Posicionamento radiográfico do coxal - CÃO

Coxal

A avaliação radiográfica do coxal é realizada através das projeções ventrodorsal estendida, ventrodorsal flexionada e laterolateral (COUSON e LEWIS, 2008; MAURAGIS et al., 2012; THRALL e ROBERTSON, 2015). O exame radiográfico pélvico é importante para o diagnóstico de fraturas, luxações e doenças congênitas, como a displasia do coxal (DYCE, 2010 BURK e FEENEY, 2003; KEELY et al., 2010).


  • Projeção ventrodorsal estendida do coxal

Para a realização da projeção ventrodorsal estendida, coloca-se o paciente em decúbito dorsal, podendo ser utilizada uma calha em V com almofadas de espuma para auxiliar no posicionamento. Os membros torácicos precisam ser tracionados cranialmente, de forma que o nariz do paciente esteja entre os membros. Os membros pélvicos necessitam ser estendidos caudalmente e rotacionados medialmente para que os fêmures fiquem paralelos e a patela posicionada ao longo da superfície cranial da região distal femoral. A cauda necessita ser alinhada com a coluna (Figura 01a) (AYERS, 2012; SIROIS et al.,2009; THRALL, 2019; THRALL e ROBERTSON, 2015).

O feixe de raios-X deve ser direcionado para a linha média entre a tuberosidade isquiática esquerda e direita (SIROIS et al., 2009). Além disso, o campo de visão deve englobar as pontas das asas ilíacas e patelas (Figura 01b e 02) (MUHLBAUER e KNELLER, 2013).

Suspeitas de luxação, necrose asséptica da cabeça do fêmur, displasia do coxal, fraturas pélvicas e doença articular degenerativa são exemplos de indicações para realizar o exame radiográfico estendido do coxal (THRALL, 2019 VERUSSA, 2018). Para realizar a avaliação da presença de displasia do coxal através de projeções ventrodorsais estendidas, é necessário o uso de anestesia geral para o posicionamento adequado do paciente (BOEHMER, 2018; FROES, 2011).

Figura 01 - Projeção ventrodorsal estendida do coxal. (A) posicionamento do paciente para realização da projeção ventrodorsal estendida do coxal; (B) imagem radiográfica de uma projeção ventrodorsal estendida do coxal. Fonte: O autor (2021).

Figura 02 - Imagem radiográfica da projeção ventrodorsal estendida do coxal. (1) crista íliaca esquerda; (2) asa do ílio esquerdo; (3) corpo do ílio esquerdo; (4) corpo do púbis esquerdo; (5) cabeça do fêmur esquerdo; (6) trocanter maior do fêmur esquerdo; (7) corpo do ísquio esquerdo; (8) tábua do ísquio esquerdo; (9) arco isquiático; (10) diáfise do fêmur direito; (11) forame obturado direito; (12) fossa do acetábulo; (13) articulação sacroilíaca direita. Fonte: O autor (2021).

  • Projeção laterolateral do coxal

Para a realização da projeção laterolateral do coxal, posiciona-se o paciente em decúbito lateral com o membro de interesse voltado para baixo. Os membros pélvicos devem assumir uma posição de tesoura, sendo o membro de interesse estendido cranialmente e o contralateral puxado caudalmente para evitar a sobreposição dos fêmures (Figura 03a) (MUHLBAUER e KNELLER, 2013; SIROIS et al., 2010; THRALL e ROBERTSON, 2015). Em alguns casos, uma cunha de posicionamento é necessária entre os membros pélvicos para a obtenção de uma posição adequada em cães de raças maiores (AYERS, 2012).

O feixe de raios-X deve ser centralizado no trocânter maior do fêmur (AYERS, 2012; SIROIS et al., 2010). A colimação deve incluir a borda cranial do ílio até a borda caudal do ísquio e dorsalmente a asa do ílio (Figura 03b e 04) (SIROIS et al., 2010).

Figura 03 - Projeção laterolateral do coxal. (A) posicionamento do paciente para realização da projeção laterolateral do coxal; (B) imagem radiográfica de uma projeção laterolateral do coxal. Fonte: O autor (2021).

Figura 04 - Imagem radiográfica da projeção laterolateral do coxal. (1) asa do ílio; (2) corpo do ílio; (3) articulação do coxal; (4) tuberosidade isquiática; (5) forames obturados direito e esquerdo sobrepostos. Fonte: O autor (2021).

  • Projeção ventrodorsal flexionada do coxal (frog-leg)

Nesta projeção, o paciente deve ser colocado em decúbito dorsal, podendo ser utilizada uma calha em V com almofadas de espumas. Os membros torácicos são tracionados cranialmente e os pélvicos adotam uma posição normal de flexão (Figura 05a) (AYERS, 2012; SIROIS et al., 2010).

Na maioria dos cães normais, os fêmures formam um ângulo de aproximadamente 45 graus com a coluna vertebral, porém em alguns cães grandes os fêmures podem assumir naturalmente um ângulo de 90 graus com a coluna vertebral (SIROIS et al., 2010)

A colimação do feixe de raios-X deve abranger a região cranial à asa do ílio até a borda caudal do ísquio e terço proximal femoral. Além disso, realiza-se a centralização radiográfica no trocânter maior do fêmur (AYERS, 2012; SIROIS et al., 2010).

Segundo Muhlbauer e Kneller (2013), a projeção frog-leg (Figura 05b e 06) é empregada para a avaliação da profundidade acetabular e ajuste da articulação do coxal, auxiliando na detecção de fraturas da cabeça e do colo do femoral.

Figura 05 - Projeção ventrodorsal flexionada do coxal. (A) posicionamento do paciente para realização da projeção ventrodorsal flexionada do coxal; (B) imagem radiográfica de uma projeção ventrodorsal flexionada do coxal. Fonte: O autor (2021).

Figura 06 - Imagem radiográfica da projeção ventrodorsal flexionada do coxal. (1) asa do ílio esquerdo; (2) cabeça do fêmur esquerdo; (3) forame obturado esquerdo; (4) tábua do ísquio esquerdo; (5) corpo do púbis direito; (6) articulação sacroilíaca direita. Fonte: O autor (2021).