A brincar, a brincar já estamos no Peru há mais de um ano e quatro meses.
Dou-vos só uns segundos para absorver bem esta informação. Como passou rápido, não é? Ainda agora vivíamos em Jacarta e, num abrir e fechar d’olhos, estamos do outro lado do mundo há mais de um ano.
Viver em Lima tem sido um desafio interessante. Primeiro a adaptação ao trabalho e aos novos colegas, a procura de casa, as primeiras férias em território peruano (quem se lembra da nossa viagem até às praias do norte - Mancorá - em dezembro 2020), a chegada do nosso contentor, a adaptação à nova escola (com aulas online), as segundas férias (em abril) até Arequipa e o Vale do Colca, a adesão a um clube muito especial onde temos passado momentos excelentes em família e com amigos, uma merecida pausa em Portugal, a descoberta dos encantos do Lago Titicaca (em agosto), a “roadtrip” até Ica e Nazca (em outubro) e os primeiros passos incertos de umas classes presenciais carregadas de protocolos de biosegurança. Terminámos o ano em Cartagena das Índias depois de 3 semanas fantásticas de férias na vizinha Colombia. Ano novo, vida nova, disfrutar do verão no clube e, bang!, novo ano escolar que começou há três semanas.
A adaptação dos miúdos à nova escola correu melhor do que eu esperava, apesar de todos os contratempos. De repente, apercebo-me que a minha filha, que ainda nem nove anos tem, já vai na sua sexta língua e que as suas frases aos 4 anos eram uma mistura de português/francês/mandarim e inglês, passaram a ser uma mistura de português/inglês/indonésio (aos 6 anos) e agora são uma “salgalhada” de português/inglês/espanhol. Ao mesmo tempo, olho para o mais velho com muito orgulho. Um miúdo em plena adolescência mas que nunca se esquece dos seus objetivos e prioridades e que tem sido um verdadeiro exemplo de luta e superação de obstáculos. 6 escolas, 5 países e segue firme na conquista dos seus sonhos.
Esta tem sido a verdadeira aventura: educar os filhos por esse mundo fora e ensiná-los a serem solidários, compreensivos, multiculturais, resilientes, responsáveis, seguros de si, empáticos e trabalhadores. Ensiná-los que viver em países tão distintos é muito bom porque carregam consigo para toda a vida uma carga emocional e experiências de vida tão ricas que por isso são uns sortudos, mas que nunca devem esquecer-se da sua origem humilde.
As aulas propriamente ditas arrancaram FINALMENTE de forma presencial em março. Por aqui os miúdos seguem o calendário escolar do hemisfério sul, ou seja, o ano letivo começou este mês e vai até dezembro com uma paragem de 3 semanas para “férias de inverno” em julho e outras paragens mais curtas pelo meio. O ano letivo está dividido em 4 bimestres. Os miúdos estão no ano correspondente ao que estariam se estivessem em Portugal - terceiro ano para ela e décimo para ele. Ambos frequentam a mesma escola internacional de currículo britânico mas que é também bilingue. Sendo assim, têm grande parte das aulas em inglês mas têm outras em espanhol. Por exemplo: a mais nova tem aulas de Espanhol, Estudos peruanos e algumas aulas como Educação Física e Música em espanhol. As outras disciplinas são lecionadas em inglês. Já o mais velho tem, quase exclusivamente, aulas em inglês tendo somente “Espanhol como segunda língua” lecionada, obviamente, em espanhol. Bem, se calhar deveria estar a escrever “Castelhano” em vez de “Espanhol” mas já dá para me entenderem.
Neste momento os miúdos devem usar máscara (uma do modelo KN95 ou duas - sim, leram bem! - se forem de outros modelos) para frequentar a escola, mas não lhes é exigido qualquer teste e/ou vacinação. As aulas são 100% presenciais, existem atividades extra curriculares, ensaios de drama, música, treinos desportivos, etc, mas os miúdos não podem usufruir da cantina da escola ou adquirir comida num dos bares da escola por causa do famoso bicharoco. Não podem fazer isso mas, no entretanto, podem (e devem) levar lanches e almoço de casa, o seu próprio talher e garrafa de água e comer - aos magotes - nos jardins espalhados pela escola já que a cantina está fechada. Não me interpretem mal, não estou a queixar-me da escola porque estas normativas são emanadas do Ministério da Educação e a escola só cumpre ordens superiores... mas é muito irritante pensar sobre tudo isto. Bem, mudando de assunto…
Nesta (e outras escolas internacionais por onde os miúdos têm passado) não existe o sistema de delegado e sub-delegado de turma como existe em Portugal. Pelo contrário, o que existe é um(a) delegado(a) de turma que é o pai/mãe (geralmente a mãe) que representa a comunidade de pais dessa respetiva turma e é o elo de ligação com a escola. Normalmente criam-se grupos de Whatsapp que funcionam para se ir partilhando informação, tirando dúvidas, relembrando reuniões. Estes grupos acabam por ser super úteis também para as novas famílias. São uma forma de as ajudar a integrar-se na turma, na escola e no próprio país.
Uma curiosidade sobre a escola: existe um sistema de "casas" semelhante ao que nos acostumámos a ler/ver nos livros/filmes do “Harry Potter”. Se bem se lembram, aí existiam quatro “casas” - Gryffindor, Hufflepuff, Ravenclaw e Slytherin - e a “casa” de cada novo aluno era escolhida numa cerimónia em que um “sorting hat” se colocava na cabeça de cada aluno. Ora pois, muitas escolas de currículo britânico seguem a mesma linha e, por isso, os nossos miúdos também pertencem a uma “casa”. Aquando da matrícula na nova escola, alguém lhes atribui essa “casa” de acordo com questões de percentagem para que todas as casas tenham mais ou menos o mesmo número de alunos e, por norma, irmãos calham na mesma “casa”. Não tem a mística do “sorting hat” do HP (nem as “casas” têm os mesmos nomes) mas não deixa de ser interessante. Na British de Jacarta também seguem esta tradição. O interessante no meio disto tudo é que há várias competições (desportivas e não só) ao longo do ano entre as quatro “casas” e no final do ano há sempre uma que sai vencedora.
E pronto, desta vez acho que vos dei mais alguns detalhes interessantes sobre a nossa vida cá. Da próxima quero falar-vos destas questões sempre tão presentes: Como fazer amigos num país novo? Como fazer amigos entre a população local?
E, já agora, fiquem atentos aos próximo episódios pois vem aí texto sobre as nossas férias na Colombia. Até já…
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