Cosmovisão

O que é Cosmovisão

Cosmo – do grego kosmos significa ordem, oposto ao Caos (kaos), desordem. Cosmovisão (Visão Geral de Mundo). Além de significar uma visão ou concepção de mundo, expressa também uma atitude frente ao mesmo. O Materialismo, o Espiritualismo e o Idealismo são cosmovisões. O que caracteriza essas diversas cosmovisões? Primeiro, um anelo de saber integral; segundo, a apreensão da totalidade; terceiro, a solução de problemas do sentido do mundo e da vida. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Filosofia e Cosmovisão (Introdução à Filosofia e Visão Geral de Mundo). 2. ed., São Paulo, Logos, 1955.


Subsídios para uma Palestra

1. Introdução

O que é cosmovisão? Como vê-la no processo histórico? Qual a utilidade prática para essa visão de conjunto do mundo e da humanidade?

2. Conceito

Cosmo – do grego kosmos significa ordem, oposto ao Caos (kaos), desordem.

Cosmovisão (Visão Geral de Mundo). Da soma geral dos conhecimentos, os filósofos organizaram, sistematicamente ou não, uma espécie de panorama geral de todo o conhecimento, formando uma totalidade de visão, uma coordenação de opiniões entrelaçadas entre si.

Com essa sistematização lhes é possível formular, não só uma opinião geral de todo o acontecer, mas também compreender e relacionar um fato individual com a visão geral formulada do todo. (Santos, 1955, p. 123)

Cosmovisão, além de significar uma visão ou concepção de mundo, expressa também uma atitude frente ao mesmo. Portanto, não é uma mera abstração, já que a imagem que o homem forma do mundo possui um fator de orientação e uma qualidade modeladora e transformadora da própria conduta humana. Implícito em toda cosmovisão há um caminho de ação e realização”. (Crema, 1989, p. 17)

O Materialismo, o Espiritualismo e o Idealismo são cosmovisões. O que caracteriza essas diversas cosmovisões? Primeiro, um anelo de saber integral; segundo, a apreensão da totalidade; terceiro, a solução de problemas do sentido do mundo e da vida.

Além das cosmovisões fornecidas pela ciência e pela filosofia, podemos também enumerar as determinadas pela psicologia, pela raça, pela classe social, pela cultura histórica, bem como as fornecidas pela biologia, pela matemática, pela física. (Santos, 1955, p. 124)

3. Histórico

J. Torres, em Totalidade e Sociologia, resume a visão geral de mundo nos seguintes termos:

1.ª Fase – Espiritualismo (a Fé)

Antiguidade: Caos Oriental – Grego – Romano.

Fim da Antiguidade: Empirismo Latino-Politeico.

Idade Média: Teologia Monoteísta (Escolástica).

Síntese: PAPAS (Cruz) ==> CATOLICISMO Triunfante (Tomismo).

2.ª Fase – Racionalismo (a Razão)

Fim da Idade Média: Humanismo Renascentista – Filosofia Herética (repúdio da Fé, repúdio da Escolástica) ==> REFORMA.

Início da Idade Moderna: Naturalismo Ateológico – Filosofia da dúvida (Cartesianismo).

Idade Moderna: Ideologias Relativistas – Filosofia da Observação (empirismo), Filosofia Política (Democratismo) ==> REVOLUÇÃO.

Síntese: REIS (Espada) ==> DEMOCRATISMO Triunfante (Catolicismo decadente e capitalismo começante).

3ª Fase – Materialismo (a Matéria)

Início da Contemporaneidade: Racionalismo Filosófico – Filosofia Transcendente (Panteísmo, Criticismo).

Idade Contemporânea: Cientificismo Positivo – Filosofia Científica (Positivismo), Filosofia dos Fatos (Pragmatismo) ==> GUERRA

Atualidade: Materialismo Cultural – Marxismo, Filosofia da Violência (Comunismo, Fascismo etc.)

Síntese: POLÍTICOS (a Palavra) è CAPITALISMO Triunfante (Democracismo Vacilante e Catolicismo Expirante). (1956, p. 270 e 271)

4. Inversão Cósmica

A marcha excêntrica da degradação histórico-filosófica ocidental foi esta: Fé, Razão, Matéria.

A marcha normal dessa evolução teria sido: , Raciocínio (nada de endeusamento da razão, nada de racionalismo), Consciência. Da Fé ainda primitiva, do estado ainda caótico (geocêntrico) da sociedade, atingiríamos um estado empírico normal (heliocêntrico), de reflexão madura, o qual teria conduzido à noção sistemática (cosmocêntrica) do Todo, à Consciência da Totalidade, à Verdade Cósmica. Em suma, no lugar hoje ocupado pela Matéria estaria simplesmente Deus – isto é, a Causa. Mas, com a inversão de tudo, está a antítese, isto é, o Efeito (a Matéria). E que é isto tudo, toda essa inversão arbitrária de coisas e valores? Demência – caracterizada demência cultural e histórico-filosófica da Humanidade. Por isso, ao invés da Consciência, temos a Violência. A humanidade está filosoficamente invertida! Raciocinou às avessas. Em vez de atingir a Causa, atingiu o Efeito; em vez de chegar à Verdade, chegou à Ilusão; em vez de se cosmocentralizar regeocentralizou-se. Devendo aproximar-se do Criador, enroscou-se em si mesma e permaneceu egocêntrica, antiteocêntrica. (Torres, 1956, p. 272 e 273)

5. A Parte e o Todo

5.1. Fé

A , sendo inata, liga-se a Deus (causa). A denominação humana — indivíduo — é a parte que deve estar relacionada com o Todo (Deus).

5.2. A Matéria

Transformar a natureza para o progresso. Porém, se fizermos de acordo com a vontade de Deus, é possível que não estejamos destruindo o nosso planeta e nem criando necessidades superficiais.

5.3. Absolutização do Relativo

Tendo conhecimento da parte, queremos generalizar para o Todo. É preciso tomar cuidado, pois podemos estar raciocinando em erro. Observe a leitura de um romance. Somos facilmente levados a generalizar o caso relatado, quando, ao contrário, deveríamos verificar se o caso relatado se enquadra dentro da Lei Natural, da Lei Geral, da Lei de Causa e Efeito.

Um exemplo: quando um país está em guerra, logo imaginamos que o país inteiro está em guerra. Às vezes é pequena porção deste.

5.4. O Indivíduo e a Sociedade

Aristóteles, na Antiguidade, já nos dizia que o homem é um animal, devendo viver em sociedade. Será que todo ato que praticamos, pensamos no todo? Senão, vejamos: quando viajamos, o lixo produzido dentro do carro é jogado na rua. Deixamos limpo o bem privado, mas poluímos o bem público (todo); famílias que moram no alto impermeabilizam o solo. Consequência: quando chove, alaga-se em baixo; ligamos o nosso som no último volume sem nos importarmos se estamos prejudicando o nosso vizinho.

6. Conclusão

Relacionar a parte com o todo é um exercício salutar de reflexão, pois pode nos oferecer aspectos interessantes sobre uma determinada "verdade" que a sociedade esteja interessada em nos impor.

7. Bibliografia Consultada

CREMA, R. Introdução à Visão Holística. São Paulo, Summus, 1989.

SANTOS, M. F. dos. Filosofia e Cosmovisão (Introdução à Filosofia e Visão Geral de Mundo). 2. ed., São Paulo, Logos, 1955.

TORRES, J. Totalidade e Sociologia (Introdução. Exposição Geral e Sumária de Cosmonomia. Cosmovisão Geral). Rio de Janeiro, s. e., 1953-1956.