Ninhos de espécies de aves florestais, ameaçadas e não ameaçadas, serão procurados e monitorados nos principais fragmentos. Os ninhos serão localizados vasculhando-se os territórios defendidos pelos casais e também através da observação dos parentais em suas atividades de construção dos ninhos e de alimentação dos filhotes (Martin e Geupel 1993). Para essa busca serão utilizadas trilhas e riachos e, quando necessário, novas trilhas serão traçadas, de maneira a cobrir a maior extensão possível de cada fragmento. As buscas ocorrerão de uma a três vezes por semana em cada área, ao longo de todo o dia, principalmente durante os meses mais quentes do ano, entre setembro e fevereiro, quando as atividades reprodutivas das aves se intensifica. Uma vez localizado, observações focais utilizando-se binóculos serão realizadas para a identificação das espécies e serão coletados dados básicos comportamentais e de morfometria dos ninhos e ovos (Martin e Geupel 1993).

Os ninhos serão considerados como predados quando os ovos ou filhotes ainda não desenvolvidos suficientemente para deixarem o ninho desaparecerem e os ninhos serão considerados como abandonados quando os ovos forem encontrados frios ou os filhotes forem encontrados mortos sem ferimentos dentro dos ninhos (Pletschet e Kelly, 1990). As taxas de predação (ou sobrevivência) dos ninhos serão estimadas através do método de Mayfield (1961), que considera que os ninhos que são predados em suas fases iniciais têm poucas chances de serem localizados pelo observador. 

Cada ninho localizado será monitorado em tempo integral com a utilização de uma ou duas cameras-traps, que possibilitará a identificação dos potenciais predadores (Knight et al. 2014, Grendelmeyer et al. 2015). As câmeras utilizadas são equipadas com sensores de calor e de movimento, capazes de detectar mesmo os predadores de pequeno porte; elas serão fixadas em galhos próximos aos ninhos (1-3 m) com tiras de nylon e serão programadas para registrar vídeos de 30s (Silva 2015).

As taxas de predação nos ninhos das comunidades de aves serão comparadas entre os fragmentos amostrados do CEP e as características dos fragmentos serão utilizadas também para buscar parâmetros que expliquem potenciais variações nas taxas de sobrevivência dos ninhos nos diferentes fragmentos. Além disso, as taxas de sobrevivência dos ninhos e os tipos de predadores em nível de comunidade, e também entre pares de espécies filogeneticamente e ecologicamente próximos, serão comparadas com uma área de Mata Atlântica contínua e bem preservada do sudeste do Brasil (Parque Estadual Carlos Botelho), na qual um trabalho de longo prazo de monitoramento de ninhos já vem sendo desenvolvido desde 2013.

Responsáveis: Mercival Francisco e Luís Fábio Silveira.