Olá, caro estudante! Como vai? Na lição anterior, falamos de uma geração bastante interessante, ainda presente no ambiente de trabalho: os Baby Boomers. Você conheceu o contexto histórico em que surgiram, identificou as suas principais características e reconheceu alguns dos desafios que enfrentam.
Nesta etapa dos nossos estudos, daremos sequência à composição geracional presente na sociedade e nas organizações. Você irá conhecer o contexto histórico do surgimento da Geração X, identificar as suas características positivas e os desafios que enfrentam e, ainda, refletir sobre a atuação dos Recursos Humanos diante deste perfil.
Como futuro técnico em Administração, a identificação de tais características e a compreensão do papel exercido pelo departamento de RH, para a inclusão e a retenção dos profissionais desta geração, irá colaborar na construção de um ambiente corporativo mais rico, acolhedor e propício à troca de experiências.
Pronto para conhecer mais sobre a composição do ambiente empresarial? Vou te apresentar uma nova geração!
Conforme temos analisado nas lições anteriores, a realidade das organizações na atualidade é marcada por uma grande variedade geracional. Como afirmam Pelizari e Fleury (2012), o conflito de gerações não é um fenômeno novo e foi acirrado com a globalização. Diante disso, o desafio para as empresas é contar com todos os talentos disponíveis, propiciando que permaneçam em seus quadros.
Em nosso estudo sobre esta diversidade, já conhecemos os Veteranos ou Tradicionais e os Baby Boomers. Ambas as gerações sofreram um grande impacto da Segunda Guerra Mundial: a primeira nasceu logo antes e durante o conflito; a segunda surgiu na sequência do pós-guerra. Nos dois casos, a necessidade de segurança, a estabilidade, a relação de lealdade para com o trabalho (visto como prioridade de vida), a longevidade na empresa (com permanências entre 20 e 30 anos na mesma instituição) são características que tiveram influência do panorama gerado pela guerra. Evento marcante, o conflito deixou marcas inclusive naquela parcela dos Baby Boomers que foi mais contestadora e revolucionária, apresentando uma forma de comportamento que reagiu à educação rigorosa que recebeu dos pais.
Agora, vamos analisar o grupo que veio a seguir. Bastante presente no mercado de trabalho, ocupando cargos de liderança em muitas organizações, a Geração X tem muito a ensinar e está disposta a aprender. Provavelmente, você convive diariamente com seus integrantes, podem ser seus avós, tios, professores e até mesmo seus pais. São pessoas que têm uma certa desenvoltura com os recursos tecnológicos, mas ainda preservam comportamentos das gerações passadas como a disciplina e o respeito às regras.
Mas, pensando na Geração X, você saberia dizer com propriedade quais são as características deste grupo? Conseguiria identificar como se comportam no ambiente de trabalho? Quais serão os desafios que enfrentam? Será que são semelhantes aos das gerações anteriores? Qual é o papel dos Recursos Humanos diante deste perfil? São muitas perguntas a serem respondidas, não é mesmo? Porém, fique tranquilo, encontraremos as respostas no decorrer do material!
Para o case desta lição, vou apresentar a você uma iniciativa muito interessante, que envolve uma startup social que trabalha diretamente com os chamados 50+ (integrantes da Geração X). Ela visa desenvolver uma série de projetos cujo objetivo é conectar esses profissionais às empresas que desejam as características positivas que este perfil possui.
Dentre os muitos cases de sucesso da empresa, vamos conhecer o Credicard 50+. A partir da inclusão da diversidade, a proposta foi, através da experiência de quem tem mais de 50 anos de idade, auxiliar a empresa a construir uma estratégia de comunicação mais inclusiva para os clientes desta mesma faixa etária; ou seja, profissionais 50+ trabalhando para compreender as necessidades, dificuldades e, assim, “falar a mesma língua” dos clientes 50+. Desta forma, ao promover uma cultura organizacional intergeracional, a empresa teve a possibilidade de tornar seu ambiente mais diverso e inclusivo – e, claro, entender e atender seus clientes de forma mais eficiente.
Os resultados do projeto foram muito positivos, e você pode conhecer ainda mais sobre ele clicando aqui. Além disso, no site da empresa é possível ver outras iniciativas interessantes envolvendo a Geração X. Para acessar o site, basta clicar aqui.
Muito bacana, não é? A iniciativa da startup contribui de forma muito positiva para a experiência do cliente, e ao mesmo tempo, auxilia a empresa a criar uma estratégia de comunicação mais inclusiva. Isso destaca a valorização da diversidade etária e a importância de entender as necessidades específicas dessa geração.
No case, a iniciativa da empresa é muito interessante, mas isso não ocorre em todas as empresas, diante disso, quais são os pontos chaves que você, que não faz parte da Geração X, precisa compreender para trabalhar com eles? Vamos compreender?
Filhos dos Baby Boomers, os representantes da Geração X, que nasceram entre meados da década de 1960 e o final da década de 1970, tiveram uma experiência de vida mais distanciada da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mas ainda sob os efeitos da Guerra Fria. Com uma tensão constante entre o bloco capitalista e o bloco socialista, o mundo vivenciou a corrida nuclear, guerras regionais e ditaduras militares – a ditadura no Brasil, por exemplo, durou de 1964 até 1985.
Com uma educação também rígida, a Geração X viu seus pais dedicarem suas vidas ao trabalho, manterem lealdade a uma empresa, buscarem uma carreira sólida e segura. Ao mesmo tempo, esta geração pôde conviver com reivindicações sociais e de comportamento.
Observou vários avanços e conquistas, como as raciais (aquelas obtidas pelo movimento negro nos EUA, por exemplo), as ambientais (a publicação da Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, sobre o as consequências do uso de pesticidas, impulsionou uma revolução ambiental) e as de gênero (como a inserção mais significativa da mulher no mercado de trabalho e o desenvolvimento da pílula anticoncepcional, em 1960, nos Estados Unidos).
Ainda que muitas destas lutas ainda não tenham sido resolvidas e estejam presentes na atualidade (como a igualdade de salários entre homens e mulheres no exercício da mesma função e a igualdade de oportunidades a todos, independente da origem racial), os integrantes da Geração X cresceram em um ambiente em que havia muitas tensões, mas também algumas vitórias eram percebidas.
Com as novas tecnologias mais acessíveis, a televisão fez parte da sua vida desde a infância. Através da telinha, o mundo foi levado para dentro do ambiente doméstico. Desenhos animados, filmes e jornais proporcionaram entretenimento e informação. A chamada opinião pública torna-se bastante influenciada por esse meio de comunicação.
A Guerra do Vietnã, por exemplo, foi o primeiro conflito televisionado da História. As imagens dos horrores das batalhas, mostradas nos telejornais noturnos, foram, além de outros fatores, decisivas para que a população estadunidense se posicionasse contra a permanência do país na guerra. Com mais acesso à tecnologia, informação e perspectivas de mundo, a Geração X presenciou alguns fenômenos até então desconhecidos, como a insatisfação de seus pais com o projeto de vida que seguiram: a dedicação à empresa e as dificuldades no casamento. Esta geração conheceu, portanto, a ideia de que nem sempre a permanência em uma organização é sinônimo de segurança e sucesso e assistiu o divórcio de seus pais ou dos seus amigos.
As mudanças digitais não os assustam. Este grupo viveu a revolução tecnológica no início da vida adulta, sendo os primeiros da família a possuírem um computador, um celular e os eletroeletrônicos. Embora tenham crescido em um mundo analógico, este grupo foi o pioneiro em utilizar e adotar o modelo digital.
Como você pode perceber, a Geração X é menos rígida, mais aberta a mudanças e a novidades. Educada com mais autoestima, essa geração valoriza o trabalho, respeita as regras e a disciplina, mas não se satisfaz apenas com isto, ela quer mais. Deseja que o seu tempo também seja direcionado a outras atividades que lhe tragam satisfação, buscando o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Bastante atuantes, grande parte dos executivos das empresas pertencem a este grupo. Ainda que mais livres do que os Baby Boomers, os seus membros são vistos como dedicados e empreendedores. Sinteticamente, vamos conhecer algumas de suas características:
São experientes.
Têm compromisso com o trabalho.
Desejam uma carreira sólida/estável.
São independentes.
Valorizam a rotina e são bastante focados.
São estrategistas.
Apreciam um ambiente de trabalho tranquilo.
Reconhecem a importância da hierarquia.
Aceitam e valorizam o feedback (avaliação, retorno analítico) de seus superiores.
São abertos a mudanças.
Adaptam-se às inovações tecnológicas.
Valorizam as competências.
Possuem um certo receio de perderem seu espaço de trabalho para as novas tecnologias e as novas gerações.
Apresentam dificuldade em manterem-se atualizados na sua área de atuação e frente às exigências do mercado.
Têm como maiores concorrentes, os mais jovens.
Possuem uma maior dificuldade no desenvolvimento de uma atuação multifuncional.
Apresentam dificuldade para adaptarem-se a ambientes mais informais (por exemplo, o vestuário, a linguagem e as formas de trabalho - como o home office) .
Apesar dos desafios enfrentados pela Geração X na atualidade, a empresa deseja a experiência que este grupo possui. Para lidar com a questão, o departamento de Recursos Humanos possui mecanismos de atuação bastante eficazes. Vejamos algumas ações interessantes:
Como os processos burocráticos podem ser desafiadores, sobretudo os que envolvem o uso de tecnologias, a sua simplificação deve ser considerada pela organização. Além disto, a promoção de treinamentos corporativos (que capacitem os colaboradores para a utilização dos recursos e instrumentos) é de suma importância para a inclusão desta geração.
A promoção do diálogo e do convívio entre os diversos grupos etários proporciona a minimização do isolamento em pequenos núcleos, contribuindo para a troca de experiência e saberes. Treinamentos que reúnam representantes de várias gerações são produtivos, pois são excelentes oportunidades de aprendizado para todos os envolvidos.
A valorização destes profissionais é uma forma importante de mantê-los na empresa. Seja através de salários, benefícios ou promoções, o reconhecimento gera mais satisfação, estimulando uma maior dedicação (e consequentes resultados) à organização.
Essencial para todas as gerações que trabalham em uma empresa, a adoção de um ambiente ergonômico (que promova a manutenção da saúde dos colaboradores) é bastante importante para a Geração X (ainda que possam ser considerados modernos, móveis de trabalho como mesas e cadeiras altas, não são adequados). Além disso, um programa de exercícios laborais e a existência de bons convênios de saúde são bastante valorizados por este grupo.
A presença madura e experiente da chamada Geração X – que enriquece as práticas da organização, seja ao ocupar funções no quadro geral de colaboradores, seja ao assumir posições de liderança – deve ser estimulada e valorizada através de estratégias promovidas e executadas pelos Recursos Humanos da instituição, conforme destaca o Guia de Tendências 2022/23, do SEBRAE:
Criar um bom relacionamento com os colaboradores definitivamente não se trata de placas de “funcionário do mês”. É preciso estar sempre atento às suas necessidades, desde condições de saúde (física e mental) até experiências no ambiente de trabalho, a fim de implementar melhorias e oferecer suporte mais adequado (SEBRAE, 2021, p.28 [grifos nossos]).
Presentes também no universo do empreendedorismo, a Geração X tem se reinventado ao abrir seu próprio negócio e ao criar interessantes modelos de startups, demonstrando vigor, vitalidade e resiliência. A partir de uma gestão estratégica, é importante que a organização seja capaz de reter estes profissionais e de crescer com eles.
No decorrer desta lição, demos continuidade a um assunto cuja atuação dos Recursos Humanos mostra-se fundamental: a identificação das gerações presentes na empresa e a promoção da integração e da inclusão de seus vários representantes. Você conheceu a Geração X, compreendeu o contexto histórico do seu surgimento, identificou suas características positivas, entendeu alguns dos seus desafios e pôde, ainda, refletir sobre possíveis práticas coordenadas pelo setor de RH da organização, sempre tendo como objetivos a promoção da noção de pertencimento e a mediação de possíveis conflitos.
Em nosso case, você conheceu o bem-sucedido Programa Credicard 50+, que conectou profissionais da Geração X (50+) a uma empresa que possui em sua carteira de clientes uma significativa parcela com este perfil etário, proporcionando empregabilidade para os profissionais, diversidade para a empresa e satisfação ao consumidor (cliente).
Como futuro técnico em Administração, os saberes sobre a Geração X irão torná-lo(a) apto a reconhecer os integrantes deste grupo na instituição, colaborando para uma condução mais assertiva no processo de formação de equipes e na coesão destes profissionais.
Para concluirmos este momento de aprendizado, proponho a você uma atividade: identifique na sua escola 4 profissionais pertencentes à Geração X. Na sequência, a partir da sua observação, indique três características positivas (estudadas na lição) que eles apresentam. E, para finalizar, aponte uma sugestão de como a atuação destes profissionais poderia ser ainda mais destacada.
A Geração X que convive com você tem muito a ensinar. Então, nada de perder tempo: vamos aprender?! Bom trabalho!
PELIZARI, C. FLEURY, S. Gerações em Conflito nas Empresas. In: Rev. Bras Guia Pessoal - Finanças, Carreira, Negócios, 2012, p. 20-25.
SEBRAE. Guia de Tendências 2022/23: Consumo e mercado no pós-pandemia. 2021. Disponível em https://www.sebraepr.com.br/tendencias/wp-content/uploads/2021/11/guia-tendencias_22-23_SebraePR1.pdf?token=0ba03be8-93dd-44ca-9937-878907811ef0. Acesso em: 07 ago. 2023.