Olá, estudante! Como vai? Na lição anterior, conhecemos a Geração Y, também conhecida como Millennials. Você identificou o contexto histórico do seu surgimento, observou as suas características positivas e os seus desafios no ambiente de trabalho e, também, reconheceu como a atuação dos Recursos Humanos é importante no processo de integração destes profissionais.
No decorrer desta lição, dando sequência aos estudos sobre as gerações, você irá conhecer o contexto histórico do surgimento da Geração Z, identificar seus principais comportamentos, reconhecer as características positivas e os desafios enfrentados quando se lançam no mercado de trabalho. Finalmente, compreenderá como o departamento de Recursos Humanos pode colaborar na inclusão deste jovem grupo, ajudando a diminuir seus níveis de estresse e orientando para condutas mais conscientes e maduras.
Como futuro técnico em Administração, reconhecer a dinâmica desta geração será fundamental para lidar, no âmbito da empresa, com um grupo que já se tornou a maior fatia da população do planeta. Vamos juntos novamente? Desconfio que você irá entender muito a respeito de si e dos seus colegas.
No grande mosaico que compõe boa parte da sociedade contemporânea, há um grupo que já nasceu no digital, que aprende a deslizar uma tela antes mesmo de aprender a ler, que mostra natural desenvoltura com as tecnologias e com as mudanças rápidas e contínuas.
As redes sociais como Instagram, Twitter (X), Facebook, TikTok, Youtube são bem conhecidas por essa geração, e elas noticiam, promovem interações, informam (muitas vezes desinformam – como ocorre com as Fake News), promovem marcas, contribuem para transformar uma pessoa comum em celebridade, vendem produtos, empregam, ditam moda e comportamentos, influenciam o pensamento, a forma de agir e o consumo.
Plataformas como o LinkedIn exibem e conectam profissionais, divulgam projetos e realizações desenvolvidas por empresas, instituições e pessoas. Como um cartão de visitas (você provavelmente não sabe como eles eram antigamente), apresentam o currículo profissional e permitem que ele seja descoberto por organizações à procura de um determinado perfil. Ainda no campo do trabalho, a Plataforma Lattes hospeda os currículos acadêmicos – informando titulações, cursos, publicações de livros e artigos, participação em congressos etc.
O mundo virtual está presente na rotina de praticamente todas as gerações. Contudo, para a chamada Geração Z, ele tem uma dimensão diferente. Para os nativos digitais, viver é estar em trânsito entre as redes sociais e profissionais que integram a virtualidade e as relações presenciais, frente a frente, sem grandes distinções ou estranhamentos entre os dois mundos.
Este grupo, que se diferencia de todos os outros, está chegando agora no mercado de trabalho. Como será que ele tem se comportado? Ter nascido na era virtual trouxe facilidades ou desafios? Quais são seus valores, ideais de vida e condutas profissionais? Como as organizações estão lidando com a nova geração?
Uma afirmação eu já posso adiantar: é tudo novo para todos – sejam colaboradores, sejam gestores. Com muitos estudos a respeito ainda sendo desenvolvidos, o departamento de Recursos Humanos das empresas tem aprendido também com a observação e a experiência cotidianas. O certo é que há muito a aprender e bastante a ensinar a estes jovens que ocuparão cada vez mais os postos de trabalho contemporâneos.
Vamos mergulhar nesta geração ainda em formação? Talvez você já se identifique com alguns dos comportamentos que iremos conhecer.
No case desta lição, trago para você uma das questões enfrentadas pela Geração Z: o estresse com os desafios do mercado de trabalho. Em pesquisas realizadas pela Cigna International Corp, do Reino Unido, e pela Betterfly, envolvendo jovens de vários países, dados bastante interessantes foram obtidos. Conforme apresentado no vídeo, os números são significativos: 9 entre 10 jovens sentem-se estressados na sua inserção profissional. Várias são as causas apontadas para explicar este resultado. A falta de valorização é uma delas, mas, como veremos no decorrer do nosso estudo, não é a única.
Apesar das dificuldades existentes para ambos os lados – jovens profissionais e empresas –, é preciso que alternativas sejam encontradas para que um processo de adaptação e de inclusão aconteça. Assista atentamente ao vídeo e veja como os jovens podem contribuir para a diminuição destes impactos e a importância da ação do departamento de Recursos Humanos da empresa.
Bastante próxima do tempo presente, a chamada Geração Z é formada por aqueles que nasceram por volta dos anos 2000 e o início da década de 2010 (assim como ocorre com as demais gerações, não há uma data única apontada pelos especialistas). Segundo Dias (2022), a denominação “Z” refere-se a uma de suas principais características: zapear – ato de trocar de canal de televisão, usando o controle remoto, à procura de um programa interessante para assistir, ou mesmo por puro hábito. A palavra Zap tem origem inglesa e pode ser traduzida como “fazer algo muito rapidamente”.
Primeira geração a nascer em um mundo digital, este grupo também é conhecido por outras denominações, como Nativos Digitais, Centennials, Net Generation, iGeneration, Gen Tech, Pós Millennials, GenZ, Geração On-line e Geração Facebook. Conectados desde o seu nascimento, conforme aponta Dias (2022), além de nativos digitais, são também nativos móveis – muitos não se lembram de um mundo sem a internet e as redes sociais. Hiperconectados, cresceram e atingiram a vida adulta tendo acesso on-line e instantâneo a qualquer assunto que seja do seu interesse. Vivem, portanto, mergulhados em informações.
Oriundos de um contexto histórico inimaginável por algumas das gerações anteriores, os GenZ viram a doença conhecida como Vaca Louca (encefalopatia espongiforme bovina) atingir animais e assustar o mundo. Em 2001, assistiram (praticamente em tempo real) ao ataque terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center e ao Pentágono, nos Estados Unidos – evento conhecido como o 11 de Setembro.
Em 2003, observaram o lançamento do euro, moeda única adotada por parte da União Europeia, em 2003. No ano de 2004, chocaram-se com as imagens do tsunami que atingiu países como a Indonésia e testemunharam a criação do Facebook, por Mark Zuckerberg. No ano seguinte, a Geração Z acompanhou o lançamento, por Steve Jobs, de um novo modelo de smartphone (aquele, da maçã mordida) – provocando uma revolução no conceito e na tecnologia dos celulares e eletrônicos.
Em um momento marcante para a luta pela igualdade racial e a defesa dos direitos humanos, em 2008, este grupo testemunhou a eleição e a posse de Barack Obama, o primeiro presidente negro da história a assumir o poder na maior potência do planeta, os EUA – país que, por séculos, possuiu uma legislação segregacionista (que separava brancos e negros).
As mudanças vivenciadas por esta geração foram muitas e extremamente rápidas. Nasceram e cresceram em meio à tecnologia. Não viram um mundo sem wi-fi e têm uma relação extremamente diferente das gerações anteriores com o que é público e o que é privado, entre o mundo real e o mundo virtual.
Suas vidas acontecem nas redes sociais. Conversam, namoram e às vezes até casam-se através dos dispositivos eletrônicos. Além disso, também expõem suas rotinas nas imagens do Instagram e nos canais do YouTube. Entendem tais plataformas como uma extensão do próprio homem, vivendo uma experiência em que quase não há separação entre o off-line e o on-line.
Com a ausência da limitação geográfica – podendo relacionar-se com pessoas de todos os cantos e culturas do planeta –, este grupo é global, muito imediatista e tem o hábito de consultar tudo na internet, pois apreciam a facilidade e a instantaneidade do acesso à informação na palma da mão.
Começando a integrar o mercado de trabalho agora, a Geração Z ainda está em formação. E precisa lidar com os desafios que a contemporaneidade traz, conforme destacam Ceribeli, Lourenço e Saraiva (2023, p. 6, grifos nossos):
Muitos desses jovens têm enfrentado uma série de dificuldades no mercado de trabalho, o que se deve, entre outros fatores, ao cenário econômico bastante desfavorável (Corseuil, Franca, & Poloponsky, 2020). De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada [IPEA] (2021), no segundo trimestre de 2022, a taxa de desocupação entre os trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos era de 19,3%, ou seja, havia mais de dois milhões de jovens buscando emprego no Brasil.
Como alternativa, muitos destes jovens buscam ocupações informais (sem vínculos empregatícios ou registros formais), muitas vezes submetendo-se às condições precárias de trabalho, e por isso, de acordo com Ceribeli, Lourenço e Saraiva (2023, p. 6, grifo nosso), “no final de 2021, 38% dos profissionais com até 29 anos de idade encontravam-se na informalidade, segundo a Secretaria de Política Econômica [SPE]”.
A sensação de insegurança aumentou a pressão psicológica sobre este grupo. A demora para conseguir entrar no mercado de trabalho, a informalidade, as condições precárias, o cenário de instabilidade econômica podem gerar uma baixa autoestima e problemas de saúde mental.
Apesar de ainda estarem em formação, certas características já podem ser observadas na Geração Z quando da sua inserção no universo do trabalho. Vamos conhecer algumas delas, a partir de Ceribeli, Lourenço e Saraiva (2023):
Valoriza as interações face a face, mesmo quando mediadas por uma tela.
É um grupo global, aberto às novas culturas e experiências.
Demonstra vontade de aprender de maneira autônoma.
Tem a crença de que os objetivos podem ser alcançados com determinação.
É multitarefas.
Apresenta disposição para agir rapidamente diante de eventuais problemas ou obstáculos.
Deseja alcançar a felicidade na esfera pessoal e também a realização no trabalho.
É ambiciosa.
Tem elevada autoconfiança.
É proativa.
Valoriza tanto as relações pessoais como as virtuais.
É bastante influenciada pelas redes sociais.
É otimista.
Valoriza e respeita a diversidade.
Como você já sabe, pois temos destacado isto desde as primeiras lições a respeito das gerações, todos os grupos geracionais apresentam características que podem ser positivas ou desafiadoras. Desta forma, vamos conhecer, agora, alguns desafios que a Geração Z enfrenta (muitos relacionados à rapidez com que o mundo digital os acostumou), a partir de Ceribeli, Lourenço e Saraiva (2023):
Impaciência.
Imediatismo.
Ansiedade.
Dificuldade com a hierarquia.
Falta de foco.
Aumento salarial imediato.
Falta de comprometimento.
Utilização das redes sociais no ambiente de trabalho.
Para os gestores, inclusive de Recursos Humanos, lidar com esta geração significa aprender no dia a dia, entender que ela ainda está em formação e pode vir a desenvolver outras características.
Com ainda maior necessidade de motivação, esta geração valoriza a saúde mental e o bem-estar dentro da empresa. Quando não encontram tais condições, podem pedir demissão sem grandes dilemas – atitude impensada nos grupos que a antecederam. Segundo Ceribeli, Lourenço e Saraiva (2023), alguns motivos podem ser observados para que isso aconteça:
Líderes indiferentes.
Falta de progressão na carreira.
Expectativas insustentáveis de desempenho.
Estresse originado pela pandemia de COVID-19.
Tendo que enfrentar a falta de experiência, estes jovens muitas vezes procuram compensá-la por meio da busca pela formação, investindo no domínio de um segundo idioma, cursos e áreas que possam abrir novas perspectivas de trabalho. Possuem mais interesse em empresas que ofereçam flexibilidade, organizações consideradas engessadas demais não atraem e nem retém a Geração Z. Como ela prioriza o resultado e a entrega que realiza, horários rigorosos e a exigência do trabalho presencial não fazem sentido.
Para lidar com este grupo (novo e em constante transformação), o departamento de Recursos Humanos pode adotar algumas estratégias para realizar o recrutamento e a retenção deste perfil:
Divulgação das vagas nas mídias sociais, pois é neste universo que os nativos digitais se comunicam.
Como têm um perfil empreendedor, é importante que a empresa ofereça autonomia no que se refere à modalidade de trabalho (presencial ou à distância) e à organização do horário.
Por terem uma cultura de valorização das causas e de respeito à diversidade, empresas que possuam projetos e políticas nestas áreas devem divulgá-las. Isto poderá fazer com que o profissional se identifique com a organização.
Utilização da tecnologia tanto para a seleção/recrutamento como para a realização de treinamentos, reuniões e integração da equipe.
O panorama que se apresenta para a Geração Z é bastante desafiador. Em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, recém-saído de uma pandemia mundial, com mercados e profissões se reorganizando, é importante que as empresas construam abordagens e condutas de inclusão, para que os jovens profissionais consigam ingressar, manter-se e desenvolver o potencial que os caracteriza.
Nesta etapa dos nossos estudos, tivemos como tema a Geração Z, também conhecida como nativos digitais. No decorrer da lição, você entendeu o contexto histórico do seu surgimento (bem próximo do momento em que vivemos hoje), observou suas principais características e desafios e, ainda, compreendeu a atuação essencial dos Recursos Humanos para criar um ambiente que acolha e permita que este grupo cresça e evolua como pessoa e como profissional na empresa, construindo um clima organizacional em que possam aprender e em que também seja propício a ensinar.
No nosso case, você conheceu, a partir de certas pesquisas, algumas das principais questões enfrentadas pela Geração Z no mercado de trabalho. E, ainda, como é importante que tanto os jovens profissionais como o departamento de RH tenham condutas que colaborem para a criação de uma atmosfera saudável e produtiva.
Como futuro técnico em Administração, o entendimento da Geração Y irá torná-lo apto a identificar o comportamento deste grupo que vai ocupar grande parte dos postos de trabalho nas organizações, propor ações que contribuam para que estes jovens sejam orientados e possam demonstrar seu potencial.
Para finalizarmos esta lição, proponho que você identifique no vídeo (link logo abaixo) três desafios que a Geração Z enfrenta e discuta com os seus colegas como eles podem ser enfrentados pessoalmente e pela empresa (como foi indicado pela Madalena Feliciano, gestora de carreira, no case que apresentei a você).
Os Recursos Humanos de uma empresa desempenham papel fundamental na inclusão dos profissionais que atuam na empresa. No entanto, além disso, é preciso que cada colaborador procure olhar para si, desenvolver o autoconhecimento e modificar posturas que não condizem com o ambiente organizacional. Bom trabalho!
CERIBELI, H. B.; LOURENÇO, R. F.; SARAIVA, C. M. As Dificuldades Enfrentadas no Mercado de Trabalho e o Bem-Estar da Geração Z. Revista Gestão & Conexões, v. 12, n. 2, p. 5–26, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/ppgadm/article/view/39193. Acesso em: 24 ago. 2023.
DIAS, B. dos S. Geração Z e o Mercado de Trabalho: uma revisão bibliográfica. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Administração) - Escola Paulista de Política, Economia e Negócios - EPPEN, Universidade Federal de São Paulo. Osasco, 2022. Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/66457. Acesso em: 24 ago. 2023.