Olá, estudante! Nas lições anteriores, a automação do trabalho foi nosso assunto. Por meio delas, você reconheceu como a compreensão da atualidade é importante para vários setores e atores, identificou algumas das mais relevantes mudanças no mercado de trabalho, percebeu as transformações nos perfis profissionais, entendeu a valorização de certas profissões e, por fim, refletiu sobre os desafios que a automação traz para as empresas e os profissionais.
Ainda na mesma temática, nós nos aprofundaremos na automação, compreendendo o panorama do trabalho hoje como resultante de fatores estruturais e conjunturais. Você entenderá as diferenças entre tais fatores, refletirá sobre os impactos da pandemia do covid-19 no significado do trabalho e os desafios que ela deixou, conhecerá os pilares fundamentais do futuro do trabalho e, por fim, identificará as características da natureza do trabalho. Como futuro(a) Técnico(a) em Administração e como gestor(a), o conhecimento do atual cenário e das tendências para o trabalho são essenciais para a um posicionamento mais assertivo da empresa e do próprio profissional da área de gestão.
Vamos lançar um olhar sobre o futuro? Afinal, ele começou há tempos!
Você se lembra do período da pandemia do covid-19? Para além das questões de saúde, aquele momento colocou em xeque o trabalho, o emprego e as profissões. Com o prolongamento das restrições sanitárias, muitos setores tiveram que se reinventar, criando alternativas para continuar funcionando, manter a produção, realizar atividades e prestar serviços. O trabalho home office, assim como as ferramentas e os recursos tecnológicos ganharam importância e espaço, trazendo novas realidades para o mercado, inclusive, o de trabalho.
Como podemos pensar o cenário do trabalho pós-pandemia? De que forma se organizará o trabalho no futuro? Empresas e profissionais, como é característico dos momentos de mudança, precisam ficar atentos, refletindo a respeito e agindo para que possam se adaptar aos novos tempos.
Vamos começar, aqui também, esse exercício? Conto com você!
A capacidade de adaptação é uma característica necessária à sobrevivência, e, no mercado de trabalho, não é diferente. Com as constantes e profundas mudanças que o nosso tempo nos impõe, analisar e compreender os cenários é fundamental para que possamos agir com algum respaldo. Por isso, para o case desta lição, trago um vídeo que aborda uma pesquisa bastante afinada com as questões contemporâneas do trabalho.
O vídeo, que aborda uma pesquisa relevante sobre os desafios contemporâneos do trabalho, enfatiza que a adaptação e a transição de carreira são temas relevantes na gestão e que estão se tornando cada vez mais importantes, e, provavelmente, serão ainda mais importantes no futuro. Portanto, analisar e compreender os cenários atuais é fundamental para agir com segurança e eficácia diante das transformações que ocorrem no mundo do trabalho.
Vamos aprender mais sobre isso?
O contexto contemporâneo é resultado dos processos que vêm se desenvolvendo no decorrer da História (falamos mais detalhadamente a respeito na Lição 18) e de acontecimentos mais pontuais e recentes. Podemos dizer que o momento presente, portanto, é formado por fatores relacionados à estrutura (de longa duração) e à conjuntura (de média e curta duração). Para qualquer profissional, é importante conhecer os aspectos gerais da estrutura e da conjuntura, e, por meio da compreensão do passado, planejar as ações do presente e do futuro. Quando o profissional é um administrador cujo trabalho é gerir um negócio e as várias faces nele envolvidas, planejamento e ação são fundamentais. Dessa maneira, pensar a Automação, o Mundo do Trabalho na Era Digital e as Novas Profissões, requer um olhar para o que passou, o que está acontecendo e o que pode vir a ser.
Conforme afirmado por Ferreira (2022, on-line), “as revoluções industriais geram mudanças estruturais nas relações trabalhistas, levando à criação de novas formas e dinâmicas de trabalho possibilitadas pelos avanços tecnológicos”, assim, podemos dizer que “o futuro do trabalho hoje é, portanto, o ambiente de trabalho desenvolvido e possibilitado pela quarta revolução industrial” (Ferreira,2022, on-line, grifo nosso).
O desenvolvimento e o gradativo uso generalizado de ferramentas e recursos, como inteligência artificial, redes neurais, internet das coisas, o trabalho remoto e o comércio eletrônico são resultantes de mudanças estruturais que podem ser percebidas com facilidade hoje. A pandemia do covid-19, segundo destaca Ferreira (2022), acelerou e aprofundou as mudanças que, até então, estavam previstas para ocorrer no longo prazo. Aqui, temos o exemplo de um fator conjuntural (pontual, de curta duração) impactando os fatores estruturais (que são processuais, de longa duração).
Diante desse encontro de fatores, Ferreira (2022) aponta os Pilares Fundamentais do Futuro do Trabalho. Vamos conhecê-los:
Automação de tarefas rotineiras.
Trabalhos analíticos e conhecimentos-orientados.
GIG Economy.
Ressignificação do valor de mercado.
Envelhecimento da população e mercados mais competitivos.
Inclusão e diversidade como estratégia.
Demandas por novas competências.
Coexistência entre humanos e máquinas.
Flexibilização das modalidades de trabalho.
Life balance (equilíbrio) e bem-estar.
Práticas de gestão de pessoas.
Lifelong learning (educação contínua).
Multiplicidade de agentes.
Em nossas lições anteriores, tratamos de alguns dos aspectos desses pilares. Hoje, nós nos aprofundaremos no primeiro: Natureza do trabalho.
Na perspectiva capitalista, uma das funções da empresa é oferecer o que a sociedade deseja. Assim, quem consegue oferecer os produtos desejados, com custos mais baixos, destaca-se frente aos concorrentes. Como já discutimos em lições anteriores, funções que requerem uma atividade repetitiva e rotineira têm mais chances de serem substituídas pelas máquinas. Por isso, diante da necessidade de redução de custos e da grande concorrência, a automação já é uma realidade nas empresas e tende a ser cada vez mais.
Enquanto as tarefas repetitivas tendem a ser substituídas, o novo panorama do trabalho tem um aumento da oferta de empregos mais analíticos, em que as ferramentas tecnológicas ainda não podem substituir a atividade humana. Constata-se, então, que, se por um lado há redução ou extinção de determinadas funções, de outro, há o surgimento de novas possibilidades. Além das transformações nas funções de trabalho (como o desemprego e as novas profissões), o atual cenário trouxe outras modalidades de trabalho e mudanças na relação entre empregador e empregado, a chamada GIG economy:
(...) a GIG economy, se destaca, sendo caracterizada como a atuação da força de trabalho por meio de trabalhos temporários, com contratações por projetos ou horas, muitas vezes oferecidos por profissionais freelancers. Para quem opera na GIG economy, é possível encontrar e trabalhar para empregadores no mundo todo, graças às tecnologias digitais (Ferreira, 2022, on-line, grifos nossos).
Atuando de forma diferente sobre os trabalhadores, a GIG economy tem impactos positivos, sobretudo, para os profissionais de alta escolaridade, que podem ter a flexibilização do trabalho sem que haja perda de renda. Mas nem todos têm as mesmas possibilidades. Trabalhadores com baixa escolaridade têm menor acesso à flexibilização do trabalho, formando uma força de trabalho contingencial, que ocupa vagas imediatas e por tempo limitado, normalmente, com menor remuneração.
Durante a pandemia do covid-19, vivemos um grande momento de exceção. Com o risco de contaminação, em muitos locais do mundo, em determinadas áreas, a produção, o comércio e a prestação de serviços foram paralisados. As instituições permaneceram fechadas, e as pessoas ficaram em isolamento social. Profissões, como as da área de saúde, os entregadores, os garis, os lixeiros, entre outras, tornaram evidente a sua importância social e expuseram a necessidade de discutir a valorização e a remuneração de muitos campos profissionais.
No pós-pandemia, com o retorno de certa normalidade, a visibilidade de muitas dessas profissões diminuiu. Mas, como afirma Ferreira (2022, on-line, grifo nosso), o significado social do trabalho precisa ser discutido:
Tal reflexão abre caminhos para que sejam repensados os salários de diversos trabalhadores invisibilizados na lógica capitalista, além de debates como a renda básica universal e o salário digno. Esse debate torna-se mais complexo dentro do capitalismo digital, em que a digitalização das relações sociais contribui para a desumanização dos trabalhadores. A perda de contato humano leva a uma inerente segregação da sociedade e das desigualdades, e traz dúvidas em relação à ressignificação do valor do trabalho.
Com todos os desafios impostos pelas profundas mudanças, a gestão dos negócios precisa estar preparada para lidar com a nova realidade. O chamado mundo VUCA – ambiente marcado pela Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade – exige que os gestores estejam voltados para a condução das organizações e para a atenção com a carreira. Em sua maioria, os profissionais são selecionados e contratados pelas suas habilidades e suas competências técnicas, contudo, no geral, são demitidos e realocados pela falta do desenvolvimento das suas competências sociais e comportamentais. Entre as competências consideradas fundamentais no ambiente corporativo (as chamadas soft skills), podemos citar: Autogestão; Comunicação; Colaboração; Julgamento; Tomada de decisões e Solução de problemas. Além disso, vale ressaltar que, diante das novas configurações do mercado do trabalho, a formação contínua e o desenvolvimento das competências socioemocionais colaboram para uma liderança mais preparada, estratégica e assertiva.
Prezado(a) estudante, nesta lição, aprofundamos a discussão a respeito das mudanças no universo do trabalho. Nela, você compreendeu o panorama do trabalho hoje como resultante de fatores estruturais e conjunturais, entendeu as diferenças entre tais fatores, refletiu sobre os impactos da pandemia do covid-19 no significado do trabalho e os desafios que ela deixou, conheceu os pilares fundamentais do futuro do trabalho e, ainda, identificou as características da natureza do trabalho. Como futuro(a) Técnico(a) em Administração, você está apto(a) a, por meio da compreensão do atual cenário, contribuir com o processo de adaptabilidade da empresa e da sua própria carreira.
Para terminarmos, convido você a ler o interessante artigo intitulado “O trabalho remoto está morto, vida longa ao trabalho híbrido”. Ele traz uma interessante e oportuna discussão sobre o trabalho home office pós-pandemia. A partir dele, comente as principais questões que envolvem o tema, seus benefícios e seus desafios. Depois, comente e problematize com a sua turma. Bom trabalho!
E me despedindo, gostaria de parabenizá-lo(a) pelo seu empenho e pela sua dedicação ao longo desta disciplina. Desejo a você sucesso contínuo em sua jornada acadêmica e profissional. Que os conhecimentos adquiridos aqui sejam a base para uma carreira produtiva e gratificante. Continue se atualizando e buscando novos aprendizados, pois, como vimos, o mercado de trabalho está sempre em evolução. Boa sorte em suas futuras empreitadas e espero que você encontre satisfação e realização em cada desafio que enfrentar.
Obrigado por sua participação e pelo privilégio de termos feito parte de sua jornada de aprendizado!
FERREIRA, P. Futuro do trabalho no Brasil: mudanças de uma revolução acelerada. Revista Vi-TECH, São Paulo, n. 3, maio 2022. Disponível em: https://abimed.org.br/wp content/uploads/2022/06/VI_TECH_ED_3.pdf. Acesso em: 19 ago. 2024.