imagem 12: Poty Lazzarotto. Um destino à obra de Poty. Curitiba, 2008. Foto: Gazeta do Povo
Napoleon Potyguara Lazzarotto (Curitiba,1924 - Curitiba,1998) foi gravurista, desenhista, ilustrador, muralista e professor. Seu principal legado são os painéis que compõem o cenário urbano da capital paranaense, como a fachada do Teatro Guaíra e as obras nas praças 29 de Março, 19 de Dezembro, além do saguão no Aeroporto Afonso Pena, por exemplo. (Enciclopedia Itaucultural)
Imagem 17/ 18/ 19: Fotos: Laura Rosas Gasparin | Arquivo Pessoal, 2021.
Idealizado por Erbo Stenzel e executado em granito por Humberto Cozzo, este monumento em forma de biombo, tem como tema os ciclos econômicos do Paraná. São eles: extrativismo, colonização e os ciclos do trigo, da erva-mate e do café.
Este projeto destaca o processo de ocupação do Estado por indígenas, bandeirantes e trabalhadores em geral. A última cena exibe sacas de café empilhadas, sinalizando a abundância da mercadoria. (Fotografando Curitiba)
Nas reflexões do Boletim Romário Martins, edição 131, para as comemorações do sesquicentenário de emancipação do Paraná, realizadas em dezembro de 2003, o painel de granito foi restaurado e o painel em azulejo recebeu alguns reparos executados pelos alunos do Restauro Arquitetônico e Escultóreo, financiado pelo Ministério do Trabalho italiano e promovido pelo Centro de Cultura Italiana em parceria com a Fundação KEPHA, (Centro Internacional de Formação do Vaticano), Fundação Cultural de Curitiba e Secretaria Estadual da Cultura. Em junho daquele ano, uma solenidade realizada na praça, marcou a entrega desses monumentos à população.
Fonte: https://pergamum.curitiba.pr.gov.br/vinculos/monogr/Texto/boletim_romario_131.pdf
Professor e escultor paranaense, Stenzel nasceu em Paranaguá no ano de 1911. Estudou na Escola Alemã, na época situada onde hoje é a Praça 19 de Dezembro. Foi aluno de Lange de Morretes e posteriormente estudou na Escola Nacional de Belas artes , localizada no Rio de Janeiro, onde formou-se com medalha de ouro.
Elaborou também, a obra "Água Para o Morro", uma escultura expressiva que retrata o sofrimento de uma afro-brasileira, com um balde d'água acima da cabeça. Retornou para Curitiba em 1949, onde lecionou Anatomia e Fisiologia Artística na Escola de Música e Belas Artes do Paraná.
Foi contratado pela Secretária de Educação e Cultura, como inspetor de alunos do Instituto de Educação em maio de 1950.Fonte: Portal Dia a Dia Educação, redigido pela Secretaria da Educação do Paraná. Disponível em: <Erbo Stenzel (1911-1980) - Disciplina - Arte (seed.pr.gov.br)> Acesso em: 29 de Julho de 2021.
De acordo com o site https://pt.wikipedia.org/wiki/Erbo_Stenzel, o processo de formação de novos artistas dedicados à arte escultórica era dificultado pela falta de um atelier com dimensões próprias para o desenvolvimento das atividades pertinentes a esta arte. Em 1950 montou o seu atelier na Rua Nilo Peçanha. Erbo dedicava-se ao xadrez, que lhe rendeu muitos prêmios e reconhecimento nesta área.
Recebeu vários convites para participar, como jurado, em salões de arte, entre eles: II Salão de Artes Plásticas para Novos (1958); 52° Salão Nacional de Belas Artes (1947); 9° Salão Paranaense de Belas Artes (1952); 14º Salão de Belas Artes de Primavera (1962).
Seu interesse pelas artes plásticas transcendia sua própria produção e pode ser avaliado na farta documentação que reuniu sobre as atividades artísticas de seus contemporâneos, como: Zaco Paraná, João Turin, Lange de Morretes, Poty Lazzarotto e alunos como Jair Mendes, Abraão Assad, Fernando Velloso, entre outros.
Em 1971, quando a paralisia comprometeu sua autonomia, Stenzel deixou a casa onde morava para viver no Lar Dona Ruth, sendo transferido mais tarde para o Lar Betesda da Associação Cristã Menonita, onde morreu no dia 23 de julho de 1980. Em 22 de junho de 1998 foi inaugurada a Casa Erbo Stenzel, museu destinado a manter o acervo biográficos do artista.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Erbo_Stenzel
Vídeo : Antigo Museum/Casa do Artista Erbo Stenzel, antes do Incêncio: https://images.app.goo.gl/QSRmuh9Fv8BPjESD8
Imagem 30: Humberto Cozzo. fonte: http://revistacazemek.blogspot.com/
Escultor paulista, Bartolomeu (mais conhecido como Humberto) Cozzo nasceu em 1900 e faleceu em 1981 no Rio de Janeiro. Concluiu o curso do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo , frequentando em seguida o ateliê de Amadeu Zani.
Em 1922, conquistou o primeiro prêmio de escultura do Salão do Centenário. Mudou-se para o Rio de Janeiro, após vencer o concurso público destinado à execução de uma estátua do escritor José de Alencar, a ser instalada em Fortaleza, capital do estado do Ceará.
Fonte: Disponível em: <Humberto Cozzo obras e biografia - Guia das Artes> Acesso em: 29 de Julho de 2021.
Sua vasta produção espalha-se por várias cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, destacam-se os trinta e três baixos-relevos em mármore executados para o antigo prédio do ministério da Fazenda, o mausoléu aos mortos na insurreição comunista de 1935, no Cemitério de São João Batista; o monumento a Machado de Assis, situado em frente ao prédio da Academia Brasileira de Letras; a herma de Olavo Bilac, no Passeio Público; o mosaico da fachada da sinagoga situada na rua Tenente Possolo; e as esculturas e altos relevos da Catedral de São Sebastião.
Evidenciam-se também o painel em relevo para a palácio do governo do Paraná e o Monumento do Centenário, ambos localizados em Curitiba. Há também o Altar da Pátria, em João Pessoa (PB); o monumento à Princesa Isabel, em Juiz de Fora (MG); e a ornamentação do jazigo da Princesa Isabel e do Conde d’Eu, na catedral de Petrópolis (RJ).
Fonte: Disponível em: <Humberto Cozzo obras e biografia - Guia das Artes> Acesso em: 29 de Julho de 2021.
Imagem 21: Foto: http://www.circulandoporcuritiba.com.br/
Imagem 22: Foto P/B. Erbo Stenzel e Humberto Cozzo. Artistas responsáveis pela elaboração e execução da Estátua. Instalação da estátua do Homem Nu na Praça Dezenove de Dezembro.
Instalada na formosa e recém-reformada praça 19 de Dezembro, é uma das belas esculturas que ornamentam a capital do estado paranense. Mede 8 metros de altura, pesando 70 toneladas, e dividida em 4 blocos, e foi produzida em pedra granito, oriundo de Petrópolis/RJ . (SILVÉRIO e WELLNER, 1993, s.p.; GONÇALVES, 2001, p. 139).
Está posicionada de frente para ao noroeste. Pode-se dizer que realmente representa a força do homem paranaense, que apesar de outrora ter sofrido ataques tão ferrenhos, é forte o bastante para esbanjar sua beleza, desde seus irregulares traços, até sua maestria e grandiosidade aos olhos daqueles que o observam.
A data seria marcante, a comemoração do Centenário de Emancipação do Estado do Paraná. Porém muitos embates ideológicos, políticos e sociais marcariam a história da feitura de uma estátua que, deveria representar o homem paranaense.
No entanto, tal evento, trouxe à tona discussões sobre pontos críticos pautados exacerbadamente, com vieses ideológicos de cunho xenofóbico e racistas, no cenário da cidade de Curitiba nos anos 50.
Embora o cenário parecesse favorável aos rumos em que as duas correntes políticas dominantes da época queriam, os bastidores e disputas entre o governador posto e o deposto eram deveras turbulentos. Os jornais da época, "Gazeta do Povo" e "O dia" costumavam utilizar seus posicionamentos para atacarem seus opositores políticos. Desta maneira, como poderemos notar adiante, os jornais queriam nortear os olhares de parte da sociedade para a diminuição da grandiosidade de tal obra, haja vista que um certo grupo já estava contra a escultura, em consonância contrapondo-se às obras propostas pelo governador. Então, em uma assembléia, o governador Bento Munhoz da Rocha, em tom de animosidade, declarou sobre o governo de seu antecessor, Moysés Lupion: “Entretanto, a imprevidência e a desordem financeira, não souberam aproveitar as condições excepcionais em que a evolução do Estado se processou ultimamente. Firmaram-se contratos onerosos e lesivos ao interesse do Estado.” (NETO, 1951, p. 5) .
A imprensa teve papel fundamental na disseminação de ideias favoráveis e contrárias, pois dependia de que lado se estivesse nessa guerra. De um lado encontrava-se o relator chefe, Roberto Barrozo, do jornal "O Diário da Tarde", aliado político do então governador Bento Munhoz, que apesar de tê-lo como aliado, este não inspirava-lhe muita confiança. E o seu jornal circulava muito pouco entre as massas, contudo atingia a elite. Do outro lado os jornais "Gazeta do Povo" e o "O Dia", em que este último, 49 % das ações pertenciam a Moysés Lupion. (REBELO, 2005. p. 226). Então, o Governador decidiu apoiar a criação de um jornal para que lhe fosse mais favorável nessa briga, pois este tinha como certo sua desvantagem. É então que surge o jornal "O Estado do Paraná", apoiado por empresários e políticos ligados ao Partido Republicano (PR). Esta contenda perdura por um bom período, até a ditadura militar arrefecer os ânimos entre os agentes envolvidos. Ibid.
Bento Munhoz tinha um programa de governo a ser cumprido. Entre os projetos estava a comemoração do centenário de emancipação do Paraná que aconteceria na data de 19 de dezembro de 1953. Desta forma criou duas comissões atribuindo-as devidas responsabilidades, Comissão Especial de Obras do Centenário (CEOC) sob a lei nº 674 de 29 de agosto de 1951, cria a Comissão Especial de Obras do Centenário, publicada no Diário Oficial nº 145 de 30 de agosto de 1951. e a Comissão de Comemorações do Centenário do Paraná (CCCP) em 1952, sob o decreto nº 9.754 de 1953.
Após, o vai e vem de aprovação e rejeição de projetos propostos pela comissão, em consonância com arquitetos do Rio de Janeiro, segundo Alves Fulano de tal, nada do que aprovavam parecia assemelhar-se com o que o governador tinha em mente. Assim, este contrata o escultor paranaense Erbo Stenzel para realizar o monumento peculiar que tinha em mente.
Stenzel havia sido discípulo de João Turin, escultor pioneiro de Curitiba. No final de 1930, recebera uma bolsa de estudos para aperfeiçoar-se no Rio de Janeiro, estudando na Escola Nacional de Belas. Galgando reconhecimento pela sua trajetória na capital Paranaense. Foi então que, com a morte de João Turin, no ano de 1949, o governo de Moysés Lupion convidou-o a retornar a capital Paranaense prometendo-lhe um Ateliê e emprego na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. (STENZEL, 1941 [panfleto]).
Por sua trajetória e formação, Stenzel não era um artista bem visto aos olhos dos modernistas. Apesar de não ser a escolha que agradaria os arquitetos da época, este era o que geraria melhor autonomia e menor custo para o Governo. Uma vez que artistas dependiam economicamente do governo vigente, e essa foi uma das razões para Stenzel aceitar idealizar o projeto. Geraldo de Camargo, em sua pesquisa sobre o movimento Paranista, levanta questionamentos a respeitos da dependência em que “artistas plásticos, majoritariamente filhos de imigrantes, profissionais por formação”, a terem que despender seus trabalhos à apresentação visual sob a ótica ideológica da identidade paranaense com origem no "âmbito dominante social” – “literatos luso-brasileiros oriundos de famílias estabelecidas desde a emancipação da província” (CAMARGO, 2007, p. 9).
Porém, o artista faz ressalvas a respeito, evidenciando possíveis problemas na execução, pois no projeto estavam a realização de 21 figuras representando os estados brasileiros vigentes, sendo que uma delas seria um adolescente, e, neste caso a evidencia do adolescente em meio a tantas outras seria deveras impossível. Ideia esta associadas ao movimento paranista, onde em 1948, a revista A Divulgação, apresenta um editorial intitulado “Paraná em Franca Expansão”, retratando uma imagem de um trabalhador descalço, forte, com as mangas da camisa arregaçadas, rompendo uma grossa corrente com um berro. (MACHADO, 2012, p.82).
Segundo Gonçalves, o Paraná teria destaque, pois seria representado por um adolescente, este dando um passo à frente, e rompendo correntes presas aos pulsos, com intuito de simbolizar a libertação de vínculos políticos nos quais o Paraná sujeitava-se, por ser província do estado de São Paulo. (GONÇALVES, 2006, p.151). ( Foi modificada a ordem, inseridas informações, e fundamentado) A partir do ocorrido supracitado, Stenzel propõe novo projeto ao governador reduzindo-o à dois elementos: a figura humana vertical e o painel horizontal, sendo que o acordo seria situá-los em frente ao palácio do Poder Executivo. E desta forma, misturariam-se junto ao obelisco e ao espelho d’agua que por sua vez fazeriam-lhes companhia. (GONÇALVES, 2006, p.151).
De acordo com o livro oficial do Estado do Paraná, "Comissão de Comemoração do Centenário" de 1953, por razões políticas, o conjunto todo foi acomodado fora do centro cívico, e segundo Stenzel, por vontade do próprio governador. Além de não conseguir executar sua ideia de monumento, Munhoz da Rocha também perdeu o controle a respeito das característica formais que o novo monumento teria. Agora, uma única estatua retrataria “o homem” do Paraná, e suas características seriam de imprescindível importância. Seria idealizada não apenas pelo artista Erbo Stenzel, mas também por um novo contratado, o carioca Humberto Cozzo. Esta contratação demonstra uma maneira de o governador esquivar-se da tutela dos arquitetos cariocas, tentando assim, fazer valer sua ideia de monumento. (ALVES, 2021 p.23).
Um fator determinante na contratação de Cozzo é, além do reconhecimento nacional pelas suas obras, foi a falta de estrutura física (ateliês) adequada em Curitiba para tal empreitada na época. Mas há outro fator de o artista carioca ser apontado para execução, no caso, ser um velho conhecido de Stenzel. (GONÇALVES, 2006, p. 156)
Em 1953, Erbo começa a recebe cartas com esboços das proposta para o projeto, feito à mão, por Cozzo. Em linhas gerais a estátua deveria conter características de comum acordo entre o governador e Stenzel, todavia na execução os esboços do artista curitibano pareciam não terem sido preservados. E após encontro presencial Cozzo preparia variados esboços a serem enviados à Curitiba, para o devido acompanhamento de Stenzel. (COZZO, Maquete, s.d)
Entretanto, não conseguiriam entregar o monumento na data prevista. O Homem Nu fora então instalado somente no ano de 1955, em meio a duras críticas sofridas por adversários políticos, do agora ex-governador Munhoz da Rocha, que não perdiam a oportunidade em tentar atacá-lo. Mas acabavam construindo parâmetros de fato imorais, articulados muitas vezes pela imprensa, e disseminados até mesmo por agentes da sociedade.
Em enquete feita pelo jornal "O Dia", na data de 03 de julho de 1955 na sua 16ª página, foi divulgado o posicionamento de alguns intelectuais da época sobre o monumento, desta forma aqui retrata-se a reportagem em questão:
Imagem 23: Modelos feitos pelos artistas Erbo Stenzel e Humberto Cozzo, em Barro, com tamanhos diferentes da finalizada. REF.: FO 6958 (SN, 6967). Casa da Memória. Fundo Erbo Stenzel.
“Através de seções e comentários de seções nossas, se firmou uma opinião de que a estátua de granito, erigida na Praça Dezenove de Dezembro não possui sentido artístico, pois não atingiu seu objetivo de representar O HOMEM DO PARANÁ DO SÉCULO XX. Desejando elucidar nossos leitores de forma a completar a tese de nossos redatores de seções permanentes, realizamos um inquérito relâmpago entre elementos de nossas camadas sociais. O que nos disseram eles:
- CARNEIRO, Professor David: aquilo não representa coisa nenhuma, não tem expressão. Não significa coisa alguma, e muito menos o adolescente ou o homem do Paraná, dolicocéfalo, loiro e belo. Um simples bloco de granito nos representaria melhor.
- PILOTTO, Professor Osvaldo: o autor quis assegurar a estabilidade explorando as pernas enfermas da elefantíase.”39 “Deste homem novo, fruto do caldeamento de muitas raças, hígido, belo, esbelto, dolicocéfalo e elegante, cuja aparência não faria feio entre os mais formosos éfebos da velha Grécia, ou dos países escandinavos, cuja população é das mais geneticamente perfeitas.
E que continuariam na data de 05 de julho do mesmo ano, na edição 10001. P.3:
- ARIEL, colunista, jornal O Dia: "O que lá está é um tipo de negro velho, com elefantíase, ou inchação nas pernas e com prognatismo berrante. O preto entrou na nossa miscigenação, mas já diluído, sem quantidade para influir num tipo definido de raça".
Partindo do pressuposto da citação de a estátua representar apenas um negro e não o homem típico paranaense, estaria reforçando a tese de Bento Munhoz da Rocha Neto, que tenta fundamentá-la através da mistura de raças do Paraná". Ariel, pseudônimo do jornalista do jornal “O Dia”, principal adversário do governador Bento Munhoz da Rocha, foi o maior crítico e criador da campanha contra o monumento. Tenta seguir uma linha realmente deplorável, para fundamentar sua linha de raciocínio, baseando-se na tese do livro: “Antropologia do Homem Brasileiro do Interior Paranaense”. Onde considerações são feitas pelo coronel Sette Ramalho, sobre a biologia e a biotipologia desse homem do interior.
Ele conclui que, segundo a antropologia patrícia, uma interpretação de nosso homem que é esbelto e branco, não materializou-se. (O Dia, ed. 09996, p.8)
O monumento sofreu rejeição não somente pelas questões raciais, mas tornou-se alvo também das guerras políticas. Grupos políticos apoiadores de Lupion, também usaram-no como “bode expiatório” para efetivarem suas críticas contra o governo Munhoz. Um exemplo é a coluna do Jornal Última Hora, explanando sobre a situação financeira deixada pelo governo de Bento Munhoz.
[...]força o povo à crítica e em segundo leva as chamadas correntes políticas do bentismo e do lupionismo a utilizarem-na como objetiva de gozações recíprocas. Dizem, por exemplo, os lupionistas, que a estátua nua como está é um retrato de como Bento acabou deixando o Paraná no seu governo interrompido. Retrucam os bentistas, que o sociólogo (o Bento, claro, quem mais poderia ser?) sempre foi dotado de um homem com visão de futuro e por isso mesmo prevendo a vitória de “Lupi” (aqui repetem a história das letras que se foram), deixou o antropoide sem calças e paletó para que esses vestuários não fossem afanados. Treplica a gente lupionista que esse cuidado foi tomado com um bicho de pedra, mas não com o Centro Cívico.” (Última Hora, 1959, p. 12) (BARBOSA, 2001, p. 27).
De acordo com nossa perspectiva o monumento sofreu duras críticas, diante de embates políticos, desta forma notamos que tal como nosso povo, que como um pequeno adolescente que estaria desatando as correntes e se emancipando de suas amarras, hoje a estátua do homem nu representa mais do que nunca a força de um povo batalhador e trabalhador. As características de diversas etnias. E principalmente o caráter do homem paranaense, que despido de inquietações estará sempre rumando ao futuro. (Texto Opnativo)
A estátua da Mulher Nua, como é hoje conhecida, é na verdade o símbolo da justiça. Foi projetada pelo escultor Erbo STtenzel e esculpida por Humberto Cozzo, em seu ateliê no Rio de Janeiro. Nossa querida peladona da justiça já foi vítima de muitos atos vis. Alves, B. W. (2020). A cor do Homem Nu: impasses de uma periferia branca diante do modernismo (Paraná, 1953). Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 28, 1-44. https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28d1e7
Primeiramente, foi rejeitada de seus propósitos de servir como representante da imagem da justiça, que ficaria em frente ao Tribunal de Justiça no centro cívico de Curitiba, sendo então depositada atrás do Palácio Iguaçu, também no centro cívico, e permanecendo lá por muitos anos. (ALVES, 2021, p. 32). Na entrega oficial, em 15 de julho de 1955, foi uma imagem que chocou com a mentalidade da elite paranaense da época. Muito sensual e desnuda.
Imagem que não lembrava a típica imagem de deusa da justiça Themis, com olhos vendados, segurando uma balança e seriedade no semblante. A elite, o clero e juízes e desembargadores paranaenses não deixaram barato e lideraram um movimento repudiando o uso da estátua como símbolo maior da magistratura paranaense.(ALVES, 2021, p. 23). Com êxito dos conservadores, a obra foi transferida, praticamente escondida, por quase duas décadas.
Foi um símbolo que não representou nem poder nem domínio. Rechaçada e hostilizada pelos grupos dominantes, uma mulher nua não poderia ser a representação do conservadorismo que o Paraná buscava. Ainda estavam muito retrógrados para uma imagem feminina moderna e libertadora. (Texto opinativo)
Imagem 25: Estátua da Mulher Nua pichada . Por: Aniele Nascimento /Gazeta do Povo. 15 de Junho de 2018.
Só foi realocada para o local onde de encontra desde então, no dia 30 de agosto de 1972. Sofrendo novamente muitos ataques e retaliações, desta vez, ate mesmo de seus idealizadores.
O escultor Stenzel e o Governador da época, Bento Munhoz da Rocha Neto, este que na época declarou em uma entrevista que a remoção para a praça dezenove de dezembro “era uma burrice enciclopédica e provinciana”. Já Stenzel, discordou por razões estéticas da mulher de pedra, pois seu tamanho é muito inferior à estátua do homem nu ( estátua que se encontra na mesma praça), fugindo então da proporcionalidade esperada. (ALVES, 2021, p. 31).
Como se não bastasse tantos atos afrontosos ao longo do tempo, a moderna deusa da justiça, é novamente vítima de ataques, mas dessa vez de vandalismo e pichações. A estátua já foi pichada várias vezes e alvo de movimentos feministas e ações depredatórias. Serviu de superfície para manifestações de muito mau gosto. Passou por revitalizações e processos de despiche. (Texto opinativo)
É revigorante ver um símbolo tão poderoso em sua essência e com suas superfícies livres de manchas e rabiscos, mostrando tão somente suas características originais. Finalmente, essa fantástica obra monolítica de granito, é hoje considerada uma das mais belas e reconhecidas estátuas do Brasil. Ela é a maior peça de arte escultórica brasileira. Construída em um único bloco de pedra, suas formas e traços são símbolos de um verdadeiro poder feminino e de uma beleza artística à altura de um verdadeiro modernista, de acordo com o vídeo: " O dono da rua" no canal do youtube. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=_LDwZnh2-vU>.
Ademais, vale ressaltar que, se essa obra estivesse em pé, teria aproximadamente 5m de altura. Ou seja, não estaria tão desproporcional de sua estátua vizinha, o homem nu, como assumiu o escultor Stenzel. Ambas as estátuas são verdadeiras obras de arte de belas proporções.
Imagem 26: Limpeza da estátua da Mulher Nua após ser pichada. Por Luís Costa. Bem Paraná. 08 de Agosto de 2019.
Imagem 27: Foto do Obelisco,Foto tirada Por Flavio Antonio Ortolan. 18 de setembro de 2015.
O monumento possui 41,31 m de altura, feito em pedra, com revestimento remetendo a tijolos retangulares.
Contém quatro faces, e em seu ponto mais alto sustenta, em uma destas faces, o brasão estadual de armas.
o Monumento também sustenta os seguintes dizeres que fazem referencia tanto aos responsáveis, quanto ao marco histórico que ali se consolidava naquele momento:
• 1649 - 1822: Heliodoro Ébano, Gabriel de Lara, Mateus Leme, Ouvidor Pardinho, Afonso Botelho; 1822 - 1841: Gonçalves da Rocha, Bento Viana, Inacio Lustosa; 1842 - 1853: Barão de Antonina, Correia Junior, Paula Gomes, Cruz Machado;
• 1853, Imperador, D. Pedro II: Presidente da Província, Dr. Zacarias de Góes e Vasconcelos;
• 1953, Presidente da República, Dr. Getúlio Vargas: Governador do Estado, Dr. Bento Munhoz da Rocha Neto;
• I Centenário da Emancipação Política do Estado do Paraná, 19 de dezembro de 1953.
De acordo com o site da Secretaria da Educação do Estado do Paraná. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_hist.pdf>. Acesso em: 10 de Set. 2021.
Alves destaca o entusiasmo em que a equipe de Azambuja estava ao ver o enfoque dado ao projeto, a partir de sua aparição na revista francesa L’Architecture d’Aujourd’hu especializada em arquitetura, onde ainda continha um obelisco com proporções de fato incomparáveis com o monumento que fora posteriormente executado.
"[...]Segundo um dos membros da equipe de Azambuja, a satisfação de apresentar “a maquete na 2ª Bienal de São Paulo (dezembro de 1953 a fevereiro de 1954) só foi superada quando [a] vimos impressa na famosa revista especializada L’Architecture d’Aujourd’hui, junto às principais arquiteturas mundiais”. (ALVES, 2021, p. 17).
E continua [...]"No modelo apresentado na revista francesa destacavam-se, no centro da praça, um espelho d’água e um obelisco, que teria “80 metros de altura” e fora “concebido para realçar a linha horizontal e calma do Palácio do Governo”. Fazia parte, portanto, de uma concepção global que harmonizava com os demais elementos. Numa das primeiras formalizações do plano de obras - a lei que instituiu a Ceoc." (ALVES, 2021, p. 19).
Provavelmente tenha sido inspirado no Washington Monument (Monumento de Washington), haja vista que este fora seu antecessor, assim como afirma o site da Secretaria de Comunicação Social Paraná Educativa.
Disponível em: <http://www.paranaeducativa.pr.gov.br/2016/06/3944/Praca-19-de-dezembro-reserva-muitas-curiosidades.html>. Acesso em: 10 de Set. 2021.
O mesmo site, supra citado, assegura a hipótese das obras monumentais em que estavam sendo realizadas, tal como o obelisco, intuírem em simbolismos, onde se fundamentaria "materializar a ideia de ser grande".
Durante as revitalizações da Praça pela depredação dos monumentos, que foram pichados e rabiscados, alpinistas fizeram a limpeza do monumento, e escalaram o topo com mais de 200m de corda. (https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/alpinistas-fazem-limpeza-do-obelisco-da-praca-19-de-dezembro/50230)
Existe uma lei de 1953, Lei Nº 762 que autoriza o executivo a mandar erigir, na Praça Tiradentes, até 19 de Dezembro do corrente ano, um obelisco comemorativo do 1º Centenário de Emancipação Política do Paraná.” Mas por algum motivo não encontrado nas fontes pesquisadas, houve uma mudança para a criação de uma praça com o nome 19 de Dezembro
Foi o único ornamento da praça 19 de Dezembro a ser entregue na data de comemoração ao centenário, no ano de 1953, uma vez que o restante ainda não havia sido concluído. (ALVES, 2021, p. 29).
Imagem 28: Foto dos alpinistas. Foto de divulgação/Prefeitura de Curitiba/ 03 de Maio de 2019
Imagem 29: Foto da limpeza do Obelisco. Foto de divulgação/ 30 de Abril de 2019
Neste vídeo a coordenadora de projetos e pesquisas da Casa da Memória, Aparecida Bahls, e o artista plástico e professor do Departamento de Artes da UFPR , Geraldo Leão de Camargo Veiga, articulam a respeito das comemorações da emancipação do Estado do Paraná, ao qual inclui a praça 19 de Dezembro.
Por conseguinte, o vídeo inicia-se no assunto em destaque aos 14 minutos. Contudo uma recomendação aos visitantes é vê-lo por inteiro, pois exibe imagens maravilhosas de época.
Para ver o vídeo click aqui
Localização da Praça 19 de Dezembro na cidade de Curitiba/PR.
-ALVES, B. W. A cor do Homem Nu: impasses de uma periferia branca diante do modernismo (Paraná, 1953). Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, [S. l.], v. 28, p. 1-44, 2020. DOI: 10.1590/1982-02672020v28d1e7. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/156106.Acesso em: 24 jun. 2021.
-BARBOSA, Muryatan Santana. Identidade nacional e ideologia racialista. São Paulo, Humanitas, n. 8, 2001.
-BORDIEU, Pierre . O Poder Simbólico. Rio de Janeiro. Ed. Bertrand Brasil S.A. 1989.
-Comissão Especial de Obras do Centenário, publicada no Diário Oficial nº 145 de 30 de agosto de 1951.
-COZZO, Humberto. [Correspondência]. Destinatário: Erbo Stenzel. [s. l.; s. d.]. Fundação Cultural de Curitiba, Fundo Erbo Stenzel, pasta A Praça 19 de Dezembro na obra de Erbo Stenzel.
-Decreto nº 9.754. Diário Oficial Estadual (DOE) nº 91 a 26 de junho de 1953. Lei nº 1.039 de 10 de novembro de 1952.
-Erbo Stenzel, 1911 - 1989: escultura, desenho, gravura. Exposição realizada por ocasião do décimo quinto aniversário de falecimento do artista, Curitiba, 6 de julho a 25 de agosto de 1995 [panfleto].
-Fundação Cultural de Curitiba. Centro de Criatividade de Cultura. Fundo Erbo Stenzel. Carta de Erbo Stenzel a Humberto Cozzo, 30 de abril de 1953. Pasta: "A praça 19 de dezembro na obra de Erbo Stenzel".
-Fundação Cultural de Curitiba. Casa da Memória. Fundo Erbo Stenzel. Modelos de Barro em tamanhos diferentes da estátua finalizada do Homem Nu. Pelo Escultores Humberto Cozzo e Erbo Stenzek Fotografia P/B.FO: 6958 ( SN 6967).
- ORTOLAN, Flávio Antonio. Painel de Poty Lazzarotto na Praça 19 de Dezembro. Curitiba, 2015. Disponível em < https://www.fotografandocuritiba.com.br/2015/09/painel-de-poty-lazzarotto-na-praca-19.html > Acesso em 13 de Junho de 2021.
-O Monumento da Praça 19 e sua entrega. O Dia. Curitiba, PR. 15 jun.1955. Ed. 09986.
-POTY Lazzarotto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1567/poty-lazzarotto>. Acesso em: 18 de Jun. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
-REBELO, Vanderlei. Bento Munhoz da Rocha: Um intelectual na correnteza política. Curitiba, PR: Sesquicentenário, 2005. p. 226.
-SANTOS, Amanda Garcia dos. História, Educação e Pedagogia do Patrimônio: O Painel “Monumento ao Centenário de Emancipação Política do Paraná” de Poty Lazzarotto (Década de 1950). Tese (Pós-Graduação em Educação). 2016. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2016.
-STENZEL, Erbo. Torso de Trabalhador. 1941. 1. Escultura. Acervo do Museu de Arte do Paraná.
- Secretaria da Comunicação Social:<http://www.paranaeducativa.pr.gov.br/2016/06/3944/Praca-19-de-dezembro-reserva-muitas-curiosidades.html>. Acesso em 10 de Set. 2021
-TV SINAL PARANA. O Dono da Rua – Erbo Stenzel. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=_LDwZnh2-vU>.
IMAGENS
-Imagem 1 - https://curitibaspace.com.br/praca-19-de-dezembro/ Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 2 - Arquivo Pessoal, Laura Rosas Gasparin, 2021.
-Imagem 3 -https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/116187 Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 4 -https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/116187 Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 5 - https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/116187 Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 6 - https://www.scielo.br/j/anaismp/a/4sS8nf8SqDksGt4czD5dgQR/?lang=pt&format=pdf Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 7 - https://www.scielo.br/j/anaismp/a/4sS8nf8SqDksGt4czD5dgQR/?lang=pt&format=pdf Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 8 - https://www.scielo.br/j/anaismp/a/4sS8nf8SqDksGt4czD5dgQR/?lang=pt&format=pdf Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 9 - Arquivo Pessoal, Laura Rosas Gasparin, 2021.
-Imagem 10 - Arquivo Pessoal, Laura Rosas Gasparin, 2021.
-Imagem 11 - Arquivo Pessoal, Laura Rosas Gasparin, 2021.
-Imagem 12 - https://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo-cultura/paineis-de-poty-lazzarotto-para-conhecer-em-curitiba/ Acesso em 13/06/2021.
-Imagem 13 - https://sentidosdoviajar.com/paineis-de-poty-lazzarotto-no-parana/#Travessa_Nestor_de_Castro Acesso em 13/06/2021.
-Imagem 14 - https://sentidosdoviajar.com/paineis-de-poty-lazzarotto-no-parana/#Travessa_Nestor_de_Castro Acesso em 13/06/2021.
-Imagem 15 - https://sentidosdoviajar.com/paineis-de-poty-lazzarotto-no-parana/#Travessa_Nestor_de_Castro Acesso em 13/06/2021.
-Imagem 16 - https://sentidosdoviajar.com/paineis-de-poty-lazzarotto-no-parana/#Travessa_Nestor_de_Castro Acesso em 13/06/2021.
-Imagem 17 - Arquivo Pessoal, Laura Rosas Gasparin, 2021.
-Imagem 18 - Arquivo Pessoal, Laura Rosas Gasparin, 2021.
-Imagem 19 - Arquivo Pessoal, Laura Rosas Gasparin, 2021.
-Imagem 20 - Xadrez Piraí: ERBO STENZEL TERÁ OBRAS EXPOSTAS NO MUSEU OSCAR NIEMEYER (xadrezpirai.blogspot.com) Acessado em 29/07/2021
Imagem 31: Humberto Cozzo. fonte: http://revistacazemek.blogspot.com/
-Imagem 22 - http://www.circulandoporcuritiba.com.br/ Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 23 - https://www.scielo.br/j/anaismp/a/4sS8nf8SqDksGt4czD5dgQR/?lang=pt&format=pdf Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 24 - https://www.scielo.br/j/anaismp/a/4sS8nf8SqDksGt4czD5dgQR/?lang=pt&format=pdf Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 25 - https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/colunistas/nostalgia/cidadao-alerta-ddw4yndo5l7gtnri9t6ll9d1q/ Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 26 - https://www.gazetadopovo.com.br/curitiba/praca-19-de-dezembro-volta-a-ser-alvo-de-vandalismo-9-meses-apos-ser-despichada-e6wlgstpdbtne02yldgoe24x0/ Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 27 - https://www.bemparana.com.br/noticia/depois-de-ser-pichada-estatua-da-mulher-nua-da-praca-19-de-dezembro-passa-por-limpeza#.YN01duhKjIU Acessado em 01/07/2021.
-Imagem 28 - https://www.fotografandocuritiba.com.br/2015/09/obelisco-na-praca-19-de-dezembro.html Acessado em 01/07/2021
-Imagem 29 - https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2019/05/03/alpinistas-fazem-limpeza-do-obelisco-da-praca-do-homem-nu-em-curitiba.ghtml Acessado em 01/07/2021
-Imagem 30 - http://www.bebelritzmann.com.br/colunas/blog-da-bebel/item/alpinistas-urbanos-iniciam-2-fase-de-limpeza-do-obelisco-da-praca-19-de-dezembro Acessado em 01/07/2021
-Imagem 31 - http://revistacazemek.blogspot.com/2015/12/eloir-jr-as-bodas-de-azeviche-do-casal.html Acessado em 12/08/2021
VÍDEO
https://images.app.goo.gl/QSRmuh9Fv8BPjESD8 Acessado em 01/07/2021.
https://youtu.be/DfS-ZxVRIGc?t=827Acessado em 13/08/2021.
JORNAIS E REVISTAS
-Cidade sem Máscara: Da triste condição de estátua. Última Hora. Curitiba, PR. 13 Fev. 1959. p. 12. Ed. 2099.
-Jornal Gazeta do povo. Foto: Estátua da Mulher Nua sendo transferida do Palácio Iguaçu para a praça 19 de Dezembro, em 30 de Agosto de 1972. 23 de janeiro de 2011.
-Jornal Gazeta do Povo. Foto: Estátua da Mulher Nua pichada . Por: Aniele Nascimento /Gazeta do Povo. 15 de Junho de 2018.
-Jornal O Dia. Curitiba, PR. 26 junho de 1955. Edição 09996. http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=092932&pasta=ano%20195&pesq=%20pernas%20e%20com%20prognatismo&pagfis=85805 Acessado em 01/07/2021.
-Jornal O Dia. Curitiba, PR. 03 de julho de 1955. Edição 10000. http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=092932&pasta=ano%20195&pesq=%20pernas%20e%20com%20prognatismo&pagfis=85865 Acessado em 01/07/2021.
-Jornal O Dia. Curitiba, PR. 05 de julho de 1955. Edição 10001. http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=092932&pasta=ano%20195&pesq=%20pernas%20e%20com%20prognatismo&pagfis=85868 Acessado em 01/07/2021.
-Jornal Bem Paraná. Foto da limpeza da estátua da Mulher Nua após ser pichada. Por Luís Costa. 08 de Agosto de 2019. Disponível em : https://www.bemparana.com.br/noticia/depois-de-ser-pichada-estatua-da-mulher-nua-da-praca-19-de-dezembro-passa-por-limpeza#.YNmcwOhKjIU Acessado em 01/07/2021.
-Revista L'Architecture d'Aujourd'hui. N.42. Ano 1952.
-Revista Brasil Arquitetura Contemporânea. Monumento ao Centenário do Paraná.. N.1. Ago/Set de 1953.
Xadrez Piraí: ERBO STENZEL TERÁ OBRAS EXPOSTAS NO MUSEU OSCAR NIEMEYER (xadrezpirai.blogspot.com)
-1º Centenário da Emancipação Política do Paraná: 1853 - 1953. [S.l.]: Câmara de Expansão Econômica do Paraná, [1953].