Olá, estudante? Na lição passada, tratamos da Geração X, aquela que teve acesso aos primeiros computadores e celulares e ainda se mantém bastante atuante nas organizações. Você entendeu como o contexto histórico teve influência sobre este grupo, conheceu as suas características positivas e os desafios que ele enfrenta no ambiente de trabalho e compreendeu a importância da atuação dos Recursos Humanos diante destes profissionais.
Nesta lição, iremos dar continuidade aos estudos sobre as gerações que convivem nas instituições. Você irá identificar o contexto histórico da Geração Y, compreender seus principais traços de comportamento, conhecer as características positivas e os desafios que apresenta quando inserida no mercado de trabalho. Por fim, irá refletir como o departamento de Recursos Humanos pode lidar com este grupo, sempre com o intuito da promoção da diversidade, da inclusão e do melhor aproveitamento das potencialidades de cada colaborador.
Como futuro técnico em Administração, conhecer esta geração, tão presente na sociedade e nas empresas, é uma necessidade para todos os gestores e, sobretudo, para o RH da organização. Sendo assim, vamos iniciar mais uma jornada? Você é personagem fundamental na construção do conhecimento!
Você já ouviu falar em Mark Zuckerberg? Se não reconheceu de imediato este nome, irei te ajudar: Facebook, Instagram e Whatsapp certamente são velhos conhecidos seus, não é mesmo? Pois bem, o jovem empreendedor estadunidense é um dos grandes exemplos dos profissionais da geração que iremos conhecer. CEO da Meta, controladora dos aplicativos mencionados, ele nasceu em 1984 e é hoje uma das principais referências mundiais da área de tecnologia e redes sociais.
Adentrando no universo dos profissionais pertencentes à geração de Zuckerberg, você saberia responder como são os profissionais dessa geração? Quais as diferenças que apresentam em relação àqueles que os antecederam? Quais são os valores que guiam suas vidas e carreiras? De que forma se posicionam dentro das empresas? Como o departamento de Recursos Humanos pode lidar com suas características – buscando sempre proporcionar a integração da equipe e a inclusão da diversidade?
Dando sequência aos nossos estudos a respeito da pluralidade geracional que caracteriza o mundo contemporâneo, o nosso foco agora será a Geração Y. Conforme sinaliza Comazzetto et al. (2016), seus representantes são vistos, por parte das organizações, como sendo formados por jovens que escapam aos fatores restritivos e têm algo de não domesticável. Será que é assim mesmo? Apesar disto, as empresas percebem neles também características como a inventividade e a inovação, com uma inteligência associada ao coletivo, focada e capaz de multitarefas.
Segundo o Sebrae ([202-?]), uma pesquisa apontou que, em 2019, 34% dos brasileiros faziam parte da Geração Y. Numeroso e expressivo, este grupo integra o mercado de trabalho, compõe o mercado consumidor e tem anseios, planos e valores diferentes daqueles que as gerações anteriores nutriam.
Entender como os chamados Millennials se comportam é tarefa desafiadora para gestores e, também, para o departamento de Recursos Humanos da empresa. Com muitos deles assumindo cargos de liderança, compreender suas características é essencial para a construção de um ambiente de trabalho inclusivo, colaborativo e produtivo.
A cada etapa, estamos chegando mais perto da sua geração. Você já reconheceu em si mesmo algumas das características que mencionamos? Os saberes promovem autoconhecimento e conhecimento coletivo. Em todas as áreas, ambos são importantes e, na Administração, são fundamentais. Continuamos juntos!
No case desta etapa, vou trazer para você a história do jovem Clayton Oliveira, que, apesar da pouca idade, já teve a experiência de trabalhar em duas startups e é um exemplo bastante ilustrativo do que vamos analisar no desenvolvimento da nossa lição. Com coragem e ousadia, as características da Geração Y propiciaram a Clayton iniciativas empreendedoras, conferindo a elas um formato mais dinâmico e menos hierarquizado.
Bastante imediatista, a geração Y tem muito a aprender com as gerações mais antigas – como a paciência para esperar o tempo dos processos –, porém, também tem muito a ensinar – como as relações mais próximas entre gestores e colaboradores. Assista com atenção o vídeo indicado a seguir para conhecer a história de Clayton Oliveira e conhecer um pouco mais sobre o perfil dos Millennials!
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR AO VÍDEO
Após assistir o vídeo, você se identifica com alguma(s) das características do jovem empreendedor?
Filha da Geração X e neta dos Baby Boomers, a Geração Y ou Millennial é composta pelos que nasceram entre a década de 1980 e o ano 2000 (há divergências entre os especialistas com relação às datas). Neste período, o planeta que havia sido dividido entre capitalismo e socialismo durante cerca de cinquenta anos – quase chegando à Terceira Guerra Mundial – foi palco de aceleradas mudanças. Momentos históricos importantes como o fim da Guerra Fria, a queda do Muro de Berlim (1989) e o esfacelamento (desintegração) da União Soviética - URSS (1991), inauguraram uma outra época, com tempos e fatos cada vez mais distantes das duas guerras que assolaram o século XX.
No Brasil, assim como em outros países da América do Sul, a ditadura militar perdeu força. A crise econômica gerou hiperinflação e insegurança. Com a redemocratização (a partir de 1985), aos poucos, o país abriu sua economia e teve que enfrentar o desafio de alcançar a estabilidade de preços, combater as desigualdades sociais e restabelecer uma ordem interna, baseada nos princípios democráticos – a promulgação (votação e aprovação) da Constituição de 1988 é um bom exemplo destes passos necessários.
Foi neste cenário de rápidas transformações que a Geração Y nasceu e cresceu. Em duas décadas, a globalização intensificou-se e os mercados romperam barreiras. Os avanços tecnológicos, em um ritmo também veloz, passaram a integrar a vida doméstica e a rotina das empresas, racionalizando, aperfeiçoando e agilizando processos.
Para mencionar alguns exemplos, em cerca de vinte anos, o disco de vinil e a fita cassete (provavelmente você não conhece nenhum deles) foram substituídos pelo CD (este talvez ainda exista na sua casa), a internet popularizou-se, ganhou velocidade e influência.
Diferentemente do que ocorreu com o grupo que os antecedeu, os Millennials permaneceram na casa dos pais por mais tempo, até por volta dos 30 anos (enquanto a Geração X, nesta idade, já tinha um emprego e estava casada). E foi da casa da família que eles acompanharam tantas modificações, crescendo em meio às novas ferramentas e familiarizando-se com elas. Com pais que trabalhavam fora (muitos foram criados por apenas um dos pais), a Geração Y teve uma educação muito mais dinâmica e diversificada do que as anteriores. A escola, os cursos extras e a fartura de informações colaboraram para a construção de uma visão mais abrangente, como indicam Comazzetto et al. (2016, p. 147 [grifos nossos]):
É a primeira geração da história a ter maior conhecimento do que as anteriores na tecnologia. Convivendo com a diversidade das famílias, tendo passado a infância com a agenda cheia de atividades e de aparelhos eletrônicos, as pessoas dessa geração são multifacetadas, vivem em ação e administram bem o tempo. Captando os acontecimentos em tempo real e se conectando com uma variedade de pessoas, desenvolveram a visão sistêmica e aceitam a diversidade.
Em função deste contato com uma realidade mais ampla, para além da sua, em geral, os Millennials apresentam maior consciência social e ambiental, por isso, sentem-se mais comprometidos com a coletividade, engajando-se nas causas em que acreditam. Veem na tecnologia e nas mídias sociais uma forma eficaz de mobilização e de pressão sobre as organizações, sociedade, governos e instituições, pertencendo a comunidades com as quais se identificam.
O comportamento engajado reflete-se, inclusive, nos seus padrões de consumo, conforme indica um estudo do Sebrae ([202-?]):
Compram de quem se posiciona de maneira coerente com seus valores e causas;
Procuram um atendimento rápido, humanizado e personalizado;
Informam-se através de redes sociais e sites a respeito das marcas dos produtos/serviços que consomem;
Cobram posicionamentos das empresas em relação às pautas que consideram importantes;
Recorrem às compras virtuais com frequência.
Sempre conectados, estão constantemente superexpostos à informação. Suas relações pessoais, sociais e profissionais têm nas ferramentas tecnológicas, como e-mails, mensagens por aplicativos e redes sociais, um caminho natural de comunicação e de produção. Não encontram dificuldades em relacionar-se com pessoas e colegas de trabalho que estejam geograficamente distantes e tenham culturas diferentes.
Na empresa, a Geração Y distingue-se das anteriores. Segundo Rudge et al. (2017), pesquisas recentes realizadas com profissionais norte-americanos revelam que o tempo que eles passam em cada empresa é, em média, dois anos.
Muitos são os fatores que explicam esta grande mobilidade na carreira. Diferente dos Baby Boomers, com carreiras longevas na mesma empresa, este grupo não estabelece uma relação de lealdade para com a empresa, levando em consideração um conjunto de fatores que os fazem sentir-se bem. Se por acaso tais fatores deixarem de existir, eles não hesitam em buscar novas oportunidades, procurando desenvolvimento pessoal.
Vejamos algumas características positivas dos profissionais Millennials, segundo Rudge et al. (2017):
Não querem ser recompensados pelo tempo que está na empresa ou por sua senioridade, mas sim pelo seu desempenho e modo como performam;
Desejam maior flexibilidade no emprego, entendendo ser possível estar presente e acessível no trabalho mesmo à distância, e não veem que isto é falta de comprometimento;
Buscam ambientes verdadeiramente colaborativos, que fomentem (estimulem) a inovação e possuam uma estrutura organizacional dinâmica, que garanta fluidez na tomada de decisão;
Procuram o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, fazendo com que a flexibilidade no trabalho seja o único caminho possível para que não seja preciso abdicar do crescimento na carreira;
São competitivos e focados nos resultados;
Possuem grande capacidade de adaptação;
Têm uma formação escolar e acadêmica bastante sólida;
Valorizam o trabalho em equipe, bem como a cordialidade entre colegas e superiores.
Como desafios, a Geração Y pode enfrentar:
Dificuldade com a hierarquia, pois, como destaquei nas características apresentadas, na sua perspectiva, não são o tempo de empresa ou a posição hierárquica que indicam autoridade, mas o desempenho, os resultados alcançados. Portanto, receber orientações e diretrizes de um gestor que, a seu ver, não apresenta este perfil, é desafiador;
Necessidade constante de feedback. Como é motivada pelos resultados, a reafirmação de que está no caminho certo, os elogios e o reconhecimento são importantes para que mantenha o foco e envolvimento com o trabalho;
Quando desestimulados, sentindo-se estagnados (estacionados) em uma função, tendem a procurar outra empresa ou outro departamento na que já atua.
Um dos grandes desafios para os gestores de profissionais da Geração Y é mantê-los motivados, indicando possibilidades de crescimento e de participação ativa no desenvolvimento da empresa. Por isso, os feedbacks devem ser constantes e embasados nos resultados apresentados. Desta forma, sentem-se satisfeitos e instigados à inovação e à colaboração.
O departamento de Recursos Humanos desempenha papel fundamental na inclusão deste grupo. Promover a sua integração com os Baby Boomers, por exemplo, pode trazer serenidade, acalmar a ansiedade e orientar frente a resultados negativos. Por outro lado, propiciar o papel de mentoria aos Baby Boomers é uma forma importante de reconhecimento da sua experiência profissional e de vida.
A recompensa salarial também deve ser observada e considerada como uma forma de feedback. A desvinculação entre a performance e a remuneração pode trazer muita insatisfação, fazendo com que os Millennials tenham queda de produtividade ou procurem outro emprego – dificultando a retenção de bons profissionais. Conforme Rudge et al. (2017, p. 415), “o fato do bom desempenho não ser recompensado via salário ou promoção, esvazia o sentido de desempenhar acima da média, o que faz com que se sintam desmotivados e acomodados”.
Além destas atuações, o RH da empresa deve estar atento a outros fatores que envolvem os colaboradores da Geração Y. Acompanhe alguns deles:
Juntamente com o salário, a visibilidade e as oportunidades também são muito relevantes. Indicar treinamentos, estágios em outros departamentos/unidades e mudança de setor são iniciativas que podem motivar e impulsionar carreiras.
A valorização dos estudos acadêmicos (este grupo dedicou-se bastante à formação que lhes garantiu uma formação sólida) também deve ser considerada e entendida como diferencial.
A promoção de um bom ambiente de trabalho, mediando conflitos e propiciando a integração colaborativa são grandes motivadores de permanência na empresa.
Com muito a contribuir para as organizações, se bem estimulada e com oportunidades de crescimento, a Geração Y pode integrar a equipe de forma produtiva e inovadora, trazendo dinamismo e espírito colaborativo ao ambiente de trabalho.
Em nossos estudos, trabalhamos a Geração Y, também conhecida como Millennials. Você entendeu o contexto histórico do seu surgimento, identificou suas principais características e desafios e, ainda, compreendeu o papel dos Recursos Humanos na promoção da integração deste grupo na empresa, tornando possível uma convivência mais harmoniosa e produtiva.
Como futuro técnico em Administração, a compreensão do perfil da Geração Y irá capacitá-lo a entender o comportamento deste grupo na organização, podendo auxiliar na elaboração de estratégias mais eficientes e integrativas.
Para encerrarmos nosso tema, convido você a um exercício: assista ao vídeo indicado a seguir. A partir dele identifique 2 características da geração X e aponte algumas diferenças em relação à geração Y. Depois, discuta com seus colegas três sugestões para a promoção de um convívio mais produtivo entre elas, na mesma empresa. A boa gestão exige observação e planejamento estratégico, sempre guiados pelo conhecimento! Bom trabalho!
COMAZZETTO, L. R. et al. A Geração Y no Mercado de Trabalho: um Estudo Comparativo entre Gerações. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 36, n. 1, 145–157, jan./mar. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-3703001352014. Acesso em: 15 ago. 2023.
RUDGE, M. et al. Geração Y: um estudo sobre suas movimentações, valores e expectativas. Revista de Carreiras e Pessoas, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 406–421, jan./abr. 2017. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/ReCaPe/article/view/32653/22579. Acesso em: 18 ago. 2023.
SEBRAE. Quem são os consumidores millennials? In: Millennials: Como Conquistar Novos Consumidores nas Redes Sociais? [S. l.], [202-?]. Disponível em: https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/505265e1e19c350dedd8fb8c59ac3bdc/%24File/30590.pdf. Acesso em: 15 ago. 2023.