Posicionamento radiográfico da articulação do joelho - CÃO

Articulação do joelho

A articulação do joelho pode ser avaliada através das projeções padrão craniocaudal e mediolateral (COUSON e LEWIS, 2008; OLIVEIRA et al., 2009). O joelho canino é um dos locais mais frequentemente acometidos pela doença articular degenerativa, sendo uma das recomendações para a avaliação radiográfica dessa região (THRALL, 2019). Ademais, outras indicações são luxações e lesões ligamentares que podem afetar a articulação (SOUZA et al., 2011).


  • Projeção craniocaudal da articulação do joelho

Para realizar a projeção craniocaudal do joelho (Figuras 01a), posiciona-se o animal em decúbito dorsal com o membro de interesse estendido caudalmente, impedindo a sua rotação. Além disso, centraliza-se o feixe de raios-X no joelho e a imagem radiográfica deve abranger toda a articulação do joelho e porção dos ossos adjacentes (Figura 01b e 02) (MUHLBAUER e KNELLER, 2013; THRALL, 2019).

A projeção craniocaudal faz parte da avaliação padrão da articulação do joelho (THRALL e ROBERTSON, 2015). Segundo Tôrres e colaboradores (2019), utiliza-se a projeção craniocaudal do joelho para avaliar o posicionamento da patela, o grau de DAD e o eixo ósseo em casos suspeitos de luxação congênita da patela.

Figura 01 - Projeção craniocaudal da articulação do joelho. (A) posicionamento do paciente para realização da projeção craniocaudal da articulação do joelho; (B) imagem radiográfica de uma projeção craniocaudal da articulação do joelho Fonte: O autor (2021).

Figura 02 - Projeção craniocaudal da articulação do joelho. (1) base da patela; (2) ápice da patela; (3) sesamóide medial do músculo gastrocnêmio; (4) epicôndilo medial do fêmur; (5) borda cranial da tíbia; (6) cabeça da fíbula (7) sesamóide lateral do gastrocnêmio. Fonte: O autor (2021).

  • Projeção mediolateral da articulação do joelho

Para a efetuar a projeção mediolateral, o paciente deve ser posicionado com o membro pélvico de interesse para baixo, sendo ligeiramente rotacionado para mover a patela em direção ao detector e evitar a rotação (MUHLBAUER e KNELLER, 2013). Traciona-se o membro contralateral dorsalmente e para fora do campo de visão (Figura 03a) (SIROIS et al., 2010).

Centraliza-se o feixe de raios-X diretamente na articulação do joelho (MUHLBAUER e KNELLER, 2013; THRALL, 2019). A colimação deve incluir o terço distal do fêmur e distal da tíbia (Figura 03b e 04) (AYERS, 2012; SIROIS et al., 2010).

Doença Articular Degenerativa e ruptura do ligamento cruzado são exemplos de indicações para a realização da projeção mediolateral do joelho (TÔRRES et al., 2019).

Figura 03 - Projeção mediolateral da articulação do joelho. (A) posicionamento do paciente para realização da projeção mediolateral da articulação do joelho; (B) imagem radiográfica de uma projeção mediolateral da articulação do joelho. Fonte: O autor (2021).

Figura 04 - Imagem radiográfica da projeção mediolateral da articulação do joelho. (1) sesamóide lateral e medial do músculo gastrocnêmio; (2) côndilos medial e lateral do fêmur; (3) cabeça da fíbula; (4) corpo da fíbula; (5) tuberosidade da tíbia; (6) patela. Fonte: O autor (2021).

  • Projeção tangencial da articulação do joelho (skyline)

A projeção skyline (Figura 05c e 06) pode ser usada para a visualização do sulco troclear e avaliar o alinhamento patelar. (AYERS, 2012; MUHLBAUER e KNELLER, 2013; TÔRRES et al., 2019). Esta incidência normalmente é utilizada em casos suspeitos de luxação patelar medial ou lateral (MAURAGIS e BARRY, 2012; TÔRRES et al., 2019).

Segundo Lambert e Wendelburg (2010), a projeção skyline pode ser mais sensível ao avaliar deformidades angulares de membros envolvendo a superfície articular da face proximal da tíbia (LAMBERT e WENDELBURG, 2010). Para a realização da projeção tangencial do joelho existem duas abordagens, alterando-se o posicionamento do paciente com base na posição horizontal ou vertical do tubo de raios-X (MAURAGIS e BARRY, 2012a).

Nas radiografias com o feixe vertical, o paciente é posicionado em decúbito ventral com o membro afetado flexionado e empurrado craniolateralmente. A tíbia é posicionada sob o fêmur com o joelho afetado centralizado no meio do cassete/detector. O paciente pode ser colocado em uma calha em V para estabilidade e para ajudar a manter o tórax reto (MAURAGIS e BARRY, 2012).

Para realizar a centralização do feixe radiográfico, com o paciente em decúbito ventral e a articulação do joelho flexionada, deve-se palpar o fêmur distal e a patela, posiciona-se o centro de luz do colimador nesta região (fêmur distal). A colimação deve incluir a porção distal do fêmur (MAURAGIS e BARRY, 2012a).

Nas projeções tangenciais do joelho com o feixe radiográfico horizontal (Figura 05a-b), o paciente é posicionado em decúbito dorsal utilizando-se uma calha em V. Os membros pélvicos estão flexionados. O tubo de raios-X é girado 90 graus e colocado em posição horizontal, situando a patela perpendicular ao cassete e à cabeça do tubo de raios-X. Coloca-se o cassete/detector no abdômen cranialmente aos joelhos, sendo então fixado para exposição (MAURAGIS e BARRY, 2012a).

O centro do feixe radiográfico direcionado ao nível patelar, de forma que a patela com uma pequena porção do fêmur deve ser incluída. Devido à espessura variável do membro, a colimação deve ser mantida em uma área tão pequena quanto possível, visando reduzir a radiação secundária (MAURAGIS e BARRY, 2012a).

Figura 05 - Projeção tangencial da articulação do joelho com feixe radiográfico horizontal. (A-B) posicionamento do paciente para realização da projeção tangencial da articulação do joelho; (C) imagem radiográfica de uma projeção tangencial da articulação do joelho. Fonte: O autor (2021).

Figura 06 - Imagem radiográfica da projeção tangencial da articulação do joelho. (1) patela; (2) sulco troclear. Fonte: O autor (2021).