A passagem da corrente elétrica pelo corpo humano gera efeitos que dependem da intensidade da corrente. As correntes elétricas podem gerar desde pequenos formigamentos até a morte.
Por outro lado, nosso corpo depende da corrente elétrica para funcionar.
É tudo uma questão de intensidade.
Assista ao vídeo abaixo:
Para começar, precisamos entender a função da eletricidade no nosso corpo:
A bioeletricidade é o estudo dos fluxos elétricos produzidos no interior dos corpos dos seres vivos em diferentes porções e com funções particulares. Os nervos, por exemplo, transmitem comandos de ação e estímulo do sistema nervoso para todos os outros sistemas através de sinais bioelétricos que são essenciais para a manutenção da saúde e da homeostase. Enquanto a eletricidade comum, utilizada para fazer aparelhos eletrônicos funcionarem, ocorre através do movimento dos elétrons, a bioeletricidade está relacionada com a geração de corrente elétrica graças ao fluxo de íons carregados entre membranas ou células distintas.
A pele humana possui atividade bioelétrica constante. Seu potencial é baixo (na ordem de microvolts, mV) e sua capacidade condutora varia de acordo com o grau de hidratação, nível de estresse e quadros patológicos. A pele possui bioeletricidade graças a capacidade das células na epiderme internalizarem cátions (íons com carga positiva), fazendo com que o meio externo fique saturado com ânions (íons negativos). Esta diferença de potencial é conhecida como o a resistência galvânica da pele. A medição das correntes elétricas produzidas no corpo humano já é usada a muitas décadas pela medicina para diagnosticar doenças. Exames como eletrocardiogramas e eletroencefalogramas medem os potenciais bioelétricos na superfície da pele para mensurar os níveis de estímulos em órgãos específicos como o coração e o cérebro.
As células do sistema nervoso são conhecidas por sua capacidade de comunicação através de estímulos elétricos e químicos. Isto ocorre tanto entre neurônios como entre os nervos e as células musculares. Estímulos elétricos podem percorrer toda a extensão do corpo em menos de um segundo, induzindo contração muscular ou causando a liberação de substâncias (como hormônios) para regular funções corporais.
As instalações elétricas residenciais no Brasil fornecem diferenças de potencial (ddp) de 110 V ou 220 V, dependendo da região. Os choques gerados por essas ddps podem causar até mesmo morte se atingirem principalmente idosos, crianças e pessoas com problemas cardíacos.
As tabelas abaixo traz os valores das correntes elétricas em ampère (A) seguidos dos efeitos causados sobre o corpo humano:
Correntes elétricas com intensidades de 1 mA provocam a sensação de cócegas ou formigamento, mas correntes com intensidades de 10 mA fazem com que as pessoas percam o controle dos músculos. É por esse motivo que fica difícil abrir as mãos e livrar-se do contato.
Valores de corrente elétrica pequenos, por volta de 60 mA e 75 mA, são altamente mortais porque atingem diretamente o coração, fazendo com que ele altere seu ritmo, contraindo e relaxando inúmeras vezes por segundo. Essa é a chamada fibrilação cardíaca, que causa morte.
Já as correntes muito elevadas não chegam a matar imediatamente, pois a sua intensidade é tão alta que faz o coração ficar paralisado completamente. No entanto, essa paralisação só permanece enquanto a corrente elétrica estiver passando pelo corpo da pessoa. Essa paralisação passa logo que a corrente elétrica cessa, mas é importante saber que, apesar de não matar instantaneamente, essa corrente pode deixar sequelas irreversíveis em razão da interrupção da circulação sanguínea, mesmo que por alguns segundos e principalmente em função das queimaduras geradas pelo EFEITO JOULE.
Lembre-se que:
1mA = 0,001A
MAS COMO EU CALCULO A INTENSIDADE DA CORRENTE ?
Pela 1a Lei de Ohm, é claro!
A resistência oferecida pelo corpo humano depende de alguns fatores, dentre eles podemos citar: espessura da pele, machucados e umidade da pele.
A resistência do corpo humano está entre 100.000 e 600.000 ohms, porém, este valor pode diminuir consideravelmente (cerca de 15.000 ohms) quando a pele estiver molhada.
A relação entre tensão, resistência e corrente é dada pela LEI DE OHM:
U = R.i
onde U é a tensão aplicada (diferença de potencial), R é a resistência e i a intensidade da corrente.
Comparando os valores de corrente para pele seca e úmida quando submetida a uma tensão de 127V, temos:
i = 127 V / 200.000 ohms = 0,6mA
i = 127 V / 15.000 ohms - 8,5mA
Vemos então que a corrente elétrica aumenta bastante no caso de uma pele molhada, tornando assim o choque muito mais perigoso.
A fibrilação ventricular consiste numa alteração do ritmo cardíaco, devido a uma alteração dos impulsos elétricos irregulares, que fazem com que os ventrículos tremam inutilmente e o coração bata rapidamente, em vez de bombear sangue para o resto do corpo, resultando em sintomas como dor no peito, aumento dos batimentos cardíacos, ou mesmo perda de consciência.
A fibrilação ventricular é a causa principal de morte súbita cardíaca e é considerada uma emergência médica, devendo por isso ser assistida rapidamente, podendo ser necessário recorrer à ressuscitação cardíaca e a um desfibrilador.
Se nosso corpo entrar em contato com aparelhos elétricos em funcionamento e sem proteção de isolantes, é bem provável que tomaremos um choque elétrico, se o circuito estiver fechado e ligado a uma fonte de energia elétrica. Nesse caso, algum trecho do nosso corpo será submetido a corrente elétrica do circuito, e, dependendo de sua intensidade, os efeitos podem ser muito graves.
A parte de nosso corpo que pode integrar um circuito elétrico pode ser pequena como a região formada pelo dedo polegar e o dedo indicador, quando mexemos nos botões de um aparelho ou nos fios da instalação. Outras vezes chega a tomar quase o corpo todo, envolvendo toda parte do corpo entre a mão e os pés, conforme indica a figura. Esse tipo de choque ocorre, por exemplo, quando estamos com os pés descalços no banheiro e com a mão vamos ligar ou desligar o chuveiro.
Se o trecho do nosso corpo que faz parte do circuito elétrico envolve as duas mãos, o risco é maior que nas situações anteriores. Isso porque a corrente elétrica passa diretamente pelo coração. Dependendo de sua intensidade, pode provocar até fibrilação ventricular, o que pode levar à morte em poucos minutos.
Uma maneira de evitar os choques elétricos é fazer a ligação dos aparelhos à terra. O "fio terra" é feito enterrando-se, no local da instalação, uma barra de cobre em local úmido, para garantir alta condutividade elétrica entre os condutores e a terra.
Conectado à barra, deve haver um fio de cobre que siga junto aos demais fios da intalação elétrica, formando, no caso da tomada, o terceiro fio.
O fio terra também é utilizado para aterramento das carcaças metálicas de chuveiros e outros aparelhos.
Muitas pessoas acreditam que podem evitar choques elétricos utilizando calçados de borracha. Isto não é verdade. Para haver corrente elétrica em um circuito, este precisa ser fechado, ou seja, deve haver um ponto de entrada e um de saída para a corrente elétrica. Um ponto de saída para a corrente é a Terra e, caso você não esteja em contato com ela não haverá um caminho para a corrente seguir em seu corpo. Porém não podemos dizer se um calçado é ou não totalmente isolante apenas olhando para ele.
Outro problema neste caso é que podemos também fechar um circuito com outros pontos que não sejam os pés. Se você segurar um fio com uma das mãos e com a outra encostar em um ponto que esteja ligado à Terra poderá sim ocorrer um choque elétrico.
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REFERENCIAS:
https://www.infoescola.com/biologia/bioeletricidade/
https://www.tuasaude.com/fibrilacao-ventricular/
https://brasilescola.uol.com.br/fisica/os-efeitos-corrente-eletrica.htm
SANTOS, Marco Aurélio da Silva. "Efeitos da corrente elétrica"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/os-efeitos-corrente-eletrica.htm. Acesso em 27 de junho de 2020.