SPMC: os pequenos ditadores

16/01 - SPMC: os pequenos ditadores

O ano de 2019 começou com uma tentativa de Crowdfunding por parte da Sociedade Portuguesa de Medicina Chinesa (SPMC) para "impedir o exercício ilegal da actividade profissional das profissões de Acupunctor e Especialista em MTC” de forma a "levar esta acção até as mais altas instâncias, políticas, judiciais e da comunicação social.” A SPMC quer que os acupuntores lhes dêm dinheiro para que possam protege-los do papão. Há uns séculos a Igreja Católica vendeu bulas para garantir a entrada no céu aos crentes, agora a SPMC promete o céu na terra aos seus crentes… se lhes encherem os bolsos. Antes de começarmos a financiar as cruzadas de meia dúzida de ditadores wannabes deveríamos pensar seriamente se o nosso dinheiro não seria mais bem empregue.

The Dark side of the force

“Fear is the path to the dark side. Fear leads to anger. Anger leads to hate. Hate leads to suffering”

Yoda

O medo sempre foi uma arma de eleição usada pelos acupuntores contra os acupuntores. As pessoas por trás da SPMC compreendem bem isto e por isso sempre usaram falsos papões. Enquanto as pessoas tiverem medo seguem qualquer tipo de líder. E na História humana nunca houve falta de ditadores a procurarem lucrar com esse medo. Bolsonaro usa o crime e as armas, Trump foca-se no desemprego e no muro.

Esse medo é mais facilmente explorado se for possível criar bodes expiatórios. A raiva e o ódio precisam de ser dirigidos a alguém. Hitler usou os judeos para justificar os problemas económicos alemães e Erdogan culpa os EUA. O ódio é uma consequência do medo e quando exploramos o medo das pessoas precisamos direccionar o seu ódio. E falta de bodes expiatórios não há: acupuntores que dão formações a outros profissionais, outros profissionais de saúde a exercer a profissão, alunos pós-2013, etc…

O terceiro passo é usar esse ódio direccionado para benefício próprio. Isto faz-se juntando seguidores e procurando diferentes tipos de pressão social. As camisas pretas de Mussolini, as camisas castanhas de Hitler ou a Revolta cultural de Mao Tse Tung são tudo exemplos da forma como se pode usar a raiva das massas e a cegueira ideológica dos seguidores para se conseguir um objetivo socio-político. Hoje em dia, na Europa cuja liberdade de expressão só é permitida se não “ofenderem as minhas ideias” (Uma espécie de inquisição pós-moderna), é comum o bullying social ou formas de pressão via redes sociais; ameaças judiciais, etc…

Portanto a questão que fica é: será este crowdfunding realmente útil à classe ou uma tentativa de pequenos ditadores de Facebook aumentarem o seu poder social?

Quais os verdadeiros objetivos deste crowdfunding?

Supostamente os autores desta ação de crowdfunding querem levar a sua ação às mais altas instâncias políticas, judiciais e de comunicação social. Bem isto não faz muito sentido.

Em primeiro lugar porque estes problemas já são discutidos pelas mais altas instâncias políticas do país.

Em segundo lugar porque já são faladas e discutidas abertamente pelos diferentes meios de comunicação social. E face à inutilidade ou inexistência de intervenções úteis contra muitos céticos e críticos que recentemente atacaram muitas práticas das TNC, por parte dos membros da SPMC, não vejo como agora nos vão poder ajudar. Um grupo de pessoas que vive de grupos fechados no Facebook e não consegue discutir cientificamente muitos problemas da acupuntura e da Medicina Chinesa agora quer intervir junto das mais altas instâncias de comunicação social?

O que nos deixa somente uma hipótese para a utilização do dinheiro dos crentes. Ações judiciais de forma a atacar um grupo especifico de pessoas. Altura dos crentes vestirem as suas camisas pretas e marcharem sobre Roma.

A quem se aplica este crowdfunding?

Lendo a página da SPMC podemos adivinhar 2 populações alvo para este tipo de ação judicial.

1 - Outros profissionais de saúde como enfermeiros, osteopatas e fisioterapeutas e empresas de formação: quem apoiar este grupo de acupuntores bem intencionados certamente vai defender que este tipo de ações só será direccionado para aqueles que nos querem destruir. Isto pressupõe uma utilização lógica dos recursos que dificilmente vai ser conseguida quando vendemos papões falsos.

2 - Acupuntores pós 2013: quem conhece a SPMC e as ideias que apregoam sabe que só consideram verdadeiros pós-2013 aqueles que estavam a estudar antes de 2013. Ou seja, existem uma série de colegas pós-2013 que não se enquadram na definição pós-2013 da SPMC. E sabendo a forma como este grupo de indivíduos se tem comportado fica completamente em aberto se efetivamente vão ajudar a perseguir outros colegas ou não, especialmente numa altura em que é difícil definir “colega”.

A questão deste tipo de ações é que elas marcam só o início. Tudo depende do sucesso inicial que possam ter e do apoio popular. Mas nunca ditadores wannabe que exploram o medo das pessoas, pararam quando conseguiram mais poder. Muito pelo contrário, quanto mais poder e quanto mais medo mais irracional se torna o sistema. As perseguições na União Soviética estalinista e a Revolta Cultural de Mao Tse Tung são um claro exemplo.

Quanto mais poder e sucesso, maior o número de vítimas. O que é que impede este tipo de associações de moverem ações contra os seus detratores? Contra pessoas que simplesmente não gostam? Explorar o medo só consegue gerar mais medo.

A inutilidade de ações mal pensadas

Timing e prioridades

Numa altura em que a lei dos pós-2013 está a ser discutida na Assembleia, numa altura em que inúmeros ataques de céticos são feitos contras estas área e o IGAS parece interessado em multar todos aqueles que trabalham nestas áreas a SPMC promete começar uma caça às bruxas.

Pelos vistos a prioridade não é ajudar a concluir o processo, não é ajudar a nivelar o nível de formação entre acupuntores ou estimular o debate de ideias e troca de experiências entre vários profissionais dentro e fora da acupuntura.

Para variar a SPMC não consegue ver o que é realmente importante: capacitar os profissionais de um conjunto de terapêuticas capazes de os tornar competitivos num mercado composto por profissionais liberais provenientes de vários backgrounds académicos. Em vez, prefere iniciar uma pequena cruzada contra papões imaginários.

Terceira lei da física

A terceira Lei de Newton refere que para toda a ação há sempre uma reação da mesma intensidade e direção mas de sentidos opostos. Vamos assumir que a SPMC decide começar a atacar só as empresas de formação de acupuntura para fisioterapeutas (Bwizer, Master, etc…) e os próprios fisioterapeutas que praticam acupuntura.

Quantos fisioterapeutas precisam ser processados até se desencadear uma resposta vigorosa por parte da classe? Qual o potencial do crowdfunding para lidar com o poderio económico dessas empresas e classes profissionais? Vamos processar os enfermeiros de Norte a Sul e esperar que a Ordem dos Enfermeiros fique quieta a assistir?

Qual a probabilidade dessas classes atuarem de forma a defender o interesse dos seus profissionais? É mais provável os fisioterapeutas não fazerem nada (e deixarem centenas de fisioterapeutas serem processados?) ou começarem a mexer-se mais rápido no sentido de integrarem a “fisioterapia invasiva” nas funções do fisioterapeuta? A SPMC corre o risco de desencadear um conjunto de dinâmicas sociais cujas consequências ela não vai conseguir nem querer lidar.

Os bullies costumam pegar com mais fracos porque sabem que a resposta vai ser sempre inferior aquela que eles iniciam (tentam diminuir o impacto da 3ª lei de Newton). O que significa que, muito provavelmente, a SPMC poderá dar preferência por alvos mais fáceis. Isto inclui osteopatas, acupuntores que eles não gostem ou acupuntores pós-2013. Qualquer um destes alvos só vai provocar maior divisão entre estes profissionais. O problema do uso do medo é que ele acaba sempre por se virar contra nós. As reações iniciais de muitos acupuntores a esta tentativa de crowdfunding é prova suficiente. Receberam uma reação da mesma intensidade e direção mas de sentidos opostos. Terceira Lei de Newton.

Problemas legais

Vamos assumir que o colega que lê estas linhas decide mesmo dar o seu dinheiro para começar a processar outros profissionais de saúde. Tem capacidade para manter vários casos em aberto durante alguns anos? E das centenas de fisioterapeutas que fazem acupuntura vão querer processar todos ou só alguns? É que a justiça não se faz da noite para o dia e o dinheiro dado inicialmente, de certeza que não é o suficiente para processos mais longos.

Em segundo lugar a lei que nos regulamenta está feita para proteger o título e não a técnica. O perfil profissional é tão limitativo que muitas técnicas de acupuntura simplesmente saem fora do âmbito do perfil profissional. O que significa que qualquer pessoa o pode fazer sem usar o título. Provavelmente vai acontecer, no futuro, o que acontece hoje: quando se faz um curso intitulado “acupuntura para…” é a indignação geral mas quando aparecem cursos intitulados “EPI…”, “Punção seca segmentar….”, “neuromodelação periférica…” não acontece nada. O que significa que os fisioterapeutas vão continuar a fazer acupuntura e você gastou dinheiro para nada. Mas pelo menos vão ter a entrada garantida no céu da SPMC…

Por último também nos deveríamos perguntar se a SPMC é uma associação de direito público para ter legitimidade para instaurar ações como foi referido por uma participante no Facebook.

Evolução dos cuidados de saúde

A invasão de competências na área da saúde é um problema transversal a todas as áreas (TNC ou não) e que se vai agravar no futuro. A evolução de um modelo de saúde dominado por uma profissão (medicina) para um modelo com vários profissionais liberais com diferentes graus de autonomia (fisioterapeutas, podólogos, enfermeiros, osteopatas, acupuntores, etc…) vai fazer com que se torne uma prioridade a incorporação de técnicas transversais inter e intra-profissionais. Os enfermeiros, os podólogos, os fisioterapeutas, médicos e osteopatas vão continuar a aprender acupuntura ou outras técnicas que sejam necessárias.

A integração de técnicas de diferentes valências tem-se mostrado muito útil, logo é de esperar que os profissionais procurem diversificar as suas ofertas terapêuticas. Os acupuntores não vão conseguir parar este processo. Podem tentar atrasá-lo mas o mais provável é atrasarem-se a eles próprios. A maioria dos acupuntores que conheço e que defendem posições típicas da SPMC tem pouco formação técnica e científica, vivem de energias e mestres ping-pong e não estão minimamente capacitados para integrar técnicas. Olhando com atenção eles próprios são a 3ª Lei de Newton… uma reação com a mesma intensidade e direção mas sentidos opostos.

Conclusão sobre as propostas dos pequenos ditadores da SPMC

A SPMC não tem capacidade para analisar os problemas atuais ou propôr medidas válidas, não tem capacidade para lidar com classes profissionais que tem mais poderio financeiro que ela e maior poder de mobilização social. Este tipo de ações não vai ter nenhuma repercussão fora da classe das TNC (e mais especificamente na acupuntura) e a repercussão dentro das TNC pode ser mais negativa do que se está à espera inicialmente.

Este crowdfunding não vai resolver os problemas na classe. Vai ajudar a distrair dos verdadeiros problemas e vai gastar fundos de acupuntores que deveriam ser gastos em formação ao mesmo tempo que debilita a capacidade da classe de se formar.

Enquanto classe ou profissionais liberais o nosso futuro está na nossa formação técnico-científica, na capacidade de assimilar novos paradigmas de saúde, de integrar diferentes abordagens e capacidade de comunicação e trabalho com diferentes profissionais. Não precisamos de medo ou bodes expiatórios mas sim de sólidos conhecimentos anatómicos e raciocínio biomecânico e neurofisiológico, não precisamos atacar outros profissionais de saúde mas sim aprender com eles, não precisamos desperdiçar dinheiro com falsas promessas de cura mas sim focar objetivamente em investimentos essenciais ao nosso futuro.

Duas TNC (acupuntura e osteopatia) estão a ser cada vez mais procuradas por profissionais de saúde e doentes. Vão ser duas áreas com grande crescimento e reconhecimento social nos próximos anos. Nós estamos em posição ideal para beneficiar da junção destas 2 áreas mas não o fazemos. Em vez disso juramos inimizade a qualquer pessoa que o decida fazer. Temos de olhar para o futuro com a auto-confiança de quem vence pela força do conhecimento.

01/02 - Sexta à noite: a nobreza da hipocrisia

O programa de sexta à noite que abordou o problema das escolas e dos pós-2013 apresentou 3 pontos que achei muito importantes: (1) ataque cirúrgico para as escolas; (2) ataque secundário, mas presente, a instituições de formação que dão cursos de acupuntura para outros profissionais e (3) entrevista a um sócio de uma associação, cujas abordagens públicas estão de acordo com a linha editorial do programa. O timing do programa com a recente vontade demonstrada por uma associação do setor em fazer este tipo de ações é daquelas coincidências que nos deixa a bradar aos céus.

Eu não tenho dúvida de quem está por trás daquele programa. Não sei se algum colega terá essa dúvida. Mas como não é oficial vamos somente falar das “pessoas por trás do programa”.

As escolas mentem e enganam os alunos

As escolas mentem e sempre mentiram. Quem não se lembra da escola em Portugal que tinha o melhor currículo escolar da Europa e de lá saíam os melhores profissionais de mundo? (2) Quem se lembra de universidade que não é universidade? E dos diplomas que permitiam exercer na China? E do mercado que dá trabalho garantido? Qual foi a altura em que as escolas não mentiram?

As escolas sempre mentiram e a maioria dos profissionais sempre preferiu calar-se e beneficiar desse sistema (1). Poucos foram aqueles que tiveram coragem para denunciar muitos destes problemas. E “as pessoas por trás do programa” não se contam entre esses corajosos. Muito pelo contrário.

E das "pessoas por trás do programa” quantas não publicitaram aos 7 ventos nomes de escolas e acupuntores famosos para se poderem vender e agora fingem que nada aconteceu?

As escolas estão agora numa posição complicada: não se souberam adaptar à regulamentação (compare-se com a Osteopatia por exemplo), sempre abusaram de um determinado tipo de marketing do qual acabaram por depender e agora são alvos fáceis por parte de oportunistas políticos que querem o seu poder associativo.

"As pessoas por trás do programa” só precisam fingir superioridade moral. Não precisam admitir que beneficiaram do sistema, alimentaram o sistema e agora que é politicamente benéfico fingem não ter nada a ver com esse mesmo sistema. Não estou com estas linhas a defender a ação das escolas. Mas convêm saber quais são as motivações dos vários intervenientes neste processo.

Dar tiros no pé

ERS

É impressão minha ou o programa de televisão passou a ideia que a ERS (Entidade Reguladora de Saúde) é incompetente e não faz esforços suficientes para fiscalizar as clinicas? Apareceu mesmo uma colega pós-2013 a dizer que trabalhava ilegalmente? Vamos pensar de forma diferente e levantar outro tipo de questões.

Que tipo de efeito este programa vai ter nos profissionais da ERS? Será que a ERS vai sentir pressão para começar a fiscalizar mais clinicas e começar uma perseguição pública aos pós-2013? Numa altura em que o IGAS está a fiscalizar e a multar colegas vamos provocar desta forma a ERS?

A história

Historicamente os maiores retrocessos e bloqueios do processo de regulamentação surgiram quando a classe se mostrou demasiado dividida. Cartas à ministra, abaixos assinados, jogos de bastidores, pressão política, etc… quando as diferentes associações se mostraram demasiado divididas o processo ficou atrasado. Tanto a ACSS como o ministério da educação mostraram, em diferentes tempos, dificuldades por causa destas divisões. A última coisa que um funcionário do ministério da educação quer são problemas, porque os acupuntores decidiram fazer guerra entre si por causa de um ciclo de estudos!

Estamos a jogar à roleta russa. Quem passou os dados para os jornalistas deste programa está a usar uma estratégia muito agressiva que pode colocar em risco todo o processo de regulamentação. A vontade de arriscar desta forma o nosso futuro para tentar ficar com mais poder social deveria dizer-nos muito acerca do tipo de poder que queremos dar a essas pessoas.

A osteopatia

Os osteopatas estão contantemente a ser arrastados para estas confusões. Historicamente eles são o bom aluno da turma: boa formação anatómica e raciocínio clínico, souberam desenvolver um grupo de profissionais com excelente formação capaz de liderar a profissão, as escolas integraram-se, criaram boas parcerias internacionais, souberam criar pressão para os profissionais se integrarem no meio académico. As disputas internas parecem notas de rodapé quando comparados com os acupuntores.

Mas depois disto acabam por ver muitas das suas aspirações sociais e profissionais comprometidas por lutas com as quais não se identificam. Quando os osteopatas puderem diferenciar-se social, legal e profissionalmente vão faze-lo. Nessa altura talvez se venha a compreender a falta de visão de todas estas jogadas políticas.

O maior objetivo neste momento deveria ser melhorar as relações profissionais e académicas com outras profissões de saúde. Os osteopatas, pela sua ligação legal e pela dependência social que ainda apresentam das outras TNC deveriam ser uma classe prioritária. Em vez disso os acupuntores continuam a perder-se com lutas sem nexo.

O verdadeiro motivo

O verdadeiro motivo das "pessoas por trás do programa” não é vingar os colegas enganados. Também não é atacar esses colegas (ainda não, pelo menos). Também não é atacar as escolas ou parar o processo de regulamentação. As motivações por trás deste tipo de ações são simples. Criar um vazio politico e social. Após criar um vazio político e social alguém ou alguma associação terá de aparecer para o preencher. Conseguem lembrar-se de alguma associação que se encontre na lista de espera?

As associação mais fortes e representativas tem origem nas escolas atacadas. A fraqueza ética e a vulnerabilidade legal e e económica dessas instituições tornam-nas num alvo preferencial. Ao atacar as escolas com este tipo de programas atacamos a credibilidade moral dos principais representantes desta área (que são diretores das escolas e líderes das principais associações) e enfraquecemos o poder social e económico das principais associações.

No processo usamos os pós-2013 como dano colateral, ao mesmo tempo que os “vingamos” a partir de um pedestal da falsa moralidade. Excelente golpe político.

Lutar pela classe

Quando escrevo a favor da acupuntura sem fronteiras, quando defendo uma sociedade em que profissionais de diferentes backgrounds académicos podem trocar técnicas, não o faço por não gostar dos acupuntores, dos osteopatas ou qualquer outra profissão. Ou porque quero enfraquecer a classe profissional. Ou porque tenho prazer em ver colegas com dificuldades profissionais e financeiras.

Quando defendo um modelo social de acordo com a minha análise atual e expectativa futura não o faço por ter falta de fibra ética. Nem considero que colegas com ideias diferentes sejam moralmente reprováveis por terem ideias diferentes das minhas. É natural termos opiniões diferentes. Não escrevo estas linhas para atacar muitos colegas que concordam com determinadas posições. O problema não é a maioria. A maioria, como já ficou provado no passado, deseja a regulamentação. O meu problema é a forma como a maioria se deixa manipular por jogos de poder que nunca nos beneficiam. É a forma como deixamos as nossas aspirações mais puras serem manipuladas pelos interesses políticos mais mesquinhos.

Conclusão sobre o programa sexta à noite

Não estou com este artigo a defender a ação das escolas. Não pretendo defender escola A, B ou C. Não pretendo defender associação A, B ou C. Mas temos de ter noção que estamos numa fase final importante. As cédulas de Medicina Chinesa estão a sair. Já existem licenciaturas válidas em acupuntura. O problema das escolas é um problema que se vai resolver com o tempo. Quanto mais estabilidade mais facilidade em concluir o processo e o low profile é a melhor forma de proteger os colegas pós-2013 a trabalhar. Depois disto as escolas vão ter as mesmas obrigações que qualquer instituto de ensino superior para abrirem portas.

O nosso maior inimigo sempre fomos nós (5) e a forma como permitimos que este tipo de jogos condicionem o nosso futuro. Defender os colegas pós-2013, melhorar formação académica, estreitar laços inter-disciplinares, melhorar capacidade competitiva dos profissionais da área deviam ser a nossas prioridades e não guerras cínicas. A mensagem das "pessoas por trás do programa” é simples:

“queremos o poder social sobre os acupuntores e estamos na disposição de fazer o que for preciso para o conseguir. Não vamos olhar a meios para atingir os nossos fins”.

Tão simples quanto isso. Este tipo de políticos tem o poder que as pessoas lhe querem dar. Mas como Jane Goodal afirmou:

“o que você faz, faz a diferença, e você tem que decidir que tipo de diferença você quer fazer”

BILIOGRAFIA

(1) https://nunolemos.com.pt/empregabilidade-bom-acupuntor/

(2) https://nunolemos.com.pt/escolas-de-medicina-chinesa-portugal/

(3) https://nunolemos.com.pt/experiencia-sociologica-acupuntura/

(4) https://nunolemos.com.pt/licenciatura-fim-de-semana/

(5) https://nunolemos.com.pt/o-pior-inimigo-da-acupuntura/