SerformanceP 2021

Videoperformances

O vídeo se torna plataforma frequente para performances, happenings e outras manifestações disruptivas desde o barateamento dos equipamentos, a partir da década de 60.

No Brasil, a tecnologia começa a ganhar popularidade nos anos 70, em trabalhos de artistas como Hélio Oiticica e Letícia Parente. O formato é fortemente vinculado a questionamentos variados, como estéticos, sociais e políticos.

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Video has become a frequent platform for performances, happenings and other disruptive manifestations since equipment became cheaper in the 1960s.

In Brazil, the technology began to gain popularity in the 70s, in works by artists such as Hélio Oiticica and Letícia Parente. The format is strongly linked to varied inquiries, such as aesthetic, social and political.

Frame: Marca Registrada (1975), by Letícia Parente. Enciclopédia Itaú Cultural.

Seleção de Videoperformances para SerformanceP 5 (2021)

NATUREZA EM FLUXO

Francesco D'Avila
Belo Horizonte/MG

O performer caminha pelas ruas da cidade vestindo o "Objeto Sustentável". Um mecanismo de produção de oxigênio construído a partir de um pote de vidro contendo uma planta viva e conectado a uma máscara por tubos transparentes.

Rodrigo Gallo
Rio de Janeiro/RJ

Ator, roteirista e diretor da Violino Filmes. Depois de lançar o Conto da Sereia, apresentado na SerformanceP 4, ele apresenta o curta Ofélia na Praia, com a performer e atriz Hissa de Urkiola

Meujaela Gonzaga
Recife/PE

Recifense que vive na Chapada Diamantina - BA, tem a prática do deslocamento como mochileira e está há 4 anos em processo de pesquisa nos biomas brasileiros, onde iniciou sua vivencia com o cinema experimental. Discente em artes na UFSB.

Wilka Sales
Grajaú/MA

Artista visual, arte-educadora, mestranda em Artes na UFPA, busca a cura no benzimento e nas ervas medicinais. "Voz de disparo" foi construída no período de isolamento pela pandemia. Gravada ao entardecer com composição Dança Macabra (1875) do compositor francês Camille Saint-Saëns, sons de pássaros da noite e das cigarras, as ações afloram um naturalismo, entre o pictórico e fotográfico.

CONFLITOS PERSISTENTES

Terezinha Malaquias
Freiburg / Alemanha

A multiartista brasileira radicada na Alemanha cria uma leitura dos tempos da ditadura no Brasil, com um pedido de perdão às vítimas daquela época e um paralelo ao racismo que persiste até hoje, com pessoas pretas sendo mortas por causa da cor da pele. Inspirado nas músicas do Gerado Vandré, Chico Buarque e Gilberto Gil.

Matlakas
Londres / Reino Unido

Em 2018, Matlakas foi convidado pelo British Council e pela Municipal Gallery, Kharkiv, Ucrânia, para participar de uma residência de 40 dias, de onde resultou "Pyjamas Party". O artista cria pijamas do tamanho de um tanque e cria permissões falsas dos governos italiano e ucraniano para realizar a ação, criando um diálogo em torno do tema guerra e conflito.

Fernando Porfirio Lima
Santo Amaro/BA

Poeta, pesquisador e ativista social desenvolve ações artísticas em coletivo no Recôncavo Baiano, a partir da amplitude e potencialidades da cultura e da arte negra do território. "Perigo" reflete sobre uma colonização ainda entranhada em nossa subjetividade. Traduzindo a dor de feridas expostas, que se libertam em forma de arte. O café e a cana de açúcar remetem à escravidão para exprimir a sensação de violência e a necessidade de conter o corpo preto, privado de sua liberdade para manter as estruturas de poder.

PC
Vilhena/RO

Performer, artivista bicha e preta com pesquisas no campo do corpo, nudez, negritude e afeto. Acto Fal(h)o é um trabalho de tensão entre as noções cristãs de respeitabilidade ao próximo, discursos de ódio e a potência do falo. Os falos, o visível que demarca o texto junto da ejaculação do não visto, somam-se não para sinalizar a força que possuem, mas revelam o contrário, o preço da covardia do anonimato violento.

HABITAR IDENTIDADES

Fernando Hermógenes
São Joaquim de Bicas/MG

Fernando Hermógenes, Reizinho Humilde, agitador cultural, performer, escritor, "criador dos melhores auês". O artista descobriu a presença da MMX mineradora depois de um bom tempo morando na cidade. Em um movimento de perfurar a superfície, de perceber seu entorno, ele descobre o barro e as ruínas de uma camada bege, cor de sua pele, para entrar no mundo roto.

Pablo Vieira
Natal/RN

É ator e produtor da Sociedade T, agrupamento de artistas pesquisadores com formações em diversas linguagens contemporâneas. Nesta performance, carrega pela cidade um símbolo de uma das lutas LGBTQIAP+. A ação disruptiva no espaço urbano, provoca reflexões sobre essa luta e reforça sua existência na capital potiguar, em tom de alerta para o excesso de violência.

Letícia Rita
São Paulo/SP

Em sua pesquisa, a artista percorre pensamentos e vivências referentes às relações de poder, com questões sobre limitações, aprisionamentos e estranhas liberdades em soluções mágicas de paz, representações físicas de processos imaginários. Ilusões. O vídeo #2020 usa sobreposições e recursos de áudio para retratar o ato de arrancar o rosto.

DFenix
Rio de Janeiro/RJ

Artista trans não-binário, co-criador do Festival Internacional "Yes Nós Temos Burlesco!", do Rio. Pesquisa a arte burlesca com ênfase em curadoria dissidente. Ministrou formações na linguagem no Brasil, Argentina e Estados Unidos. O vídeo é uma projeção temporal de um instante de vida, imagens poéticas do renascer DFenix como pessoa queer.

Tashmadada
Melbourne / Austrália

A companhia australiana promove colaborações artísticas nacionais e internacionais, incluindo peças teatrais, festivais de cinema e eventos literários. Medea: Kaddish For The Children invoca mitos clássicos para provocar uma ruptura contemporânea em um relacionamento. Os dois artistas, casados há mais de vinte anos, testam a dinâmica do amor, da justiça e da fé em relação aos parâmetros de seu próprio relacionamento.

Compañia Helena
Buenos Aires / Argentina

Silvina Grinberg é formada pela Oficina de Dança Teatral San Martín. Desde 2000 produz e dirige suas próprias produções como "Los esmerados" e "el escondido". Coreografou para o Ballet del Teatro San Martín e teve experiências internacionais no Chile, Itália e Alemanha. ¿Qué es ser una rockola de la danza? Refere-se a uma pessoa que é capaz de dançar uma grande quantidade de música a pedido. “A jukebox da dança” vai também às ruas, é imersiva e participativa. Novas formas de habitar, cooperar e conceber espaços.

Isil Sol Vil x Marina Barsy Janer
Porto Rico - Espanha

Vindo de mundos tão diversos quanto a América Latina e a Europa, o masculino e o feminino, os performers se encontram para um ato transgressivo: por meio do entrelaçamento de suas próprias psiques, corpos, experiências sensoriais e afetividades extremas, eliminam o duplo conceito de si mesmo. SIMBIOSIS CANÍBAL é erotismo que se devora. Autofagia fértil. Calor vital e corporal que emana um novo devir. Brotando do ancestral, do degenerado, do ilimitado. Um cultivo do corpo múltiplo.

Jordina Ros - Pere Estadella
Cambrils / Espanha

Artistas, professores e agitadores culturais. Suas obras buscam uma provocação social, rompendo normas culturais e trabalhando poéticas em torno de conceitos de artes visuais. A dupla tem viajado e exibido seus trabalhos em várias partes do mundo. O vídeo selecionado fala dessa liberdade utópica que muitos buscam eternamente.

TRANSMUTAR E SORRIR

Coletiva Oculta
Rio de Janeiro/RJ

Atua entre brechas e ruínas com performance, oráculos e altares efêmeros congregando com a tecnologia e aplicações cotidianas. Atuantes desde 2015, composta por pessoas pretas e indígenas. foi gravado durante aparição na mostra Corpos-cidades (2019) e apresenta uma intervenção com incensos na galeria e ruas da Lapa, no Rio de Janeiro.

Bruno Luciano
São Bernardo do Campo/SP

Formado pelo projeto social Juventude Cidadã em SBC, em violão, malabares, circo aéreo e clown. Viajou por mais de 15 estados brasileiros como artista de rua, com números circenses, poesia e musica. Como músico, atuou em diversos projetos de como Sensimilla Dub, Guerreiros de Judá, Andrew Tosh (Jamaica), Pablo Moses (Jamaica), Kamaphew Tawá, e Mestre Lumumba. O vídeo é uma performance com claves e música soundhealing.

Fuscirco
Fortaleza/CE

Pesquisa, cria, produz, circula e exibe a arte circense desde 2019, com base na cidade de Fortaleza/CE. O foco é a linguagem do palhaço popular nordestino, viajando em um fusca e buscando a descentralização como principal rota de suas apresentações. Atualmente o coletivo é composto por Henrique Rosa, o Palhaço Pitchula e Amanda Santos, a Palhaça Rupi.

Mágico Fênix
Fortaleza/CE

Seu maior medo era o de falar em público, até que o encanto pela mágica foi maior e esse medo foi superado. Uma performance com cores que aparecem e desaparecem, metáfora para transmutações particulares do artista e de quem assiste.

DESLOCAMENTOS FEMININOS

Mariana Maia
Rio de Janeiro/RJ

Artista visual, realizadora audiovisual, produtora cultural e curadora, além de pesquisadora da arte afro-brasileira e as relações étnico-raciais. Com Trouxa de Ouro, a performer entrelaça ações comuns com a religiosidade afro-brasileira e as diversas histórias da arte. Sustentar uma trouxa sobre a cabeça remonta saberes, dores, fortalezas. Através do Atlântico, é carregada a trouxa necessária para reconstruir as áfricas.

Anita Araújo
Buenos Aires / Argentina

Está finalizando o Mestrado em Teatro e Artes da Performance na Universidade Nacional das Artes de Buenos Aires. Fundou o Festival En Mi Balcón, projeto permanente de composição urbana a partir da varanda da sua casa. "Anitaíma e o ovo que a partiu", videopoema composto por tudo o que não pode ser escrito na sua dissertação de mestrado, versa sobre o que não se deveria falar nem pensar, sobre ser imigrante e não saber voltar.

Rafaelle Artof
Fortaleza/CE

Mulher, dramaturga, escritora, pesquisadora, produtora cultural, nômade e batuqueira. 'Suar deixa as pessoas distraídas demais, amor...''. O vídeo-poesia Boca seca de saudade é sobre ser nordestina nômade vivendo em São Paulo, fragmentos de sentimentos, nas filmagens e na voz da artista.

Allegra Ceccarelli
Bali / Indonésia

Por muitas gerações o prazer foi afastado das mulheres, ensinadas a desprezar as suas corpas. Os prazeres femininos estão diretamente relacionados com a criatividade da mulher. Uma mulher sem prazer é mais uma mulher queimada e anulada pelo patriarcado. “Perseguida” é uma ode a fertilidade e criatividade, ao gozo, aos fluidos e a água. Numa junção dos mitos das Deusas-Monstras Baubo (grega), Kalih e Durga (hindus) e Rangda (Bali), a fêmea goooooooza da (na) cara do patriarcado.

Gabriela C. Miola
Florianópolis/SC

A artista, doutora em Literatura Comparada pela USP e docente de artes da UFSC, investiga as possibilidades interartes aproximando artes visuais, literatura, performance. "GINoide: Pata de Vaca" é uma performance em formato GIF que faz parte de uma série de fotoperformances em que a artista investiga aproximações do corpo feminino com elementos botânicos em um contraponto decolonial.

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