Olá, estudante! Em nosso último estudo, você conheceu os objetivos da criação do eSocial, entendeu as vantagens dele para empresas, empregados e órgãos governamentais, identificou as importantes funcionalidades que ele traz e reconheceu a classificação dos eventos que ele agrega. Agora, vamos trabalhar um tema bastante contemporâneo: a automação do trabalho. Você vai contextualizar as mudanças que presenciamos na atualidade, conhecer algumas análises pessimistas e otimistas a respeito, identificar as habilidades buscadas na atualidade e, ainda, compreender a importância do RH nesse cenário de transformações.
Como futuro(a) Técnico(a) em Administração, como gestor(a), o conhecimento do processo de automação e dos impactos que ele pode causar são fundamentais para a formulação de estratégias de gestão. Vamos entender qual é o lugar das máquinas no cenário do trabalho? Conto contigo!
Mesmo sendo jovem, certamente, você já deve ter percebido que a presença das máquinas é cada vez mais evidente em nosso cotidiano. Quando precisamos ir à uma agência bancária, percebemos que o atendimento presencial está diminuindo. Seja para sacar dinheiro, pagar boleto ou realizar uma transação, os caixas eletrônicos cumprem a função dos caixas e atendentes, isso quando não se pode realizar a operação via aplicativo, pois, nesse caso, não se vai mais ao banco. Da mesma forma, os caixas automáticos já são uma realidade nos supermercados das grandes cidades. Embora ainda não tenham substituído os funcionários, eles ganham espaço nas lojas.
Esses são apenas pequenos exemplos da utilização de máquinas na nossa rotina. Contudo, na verdade, o processo de automação está presente no chão da fábrica, nos setores administrativos, nos equipamentos de diagnósticos e hospitalares, na utilização da Inteligência Artificial (IA) nas mais variadas áreas e em outros campos. No entanto, nesse cenário, como ficará o trabalho? Os trabalhadores correm riscos? Qual é o papel do RH nesse contexto?
Vamos saber melhor a respeito? Venha comigo!
Ainda que associemos a tecnologia aos modernos aparelhos eletrônicos da atualidade, o processo de automação que visualizamos hoje teve início há muito tempo. Os impactos dele ainda não estão totalmente claros. O que se sabe com segurança é que mudanças profundas vão ocorrer no trabalho, na produção e nas profissões. Por isso, no case desta lição, trago um vídeo que trata desse histórico e das transformações geradas pela automação.
O vídeo indicado é uma excelente forma de adentrarmos nos conteúdos que serão estudados hoje! Refletir sobre esse processo é essencial para que consigamos lidar com o novo tempo.
A partir da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, o mundo tem vivido um grande processo de mudanças, talvez, apenas comparável com a Revolução Agrícola, ocorrida no Período Neolítico, entre 8 mil a. C. e 5 mil a. C., que marcou o desenvolvimento da agricultura e a passagem do nomadismo para o sedentarismo.
Com impactos profundos para a humanidade, os dois eventos transformaram, cada qual a sua maneira, as formas de sobrevivência, a organização social, as estruturas de poder, as manifestações religiosas, a relação com a natureza, o conceito, a produção de riquezas, além de todo um complexo conjunto cultural.
Assim como em todo processo histórico, a realidade contemporânea não está descolada dos acontecimentos do passado. Para pensarmos na atualidade, que tem desafios e oportunidades, é preciso que percebamos a panorâmica que tornou esse cenário em que vivemos possível.
A Revolução Industrial, ao desenvolver a máquina movida a energia motriz (como o vapor, advindo do carvão), modificou completamente as estruturas do trabalho. Os avanços tecnológicos iniciados nesse período deflagraram um constante aperfeiçoamento das técnicas e das condutas nos mais variados campos, sendo evidente, sobretudo, na área da gestão.
De acordo com Crews (2019 apud ALBUQUERQUE et al., 2019, p. 7, grifo nosso):
O ambiente gerencial tem sofrido mudanças drásticas em sua estrutura funcional devido à inserção de novas tecnologias nas organizações. Algoritmos e automação por meio do aprendizado de máquina (AM) tornaram-se cada vez mais comuns, principalmente devido à competição entre as firmas para aumentar a produção e reduzir os custos.
A compreensão desse fenômeno é decisiva para que as mudanças sejam encaradas como possibilidades de crescimento, mesmo que situações ainda desconhecidas tragam desafios e insegurança. Contudo, o fato é que a associação entre automação e desemprego preocupa muitos trabalhadores em diferentes contextos, exigindo um reposicionamento estratégico por parte dos gestores. Nos últimos anos, essa preocupação tem crescido, especialmente com o receio de que as tecnologias emergentes possam causar desemprego em larga escala no futuro (ALBUQUERQUE et al., 2019).
As análises entre os especialistas não são unânimes: há visões mais pessimistas e outras mais otimistas. Assim como destacam Frey e Osborne (2017 apud ALBUQUERQUE et al., 2019, p. 8), é estimado “que 47% de todos os empregos nos Estados Unidos podem estar em risco de serem automatizados em um futuro próximo”. Segundo esse pensamento, o momento atual é diferente de outras revoluções tecnológicas. Agora, as máquinas são capazes de realizar tarefas que eram entendidas como exclusivamente humanas.
Com os avanços tecnológicos do chamado aprendizado da máquina (AM), as novas tecnologias podem se tornar mais do que um complemento das tarefas, chegando a substituir o trabalhador na execução da atividade. Em uma linha mais otimista, pesquisadores, como Alexopoulos e Cohen (2016 apud ALBUQUERQUE et al., 2019, p. 8, grifo nosso), defendem “que os choques tecnológicos historicamente positivos aumentaram as oportunidades de emprego. Dessa forma, a automação poderia, no longo prazo, ser boa para toda a economia”.
Em um dos mais importantes trabalhos a respeito do processo de automação, Arntz, Gregory e Zierahn (2016 apud ALBUQUERQUE et al., 2019) apontaram que:
Os empregos não são automatizáveis da mesma forma em todos os lugares.
Fatores, como as diferenças gerais das organizações de trabalho e o nível educacional dos trabalhadores, influenciam a possibilidade de automação dos empregos.
No geral, a capacidade de automação diminui de acordo com o nível de educação e com a renda dos trabalhadores: indivíduos de baixa qualificação e renda são os que enfrentam um maior risco de terem os postos de trabalho automatizáveis.
Entretanto, ao analisarmos de forma geral, podemos perceber que, em todas as esferas, a utilização de máquinas inteligentes e o uso da Inteligência Artificial (IA) são uma realidade. Quando pensamos em termos de gestão, isso não é diferente. As atividades administrativas são cada vez mais dependentes do uso de sistemas para o funcionamento. Aplicativos e ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) trazem uma série de benefícios para o trabalho. Como exemplo, podemos citar:
Uma maior agilidade nas tarefas, o que, consequentemente, aumenta a produtividade.
Maior segurança, que, por sua vez, minimiza as chances de erro.
Controle sobre os processos.
Redução de custos, pois é diminuída a necessidade de trabalhadores e evitado o retrabalho.
Aumento da qualidade, permitindo o estabelecimento de normas e padrões.
Independentemente da perspectiva, seja pessimista ou otimista, é inquestionável que temos uma nova cultura organizacional, em que o trabalho humano e a automação convivem e interagem, exigindo dos novos profissionais e o desenvolvimento de habilidades que permitam a respectiva adaptação e o crescimento nesse cenário. Como exemplos dessas habilidades, podemos citar:
Flexibilidade e adaptabilidade.
Conhecimentos em segurança da informação.
Capacidade de interpretação de dados.
Criatividade e inovação.
Habilidades de comunicação digital.
Aprendizado de máquina e Inteligência Artificial.
Pensamento crítico e solução de problemas.
Habilidades sociais e emocionais.
Liderança e gestão de equipes.
A chamada automação de processos pode ser entendida como o ato de substituir humanos por máquinas ao executar uma sequência de ações. Essa substituição “funciona melhor em atividades de escala. Em outras palavras, quanto maior, mais demorada e difícil for uma tarefa, maior será a oportunidade de se beneficiar de sua automação” (O QUE..., 2024, on-line). Bastante ampla, a automação de processos pode ocorrer em múltiplas áreas, como:
Processos contábeis e financeiros.
Agendamento e reagendamento de consultas.
Contratos e formulários de permissão.
Coleta de dados, análise e avaliação de risco.
Gerenciamento de documentos.
E-mail marketing e mídias sociais.
Cadastro de RH e integração de novos contratados.
Processamento e atendimento de pedidos.
Gestão de desempenho.
Cadastro e matrícula de alunos.
Controle de tempo ou presença.
Nesse extenso panorama, o papel do RH é de suma importância. Para que a empresa se desenvolva, a adoção das ferramentas tecnológicas e a automação dos processos devem ser realizadas de maneira que o ambiente organizacional esteja preparado para as inovações. A criação de estratégias, a capacitação dos colaboradores e a contratação de profissionais, com formação e perfil afinados com a proposta da organização, são exemplos de atuação dos Recursos Humanos.
Além disso, as inovações tecnológicas, como a Inteligência Artificial (IA), podem auxiliar na própria prática cotidiana do RH. Vejamos alguns exemplos:
No recrutamento e seleção, ao auxiliar na análise de currículos e na recomendação de candidatos de acordo com a vaga.
No desenvolvimento de pessoas, ao contribuir com a estruturação de planos de treinamento e desenvolvimento, compilar dados, fornecer feedback e auxiliar na criação de programas de aprendizagem automática.
Na avaliação de desempenho, compilando e interpretando dados, fornecendo feedback e sugerindo colaboradores que necessitam de desenvolvimento.
Na retenção de funcionários, ao analisar dados de satisfação, identificar possibilidades de rotatividade e colaborar na estruturação de programas de retenção.
Para que o processo de automação seja bem-sucedido, é preciso ter atenção na escolha das tecnologias adequadas ao segmento, de um time que disponha das habilidades necessárias, da formação de uma cultura de inovação e uma boa estrutura. A automação requer cuidados, dessa forma, é preciso planejar a automação, mapear os processos e, aos poucos, criar uma cultura de automação (O QUE..., 2024). Sendo assim, a melhor saída é começar pelos processos mais simples.
Os gestores precisam estar cientes da tendência de automação como uma realidade e entender como as organizações podem se beneficiar da implementação desses sistemas, sendo fundamental a compreensão da mudança do modelo de negócio e da forma de contratação de funcionários (ou a substituição por máquinas). Por fim, é necessário ter em mente que as transformações levam tempo e devem ser constantemente monitoradas para identificar possíveis melhorias.
Estudante, neste estudo, abordamos a automação do trabalho. Você refletiu sobre o contexto das mudanças tecnológicas da atualidade, conheceu algumas análises pessimistas e otimistas a respeito da automação, identificou as habilidades buscadas nos profissionais e compreendeu o papel do RH nesse cenário de transformações. Como futuro(a) Técnico(a) em Administração, você está apto(a) a contribuir na elaboração de estratégias para a implantação da automação, no respectivo acompanhamento e na criação de uma cultura organizacional preparada para lidar com as mudanças.
Para terminarmos, eu te convido a assistir ao vídeo a seguir. Ele traz um panorama sobre os impactos da automação e da tecnologia. A partir das informações disponibilizadas, comente as principais consequências do processo de automação, como elas estão relacionadas com a escolaridade e quais são os principais desafios a serem enfrentados. Ao final, compartilhe as suas percepções com os seus colegas. Cada um desses pontos merece uma reflexão profunda sobre como podemos melhor preparar as gerações futuras para um mundo cada vez mais automatizado e digitalizado! Bom trabalho!
ALBUQUERQUE, P. H. M. et al. Na era das máquinas, o emprego é de quem? Estimação da probabilidade de automação de ocupações no Brasil. Brasília, DF; Rio de Janeiro: Ipea, 2019.
O QUE é automação de processos? FGV Jr., c2024. Disponível em: https://fgvjr.com/blog/o-que-e-automacao-de-processos. Acesso em: 18 jul. 2024.